Beta: Nicolle Snape - Muito obrigada! Betagem a jato!
Disclaimer: Todos personagens são da J.K. Rowling. Eu só faço maldades com eles às vezes. (Nada tão dramático quanto mandar o Cão para o Véu)
Referente a palavra nº 18 da minha table escolhida pela Celly que ganhou o quarto joguinho. Parabéns, moça. Você foi rápida! Espero que a continuação esteja do seu agrado.
– Possuir -
Apreensão. Constrangimento. Medo. Vergonha. Alívio. Frustração. Cada um desses sentimentos e vários outros não identificados atingiram Sirius quando se afastou de Remus. A noite anterior tinha sido miserável. Ainda sentia um gosto amargo quando se lembrava do banho e Moony se isolando dele, afastando-se, quando tudo que Sirius mais desejava era juntar-se a ele.
Durante aquele tempo, sentiu um verdadeiro pânico ao pensar que Remus estava furioso com ele. Felizmente, não era nada disso. E tinham até dormido juntos. Nunca iria esquecer da sensação de conforto ao acordar com ele em seus braços. Estavam tão próximos, tão unidos que Sirius tinha certeza que a qualquer momento Remus perceberia o vergonhoso estado de excitação que ele se encontrava.
E, agora a pouco, quando seus olhares se encontraram através do espelho, Sirius pensou ter visto o mesmo desejo, a mesma fome nos olhos de Remus. E quase colocou tudo a perder por isso! Não acreditava que pudesse ser tão idiota. Ficou olhando a algema caída no chão enquanto todos esses sentimentos se sucediam e se misturavam. Eram tantos pensamentos que começou a se sentir tonto. Não sabia o que dizer ou o que fazer.
Criou coragem para encarar Remus e o viu olhando a algema como quem busca respostas. Chamou baixinho:
- Moony?
Remus ergueu os olhos e sorriu, o mesmo sorriso calmo de sempre.
- Demos sorte. Estamos livres um do outro.
Sirius sentiu um aperto no peito. A algema ter se soltado tão rápido era uma sorte, mas se tivessem ficado próximos só mais um pouquinho... 'O que faria, Black? Ia agarrar seu amigo?' A voz zombeteira que lembrava demais a de Snivellus o questionou mentalmente. Preferiu ignorar e respondeu, tentando soar animado.
- Que ótimo. E bem a tempo de aproveitar o primeiro final de semana sem detenção.
- Claro, Paddy. Tenho certeza que você não demora a encontrar uma companhia para tirar o atraso dos finais de semana anteriores.
Sirius sentiu vontade de gritar ante o tom tranqüilo de Remus. Pelo visto, estava enganado sobre o que pensou ter visto nos olhos dele. 'Mas também, o que esperava, Black?'
- É verdade. Acho que vou procurar aquela loirinha do sexto ano. Sabe, aquela que me convidou para ...-Viu Remus se abaixar e pegar a algema, guardando-a no bolso. – O que pretende afazer com isso?
- Vou devolver ao professor, claro. Melhor fazer isso logo, antes que ele dê falta.
- Certo. Vou com você.
- Não, Padfoot. Você não vai. Eu talvez consiga convencer ao Sr. Hopkins que a algema está comigo por acaso. Mas se ele ver você, não vai acreditar nunca que era por algum motivo inocente.
- Ei!
Remus continuou como se Sirius não houvesse dito nada.
- Vamos acabar ganhando detenção. Eu resolvo isso. Tenho muito mais jeito para lidar com ele.
Sirius a contragosto, concordou. Sabia que Remus tinha razão, mas se dependesse dele, jamais o deixaria sozinho com o professor pervertido. Ele via claramente os olhares que Hopkins lançava a Moony que não parecia perceber nada. Mas se ele ousasse encostar um dedo gorducho no seu Remus, ele ia ver.
- Padfoot? Vamos? James já deve estar subindo pelas paredes, a julgar pela urgência quando ele tentou entrar no banheiro agora a pouco.
Remus não esperou sua resposta e saiu do banheiro. No quarto, encontraram Peter e James numa conversa animada.
- Finalmente! Que demora, hein? – Peter falou, já recolhendo suas coisas para tomar banho.
- Se dependesse de esperar vocês, já estava todo mijado. Tive de expulsar um aluno do primeiro ano para usar o banheiro dele. – James falou, rindo. – Qual o motivo da demora? Tava ajudando a lavar as costas do Moony, Sir?
- Ha. Ha. Ha. Realmente, muito engraçado, Prongs. Nunca ri tanto na minha vida. – Sirius falou, jogando-se na cama, sem qualquer traço de humor na voz.
