Um Estranho no Paraíso

3. Você é sacrificável

Horas depois, Gina ainda continuava raivosa e incrédula. Nadou até a exaustão, caminhou horas em frente a praia. E não conseguia esquecer.

Qual era o plano daquele Malfoy ridículo? O que ele pretendia? Por que tinha chegado do nada e modificado a sua vida? O que ele ganharia com isso? Será que tinha feito algum tipo de trato com o Harry para terminar de acabar com sua vida? Não duvidava de nada mais. Se ele teve coragem de fazer aquela barbaridade com ela, porque não estaria amiguinho do Malfoy agora? Tudo era possível.

Pegou o telefone várias vezes, podia ligar para Alfred e resolver aquela situação, mas desistiu. Parecia que aquele Malfoy tinha era utilizado algum tipo de feitiço sobre seu chefe. Tudo que aquela cobra peçonhenta dizia era tido como um decreto.

Ficou na praia até o fim da tarde. Quando viu uma lancha se aproximar, foi ajudá-lo. Não sabia porquê, deveria deixá-lo carregar tudo sozinho, afinal, não o convidou. Essa mania que tinha de ser educada era absurdamente irritante.

As horas, o sol, o calor não haviam tido nenhuma influência em sua raiva, mas tinham feito verdadeiro milagre com seu medo.

Foi até ele.

- Como você se atreveu a ir embora me deixando sem nenhuma explicação?

- Nossa! Você é tão volátil. Me pareceu ansiosa para ficar sozinha e quando eu volto já é me amaldiçoando por tê-la deixado – disse debochado.

- Não seja ridículo, você sabe muito bem o motivo pelo qual estou ansiosa para querer sua magnífica presença por perto.

- Será que você poderia se acalmar um pouco? Pelo menos até eu me instalar? – Disse apontando para as malas.

- Não, não dá para esperar – respondeu furiosa.

Pegando uma mala para acelerar o processo e poder esclarecer tudo o mais rápido possível e estava bem claro que Malfoy não ia falar nada até terminar de tirar sua bagagem da lancha.

- Deixe isso. – Ele ordenou. – Talvez eu necessite de seus serviços em algumas áreas, mas não espero que carregue minhas malas.

(N/A: nhá, Malfoy tão educado! Não se fazem mais homens como ele! Na verdade quebraram a forma depois dele.)

Ela largou a Louise Viton dele num piscar de olhos.

- Como quiser. Só estava tentando ser útil, uma vez que não tenho outra alternativa a não ser aturá-lo.

- Então, você aceitou? – perguntou irritantemente.

- Nada disso. Apenas enquanto espero algumas respostas o mais breve possível. Mas como já ficou bem claro que você não tem consideração a ninguém. Só faz tudo ao seu bel prazer. Acredito que não saberei o que quero tão depressa.

Em seguida, Gina se dirigiu à casa e se ocupou na cozinha. Não havia se alimentado o dia inteiro e só agora se deu conta.

O loiro fez várias viagens até transportar tudo o que trouxera. Uma verdadeira mudança. Quando terminou, parou no meio da sala, cercado por malas, pacotes, máquinas fotográficas, uma filmadora, um aparelho de dvd e até uma televisão de plasma. Aquilo era demais. Para não mencionar nas caixas de mantimentos. Será que ele pensava que iriam passar fome ali?

Afinal Jambi só ficava há apenas uns 40 minutos de lancha. Resolveu não perguntar.

Um de pé na cozinha. Outro na sala. Ninguém falava.

De repente, ela sentiu vontade de rir da situação. Até o dia anterior sua vida era simples e sem complicações. Agora, graças à Draco Malfoy seus nervos estavam em frangalhos e lembranças horrorosas de seu passado teimavam em reaparecer.

Não se conteve.

- Para que tudo isso?

- Para fazer tudo que pretendo durante minha permanecia aqui. Posso escolher meu quarto?

Inacreditável. Mas estava acontecendo. Ele ia ficar no mesmo locar que ela, sem uma distância mínima de 5 km, quer ela quisesse ou não. Segundo ele, não lhe restava outra alternativa. Não podia voltar para Jambi. Não tinha mais emprego. E até mesmo Alfred concordava com isso.

