Capítulo 15


Autora: Yoko Hiyama

Beta: Bela-Chan

Avisos: lemon e um pouquinho de nada de violência.


Draco esperou pacientemente pelo final da aula, enquanto fingia não perceber os olhares nada discretos que Harry lhe dirigia com a única intenção de constrangê-lo e humilhá-lo como, diga-se de passagem, tinha o costume de fazer quase todos os dias. Pois muito bem, aquela noite teria sua vingança. Harry sofreria em dobro as humilhações pelas quais ele passara.

Assim que a aula terminou, o Ventrue pareceu fazer de tudo para ficar pra trás, enquanto todos os demais deixavam o local. Mas quando Harry fez menção de sair, o chamou num tom de voz que não admitia recusa:

- Potter? Poderia passar aqui um momento, por favor?

Harry achou estranho, mas nem por isso hesitou um só instante antes de dispensar seus companheiros e andar na direção do vampiro.

- Sim, Draco. Em que posso ser útil? - Harry falou com uma cortesia fora do normal que não escapou à percepção de Draco.

- Por que não se senta? - Draco deu seu melhor sorriso - Quero conversar algumas coisas com você.

- Ora... - Harry pareceu desistir de interrogar sobre a surpreendente gentileza do loiro - Está bem.

Assim que Harry sentou-se em frente a ele, Draco passou a colocar o seu plano em ação. E no momento em que Harry olhou pra Draco, esperando por suas palavras, o loiro passou a manifestar sua Presença (1).

- Diga, Harry... Você me acha atraente? - Draco perguntou, querendo testar os efeitos da fascinação que havia criado sobre ele.

Harry piscou os olhos:

- Draco...

- Sim ou não? - Ele insistiu.

Harry olhou pra ele durante alguns instantes antes de responder:

- Bem... sim...

Draco sorriu internamente.

- Você faria qualquer coisa por mim?

Alguns segundos de silêncio. Harry olhou para Draco, como se quisesse entender o que ele estava querendo com tudo aquilo. O Ventrue apenas aproveitou o breve instante de silêncio para reforçar ainda mais sua influência sobre o Tzimisce, até que finalmente pôde ver um brilho diferente nos olhos de Harry quando ele respondeu:

- Mas é claro, meu Príncipe.

Draco deu um sorriso triunfante. Tudo estava indo conforme seus planos. O olhar de Harry deixava claro o deslumbramento que o Ventrue lhe causava, graças aos seus poderes. O loiro sabia que o tinha nas mãos, para fazer com ele o que bem entendesse. Harry concordaria com tudo que ele dissesse e faria de bom grado tudo que ele pedisse, por mais tolo e insensato que pudesse parecer.

- Sabe, Potter? Eu não ando muito satisfeito com algumas coisas que você tem feito ultimamente...

- Não me diga isso... - Harry fez uma careta de dor, olhando para Draco como se ele tivesse lhe dado a pior notícia do mundo.

- Digo sim... - Draco insistiu, sua mão fina e muito branca procurando o rosto de Harry, o polegar acariciando seu lábio inferior - Você me feriu... Mas hoje nós vamos consertar isso, não é mesmo?

- Se eu puder fazer alguma coisa, meu Príncipe... É só dizer... - Harry respondeu muito sério, sem demonstrar o menor traço do seu cinismo habitual, os olhos famintos irremediavelmente presos no corpo do loiro, numa admiração muda, mas evidente.

- É assim que eu gosto de ouvi-lo falar, meu caro... - os dedos finos do Ventrue continuavam a acariciar os lábios do outro vampiro, provocativos, numa suave tortura. Mas ele os afastou quando Harry fez menção de beijar sua mão - Você só pode me tocar quando eu te der permissão, você entendeu?

Novamente o olhar de Harry expressou toda a dor que as palavras de Draco lhe causavam, mas nem por isso ele ousou contestá-lo. Apenas olhou para o loiro com um desejo semelhante ao de um carniçal que anseia pelo gosto do sangue de seu mestre.

- Sim, meu Príncipe. - Harry falou, devorando-o com os olhos.

- Muito bem, então venha comigo. - as mãos desceram para o queixo de Harry, levantando-o um pouco - Hoje eu vou fazer você experimentar todas as humilhações que me fez passar, Potter. Hoje, você deverá me venerar e sofrer por mim.

O rosto do Ventrue se aproximou do de Harry e os olhos se encontraram por alguns instantes, os do Tzimisce eram puro desejo, os de Draco inundados pelo prazer de dominar e humilhar. O loiro deu um sorriso satisfeito e finalmente levantou-se da cadeira, sendo seguido por Harry quando se dirigiu para fora dali.