Remus, que já estava se encaminhando para a porta, apenas sorriu. Só naquele momento, James pareceu notar que estavam separados.
- Nossa, como conseguiram abrir a algema?
- Não fizemos nada. Ela se soltou sozinha. – Remus abriu a porta e voltou-se para eles. – Não precisam me esperar para o café. Não sei quanto tempo vou demorar.
- Ei, Moony. Onde vai? – Prongs perguntou.
- Vai devolver a algema para o professor. – Sirius respondeu, tentando esconder sua contrariedade.
Remus saiu e deixou que continuassem a conversa. Peter, que ainda não tinha ido tomar banho, falou:
- Melhor mesmo. Vai que o professor precise dela hoje a noite e não a encontra?
Prongs continuou, rindo:
- É bem capaz do Filch ficar ainda mais intratável durante a semana.
- Argh, muito obrigado a vocês dois! Acabei de ter a visão do inferno com Hopkins, Filch e os possíveis usos daquela algema.
James e Peter riam quando Sirius pulou da cama e começou a trocar de roupa.
- Onde vai?
- Até a ala hospitalar ver se Madame Pomfrey tem algo para desinfetar meu pulso.
James e Peter riram ainda mais e começaram a fazer mais algumas piadinhas que ele preferia ignorar. Já chegava a porta quando Wormtail falou:
- Ah, aproveita e veja se o Moony está bem. Hopkins pode perfeitamente ter resolvido colocar alguma de suas idéias em prática com ele.
Sirius quase rosnou em resposta e saiu batendo a porta do quarto. 'Se até Peter já percebeu, então tenho razão em minhas suspeitas. Aquele depravado. Ah, mas ele me paga...' A sucessão de ameaças e projetos de vingança foram interrompidos assim que saiu do quarto e encontrou algumas alunas do sétimo ano. Elas o abordaram para propor alguns programas para a noite. 'É, talvez eu só precise de um pouco de distração.'
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'Irritação, seu nome é Remus Lupin', Moony pensou com ironia. Sentia uma dificuldade cada vez maior em manter seu controle. Folheou, distraído, o livro que tentava ler antes de abandoná-lo de vez. Felizmente, não tinha tido maiores problemas com o Sr. Hopkins. Inventou uma desculpa qualquer para estar com a algema e o professor acreditou. Parecia muito mais interessado na oportunidade de ficar sozinho com ele. Sentiu um arrepio de asco ao se lembrar da expressão lascívia do homem.
Remus precisava recorrer a todo seu auto controle para não estuporar o professor cada vez que ele o olhava daquele jeito. Era um olhar que despia, que devorava. O tipo de olhar que fazia a pessoa se sentir suja. Ou quando ele colocava a mão gorducha e suada 'casualmente' em seu ombro. Mas a vontade assassina de estraçalhar e jogar os restos para os corvos surgia quando o depravado passava a língua lentamente pelo bigode, num gesto tão claramente obsceno que Remus sentia seus pêlos se eriçarem.
Felizmente, não tinha aprendido a se controlar à toa. E a atitude de 'monitor sério, responsável e hetero' ajudava bastante. Não sabia quanto tempo conseguiria passar sem ouvir alguma proposta indecorosa do professor, mas se dependesse de Remus isso ia demorar muito ainda.
O Sr. Hopkins era a menor de suas irritações. Desde o dia que vira Sirius seminu naquela toalha, sua paciência vinha diminuindo em relação direta com o aumento de sua excitação. Não passava um momento em que não se lembrasse da maldita gota. Era um inferno viver constantemente entre o arrependimento de não ter ousado, o alívio por ter se controlado e a dúvida se tinha agido certo. Claro que bastava ver Sirius com alguma garota pelos cantos para a dúvida se transformar em certeza.
'Deixa de ser estúpido, Lupin. A única coisa que você conseguiu foi nos deixar mais desejosos.' Mais uma preocupaçãozinha para ele. A Lua Cheia seria essa noite e, a possibilidade de esquecer por algumas horas seus dilemas, vinha acompanhada pelo aumento da influência do Lobo. E aí estava o resultado: a Fera tinha suas próprias idéias a respeito de Sirius.
Remus não perdia o controle para ele, mas sua 'consciência' ganhava uma personalidade bem distinta da dele. Seus instintos e sentidos modificavam. Os cheiros se tornavam mais intensos, os sons mais audíveis. E a vontade de possuir Sirius era quase uma obsessão.
E era por tudo isso, que Remus se sentia cada vez mais irritado e cansado. Tinha escapado dos amigos e pretendia ficar ali até a hora de ir para a Casa dos Gritos. 'Você é tão patético. Não sabe se divertir, vive se reprimindo. Qual é a graça de ficar aqui fora com esse livro, quando poderia estar em algum canto desfrutando do nosso Cão?'