- Por favor, me conta o que aconteceu. Não está sendo justo comigo.

Ele largou as duas malas que começara a deslocar da sala e veio em sua direção. Seu coração parou. Como ele podia ser tão lindo e desprezível? Deus não estava sendo justo.

- Sinto muito, mas se não estou sendo justo foi porque você me provocou. Você não está sendo razoável. Baixe a guarda por um minuto e chegaremos a um acordo. Não sei qual é seu problema comigo. Afinal nem nos conhecemos. – disse sarcástico.

Como ele poderia ser assim? Deu uma vontade de gritar: Não nos conhecemos uma ova. Você é aquele riquinho metido que estudou com meu irmão e vivia humilhando os outros por serem menos abonados que você. Se gabando por ser filho de um magnata do Petróleo. E ainda chega no meu habitat, e começa a jogar. E ainda quer que eu seja razoável? Mas incrivelmente se conteve. A única coisa que conseguiu dizer foi:

- Tudo bem, porém se está esperando que eu peça desculpas, esqueça. Trabalho e moro aqui e gosto da vida que levo. Você chegou, de repente, e a desestabilizou. Não gosto disso. Não gosto de ter minha privacidade invadida, não gosto de ver meu emprego ameaçado por um rico excêntrico.

Ela olhou-o e definitivamente estava errada. A última coisa que aquele homem era: excêntrico. Ele balançou a cabeça por um segundo depois a encarou.

- Talvez fosse melhor recomeçarmos.

Seria difícil recomeçar. Por ela ter péssimas referências sobre ele. Mas fazer o que, esse estresse todos só iria lhe trazer cabelos brancos. E talvez ele não fosse tão imponente assim.

- Concordo. – Suspirou. – Vamos tentar desde o princípio. Eu lhe farei algumas perguntas, e você me dará respostas, simples.

Ele assentiu.

- Em primeiro lugar, meu emprego e meu quarto. Por que você insinuou que eu não mais os tenho?

- Por que Alfred me cedeu você por um tempo. E segundo Ingrid, achou o quarto muito pequeno para armazenar todas suas bagagens e decidiu colocar seus pertences em seu quarto.

"Aquela vaca miserável! Quem ela pensava que era? Só porque era sobrinha do seu chefe. Não acreditava que isso era possível!"

- Então, você e aquelazinha arranjaram tudo para que eu ficasse a sua disposição enquanto você estiver aqui.

Estava claro que Malfoy tinha uma boa influência com Alfred.

- Da minha parte pode acreditar que sim, mas Ingrid não ficou nada satisfeita em saber que ficaríamos esse tempo juntos. Mas a opinião dela não me importa. Conversei com Alfred e ele me disse que ninguém melhor que você para me apresentação a região.

- Eu sou uma assistente pessoal, não uma guia turística.

- Exatamente. Preciso de uma assistente temporária.

- Então resolveram minha vida, sem me consultar?

- Não precisava ser consultada. Até porque Alfred disse que você precisava de um descanso, e eu não pretendo fazê-la minha escrava. Iremos dividir tarefas, e tudo mais. Apenas preciso de alguém que conheça bem a região e seja uma companhia agradável. – disse com um sorriso de canto de boca.

Gina voltou para cozinha. Começou a preparar uma salada. Precisava ficar calma. E nada como cortar alguma coisa para extravasar sua raiva.

- Mais alguma pergunta? – Ele murmurou sexy.

Como Diabos aquele homem conseguia que ela o achasse sexy mesmo quando a vontade na verdade era de substituí-lo por aquele tomate e deixá-lo em cubinhos.

- Sim. Muitas. Mas ainda não me reformulei do choque de terem decidido que eu preciso de "férias" sem ao menos me consultar.

- A perspectiva de passar um tempo comigo está a incomodando bastante, não é? – Perguntou levantando a sobrancelha.

