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Outro aviso
: NÃO haverá atualização na semana que vem porque eu vouviajar e só voltarei no final da outra semana. : )

As reviews ainda estão atrasadas, mas farei de tudo pra botar tudo em dia antes de ir pra São Paulo. Só mais um pouco de paciência, ok?


Capítulo 18

Autora: Yoko Hiyama

Beta: Bela-Chan

Aviso: Morte de personagem


- Me ajude aqui, Harry!

O rapaz subiu alguns degraus que o separavam da mãe, posicionando-se do lado oposto de um enorme baú.

- Arraste-o naquela direção. - Lilly comandou e os dois se uniram para arrastar o baú, apesar de Harry perceber claramente que a mãe ficara com a maior parte do peso.

Arrastaram o baú até as escadas, quando tiveram que levantá-lo. Lilly parecia não ter qualquer dificuldade, já Harry quase tropeçava nas próprias pernas, respirando fundo enquanto tentava carregar um peso maior do que poderia suportar, sem reclamar.

Vencidas as escadas, o par arrastou o baú até um salão até então desconhecido para Harry.

- Pode deixá-lo aqui! - Lilly falou.

Aliviado por se livrar daquele peso, Harry finalmente teve a oportunidade para olhar em volta com mais atenção. Era um salão grandioso, iluminado por dezenas de velas. No chão, havia uma espécie de fosso em forma de meia-lua, cujas bordas eram enfeitadas com pequenas pedras brilhantes. Ele olhou para o chão e reparou que pisava em terra fofa.

- Tire os sapatos. - Lilly ordenou, parecendo agora um pouco mais aflita enquanto também se livrava de suas sapatilhas - Vamos arrastar o baú até a água.

Harry retirou rapidamente os sapatos e as meias e os dois empurraram o baú até que ele caísse dentro do fosso, levantando uma boa quantidade d'água com o seu peso.

- Agora eu quero que você prenda a respiração e entre na água.

- Prender a respiração? - Harry perguntou - Aqui é o salão de rituais, não é? O que vai acontecer?

Lilly deu um suspiro nervoso:

- Meu querido, por favor, não temos tempo pra tantas perguntas. Nesse baú estão os nossos pergaminhos mais importantes. Você deve procurar uma outra capela e pedir abrigo.

- Por que eu tenho que ir? Nós vencemos a batalha... - ele começou a falar, mas seu tom mudou rapidamente ao ver a expressão triste do rosto da mãe - Não vencemos?

Um curto silêncio se formou entre mãe e filho. Lilly sabia que não precisaria dar mais explicações. Harry compreendera tudo muito bem. Podia ver isso nos olhos verdes dele, tão iguais aos seus. Estavam vivendo os últimos minutos daquela que um dia fora uma das mais grandiosas capelas mágikas.

- Mãe... - Harry finalmente falou, a cabeça baixa e a voz hesitante - Eu sei que nunca fiz realmente parte dessa capela... mas mesmo assim... eu não quero fugir. Eu quero ficar com vocês.

Lilly deu um sorriso triste e se aproximou. Tomou o queixo do filho entre as mãos e o levantou, fazendo-o olhar diretamente para os olhos dela.

- Você está enganado. Você é e sempre foi parte de nós. E nesse momento eu estou colocando nas suas mãos todos os nossos conhecimentos mais importantes. Você tem a missão de protegê-los. Compreendeu?

Harry apenas assentiu nervosamente.

- E agora, meu querido. Entre no fosso e prenda bem a respira...

Como se tivesse sido atingida por algo invisível, Lilly fechou os olhos, parando de falar. Sua expressão se fechou, deixando clara a dor que sentia por dentro.

- Mãe? - Harry a chamou, sentindo-a desfalecer e segurando-a pelos ombros para que não caísse.

Quando ela finalmente abriu os olhos, o rapaz se sobressaltou ao ver lágrimas deslizarem pelo seu rosto delicado.

- O que aconteceu, mãe? - ele perguntou, se controlando para não sacudi-la pelos ombros.

- Você precisa ir agora!

- Não, mãe! Você vai e eu fico aqui.

- Não! Eu tenho que ficar pra impedir que você seja seguido.

- O que você está dizendo? - dessa vez, Harry precisou conter a própria indignação - Você sabe que papai nunca vai deixar ninguém entrar aqui!

Ela balançou a cabeça, nervosa, tentando empurrar o filho na direção do fosso mesmo contra a sua vontade.

