Nota: Os personagens de Saint Seya não me pertencem. Apenas Helena, Guilhermo, Marco, Miguel e Juliano são criações únicas e exclusivas minhas para essa saga.


Boa Leitura!


Capitulo 2: Momentos Difíceis.

I – Represália.

Aos poucos Guilhermo e Helena iam recepcionando os convidados. A grande mansão Firenze ia enchendo. Crianças corriam pelo quintal aonde a festa iria acontecer, porém Guilherme era o único a não parecer feliz ali, na primeira oportunidade que tivera escondera-se numa pequena passagem secreta em baixo da escada principal. Tinha um mau pressentimento, desde que estava saindo do quarto e a mãe o fez voltar para arrumar as malas, que ele se sentia assim.

Sempre que isso acontecia, ele ia para lá. Seu pai sempre dissera que quando ele e Helena eram pequenos. Dois filhos de famílias importantes, haviam crescido juntos. Em cada verão as famílias revezavam, sendo que Guilhermo as vezes ia para a casa de Giovani e no verão seguinte quem vinha a Sicília era Helena, para passar as férias. Num dia qualquer, entre uma brincadeira e outra eles descobriram aquele lugar.

Quando brigavam um com o outro, sempre iam até ali se esconder, porém o outro sempre sabia aonde procurar para se desculpar, mesmo que soubesse estar certo.

Agora Guilherme fazia o mesmo, tinha medo, por algum motivo ainda desconhecido, mas tinha medo.

-o-o-o-o-

Três homens entraram na sala principal, chapéus e sobretudos foram retirados e colocados em um gancho ao lado da porta para ficarem sem amassar. Alheios a festa eles mantinham o semblante frio e indiferente.

-O que fazem aqui? –Guilhermo perguntou ferino, mandando Helena deixá-los e possivelmente ir procurar por Guilherme.

A entrada principal da mansão de repente ficou vazia. Nem mesmo as crianças que brigavam o local pareciam querer se aproximar dali, devido à presença daqueles três.

-Oras primo. Pensei que não fosse fazer essa ofensa a nós, ainda mais com o aniversário do pequeno; o homem alto, de cabelos loiros que caiam até os ombros falou, com ar petulante.

-Você não pertence a essa família, Miguel; Guilhermo rebateu.

-Creio que é você quem não se encaixa mais nessa família, Guilhermo; o da esquerda falou. Alto, cabelos negros que caiam sobre o ombro e ar impassível.

-Acha mesmo que poderia deixar as velhas tradições de lado; o terceiro completou, com um sorriso de escárnio e um estranho brilho nos orbes castanhos.

- Miguel, Juliano e Marco, aconselho a se retirarem em paz de minha casa, não vou permitir que cheguem aqui e ofendam a mim e minha família; Guilhermo avisou.

Num movimento rápido, Guilhermo sacou a arma que tinha no coldre da calça, escondida pela camisa. Mirou diretamente sobre a testa de Miguel.

-o-o-o-o-

Do lado de fora da casa, Helena ouviu os tiros, todos saíram correndo e gritando. Correu desesperada pela casa procurando Guilherme. Sentiu um estranho aperto no peito e a visão turvar. Não era possível; ela pensou, sentindo as lágrimas correrem por seus olhos. Pelo menos Guilherme precisava tirar daquele inferno.

-o-o-o-o-

-PEGUEM O FEDELHO; Miguel ordenou, retirando o silenciador de sua arma.

Em meio aquela bagunça, Miguel andou despreocupadamente, notou Helena correndo pela casa, provavelmente em busca do menino. Aproximou-se da jovem, sem um pingo de delicadeza puxou-a pelos cabelos, arrastando-a para a sala de musicas no segundo andar.

Helena debatia-se, tentando se livrar de Miguel, mas a cada movimento seu, ele aumentava a pressão em sua cabeça, fazendo-a latejar ainda mais.

-Deveria ter escolhido melhor o marido, Hel; Miguel falou, jogando-a contra a parede da sala.

-ME DEIXA EM PAZ; ela berrou ferina, sentindo as costas arderem.

-Se aquele idiota do seu marido não tivesse ido contra a família, não teria tido o fim que teve; ele falou, sentando-se despretensiosamente no sofá.

-Maldito; ela vociferou, apoiando-se na parede, para manter-se em pé.

-Não. Não. Não; Miguel falou, balançando a cabeça displicente. –Eu se fosse você não faria isso; ele falou, vendo-a tirar de um gaveteiro uma arma.