- Onde estamos indo, meu Príncipe?

- Você saberá quando chegarmos lá.

Andaram sem qualquer pressa pelos corredores do palácio, Draco fazendo questão de retribuir cumprimentos dos demais passantes, adorando ignorar o olhar possessivo e ciumento que Harry lhe dirigia sempre que parecia estar dando atenção a qualquer outro que não ele.

Quando finalmente abriu a porta de seu próprio quarto, fazendo um sinal para que Harry entrasse, Draco teve que conter uma gargalhada ao perceber sua expressão. Bem, parecia que de todos os lugares do mundo, aquele Tzimisce jamais pensaria que seria levado justamente até ali.

- Entre. - Draco reforçou o convite, evidenciando uma ponta de insatisfação pela demora de Harry.

O Tzimisce deu alguns passos lentos pra frente, parando assim que se viu dentro do cômodo. Draco fechou a porta, satisfeito, e então passou direto por Harry, caminhando até um aparelho de som e ligando-o. Quando a ópera começou a tocar, uma das mãos do vampiro balançou no ar por alguns segundos, acompanhando a voz do tenor, os olhos fechados, seu rosto tomado por uma expressão de prazer momentânea.

Então, ainda de costas para Harry, Draco retirou o paletó e o atirou no chão. Afrouxou a gravata e deu a ela o mesmo destino do paletó preto, depois, abriu as abotoaduras com um gesto rápido antes de se livrar dos botões da camisa, retirando-a sem demonstrar pressa. A música chegou no seu clímax ao mesmo tempo em que Draco abriu o zíper de sua calça preta, finalmente virando o corpo na direção de um Harry mudo pelo espanto e adoração.

O Ventrue encurtou a direção entre os dois corpos, seus passos elegantes combinando perfeitamente com o lamento do tenor, Harry esticou a mão para tocá-lo, mas Draco não lhe permitiu esse luxo. O Ventrue apenas admirou a expressão deslumbrada do moreno e pensou que, naquele momento, ele não se parecia em nada com o vampiro assassino que vira há duas noites. Mas esta era uma lembrança que não tinha nenhum lugar naquele instante. O rosto do Draco se aproximou dos lábios de Harry, ameaçando um beijo, mas ele apenas sorriu, triunfante, e afastou-se quando Harry se esticou para alcançar sua boca. Mas antes mesmo que o outro pudesse lamentar, suas mãos encontraram o peito do Tzimisce e subiram por ele lentamente, passando pelo seu rosto, alcançando seus cabelos macios e, finalmente, o topo de sua cabeça.

Sem deixar o sorriso morrer no rosto, Draco fez força pra baixo e ordenou:

- Ajoelhe-se.

O moreno não fez qualquer menção de reagir àquela ordem; ajoelhou-se sem tirar os olhos do corpo de Draco, ainda sendo empurrado pelas mãos não tão gentis do Ventrue. O loiro se aproximou um pouco mais, a ponto dos corpos quase se colarem, mas quando Harry passou os braços em volta de suas pernas, ele abruptamente recuou.

- Eu não te dei permissão pra me tocar. - falou, irritado.

- Oh, desculpe, meu Príncipe. - Harry respondeu, demonstrando um arrependimento digno de um penitente.

- Humpf! - Draco se reaproximou, uma de suas mãos procurando os cabelos de Harry enquanto a outra adentrava por suas calças, retirando de lá o seu membro endurecido. O próprio Ventrue cuidou de acariciá-lo durante alguns segundos antes de apontá-lo para Harry.

- Lambe! - Ele então adicionou assim que viu o outro fazer menção de segurar seu pênis - Nem pense em usar as mãos.

Novamente, Harry obedeceu sem hesitar, suas mãos retornando a mesma posição de antes, enquanto a língua provava Draco primeiro timidamente e logo depois com lambidas mais famintas, percorrendo toda a extensão de seu pênis.

- Muito bem. - Draco finalmente falou depois de alguns segundos apreciando a visão de um Harry tão empenhado naquela tarefa - Chupe!

A boca de Harry se afundou na carne de Draco com vontade, obedecendo ao ritmo imposto pelas mãos em seus cabelos, parecendo não se importar nem mesmo quando o membro de Draco avançou a ponto de invadir sua garganta. Os dedos do Ventrue puxaram os cabelos do moreno com força à medida que determinava um progressivo aumento da velocidade daquela carícia. A certa altura, Draco soltou um gemido de insatisfação, resistindo irritado ao prazer que aquele Tzimisce estava lhe proporcionando antes de empurrar sua cabeça sem qualquer gentileza, para logo depois usar os pés para empurrá-lo, desequilibrando-o.