- Por favor, filho. Vá embora. Vá embora. Ele está chegando.

Harry deu alguns passos atrás, ainda sendo empurrado pela mãe, mas confuso demais pra tomar uma decisão. Porém, antes que seus pés afundassem na água, a porta do salão se escancarou, dando passagem a uma figura horrenda. Um vampiro alto, de aparência macilenta, sem nenhum fio de cabelo na cabeça, dono de um rosto que não lembrava em nada a aparência de um ser humano. Entretanto, o que mais impressionou Harry foram seus olhos extremamente cruéis, além do fato dele estar coberto de sangue.

A reação de Lilly à aproximação do vampiro foi bem diferente da paralisia muda de seu filho. Ela virou o corpo rapidamente na direção de Voldemort, enquanto dezenas de adagas surgiram a sua volta, todas apontando na direção de seu oponente.

- Afaste-se! - ela gritou, esticando os braços para proteger o filho.

- Por que eu faria isso? - o vampiro perguntou calmamente, dando passos tranqüilos na direção dos dois.

- Não continue! - Lilly avisou, e as adagas se mexeram no ar, parecendo demonstrar sua vontade de voar na direção do outro - Vá, Harry!

Um único passo separava Harry da segurança das águas, mas ele ainda hesitava entre o dever de proteger os pergaminhos e o desejo de ficar com sua mãe, mesmo que não tivesse o poder de ajudá-la. Olhou para os ombros Lilly, que estavam contraídos, numa demonstração de seu nervosismo. O vampiro por sua vez, pareceu muito tranqüilo enquanto se aproximava dos dois ainda mais, fazendo com que Lilly retrocedesse até seu corpo encostar-se ao de Harry.

Voldemort continuou avançando imperturbável, apesar dos constantes avisos de Lilly para que não o fizesse. A certa altura, as adagas simplesmente se libertaram do poder que as mantinha paradas, buscando o corpo do vampiro como se ele as atraísse.

Por instinto, Harry fechou os olhos para não ver as armas atingirem o corpo do vampiro, mas quando os reabriu, percebeu que o inimigo não havia sido sequer atingido.

Demorou alguns segundos para que Harry finalmente percebesse o que havia acontecido. Foi somente quando sentiu o corpo de sua mãe deslizando pra baixo que seus olhos localizaram as armas encantadas enterradas no corpo daquela que as havia conjurado e se deu conta de que, de alguma forma, aquele vampiro havia revertido o ataque, atingindo Lilly em cheio.

- Mãe! - ele gritou, segurando-a pelos braços, mas descobrindo que suas pernas não tinham mais forças para sustentar nem mesmo o seu próprio peso.

Caíram os dois, ele de joelhos, ela sentada. As mãos de Harry deslizaram dos braços para o vestido de algodão, empapado de sangue, como se ele precisasse constatar que aquilo era real e não uma ilusão. Lilly levantou a cabeça para olhar para o filho, sua boca se abrindo, enquanto ela tentava reunir forças para dizer alguma coisa.

- Mãe, não se mexa. - ele falou, nervoso mas confiante - Papai com certeza vai te curar.

Ela apenas sacudiu a cabeça, deixando as lágrimas correrem soltas enquanto sorria para o filho com doçura. Harry ia dizer mais alguma coisa quando a voz rouca do vampiro se fez ouvir num cumprimento odiável.

- Então é você o famoso? - ele perguntou, olhando Harry com o mesmo tipo de olhar que costumava dirigir a seus "experimentos" antes de começar a moldá-los da forma que mais o agradasse. Suas mãos se esticaram, buscando o rosto de Harry, mas quando os dedos magros e compridos estavam prestes a tocá-lo, a chama das velas que iluminavam o local pareceu perder a força, escurecendo o salão consideravelmente.

Os olhos de Harry se arregalaram ao sentir uma presença muito conhecida encher o local.

- Ah... Você está aí? - Voldemort perguntou, casualmente - Ora, não se preocupe tanto... eu só ia sentir a textura... a pele parece tão macia ao toque...

Como se respondessem ao comentário maldoso de Voldemort, as dezenas de velas que antes iluminavam o salão se apagaram por completo, permitindo que uma escuridão incomum e perturbadora tomasse o lugar, densa o suficiente para impedir que Harry enxergasse a figura de Snape se materializando a sua frente.

- Você não sabe apreciar um bom gracejo... - Voldemort comentou, sorridente, ao ver a expressão fechada do Lasombra (1) - Você não...

