Cá estou, mais uma vez para publicar uma shotta fruto de um desafio cujo feitiço virou contra a feiticeira. No caso, eu.

Se antes eu tinha que encaixar palavras desconexas em um texto, agora o desafio é, partir de uma música que eu desconhecia e dela criar uma shotta.

Sem mais delongas, apresento a obra parida por mim!

Indicação dos perfumes utilizados pelos personagens:

Sesshoumaru: Eau de Toilette Cacharel Pour Homme

Rin : Flower by Kenzo

Tragava o Malboro de olhos fechados, a fumaça quente teimava em infiltrar-se nas narinas, o cheiro amargo impregnado na roupa masculina jogada pelos cantos, bem como seu próprio perfume amadeirado e outro, vulgarmente feminino, agudo e floral.

"Red room

Bedroom

Clean sheets

Dark night

Star light

Heat"

Levantou-se da cadeira, e apesar de nu, sem pudor algum cruzou o pequeno quarto até chegar à cama desarrumada. Pegou o lençol branco e úmido de seus próprios fluidos e amarrou-o na cintura.

Tossiu levemente e praguejou por isso. Olhou para cima e viu seu próprio reflexo no espelho do teto. Por um minuto se arrependera de estar ali.

Cruzara novamente o caminho, sentando-se na cadeira. Não satisfeito com sua posição, levantou-se e a aproximou da janela para que pudesse ver os carros apressados por correr rumo à liberdade imaginária das estradas.

Ouviu o chuveiro ser desligado. Pegou outro Malboro na caixa jogada na pequena mesa de madeira bichada de cupins. Acendeu o cigarro e tragou profundamente. Permitiu-se um pequeno sorriso quando viu a figura feminina surgir da porta.

Os olhares se cruzaram e a menina corou. Ele ergueu a mão, sabendo que ela havia entendido o recado. Ela baixou os olhos e caminhou em passos pequenos até ficar de pé, em frente ao homem sentado. Ele dirigiu os olhos à própria coxa direita, e ela, sem fazer objeções, sentou-se.

Ele deu mais uma tragada, sendo curiosamente observado pela menina de grandes olhos castanhos. O homem passou a mão que não segurava o cigarro pela cintura ainda pouco feminina, mas mesmo assim, ou talvez exatamente por isso, angelicamente encantadora.

-Posso experimentar?

Ela guiou a pequenina mão à dele, tendo-a afastada quando estavam perto de se tocarem.

-Isso não é coisa para criança, Rin.

Um som de desagrado saiu dos lábios dela.

-O que nós acabamos de fazer tam--...

A frase não pudera ser terminada pois a boca masculina tomou a dela em beijos agressivos e mordidas inquietantes. Ela entrelaçara as mãos brancas e suaves no pescoço dele, por debaixo do emaranhado de cabelos lisos e prateados.

"First kiss

Near-miss

Holding breath

Her tongue

So young

Dead"

Ele a ergueu sob um gemido e a levou até a ama, desfazendo o nó da toalha que impedia seu corpo de sentir o calor do dela.

-Sesshoumaru...

Ele a guiava por uma estrada sinuosa de saliva quente pelo pescoço e colo, de perigosas curvas por seios ainda em formação e umbigo.

-Sesshoumaru, eu acabei de tomar banho!

Ela reclamava em tom infantil, tentando se desprender dos braços que a abraçavam, a mão direita desfazendo a trilha possessiva feita pelo outro.

Ele a olhou perplexo por um momento, ficando sobre os joelhos e a observando deitada, desfazendo a trilha que ele cuidadosamente havia traçado. Depois o olhar se enchera de fúria e um rosnado agressivo invadira a garganta.

"I know this is wrong

I've been silent for too long

I know this is wrong

I've been silent for too long"

-Sesshou--!

Permitiu novamente que sua língua a marcasse, dessa vez sugando e mordendo pequenas áreas, deixando marcas para que nenhum outro homem se atrevesse a tentar tomar o que era dele. Beijou-a com ardor, e com ardor maior ainda tirara o lençol tão odioso que impedia que ele a sentisse como mais desejava.

Trocaram gritos e gemidos, fluidos, toques, sofrimentos. Trocaram movimentos de uma dança antiga, de pernas cruzadas, de braços envolvedores, de arranhões nas costas e bocas entreabertas.

Estavam deitados, um ao lado do outro, sem se tocar. Ela estava virada para o lado direito, encolhida. Ele olhava os reflexos dela no espelho do teto.