Harry levantou-se, seus olhos repletos de frustração e perguntas que Draco de jeito nenhum se dignaria a responder. Ao invés disso, o Ventrue apenas o empurrou para a cama. Quando ele caiu em cima do colchão, um dos joelhos suportando o seu peso, Draco subiu em cima dele, puxando suas calças pra baixo com tanta força que rasgou o tecido. Então, ele se posicionou melhor por trás do corpo dele, penetrando-o brutalmente, sem se preocupar em perder tempo com preparações e preliminares.

Harry deu um grito, seus dedos se afundando nos lençóis, o corpo todo se contorcendo de dor a cada invasão.

- Sim... - Draco falou, rouco, ainda se enterrando em Harry impiedosamente, enquanto suas garras vampíricas arranhavam seus quadris, impondo um ritmo constante - Está doendo? Está doendo!

Harry soltou um gemido alto ao ouvir aquelas palavras, apertando os olhos quando Draco investiu mais uma vez contra o seu corpo.

- Foi bom se divertir às minhas custas, não é verdade? Foi bom me humilhar enquanto pôde, não é verdade? - Draco continuou, cada frase perfeitamente sincronizada com seus movimentos rudes - E agora? O que me diz? Hein?

Harry não teria forças pra responder mesmo que tentasse, tudo que saia de sua boca eram seus gemidos altos.

- O tão poderoso Sabá perdeu a fala? - Draco perguntou, triunfante - Que interessante! Justo agora que eu queria tanto ouvir as seus gracinhas... Hã? O que me diz?

Harry gemeu ainda mais alto, totalmente desnorteado pela dor e pelo prazer que Draco lhe proporcionava. Seu braço se esticou sobre o lençol, puxando-o com tanta força que o tecido rasgou como papel, provocando um barulho desconcertante. Mas nem por isso o Ventrue diminuiu o ritmo das estocadas, mordendo o próprio lábio a ponto de tirar sangue só para se impedir de proferir qualquer som capaz de demonstrar ao outro seu próprio prazer.

O Ventrue olhou para o belo corpo de Harry totalmente entregue às sensações e imediatamente sentiu os caninos se atiçarem de desejo por ele, lambendo o próprio sangue rapidamente, numa tentativa de conter o doloroso impulso de afundar suas presas na carne daquele Tzimisce. Ao invés disso, apenas fechou os olhos, finalmente deixando escapar um longo gemido ao ser tomado por sensações desconhecidas desde a época em que deixara de ser humano. Harry o acompanhou, formando um admirável dueto de vozes.

A música estava em seus últimos acordes quando Draco se atirou sobre o corpo do Tzimisce, esquecendo-se de tudo por alguns segundos somente para aproveitar os últimos instantes de prazer. Alguns minutos depois e Harry foi o primeiro que se atreveu a se mover, virando o tronco em sua direção. Os olhos verdes do Tzimisce se encontraram com os do Ventrue, ambos com os caninos eriçados, controlando-se com todas as forças para não morder o outro.

Passaram um bom tempo assim, numa luta muda. De vez em quando, um deles parecia fraquejar, chegando a abrir a boca e se aproximar mais do outro numa ameaça que sempre morria com uma espécie de rosnado frustrado e cheio de luxúria.

Foi somente a fraqueza provocada pela proximidade do nascer do sol que os fez desistir de vez e, finalmente controlando seus impulsos, os dois fecharam os olhos, cansados, os corpos muito juntos.


- Sirius... - A voz hesitante de Remus chamou pelo vampiro depois da segunda noite de torturas bárbaras. Greyback tinha finalmente desistido de arrancar alguma palavra de Sirius, ele mesmo cansado de bater, se retirando, irritado, do local.

Os pulsos do Gangrel estavam em carne viva depois de horas balançando no ar e todo o seu corpo estava escoriado de tal forma que um humano já teria morrido dezenas de vezes. Ossos quebrados, algumas fraturas expostas e muito sangue.

Sirius tentou levantar a cabeça e olhar pra Remus, mas sua tentativa resultou em nada mais do que um gemido dolorido.

- Sirius, tente não se mexer... - Remus aconselhou ao ver a dor que o mais simples dos movimentos lhe causava. O Gangrel desobedeceu imediatamente, dessa vez conseguindo levantar a cabeça com esforço, abrindo os olhos com dificuldade pra encarar o lupino.