Voldemort não pôde completar a frase porque um gangrel furioso acabara de invadir o local, arreganhando as presas ameaçadoramente enquanto suas garras se afundavam no portal ante a visão de um Harry indefeso e cego, cercado por dois vampiros poderosíssimos.

- E ainda por cima... vejo que não cumpriu sua missão como deveria... - Voldemort comentou ao ver Sirius grunhindo de ódio, pronto para atacar - Espero que saiba o que tem que fazer se não quiser que ele tenha um destino ainda pior do que a morte.

Sirius não permitiu que Snape respondesse, mas ambos sabiam que o Lasombra havia entendido o recado quando o Gangrel saltou na direção do Tzimisce, sendo impedido de atacar por sua própria sombra, que agora parecia ter vontade própria.

Black deu um grito ao sentir seu pescoço ser envolvido numa gravata apertada pela sombra, enquanto tentava golpear seu agressor com suas garras.

- Fuja, Harry! - Sirius gritou antes que a pressão em seu pescoço se tornasse forte o suficiente para impedi-lo sequer de falar.

Harry se levantou, ainda segurando o corpo de Lilly nos braços. Mas ao invés de andar na direção do fosso como ela havia ordenado, tateou as paredes com as costas, buscando a saída daquele salão. Voldemort apenas o acompanhou com os olhos, muito ciente de que Snape estaria atento a qualquer movimento que fizesse para impedi-lo. Com um sorriso nos lábios, o Tzimisce observou a respiração sobressaltada do rapaz, o desespero de seus olhos cegos pela escuridão, a força um pouco exagerada com que apertava o corpo ensangüentado da mãe como se pudesse segurar seu último fio de vida com suas próprias mãos.

Sirius pareceu perceber a distração de Snape, aproveitando a oportunidade para se transformar em cachorro. Aquele movimento pareceu deixar a sombra um pouco confusa, deixando Sirius livre pra saltar na direção de seu oponente.

Quando Snape se deu conta do que estava acontecendo já era tarde demais. Sirius havia se materializado na sua frente e suas garras procuraram seu pescoço, sem lhe dar qualquer tempo de reagir. O Lasombra deu um passo para trás, já com as garras de Black o envolvendo, perdendo o equilíbrio ao tropeçar de costas no degrau do fosso.

Harry descobriu a saída do salão no mesmo segundo em que os dois vampiros caíram no fosso, em meio a gritos. Voldemort olhou os dois desaparecerem sem conter um sorriso de satisfação.

- Então é assim que a Ponte da Lua (2) funciona... - o Tzimisce concluiu, finalmente dando as costas e deixando o salão, vitorioso.


Harry não tinha se dado conta da trilha de sangue que se formava enquanto andava na direção da saída da capela, nem que sua mãe já não respirava e que sua face havia adquirido uma palidez semelhante àquela que Sirius costumava ostentar.

Tudo que parecia importar pra ele naquele momento era alcançar James. Sabia que seu pai era poderoso e que cuidaria de tudo. Com certeza conseguiria curar Lilly daqueles ferimentos sem muitas dificuldades.

Suas pernas tremeram enquanto ele descia as escadarias que o separavam da entrada principal da capela, apertando com firmeza o corpo inerte de Lilly em seus braços, não se permitindo fraquejar. Havia conseguido sair do salão graças a ajuda de Sirius e de seu protetor invisível, agora tudo que ele tinha de fazer era girar a maçaneta da porta que o separava do mundo exterior.

Então ele simplesmente escancarou a porta, sentindo o peito leve ao fazer isso.

Mortos.

Mortos.

Mortos.

Não importava pra qual lado Harry olhasse, tudo que via eram corpos.

Corpos dos magos que tinham sido sua família durante todos aqueles anos.

Corpos dos Adormecidos, que serviram de banquete aos Vampiros vitoriosos. Homens, mulheres e crianças, ainda amarrados por cordas e com expressões de absoluto terror gravadas em seus rostos sem vida.

Corpos queimados de carniçais e corpos se desfazendo em cinzas dos vampiros mais fracos que não sobreviveram à batalha.

Odiáveis corpos que andam de vampiros totalmente à vontade em meio a toda aquela carnificina.

O corpo de seu pai, abandonado, misturado àqueles que tinham sido seus companheiros até o último segundo.

