Antes de iniciar o capítulo, gostaria de dedicá-lo as minhas amigas que acompanham esta fic e torcem pelo Aioros: Sah Rebelde, Dama 9, Yui Minamino e Juli Chan, e também à Petit Ange, que ama o cavaleiro de Sagitário... Divirtam-se, meninas!

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Capítulo IV

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Uma noite horrível. Pelo menos assim pensava Linet, encostada no balcão do bar. A boate já havia fechado, todos os clientes tinham ido embora e ela finalmente tinha um tempo para se sentar e ficar quieta em seu canto, antes de ir embora também.

Willhem tinha sido um grosso, a noite inteira ficou de mau humor e mal lhe dirigia a palavra. Quando se voltava para ela, era somente para tirar algum proveito. Até seus beijos, sempre possessivos, tinham ganhado contornos mais violentos.

A verdade era que estava cheia dessa vida. Mas não podia abandoná-la ainda.

-Tome um desses, vai te fazer bem... – disse Arthur, colocando um copo sobre o balcão.

-Uísque? É tudo o que não preciso, Arthur...

-Quem disse que isso é uísque, Linet? Pode beber, é chá mate com limão, acabei de fazer.

Linet bebeu tudo praticamente de um gole só e agradeceu ao barman. Depois, pegando suas coisas, ela despediu-se dele com um aceno.

-Vou ver se consigo dormir um pouco por aqui mesmo... Pela hora, não vai dar tempo de chegar em casa.

-Tudo bem... Até mais tarde, Linet.

Mal conseguindo ficar de pé com tanto sono, Linet chegou ao camarim e se jogou no sofá, morta de cansaço.

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Sete horas. Como todos os dias, o relógio despertou fazendo um baita estardalhaço, parecia até que o Santuário inteiro podia ouví-lo. Sonolento, Aioros esticou o braço para fora da cama e o desligou. Revirou de um lado para outro, cheio de preguiça, mas logo se levantou.

Ligou o chuveiro, tomou um banho frio para despertar de vez, trocou de roupa e ficou esperando Shura descer de sua casa. Era terça-feira, o dia da semana em que os dois sempre iam juntos fazer compras no mercado central. Quer dizer, Shura fazia as compras, Aioros as carregava.

-Bom dia! Já viu o sol maravilhoso que está lá fora? – gritou Shura, entrando pela casa cheio de energia, contrastando com a aparência sonolenta do amigo.

-Não... E vamos logo que eu estou com sono...

-Pelo visto a noite foi "movimentada"...

Aioros nem quis responder ao comentário do amigo, era tão idiota que não merecia atenção. Shura deu risadas e saiu logo atrás do sagitariano.

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No mercado central (na verdade, uma grande feira livre no centro de Atenas), Shura ia de barraca em barraca provando as mais diversas frutas, fazendo pedidos e pechinchando o máximo que podia. E Aioros ia atrás, carregando um sem número de sacolas com pouco mais de meia hora de compras.

Resmungando, ele se prometia matar Shura quando voltassem ao Santuário e nunca mais aceitar o convite para acompanhá-lo nas compras. Óbvio que aquela promessa já havia sido feita um milhão de vezes e jamais cumprida.

E lá estava Aioros pensando nisso, olhando distraidamente para os lados quando...

-Eu não acredito, Aioros! – gritou Shura, ao ver as sacolas no chão e o amigo caído também, com uma jovem à sua frente esfregando a testa vermelha.

-Desculpe, senhorita... Eu te machuquei?

-Não foi nada, se... Aioros!

-Claire!

Ajudando a jovem a se levantar, o cavaleiro parecia não acreditar em tamanha coincidência.

-Parece que é a nossa sina esses "encontros" tão calorosos...

-É.. Eu não te vi, desculpe.

-Está tudo bem... Mas o que faz aqui, tão cedo?

-Compras.