A imagem do rosto de Sirius fez o coração de Remus parar. Metade da pele havia sido arrancada pelas garras de Fenrir, deixando a mandíbula do vampiro à mostra. A outra metade estava profundamente ferida, a ponto de nenhum centímetro de sua face escapar ileso. Um dos olhos tinha sido destruído, mas o outro encarava Remus de uma forma cúmplice e, por que não dizer, amorosa.

- O velho vai mandar ajuda. - A voz de Sirius saiu gorgolejante, graças ao sangue em sua garganta que logo deslizou pela boca.

- Eu sei. Você me disse que mandou um mensageiro.

- Eu posso me curar. Só vai demorar um pouco. - Sirius cuspiu mais um pouco de sangue, tentando limpar a garganta

- Eu sei.

- Vai ficar tudo bem, Remus.

- Eu sei disso.

- Então não chore...

- Não estou chorando. - Remus mentiu, a voz rouca sob o efeito nítido das lágrimas.


Draco foi o primeiro a acordar na noite seguinte. Logo notou que o braço do Tzimisce o envolvia pelo tórax, possessivo, e fez menção de afastá-lo. Mas ao invés disso, apenas virou o rosto para olhar pro outro, numa tola tentativa de postergar seu afastamento.

Olhou para o rosto pálido e sereno de Harry, os óculos tortos e os cabelos ainda mais desalinhados do que o normal formavam um conjunto inusitado, mas adorável. E antes que o Ventrue percebesse, seus dedos já tinham se enroscado nos fios negros do Tzimisce, descendo pelo rosto devagar enquanto ele tentava não pensar racionalmente no que estava fazendo.

Draco deu um sorriso satisfeito quando seus dedos caminharam até a gola da blusa branca que nenhum dos dois teve tempo de pensar em remover, e afastou uma lembrança das carícias selvagens que os dois tinham trocado naquela noite.

- Você teve o que mereceu, Potter. - Draco falou mais pra si mesmo do que para o seu companheiro adormecido, os dedos apertando o tecido da camisa.

Mais uma vez, lembranças da noite anterior lhe invadiram. Harry jogado na cama a sua mercê, o barulho do lençol se rasgando, o dueto de gemidos selvagens, a sensação de estar dentro de Harry... a vontade de esquecer tudo e apenas enterrar seus caninos na carne daquele vampiro.

Seus dedos apertaram o tecido da camisa de Harry com mais força ainda, num reflexo natural às suas lembranças, como se precisasse se segurar bem pra não ser sugado por completo por elas. E, apesar do tecido da camisa ceder ao puxão de Draco a ponto dos primeiros botões se abrirem, Harry nem sequer se mexeu, ainda perdido em seu sono sobrenatural.

Foi nesse instante, quando parte do peito de Harry se mostrou, totalmente livre da proteção da camisa, que os olhos do Ventrue, arregalados, perceberam uma fita de seda azul envolvendo seu pescoço (2)...

Continua...


(1) Presença - É uma Disciplina vampírica muito interessante. Um vampiro que usa esse poder sobre os demais, se distingue na multidão e atrai olhos cheios de admiração e cobiça. A pessoa afetada por esse poder ficará propensa a concordar com todas as suas opiniões e a Presença o deixará tão fascinado que seu poder de julgamento fica comprometido, fazendo com que cometa atos que normalmente recusaria. Por outro lado, é preciso dizer que Presença não é como Dominação, apesar de influenciado, alguém afetado por esse poder ainda é senhor de si e uma ordem absurda ou suicida não parecerá mais razoável só por causa da Presença. Mas o afetado precisará fazer é combater o impulso de fazer tudo pelo vampiro com sua força de vontade. Assim, se um vampiro usando Presença fala pra outro se atirar no fogo, ele não irá fazê-lo porque seu instinto de sobrevivência é muito maior do que sua fascinação pelo vampiro. Por outro lado, se o vampiro lhe disser que ficaria muito contente se recebesse um anel de diamantes de presente...

Outra coisa importante: Atitudes violentas por parte do vampiro chocam a vítima deslumbrada e quebram imediatamente a Presença.

Em resumo, tente imaginar a pessoa mais linda que poderia existir no mundo. Imagine o seu modelo de beleza em todos os sentidos: corpo, rosto, cabelos, voz, personalidade, intelecto, tudo. Esse é o vampiro com Presença aos olhos de sua vítima. Você seria capaz de dizer não pra essa pessoa com facilidade?

(2) Escudo da Presença Pútrida - Esta fitinha azul que o Harry está usando é um ritual Tremere muito útil, capaz de reverter os efeitos da Presença a quem os enviou... Eu ignorei a parte da reversão para que Draco não percebesse que tinha sido enganado antes que fosse tarde demais... (evil smile)