De repente, Harry finalmente se deu conta de que havia um cadáver em seus braços; de repente ele pôde ouvir os lamentos das almas dos inocentes enquanto deixavam seus corpos sofridos e subiam em direção aos céus; de repente ele sentia a presença de cada criatura viva do mundo; de repente ele sentia seus próprios órgãos internos trabalhando para mantê-lo vivo; de repente sentia seu sangue correndo nas veias e suas células se multiplicando; de repente ele via cores e formas que antes lhe eram desconhecidas; de repente ele podia ver sua mãe andando na direção de seu pai com as mãos estendidas e sorridente.

De repente, ele entendeu.

Um par de asas se abriu em suas costas e ele gritou com todas as forças de seus pulmões, abrindo os olhos da alma para o verdadeiro mundo.

Os vampiros não puderam fazer nada além de virar-se na direção de Harry, assustados com o brilho intenso das enormes asas, forte o suficiente para transformar a noite em dia.

Aos gritos, as criaturas da noite pereceram rapidamente. A carne derretendo, os músculos explodindo e o sangue evaporando, formando uma nuvem mal cheirosa. Harry então voltou-se, seus olhos se comprimindo de ódio ao localizar a presença daquele que havia provocado todo o seu sofrimento.

Voldemort, que até então apenas observava o despertar de Harry, também fora surpreendido com aquele par de asas fulgurante como o Sol e, antes mesmo que pudesse se dar conta, tanto sua pele quanto seus músculos haviam sido totalmente derretidos, até restar apenas os ossos.

Voldemort andou na sua direção com alguma dificuldade, mas Harry podia ver bem mais do que um simples esqueleto. Ele via duas almas aprisionadas dentro de um corpo imortal.

- Você pode ver agora, não? - o vampiro falou enquanto se aproximava, indiferente à dor - Pode ver o que seu pai viu.

Uma chuva diferente começou a despencar quando vampiro e mago ficaram frente a frente. O sangue caiu em gotas grossas, mas nenhum dos dois pareceu se dar conta do fenômeno.

- Você não pode nos matar. Ninguém pode. - Voldemort falou, tranqüilo - Sabe disso. Somos imortais. Somos invencíveis.

Harry não respondeu. Apenas observou o corpo do vampiro recuperar sua forma lentamente, músculos e pele se regenerando.

O Tzimisce se aproximou ainda mais, sem deixar de olhar seu inimigo nos olhos por um segundo, nem demonstrar qualquer sinal de dor.

- Mesmo que você seja o mago mais poderoso do mundo... Mesmo que nos transforme em pó centenas de vezes, ainda assim nós voltaremos.

Harry se ajoelhou no chão enlameado, ainda segurando Lilly em seus braços, incapaz de fazer com que sua realidade se sobrepusesse ao poder daquele vampiro, mas ainda sim, ciente de que Voldemort estava enganado e que havia sim uma única maneira de derrotá-lo.

Harry estava preparado pra pagar o preço que seu pai escolhera não pagar.

Voldemort interpretou erradamente aquele gesto como uma rendição, seus dedos procurando o queixo do vampiro, levantando seu rosto para, só então, deslizarem até a testa, usando sua vicissitude para marcar a pele do mago com o polegar, produzindo um estranho desenho em forma de raio.

- Você é meu. - Voldemort disse, virando seu rosto com gentileza enquanto se inclinava na direção do seu pescoço exposto.

Harry cerrou os dentes quando as presas do vampiro se enterraram em sua carne (3).


Harry nunca mais se esqueceria da dor.

Apesar das décadas seguintes ao abraço terem sido repletas de torturas, nada poderia chegar perto da dor que sentira ao despertar da morte, revivido pela vitae de seu mestre, suas asas recém-nascidas queimando até ficarem negras e se despedaçarem.

Seu avatar tinha encontrado a morte no dia do seu nascimento e ele não fizera nada para impedir.

Harry sacudiu a cabeça, tentando espantar aquelas lembranças dos minutos em que fora capaz de ver o mundo como ele realmente era, para logo depois voltar a enxergá-lo com os olhos poderosos, mas mesmo assim, cegos, de um vampiro.

- Estamos quase chegando. - a voz de Cedric chamou sua atenção e ele tratou de deixar o passado de lado para ouvir a conversa daqueles vampiros.

Desde o começo da viagem, Harry tivera o cuidado de seguir o grupo de longe, mas com os olhos e ouvidos sempre muito atentos a qualquer movimento que faziam.

- Não poderemos atacar hoje. - a voz de Fleur se fez ouvir - Está quase amanhecendo.

- Talvez não possamos esperar até o próximo anoitecer... - Cedric meditou

- Vai ver já está até morto. E estejamos perdendo o nosso tempo nesse buraco. - Krum opinou.