Remus tentou ignorar aqueles pensamentos e as imagens que o Lobo projetava para ele. Seus hormônios adolescentes também não contribuíam em nada para acalmá-lo. ' Você não tem que se controlar, Lupin. Por que não deixa que eu cuide disso? Será muito mais divertido.'
Remus deu um suspiro cansado. Seria tão mais fácil deixar as coisas simplesmente acontecerem. Mas a cada Lua Cheia quando perdia o controle total sobre sua mente e seu corpo, um terror cada vez mais arraigado se instalava nele. Fechou os olhos e recostou a cabeça contra a árvore. Não era um covarde e não se deixava abater pelo medo. Mas se manter calmo, provar o tempo todo que era tão ou mais capaz que os outros era desgastante demais.
Porque ele sabia que aqueles que o admiravam por ser um monitor responsável, um excelente aluno, seriam os primeiros a esquecerem disso e virarem as costas para ele, se soubessem se segredo. Menos os marotos. E somente com eles, podia se permitir agir mais livremente e deixar que sua natureza 'criativa' viesse a tona. 'Nem sempre, Lupin. Você tem umas idéias bastante criativas com o Cão e que ficam desperdiçadas.'
Remus se sentiu enrubescer com a nova sucessão de imagens que o Lobo mostrou para ele. Tentava afastá-las de sua mente quando seus sentidos se tornaram instantaneamente alertas. Abriu os olhos e farejou o ar de forma involuntária. Sentiu a satisfação do Lobo ao identificar a origem do cheiro e um arrepio percorreu seu corpo. Uma sensação ameaçava dominá-lo completamente: o desejo de conquista.- Moony. Graças a Merlin. Que idéia foi essa de vir para cá? Sabe que a gente ainda não incluiu essa área no mapa.
Remus sentiu o desejo do Lobo misturar-se ao seu quando encarou o outro rapaz, a voz rouca de Sirius agindo como um estimulante sobre seus nervos. É claro que sabia que aquela área ainda não estava mapeada. Aqueles olhos cinzas o perturbavam de uma maneira enlouquecedora. 'Vamos, Lupin, Nós queremos ver aqueles olhos cheios de desejo. Queremos ouvir ele gemer nosso nome.'
Sirius se abaixou e Remus viu a preocupação evidente no rosto dele.
- Moony, tá tudo bem?
'Nós não podemos fazer isso com ele. É um amigo.' Remus quase pôde ouvir o gemido de frustração do Lobo. 'Por isso mesmo, Lupin. Ele nos conhece. Você não pode ser tão burro assim. Sente. Ele nós quer.'
Sirius havia se aproximado mais ainda, parando de cócoras a sua frente e encostou a mão em seu braço. Foi como se uma descarga o percorresse e derrubasse cada uma de suas defesas com uma rapidez assustadora. Remus puxou Sirius contra ele e o beijou.
Remus e o Lobo gemeram ao sentir os lábios macios de encontro aos seus. Mordeu de leve, obrigando Sirius a abrir a boca. Parou de imaginar a reação do amigo. Queria provar. Queria sentir. Queria possuir. Quando suas línguas se encontraram, enroscaram-se, procurava sentir o sabor do outro e desfrutar ao máximo o prazer que sentia. 'Mais.'
Com urgência, empurrou Sirius, prendendo-o com seu corpo. Em nenhum momento, parou de beijá-lo. Começou a desabotoar as vestes dele, distribuindo beijos pelo rosto, queixo, pescoço. As mãos sempre percorrendo o corpo do outro. Mas acabava retornando a boca de Sirius. Tinha desejado tanto aquilo. E ele tinha um gosto tão bom. Começou a revelar o peito dele e deixou os dedos percorreram a pele macia.
Mordeu os lábios de Sirius, ouvindo o gemido rouco e ele murmurando deu nome. 'O Cão é Nosso.' A urgência do desejo do Lobo era tão grande quanto a sua. A necessidade de possuir Sirius estava o dominando de um modo assustador.
Sua audição aguçada captou um som baixo e ergueu os olhos para localizar de onde vinha, as narinas dilatadas. Colocou os dois braços em torno de Sirius, protegendo-o. Remus ficou tão chocado com sua atitude claramente animal que se afastou do outro. 'Não, não. Nosso.'
Colocou-se de pé e viu Peter e James se aproximando, visivelmente aflitos. Só então notou que começava a escurecer. Não sabia o que dizer e o Lobo inundando sua mente das imagens de como teriam terminado aquele encontro não ajudava em nada.
Virou-se e saiu em direção a Casa dos Gritos. O Lobo parecia ganir a medida que se afastava de seu Cão.