-Posso muito bem usá-la; Helena rebateu, rompendo o lacre da arma e engatilhando-a, não sem antes, retirar o silenciador da mesma. Agora fazia a completa questão de que se disparasse o som ecoasse pela casa toda.

-E diminuir o tempo de vida daquele fedelho inútil. Acho que você não é tão burra assim para fazer algo tão estúpido; Miguel comentou, deixando a arma que tinha em mãos sobre o estofamento do sofá, como se duvidasse que mesmo ela armadura, pudesse lhe acertar daquela distancia.

-Guilherme; ela sussurrou.

-Isso mesmo. Juliano e Marco já devem tê-lo achado; ele falou, com falso pesar.

-Porque tudo isso, Miguel? –ela perguntou, tentando manter-se controlada, mas simplesmente não poderia reprimir tal pergunta.

-Porque?- Miguel começou, os orbes azuis enegreceram. –ERA PRA SER EU; ele gritou, levantando-se num rompante. –Era para ser eu o líder da família e substituir Giovani, era para eu estar ao seu lado e era para aquele bastardo que você tem como filho ser meu; ele completou ensandecido.

-Você é louco; Helena falou, apertando ainda mais a arma entre as mãos.

-Não, se Guilhermo não tivesse entrado no meu caminho isso não teria acontecido, ele tirou tudo que eu desejava. Tudo que era para ser meu foi dado aquele idiota. Um fraco, que na primeira oportunidade que teve convenceu os padrinhos de que haviam negócios mais fáceis de se fazer do que os métodos que usávamos;

-Ele só queria acabar com essas matanças estúpidas. Provar que poderia ser diferente, que existem outros recursos; ela falou, sentindo as lágrimas banharem seu rosto.

-Como disse, um fraco; Miguel falou, passando a mão entre os fios dourados. –E agora cabe a mim cortar esse mal pela raiz;

-O que vai fazer? –Helena perguntou desesperada.

-Vou acabar com aquele fedelho antes que Giovani chegue e posso até lhe dar o privilegio de ser minha esposa; ele completou, aproximando-se perigosamente.

-Você me dá nojo; ela falou, com os orbes queimando de fúria.

-Vamos ver se daqui a algum tempo você dirá isso; ele falou.

-Prefiro morrer; Helena falou, encostando o cano da arma sobre a própria testa.

-Miguel não encontramos o garoto; Juliano falou, entrando em disparada na sala e presenciando aquela cena.

-SAIAM DAQUI; Miguel mandou.

-Não estava no acordo ferir Helena; Marco falou nervoso, chegando em seguida.

-JÁ MANDEI SAIR;

-VÁ PRO INFERNO; Marco gritou, sacando a arma e apontando para ele. Não estava no acordo que ferissem Helena ou Guilherme, não iria permitir que Miguel fosse adiante com isso.

-Você primeiro; Miguel respondeu, mirando na testa dele e atirando.

Helena gritou desesperada ao ver o primo cair morto no chão, com um filete de sangue escorrendo de um buraco quase microscópico da testa.

-Juliano faça o que eu mandei, saia; ele disse perigosamente.

Juliano engoliu em seco, saindo em seguida. Praguejando por ter se deixando levar pela ambição e ter feito tudo isso e aliado-se a Miguel. Fora um idiota imprestável ao deixar-se levar por isso, no fim, Guilhermo estava certo, Miguel não era confiável e para aliar-se a ele, só mesmo sendo um idiota de mente fraca. Era uma pena que só entendera o que o primo queria dizer quando já era tarde.

-Maldito, como pode fazer isso a ele? –Helena perguntou, com a voz tremula.

-Não gosto de fracos e ele era mais um inútil em meu caminho; ele respondeu friamente.

-"Me perdoa Guilherme, mamãe sempre vai te amar"; Helena pensou, pedindo aos céus que seu filho pudesse ouvir seus pensamentos. Fechou momentaneamente os olhos. –Adeus Guilherme; ela falou num sussurro.

-NÃO FAÇA ISSO HELENA; Miguel gritou, tentando chegar até ela, porém já era tarde de mais.

Um tiro irrompeu naquele silencio, ecoando por toda a mansão, enquanto o corpo já sem vida da jovem senhora caia inerte no chão.

-o-o-o-o-

Guilherme estava em choque, por uma frestinha na porta vira o ultimo ato da mãe. Não conseguia expressar reação alguma, até ter a impressão de ver Miguel olhar em sua direção. Como por instinto de defesa, correu para o único lugar que sabia ser seguro.

II – Partida.