- De qualquer forma... o que precisamos fazer é nos certificar. - Cedric continuou - Precisamos planejar o nosso ataque com cautela e...

- Sugiro que não percamos mais tempo com seus planos que nunca dão certo. - Krum interrompeu Cedric, fazendo uma ruga de insatisfação surgir em sua testa.

- Meus planos já te salvaram a pele algumas vezes, se é que não se lembra...

- Salvaram a minha pele sem necessidade... - Krum resmungou, desconfortável.

- Por favor, meninos... não comecem a discutir... - Fleur pediu, ao ver os dois vampiros se encarando - Temos outros problemas muito mais delicados para resolver, como por exemplo...

- Como por exemplo... - Krum repetiu ao vê-la fazer uma irritante pausa em seu discurso.

- Como por exemplo, o quê fazer com um certo vampirinho que vem nos seguindo desde o começo da viagem... - Fleur completou sua fala com um sorriso.

- Você tem razão... - Cedric passou a mão pelo queixo, parecendo ponderar sobre a questão.

- Ei, garoto! Saia logo daí. Gosto de falar com os outros olhando na cara. - Krum falou num tom um pouco mais alto, não dando a Cedric a chance de pensar em alguma abordagem mais eficiente.

Em alguns minutos, Harry surgiu do meio das folhagens da floresta, com cara de poucos amigos.

- Como perceberam?

Krum deu uma gargalhada.

- Ora, garoto... você pode ser do Sabá e tudo mais... mas perto da gente não passa de um bebê de fraldas.

- Não é a toa que somos considerados os melhores dos nossos clãs... - Fleur comentou, estufando o peito de orgulho.

- Sabemos desde o princípio que você estava nos seguindo. - Cedric explicou, paciente.

- E por que não fizeram nada? - Harry quis saber.

- Se você quer morrer mais cedo isso não é bem da nossa conta, não acha? - Krum foi direto.

- Não podemos nos dar ao luxo de perder tempo provocando uma briga pra te persuadir a não nos seguir...

- Além do mais, você é bonitinho demais pra morrer. - Fleur comentou, provocando um grunhido impaciente no vampiro Brujah.

- Quer dizer que não tem problema se eu me juntar a vocês? - Harry perguntou, desconfiado.

- Claro que tem problema. - Cedric foi direto - Ou você acha que é fácil bancar a babá de um neófito?

- Ora, que gentil... - Harry resmungou, mas foi sumariamente ignorado pelos demais.

- A propósito, acabei de bolar um plano. - Cedric continuou.

- Ah, não... - Krum resmungou.

- Fleur, você irá na frente e verificará qual é a situação do local. Eu garantirei um refúgio seguro.

- Certo. - Fleur respondeu, correndo na frente dos demais com uma velocidade espantosa assim que Cedric terminou a frase.

Só então Cedric olhou para Krum, mas ao invés de dizer alguma coisa, se limitou a sorrir.

- Está bem, seu sabe-tudo... Eu já sei perfeitamente que vou me ferrar. Eu sempre me ferro quando você faz essa cara. O que eu vou ter que fazer?

Cedric apenas apontou pra Harry, fazendo força pra não gargalhar da cara péssima do outro.

- Ah, não! De jeito nenhum!

- Ele é todo seu.

- Diggory! Você sabe o quanto eu detesto crianças! - o vampiro pareceu ficar ainda mais forte e corpulento quando esticou o corpo pra enfrentar o Tremere, que por sua vez não parecia nem um pouco impressionado com a insatisfação do outro.

Harry precisou de toda a sua força de vontade pra mostrar pra aqueles dois o que uma criança era capaz de fazer, mas no final, tudo o que fez foi falar.

- Agradeço a preocupação. Dispenso também. Principalmente porque sei que sou muito mais forte do que todos vocês.

- Humm... o cara tem bolas... - Krum comentou, parecendo satisfeito com a reação orgulhosa de Harry.

- Só espero que aqueles lupinos não as comam... - Cedric comentou, mordaz.

- Se eles fizerem isso, tudo que precisarei fazer será criar novas. - Harry respondeu - Aliás, estou à disposição caso venha a precisar...

Krum irrompeu imediatamente numa gostosa gargalhada ao ver a expressão de Cedric se fechar.

- Gostei de você, garoto. - O Brujah bateu com tanta força em suas costas que Harry se desequilibrou - Aceito ser sua babá. Vamos caçar uns lupinos hoje.