Aioros ia levantar as mãos para mostrar as sacolas quando viu que elas estavam espalhadas pelo chão. Vermelho de vergonha, ele se abaixou para recolher tudo, Claire se prontificou a ajudá-lo.

-Então esta é a famosa Claire?

A jovem deu um pulo de susto ao ouvir aquela voz grossa atrás de si e deu de cara com Shura a lhe sorrir. O espanhol estendeu-lhe a mão.

-Aioros me falou de você, é a garçonete do restaurante, não? Meu nome é Shura.

-Muito prazer...

Desviando o olhar por um momento, Shura encarou Aioros com um leve sorriso, que foi respondido com um olhar entrecortado. Claire não sabia onde enfiar a cara de vergonha ao perceber o que eles faziam.

-Bem, eu... Eu preciso ir. Até um...

-Claire, me diga uma coisa. – pediu Shura, Aioros começou a suar frio.

-O que quiser, Shura.

-A que horas o restaurante começa a servir o almoço?

-Onze horas, todos os dias.

-Ótimo! Mande reservar uma mesa para mim e Aioros, nós vamos almoçar por lá hoje.

Claire sorriu e despediu-se com um aceno bem animado. Assim que ela se afastou, Aioros aproximou-se do amigo com uma cara de quem não estava gostando nada daquela idéia.

-O que você está querendo com tudo isso, Shura?

-Nada de mais, Aioros... Eu só estou curioso para experimentar a comida do restaurante.

-Por que será que não me convenci com esta resposta?

-Ah, deixa de ser desconfiado e vamos embora logo, antes que você trombe em mais alguém!

Resmungando, Aioros foi à frente e Shura rindo atrás, já colocando a cabecinha para funcionar...

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-Tio Kojack!

O grito do pequeno Duda assustou o tio, que lia seu jornal sentado no sofá.

-O que foi, Duda?

-Eu posso pedir uma coisa, tio?

O homem encarou os olhos do menino e sorriu.

-Peça.

-Sabe o que é... Hoje não tenho aula, certo?

-Hum, certo... E daí?

-Daí que a gente podia aproveitar e ir ver a mamãe no trabalho dela, não podia?

Duda ficou olhando para o tio, esperançoso, um pequeno sorriso brotando nos lábios.

-Tudo bem... Troque de roupa que a gente vai sair para dar uma volta e depois almoçar fora.

-Oba! Valeu, tio Kojack!

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Onze horas em ponto. E lá estavam Aioros e Shura no restaurante, o sagitariano ainda reclamando do que o espanhol aprontara. Mas não era do almoço a que ele se referia e sim dos preparativos para ele.

Que coisa, era somente uma saída para almoçar, não uma super festa! E Shura não o deixou sair enquanto não trocasse a camiseta branca por uma camisa, o jeans detonado por uma calça mais apresentável e até o par de tênis por sapatos. Fora o cabelo que deveria estar milimetricamente no lugar.

-Não sei para que tanta coisa, isso não vai...

-Cala a boca, Aioros! Como você quer impressionar a Claire sem fazer esforço, hein?

-E quem foi que falou que eu quero impressionar a Claire? Eu já disse que ela é...

-Casada, tem filho e tudo o mais... Tá bom, eu já sei de tudo isso. E sei também que uma mulher casada não olha para outro homem com o interesse que ela te olha.

-O quê?

-Bom dia, rapazes... Pontuais, não? – disse Claire aparecendo na porta do restaurante, minando qualquer tentativa de Aioros de iniciar uma discussão.

-Bom dia... Reservou a mesa que pedi?

-Claro, na varanda. Me acompanhem.

Claire foi à frente, Shura puxando Aioros pelo braço. Sentaram-se à mesma mesa do dia anterior. Enquanto anotava o pedido de Shura, a garçonete não deixou de notar que o sagitariano a olhava meio de lado, como se sentisse vergonha por isso.

-Para quem não queria impressionar, você a está observando demais! – disse o capricorniano assim que ela se afastou.

-Não enche! Eu não estou interessado nela, eu estava observando outra coisa... Não viu como a Claire parece cansada?