- Está. E o pior que nem ouvida eu estou sendo. Fui até Alfred e ele simplesmente me ignorou. Posso garantir Sr. Malfoy, não sei o poder que exerce sobre as pessoas, mas posso garantir que é muito grande.

Ele sorriu. Não um sorriso alegre. E sim algo bem egocêntrico e presunçoso.

- Nessa circunstância você está se sentindo vulnerável, não?

- E desvalorizada.

- Está enganada. Alfred está ciente do quão irritada você está. Ele a admira muito. Só acha que você precisa de alguma diversão na sua vida.

- Engraçada a maneira que ele encontrou para demonstrar isso.

- Mas não se preocupe, sua vida voltará ao normal quando eu tiver acabado meu tour.

Ela fez uma careta. Como ele podia ser tão legal uma hora, e tão egocêntrico e egoísta segundos depois.

- Quer saber o que estou pensando? Neste exato momento passei a considerar a possibilidade de pedir demissão e ir embora daqui.

- Fugir não é solução para nada.

Seu sangue sumiu, sabe-se lá para onde.

"Meu Deus, ele fala como se soubesse. E é lógico que ele sabe. Por que o senhor está fazendo isso comigo?"

- Em que poderei lhe servir? Até conheço a região, mas acho que o máximo que poderei é lhe mostrar os lugares. Os nativos conhecem melhor que eu. E pulariam ansiosos com a oportunidade de ganhar algum dinheiro.

- Vou precisar de opiniões, sem contar que não falo o dialeto local. Você me será muito útil se não, não teria feito tanta questão.

- Opinião em que sentido?- ela riu cínica.

- Não se trata de uma viagem de lazer. Tenho planos sobre a região.

- Planos?

- É, e se você não se incomoda, poderíamos falar sobre isso no jantar? Estou faminto e gostaria de tomar um banho e desfazer minhas malas. Onde é meu quarto?

Gina engoliu seco. Era inaceitável. Ele viera para ficar. O loiro não esperou pela resposta. Voltou para a sala e apanhou tudo que pode carregar. Se não fosse um Malfoy, até que ela estaria bastante feliz com a idéia de ser guia daquele lugar paradisíaco. Não por ele ser um gato... mas isso com certeza ajudava. Bem que ela estava precisando de alguma diversão em sua vida.

Fechou os olhos. Indiscutivelmente ele era muito atraente. Sem dúvida qualquer mulher se jogaria aos pés dele.

- Esse é o meu quarto. Você pode ficar com qualquer outro. – gritou da cozinha enquanto ele parou diante de sua porta abrindo-a.

Ele olhou para cama de dossel protegida com um cortinado e repugnou-se.

- Jamais dormirei sob essa coisa.

- Mas na vigem que você fez a América do Sul, você deve tê-la usado.

- Estou lisonjeado. Você andou pesquisando ao meu respeito. Embora não queira admitir.

- Errou. Ouvi uma conversa ontem por acaso que falava que você cuidava de negócios na América do Sul.

- Por acaso o que mais você ouviu sobre mim? – ele sorriu egocêntrico.

- Nada. Ouvi isso por acaso. Não fico bisbilhotando as conversas alheias.

- Nossa, eu te irritei?

- Não. Você não me afeta.

- Irritar também é afetar.

- Só mais uma pergunta antes de eu deixá-lo para que se acomode. Há muita gente que trabalha pra Alfred que também conhece as ilhas até melhor que eu, Josh por exemplo. Por que fez questão que fosse eu?

- Buscando elogios? Acho que já fui bem claro.

- Só estou querendo saber por que Alfred me sacrificou assim.

- Você parece muito desapontada com ele por isso. Algo especial?

- Claro que não. – respondeu rápido.

- Você é sacrificável.

A brutalidade do tom a fez tremer. Sua expressão deveria ter se alterado tanto que ele atravessou ficando de costas para ela.

Ela deu um passo para trás, e ele fez um gesto de indiferença.

- Não é para ferir seu ego. Mas suas funções podem ser substituíveis e um motorista com as qualificações de Josh é realmente difícil nessa região.

- Ok.

Agora ele estava dizendo que ela era substituível? E por que ele não a substituía? E ainda iria ter que agüentar isso por um mês.