Cedric se limitou a soltar um suspiro conformado antes de dar as costas aos dois para tratar da questão do refúgio.

Alguns minutos se passaram antes que Fleur retornasse, trazendo notícias nada animadoras consigo.

- A má notícia é que é uma alcatéia bem numerosa. - ela comentou - A notícia pior ainda é que eles estão presos num poço, a mercê da luz do Sol.

Harry endireitou o corpo ao ouvir aquilo.

- Então precisamos agir agora mesmo! - falou.

- Vamos com calma. Faltam menos de quarenta minutos pro Sol nascer. - Cedric ponderou.

- Não podemos ter calma se não quisermos resgatar cinzas de Gangrel. - Krum retorquiu.

- Eu sei disso... - Cedric teve que conter a impaciência - Agora, se puderem ouvir o meu plano com atenção, saberão como resgatar Sirius em dez minutos.


Remus não conseguira encontrar uma oportunidade para escapar daquele lugar, por mais que sua mente trabalhasse sem parar em busca de uma solução. A apatia de Sirius parecia ser um fator agravante. Perdido em lembranças ruins e parecendo assombrado pelo simples fato de estar preso, Sirius apenas se deixava ficar em seus braços, apático.

Porém, poucos minutos antes do amanhecer, seus ouvidos perceberam uma agitação de passos apressados e após algum tempo, resolveu que não perderia nada em perguntar o que estava acontecendo.

- Ei! PODERIA ME DIZER QUE BARULHEIRA É ESSA, POR FAVOR! - Remus gritou, mas não recebeu qualquer resposta, além de um muxoxo mal humorado de Sirius.

- EIIIIII! - Remus insistiu.

Mais algumas insistências e a cabeça de Tonks surgiu, tímida, entre as grades.

- Sentiram cheiro de vampiros na proximidade. - ela explicou - Estão organizando um ataque.

- Tonks! - Remus sorriu largo ao ouvir a voz de sua amiga de infância depois de tantos anos.

- Eu vou ficar de guarda agora. - ela falou e afastou-se sem retribuir o sorriso do lupino.

Remus sentiu-se animado pela primeira vez na noite. Saber que o grupo de resgate enviado por Dumbledore estava por perto o enchia de esperanças, mesmo que sentisse o Sol se aproximar perigosamente.

- Sirius... nós vamos sair daqui. - ele falou para o vampiro, acariciando seus cabelos sujos de sangue - Agüente só mais um pouco...

Continua...


(1) Vale a pena explicar que os olhos de um vampiro são muito mais poderosos do que um humano comum. Sendo assim, a escuridão provocada por Snape era densa o suficiente para cegar Harry totalmente, mas ainda não era capaz de afetar a visão de um vampiro.

(2) Ponte da Lua – A Ponte da Lua é um portal. Segundo o livro de Lobisomem, ela une dois caerns (locais de energia). Eu fiz várias adaptações pra ela na minha história, a começar pela forma, que foi totalmente inventada por mim. Além disso, eu aumentei um pouco a capacidade de alcance da Ponte. Também ignorei por completo qualquer ritual pra abrir a Ponte de Lua e, apesar desse ser um termo lupino, não tive o menor pudor de utilizá-lo. Enfim, eu utilizei a Ponte da forma que eu bem entendi, sem me preocupar muito com regras. Encurtando o assunto, a Ponte da Lua é um local poderoso, capaz de transportar pessoas, ok?

(3) Eu falei superficialmente sobre o Abraço antes, mas creio que chegou a hora de ser um pouco mais específica. Esta técnica que visa criar um novo vampiro é simples. Primeiro o mestre suga todo o sangue de sua futura cria até provocar sua morte. Logo após, ele cede um pouco de suas vitae para ela. Então, a cria abrirá novamente os olhos e experimentará o êxtase de ser um vampiro. Todas as sensações visuais, olfativas, auditivas e táteis são multiplicadas. O vampiro ouve sons e vê cores que como humano era incapaz de perceber. É uma sensação inédita e maravilhosa.

Porém, o mesmo não acontece quando um Mago é abraçado. Pra começar, seu avatar é totalmente destruído e ele perde todos os seus poderes mágikos. Além disso, o abraço pode ser doloroso a ponto de deixá-lo insano, ou mesmo matá-lo. Alguns entram numa depressão tão profunda logo após o abraço que acabam se entregando a um estado letárgico, ou mesmo morrendo de tanta tristeza.