Brian Jackson

Brian tinha quinze anos. Mais uma vez, se mudou para outra cidade, Seville. Ele já estava cansado, traumatizado com isso. Ter que ver quem amava sendo morto. Todas as namoradas que inevitavelmente se apaixonou, ensangüentadas, mortas.

- Filho, – disse o pai de Brian, com a voz embargada – seu irmão está atrás de nós, novamente. Nós teremos que ficar em Seville... Não dá para gastar tanto assim em viagens, mais. E achar um emprego em cada cidade não é mais tão fácil assim... – Ele disse, com um grave suspiro – A polícia cuidará dele.

- T-tá, pai. – respondeu o filho, com um fio de voz. – Eu realmente não sei se conseguiria me mudar de novo, e esquecer de tudo, de novo.

O carro estacionou em frente a uma grande casa. Brian saiu do carro.

- Eu vou sair para conhecer a cidade, pai. Volto mais tarde, ok?

- Certo, mas tome cuidado, e chegue antes das duas!

- Pode deixar...

Brian caminhou pela borda da estrada, seus olhos expressivos, cintilando com a luz do luar. Ia chutando as pedras do asfalto. A sua frente, havia uma casa também grande e bonita, aparentemente antiga, tradicional. Olhava a casa, admirando sua beleza tão tênue e detalhada.

- Brian Jackson – sussurrou alguém.

- Ahn? Quem está aí?

Uma mulher desceu as escadas laterais da casa e andou em sua direção. Parou. Ajoelhou-se na grama macia e olhou profundamente os olhos de Brian.

- Eu estava te esperando – disse ela.

- Quem é você! – perguntou Brian.

- Não importa. O que importa é que...

- Importa sim! Você sabe o meu nome! Quem é você? Amiga do Leon?

- Jamais seria amiga de uma alma tão suja, Brian Jackson. Meu nome é Yuuko. Brian, você precisa proteger o meu filho. Só você pode ajudá-lo. Eu morrerei amanhã. Ou pelo menos as minhas mais valiosas lembranças e minha sanidade.

- Yuuko? Que nome, hein! Como você sabe de amanhã? Isso é impossível! Como você sabe de Leon também? E o que há com o seu filho?

- Eu sei porque simplesmente vejo, e...

A porta se abriu.

- Mãe... Faz um leite com Nescau para mim? Ahh... Quem é ele?

- Esse é o Brian, meu filho. Ele é seu novo amigo! Seu melhor amigo!

- Mas mãe... – disse o menino, da escada – Eu não posso ter amigos... O Carl disse que...

- Depois você conversa com o seu amiguinho, Tucker... Vá ver TV, vá!

- Mas...

- Vá, Tucker!

Tucker bateu a porta, com um estrondo.

- Não dá, Sra. Yuuko. Eu não sou babá, não posso cuidar dele... Afinal, quantos anos ele tem?

- Treze anos. Não negue, Brian. Seu espírito já aceitou. E o seu coração também. Cuide bem dele... E tome isto – disse Yuuko, estendendo uma espécie de bússola.

- O que é isso? – perguntou Brian, levantando-se.

- É um Soul Roulette. Ele diz se a alma da pessoa é boa ou ruim. Eu não preciso mais disso... Olha, é só apontar assim – ela levantou-se e apontou a Roletinha em direção a Brian, que indicou instantaneamente "BEM ABSOLUTO". Brian pegou a roleta, hesitante e assustado – Agora vá, Brian. Diga para meu filho que eu nunca quis esquece-lo.

- Não – Brian estendeu de volta a pequena roleta – chame uma babá. Não dá para fazer isso, Sra. Yuuko. Já é coincidência eu ter encontrado essa casa, talvez você tenha visto meu nome quando meu pai comprou a casa no fim da rua, e, além do mais, eu já tenho que ir. – a Sra. Yuuko virou-se.

- Não existem coincidências, Brian, apenas o inevitável. – Brian recuou – Durma aqui hoje, ou ele correrá risco de vida.

- Eu...

- Fique. – e Brian ficou. Teve que ligar para seu pai no celular, e disse que dormiria na casa de um novo amigo. Não houveram objeções.

Para que Brian ficasse na casa, teriam que trocar de quarto. Dormiriam no quarto maior do lado do de Tucker.

Tucker observava Brian.

- O que foi? – perguntou o mais velho.

- Você parece legal.

- Hum, que bom. Vá dormir.

- Você não será meu amigo. Ninguém pode ser meu amigo. Não quero machucar ninguém.