Saiu deixando-o arrumar suas coisas.

- Que cheiro é esse?

Gina estava terminado de arrumar a mesa. Olhou de relance. Malfoy havia tomado banho e trocado de roupa.

Ela também havia tomado banho. Gostava desse ritual antes de jantar, mesmo se estivesse sozinha, o que não era o caso.

- É incenso de Jasmim. – ela informou apontando para a mesinha onde estava o incenso queimando.

- E o que teremos para o jantar?

- Peixe na brasa e salada de alcaparras.

- Parece delicioso. – ele disse.

- Espero que goste de peixe, é o prato mais comum por aqui.

- Aparência está muito boa. – Ele elogiou. – Trouxe vinho. Coloquei na geladeira.

- Não bebo.

- Por quê?

- Não acho necessário.

- Não tem o que esquecer? – ele alfinetou.

Essa guerra de insinuações estava levando-a a loucura.

- É por isso que as pessoas bebem? Para esquecer?

- Algumas. Eu não. Me acompanha?

Ele se levantou e foi até a cozinha. Gina tentou relaxar. Era a única saída. Ele parecia uma armadilha, qualquer passo em falso e ela não teria como escapar.

- Não é tão ruim assim. – disse ela depois do primeiro gole. – Não me diga que trouxe essa garrafa consigo da França?

- Como descobriu que estive na França?

- É o que imagino. – e apontou para o rótulo.

Ele sorriu.

- Sou da Inglaterra. E você?

Ele a estava deixando em saia justa. Mas era melhor dizer a verdade, não inventar nada mirabolante, pelo menos dessa vez.

- Também. Mas por que veio à Jambi?

Jantaram e conversaram agradavelmente. Ele lhe explicou sua idéia sobre o complexo turístico.

E ela sabia que aquilo seria bom apara a economia local.

- Era isso que você fazia na América do Sul? Investimentos turísticos? – ela indagou.

- Não. Trabalhava nos negócios de meu pai. Petróleo.

Ele pareceu meio desconfortável em falar sobre isso.

- Você quer um café?

- Adoraria.

Ele saiu para cozinha.

As ondas na praia, o vento agitando as palmeiras. Estava calma. Estranho, mas não se sentia tão bem há tempos.

Mais tarde, enquanto limpava a mesa, olhou para praia, a silhueta se recortava contra o mar e contra o céu iluminado por uma lua cheia. Parecia tão angelical. Qual seria o verdadeiro relacionamento entre ele e Ingrid?

Ele ainda não havia retornado para casa, quando ela foi dormir.

Continua?


N/A: Oi gente! Nossa, estou tão feliz e lisonjeada com todas as reviews que recebi! Obrigada a todas!Espero que estejam curtindo a fic! E não deixem de comentar.. Se gostaram ou não do cap!O título desse cap tá meio chumbrega, mas, sinceramente eu achei essa frase tudo de bom..Principalmente saída de lábios finos e avermelhados..de um certo loiro gostosãooo!E só pra lembrar.. Reviews deixam a autora feliz, super inspirada para action (não, isso não foi chantagem!).. e não mata ninguém..Continuem lendo.. Bjks!

N/B: Quem acha que este capítulo ficou estupendo levanta o dedo Rafinha vê rum mar de dedos levantados (--- como isso de dedos ficou estranho, ignorem---) Ou melhor, achei uma funcionalidade (?) para o dedo, sabe qual foi? não responda Coloque o dedo no mouse, e aperte no "go" do "submit review" e diga de coração o que achou deste capítulo. Ah, mas façam o favor de não colocarem declarações apaixonadas pelo Draco, ele já tem DUAS ruivas, não tem lugar para mais, girls! (O trecho em que diz que ele foi a América do Sul é referente à vinda dele a minha casa, é sério, gente!). Depois da betagem maluca deste capítulo, eu serei demitida do cargo de beta, mas foi bom enquanto durou Rafinha enxuga os olhos sentirei falta de vocês! Beijinhoos, Rafinha M. Potter. (A beta de notas gigantescas).