Era triste a visão que tinha. O longo sobretudo preto farfalhava ao seu andar. Fora uma carnificina. Quase todos os empregados foram mortos, provavelmente por oferecerem alguma resistência diante daqueles que invadiram o local.

Caminhou por um corredor já conhecido, um caminho que o levava do hall a biblioteca.

Aproximou-se devagar. Encontrando a face serena do genro estendido no chão. Parecia dormir; ele pensou, deixando que os olhos azuis demonstrassem toda sua dor pela perda do filho querido.

Uma mancha vermelha no meio da testa indicava que não tivera muito tempo de reagir. Sabia que Guilhermo sempre tivera uma boa pontaria, um exímio atirador, porém sabia que Miguel era pior do que um matador de alugar, que aquele tiro só poderia ter vindo dele.

-Deveria ter chegado mais sedo; ele murmurou.

Era um homem alto. Aparentemente trinta anos, não mais. Longos cabelos azuis que caiam até abaixo da cintura. Tinha um ar aristocrático e porte imponente como o de um cavaleiro.

Tocou a face do filho com carinho antes de se levantar.

-Pelo menos descanse em paz agora; Giovanni falou, afastando-se em seguida.

Parou no hall central, tinha a impressão de ouvir um barulho. Como o choro de uma criança. Subiu as escadas correndo, até a sala de musicas. Encontrou o corpo da filha estirado no chão com a arma nas mãos.

-Helena; ele falou com a voz sofrida. Aproximou-se até ajoelhar-se no chão, ao lado da jovem.

Sentiu o sangue ferver-lhe nas veias e lágrimas amargas rolarem de seus olhos. Acharia aqueles três e os mandaria para o inferno pedindo perdão pelo que fizeram aos filhos. Virou-se para trás, notando que não muito longe de onde estava, o corpo de Marco jazia também sem vida.

-Idiota, eu avisei que sua ambição ainda ai te consumir; Giovanni falou ferino, para o corpo sem vida, antes de cuspir no chão com uma expressão enojada. –Pelo menos não vou ter que perder tempo te casando infeliz;

Voltou-se para Helena, abaixou-se novamente. Passou os braços por baixo de suas pernas e costas, tendo o apoio necessário para suspendê-la do chão. Caminhou calmamente até o sofá em 'L', colocando-a com suavidade sobre o mesmo.

-"Vou fazer com que Miguel pague por isso, nem que lhe arranque a ultima gota de sangue"; Giovanni pensou, depositando um beijo suave sobre a testa da jovem. –"Eu prometo";

Caminhou em direção a saída da sala, passando por cima do corpo inerte de Marco, atravessando a porta em seguida. Onde estaria Guilherme? –ele pensou, sentindo sua inquietação aumentar, não conseguia imaginar que aqueles idiotas pudessem ter feito algum mal a seu neto.

Parou no meio do corredor, tentando novamente aquela impressão de ouvir o som de um choro infantil. Arregalou os olhos, lembrando-se do único lugar aonde ele poderia ter se escondido.

Correu de volta ao hall, o som estava aumentando, em contraste com os soluços desesperados.

-Guilherme; ele chamou, devia ter pensado nisso antes, era sempre a mesma coisa quando o neto ficava entediado nas festas que por sinal, eram feitas a contragosto, ele escondia-se de todos até a hora de cortar o bolo.

Ainda bem que conhecia os lugares secretos da casa em que a criança costumava se esconder. Ao descer a escada, voltou-se para a mesma com um olhar intrigado. Sabia perfeitamente que o som vinha de baixo dela, embora estivesse um pouco abafado pela madeira.

-Guilherme, sou eu, abra; ele pediu, batendo na porta secreta, estava trancada. Nenhuma resposta, o choro aumentou. -Guilherme, é o seu avô, abra a porta pra mim;

Respirou fundo, se continuasse assim acabaria por assustá-lo ainda mais, ai Guilherme não abriria mesmo aquela porta.

De dentro do sobretudo tirou uma pistola com silenciador. A criança não ouvira o barulho de imediato, era melhor assim. Sabia que ele estava em choque devido ao que possivelmente teria presenciado, então, não poderia piorar a situação. Mirou na fechadura e atirou.

Logo a mesma cedeu, abrindo a porta. Giovani abaixou a cabeça para poder entrar ali, viu o menino cada vez mais encolhido, chorando desesperado.

-Calma, vai ficar tudo bem; ele falou, abraçando fortemente a criança em estado de choque.

Guilherme tinha o olhar vago, tremia e suava frio.