- Você é um menino de treze anos, fraquinho e inocente. Você não machuca os outros! Fique tranqüilo. Eu... estarei aqui. – Tucker virou-se. Depois de um tempo, adormeceu. Brian levantou-se, e observou o menino. Parecia tão sereno, dormindo...

"Que cheiro é esse?", pensou Brian, virando-se. Havia um clarão do lado, e fumaça passando pelo teto. Correu. O quarto de Tucker estava em chamas, uma mulher jogava gasolina pelo quarto!

- Sra. Yuuko! O que você está fazendo! – gritou Brian, tirando a garrafa de gasolina da mão da mulher.

- Eu tenho que matar o intruso, ele quer roubar a minha casa! E o meu querido filho! Eu tenho que matar o intruso! – "Ah! Por isso eu salvaria Tucker, hoje... Tivemos que trocar o quarto, por minha causa. Que sorte!", pensou Brian.

- Mas aqui é o quarto do seu filho, Sra. Yuuko!

- Eu não tenho filho algum nesse quarto! Saia daqui! – gritou a mulher, com uma feição transtornada, apertando uma faca em uma das mãos.

FlashBack

- Talvez você precise usar isso em mim, Brian. – disse a moça, dando-lhe uma seringa com um líquido avermelhado.

- Por quê?

- Se você precisar, você verá.

Brian pegou a seringa agilmente e colocou-a rapidamente no braço da mãe de Tucker. Ela, em seu último golpe, afundou a faca na perna de Brian, e desfaleceu. Brian gritou. Tucker levantou-se, assustado, e correu em direção ao grito. Brian estava sentado, lacrimejando, com um corpo deitado ao lado.

Tucker correu e pegou um balde d'água. Jogou água onde fogo estava, àquela altura, maior. Repetiu o ato mais várias vezes e, finalmente, conseguiu apagar o incêndio. Debruçou-se, de joelhos, depois se levantou e colocou Brian, com dificuldade, na cama. Em seguida, com as forças que lhe restavam, também deitou sua mãe. Cuidou de suas feridas e queimaduras que ocorreram ao cair, e estancou o leve sangramento na testa de Brian. Depois, começou a enfaixar sua perna. E ele estava tão perto de algo tão íntimo... Talvez se ele empurrasse um pouco mais a calça só para dar uma pequena olhada, ele...

- O que está fazendo aí? – perguntou Brian, ainda deitado. Tucker enrubesceu e continuou a enfaixar a perna de Brian.

- Tô enfaixando a sua perna. Fique quieto.

- Obrigado...

- Fica quieto! E olha só o que aconteceu! Eu te falei que você não podia se aproximar de mim!

- Isso não foi culpa sua, Tucker.

- E olha só, eu ainda nem sei o seu nome e já te machuquei.

- É Brian...

- Então escuta, Brian – Tucker baixou a mão e a cabeça – Fique longe de mim. Você parece ser um cara legal, eu quero que você fique numa boa, sem se machucar, como o que aconteceu hoje. Amanhã, vá embora e nunca mais apareça!

- Você não machuca os outros, já disse. E eu não vou e nem posso sair de perto de você! E quem falou que você não pode ter amigos? Que coisa mais ridícula!

- O Carl falou... – respondeu Tucker, enrubescendo mais ainda.

- E você gosta dele, ele é seu amigo? – perguntou Brian, sugestivo.

- Não! Eu o odeio! Na verdade, a única pessoa que eu gosto é a Jean, ela, eu não machuco...

- Nunca escute o que os outros dizem de você. Não preste atenção no tal do Carl, por mais que você goste dele, e sempre converse com os outros, faça amizades. Você é bonito, inteligente e divertido, Tucker! Você com certeza teria muitos amigos se não ouvisse o que os outros dizem pra te deixar pra baixo!

- C-certo...

- E tem outra coisa. Isso não foi culpa sua. Você, na verdade, me ajudou muito. Se não fosse você, eu e sua mãe teríamos morrido queimados, no seu quarto, e as pessoas poderiam até te culpar!

Tucker sorriu e abraçou Brian, como que por impulso. Se deitou no colchão que tinha colocado no chão e deu boa noite para a pessoa que tinha mudado sua forma de ver as pessoas.

- Brian, só mais uma coisa... Por quê? Por que ela fez aquilo?

- Porque ela não se lembra mais de você, Tucker...

- Ah, entendo... É o que eu suspeitava.

N/A: e é aqui que a história deles "realmente" começa, não é mesmo? E o Brian já está conseguindo fazer com que o Tucker amadureça -

Acho que eu fiz o Tucker kawaii demais pra ter treze anos ..

Mas tudo bem... Vamos ver como vai se sair :P

Acompanhem o/

E me mandem Reviews, que eu sou filho de deus! -