-Cansada?

-É, não viu as olheiras? Nem a maquiagem conseguiu disfarçar direito. Fora que a Claire bocejou umas três ou quatro vezes desde que chegamos aqui.

-Nem reparei... Ih, ela vem vindo aí com as bebidas.

-Aqui estão os pedidos... – Claire colocou os copos sobre a mesa e não segurou outro bocejo.

-Está tudo bem, Claire?

-Hum, está sim, Aioros... Eu só estou...

Claire jogou a cabeça para trás, suspirando. Torceu o pescoço de um lado e de outro. Mas que droga! O sono estava ficando incontrolável, uma tontura teimosa querendo se manifestar.

-Claire?

Ela ouviu o cavaleiro dizer seu nome, mas, ao encará-lo, sentiu a visão escurecer. E só não caiu porque Aioros foi ágil e a segurou pelos braços.

-Claire!

-Sente-se aqui... - Shura indicou a própria cadeira – Eu vou procurar o gerente e também um copo de água.

Shura saiu pela varanda, Aioros ficou de joelhos em frente à Claire, segurando suas mãos. Percebeu que ela parecia um pouco pálida.

-Não dormiu bem esta noite?

-Eu... Eu nem cheguei a dormir, essa é que é a verdade... E não tomei café da manhã direito também. – a jovem respondeu, sem saber o motivo de estar dando satisfações ao cavaleiro.

-E veio trabalhar desse jeito?

O rapaz balançou a cabeça em sinal de reprovação e puxou uma cadeira para poder se sentar e cuidar melhor da jovem. Em nenhum momento soltou suas mãos, o que deixou Claire um tanto quanto envergonhada.

Pouco depois, vieram Shura com a água e o gerente do restaurante, o homem de cabelos brancos que coordenou a festa de casamento de Saga.

-Tome.

-Obrigada, Shura.

-Claire, este cavalheiro me contou o que aconteceu... Eu já tinha reparado que você não estava muito bem, então acho melhor que vá para casa e descanse.

-Não, senhor, não precisa... Eu já estou bem.

-Vá descansar, Claire... Vai ser melhor para você.

Havia preocupação no tom de voz de Aioros e Claire acabou obedecendo. Com a ajuda dos cavaleiros, ela pegou suas coisas e, mesmo protestando, acabou aceitando que eles a acompanhassem até seu apartamento.

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-Quem são aqueles caras que estão com ela? – perguntou um homem loiro de olhos azuis ao ver os dois cavaleiros e Claire saindo juntos do restaurante. Estava em um carro preto parado do outro lado da rua, acompanhado de seu motorista.

-Não sei, senhor... Talvez amigos.

-Amigos... – o homem disse a si mesmo, observando a garçonete de braço dado a Aioros – Não estou gostando disso... Nikos!

-Pois não, senhor?

-Quero que os siga... Preciso saber aonde vão.

Lentamente para não serem percebidos, o motorista deu a partida e passou a seguir o trio pelas ruazinhas de Atenas.

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Quarto capítulo, e as coisas vão... No próximo, elas começam a se desenrolar, aí vamos saber mais sobre Claire, Linet e sobre uma terceira personagem que já deu as caras por aqui e que será importante para a história...

Repararam no Shura? Viram que o meu espanhol está aparecendo um pouco mais? Pois é, sintam o cheirinho de fic nova pintando por aí... Eu já desenvolvi a idéia, as pesquisas para o contexto histórico que ela terá e em breve eu a colocarei no ar. Mas, para isso, "Anybody seen my baby?" precisa caminhar um pouco mais, existe um ponto chave nela que será o gancho para a fic do Shura! A do Kamus vai demorar um pouco, eu recomecei do zero o que tinha planejado, então...

E, claro, em breve estará no ar uma fic com o Kanon, o argumento está quase todo pronto, mas a protagonista que irá contracenar com ele já está todinha montada e prontinha para entrar em ação!