Giovanni pegou-lhe no colo, tirando-o de lá. Não esperava que as coisas fossem acontecer daquela forma. Quando resolvera com Guilhermo que levariam o pequeno para a Grécia, não pensou que Miguel fosse chegar antes, mas com esse, se acertaria depois.

Subiu até o quarto do garoto, colocando-o sentado na cama. Viu em cima da mesma a mala que Helena arrumara para a viajem, antes que pudesse perguntar algo ao garoto, seu celular vibrou dentro do bolso interno do sobretudo.

-Alô; ele falou impaciente.

-Sr o avião está pronto; a voz do outro lado avisou.

-Estou indo, mande alguns homens para cá, quero que cuidem dos corpo e preparem um enterro decente para os meus filhos;

-Pode deixar Sr, já estou mandando-os até ai;

-Obrigado;

-Disponha;

Logo o telefone do outro lado da linha ficou mudo. Giovanni respirou pesadamente. Tinha que se manter controlado para não sucumbir a seu ódio crescente por aquele mal feito as duas pessoas que mais amava. Suas duas crianças.

Suas jóias raras, que viu crescer e aprenderem a se amarem desde pequenos, mas que agora perderam a vida de forma tão cruel.

Miguel pagaria. Ah ele pagaria...

-O papai e a mamãe; Giovanni teve sua atenção atraída pela voz tremula do garoto.

Estancou surpreso, ele há minutos atrás estava em choque. Não duvidava que ele não falasse nada por um bom tempo, mas vê-lo sair desse choque sozinho, lhe surpreendeu.

-Eles estão mortos, não é vovô? –Guilherme perguntou de forma inocente.

Giovanni respirou fundo, caminhou até parar de frente para o garoto, ajoelhou-se ficando na mesma altura que ele.

-Estão criança, infelizmente estão; ele falou, colocando a mão coberta por uma luva de couro preta, sobre as pequenas e delicadas do garoto.

-Foi o tio Miguel; Guilherme falou, serrando os punhos. –Eu o ouvi falando que o papai o havia roubado, mas papai nunca faria isso; ele justificou, com a voz sofrida.

-Não, sei pai não faria. Miguel deveria estar louco; Giovanni falou, tentando acalma-lo.

-Ele disse também que era pra eu ser filho dele se o papai não tivesse roubado a mamãe dele; ele continuou, sentindo as lágrimas correrem por seus olhos. –Então a mamão brigou com ele. Eu vi quando ela disse que nunca ficaria com ele e que preferia morrer;

-Guilherme, ouça; Giovanni falou, abraçando-o fortemente. –Seus pais te amam de mais e só queriam a sua proteção. Acredite, não importa onde eles estejam, eles sempre vão olhar por você; ele consolou.

-...; Ele assentiu, agarrando-se fortemente nos braços do avô. –Vovô me promete uma coisa;

-O que? –Giovanni perguntou, fitando-lhe os olhos azuis. Era olhar para o pequeno que conseguia ver os dois. Embora ele tivesse os olhos de Helena, ele se parecia muito com Guilhermo, tinha até o mesmo gênio indomável do genro.

-Que vai me ajudar a ser forte e fazer o tio Miguel pagar por isso? –ele perguntou, com os orbes brilhando com convicção.

-"Uma retaliação, quem diria que esse pequeno ia me surpreender assim"; Giovanni pensou, permitindo-se pela primeira vez sorrir, em meio aquele cenário trágico. –Claro que sim; Giovanni levantou-se, colocando o pequeno em pé sobre a cama. -Agora você me promete que depois de começarmos, não vai desistir? –ele perguntou.

-Prometo pela vida dos meus pais; Guilherme responde, estendo-lhe a mão.

Em todos os anos de vida que tivera nunca imaginara que aquela criança lhe surpreenderia tanto. Apertou-lhe a mão com força, porém Guilherme não moveu um músculo encarando-o até de forma fria. Seria interessante ver o que ele poderia fazer, quando realmente chegasse a hora.

Continua...

Domo pessoal

Penúltimo capitulo de Laços de Ouro, é verdade, essa não é uma fic muito longa, por isso é totalmente voltada para o passado do Mascara da Morte, nesse capitulo vocês puderam ver exatamente o que aconteceu no passado dele, coisa que influenciou-o muito depois, mas o próximo capitulo ainda vão conter fatores bem reveladores.

Sinceramente espero que tenham gostado e agradeço muito a todos que acompanham essa historia, não só essa, como todas as outras e ainda perdem um tempinho comentando.

Até a próxima pessoal

Kisus

Já ne...