-Eu...Eu escrevi uma carta de despedida...Uma carta para os meus pais...Dizendo...Uma carta dizendo que eu ia fugir...

"Mommy

Sorry

Had no choice

Daddy

At me

Hear my voice"

A voz chorosa interrompida pelo ranger da cama.

-Vamos indo.

Ele havia se sentado e procurava a roupa íntima, levantando depois para vesti-la e pegar as outras roupas que estavam espalhadas pelo quarto.

Rin sentou-se e encolhendo-se novamente entre os lençóis deixou lágrimas nascerem em seus olhos castanhos. A cascata escura descia pelas costas pálidas, contrastando com o resto da cama.

-Eu...Eu estou...Estou com medo...

A menina ouviu a porta bater, e quando abriu os olhos, viu-se sozinha no quarto. Dirigiu-se até o pequeno sofá carmim e abrira a mochila que antes carregava livros escolares para deparar-se com roupas.

Colocou o vestido que ele lhe dera e pegou um vidro de perfume. O perfume que ele tanto adorava. Passou no colo, nos pulsos e pescoço. Procurara o batom vermelho que pegara da mãe e o passou na sua pequena e delicada boca. Sorriu.

Ela então inquietou-se ao olhar o telefone.

"And I know this is wrong

I have been silent for too long

I know this is wrong

I have been silent for too long"

Tomara coragem e discara o telefone de casa. Sentada naquela cadeira velha, os pés mal tocavam o chão.

-Mãe…? Eu…Eu estou bem…Não se preocupe...Eu amo vocês...Eu...preciso ir...eu...

-Rin?

Sesshoumaru segurava uma toalha na mão esquerda, e observava inquieto a menina que inocentemente falava com a mãe. Os olhos dourados brilhavam nervosamente, os passos rápidos e precisos até a garota.

Olhava-a, descrente do que via.

-Sesshou---!

Segundos depois a bochecha branca e macia ardia vermelha e dolorosamente. O baque do telefone sendo colocado no gancho doeu nos ouvidos menos do que o silêncio ensurdecedor que se fizera enquanto ele arrumava a mala.

-Tire esse batom. Parece uma criança imitando a mãe.

Deu um beijo vazio.

"Love has so many faces

I don't know what they all mean

They take me many places

But not all of them are clean"

Pegou-a pela mão.

-Vamos.

Entraram no elevador e desceram os cinco andares. Caminharam rapidamente pelo corredor até chegarem à recepção.

As mãos estavam dadas, mas não pareciam um casal.

-Gostaria de fechar a conta do quarto 506.

O recepcionista olhava oras para Sesshoumaru, oras pra Rin. Parecia se perguntar que tipo de relação eles tinham. Seriam pai e filha? Seriam...

-Agora.

Sesshoumaru interrompera a linha de pensamento do homem, olhando-o fixamente e pondo a parte superior do corpo pra cima do balcão de madeira velha. O recepcionista nervosamente pegou a chave do quarto e procurava anotações num livro de capa de couro.

-Ah sim, claro!

A menina se sentara num sofá que havia perto da recepção. Balançava oras a perna esquerda, oras a direita, enquanto pousava os olhos sob Sesshoumaru. Batera as mãos, como se tivesse tido alguma idéia, chamando a atenção do recepcionista e um olhar de canto de olho do outro homem. Abrira a mochila e tirara de dentro dela um pacote de biscoito recheado.

Sesshoumaru terminara de resolver as pendências com o recepcionista, indo até a pequena menina que o acompanhava. Ela se levantou e colocou a mochila nas costas, tentando, enquanto caminhavam em direção à garagem, abrir o pacote de biscoito.

O homem imponente destravara as portas do carro, abrindo a porta e se sentando no banco do motorista. Rin fizera o mesmo, sentando-se no carona.

"Day now

I vow

Never more

I will

Kill

This is war"

Ligou o motor do carro. Tomaram a estrada. Rin então, para quebrar o silêncio ligou o rádio.

-Sesshoumaru?

Ele a olhou pelo canto dos olhos, concentrado na direção.

-Para onde estamos indo?

A menina estava com a boca cheia de biscoito, o vestido sujo de farelos e as mãos escuras do chocolate.

-Eu não sei, Rin. Eu não sei.

"And I know this is wrong

I have been silent for too long

I know this is wrong

I have been silent for too long"