Nota de início: No próximo capítulo, finalmente teremos o ponto em que essa fic e a do Shura se encontram. Assim, eu sugiro que aqueles que acompanham somente esta fic passem a ler a outra também (propaganda sem-vergonha!) e vice e versa, pois existem elementos e passagens que se completam entre as duas fics.

E neste capítulo, depois de colocar pequenos trechos da canção tema ao longo dos capítulos, finalmente a teremos na íntegra!

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Capítulo VIII

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Era quase madrugada quando Aioros deixou Claire na porta de seu prédio. O sorriso na face de ambos indicava que aquela seria apenas a primeira de uma série de boas noites.

-Posso vê-la amanhã?

-Amanhã não vai dar, tenho um compromisso... Que tal um outro dia?

-Tudo bem, mas posso ir vê-la no restaurante, não?

-Claro...

Ficaram em silêncio por um tempo, adiando a momento de se despedirem. Encarando um ao outro, não viram quando um carro preto com os faróis desligados parou do outro lado da rua.

-Bem, boa noite, então... O Daniel deve estará cordado até agora, me esperando.

-Boa noite, Claire...

Sorrindo, Aioros puxou a jovem para junto de si e a beijou mais uma vez, em uma despedida que não queria que acabasse tão cedo. No carro, o seu ocupante assistia a cena e não estava gostando nada daquilo.

Claire entrou no prédio e Aioros seguiu a pé mesmo, as mãos enfiadas no bolso da calça e um sorriso de orelha a orelha iluminando seu rosto. Observando rapaz ir embora através d agrade do portão semi-aberto, Claire já ia retomando seu caminho quando uma mão forte e gelada a segurou pelo pulso.

Encarou o olhar sério do homem à sua frente e sentiu o sangue gelar em suas veias.

-O que foi aquilo que vi há pouco?

Assustada, a jovem não conseguiu articular uma única palavra. O homem apertou com mais força seu braço, quase torcendo-o para trás.

-Escute muito bem uma coisa, mocinha: se preza a vida desse rapaz, fique longe dele, entendeu?

Largou o braço de Claire ao perceber a aproximação de alguém vindo pelo hall, entrou no carro e saiu pela rua cantando pneus. Logo em seguida, o porteiro apareceu.

Claire o cumprimentou e pegou o elevador correndo. Mesmo com o pulso dolorido, não conteve a vontade e socou uma das paredes. Droga! Uma lágrima solitária rolou por sua face.

Não queria ter de desistir de tudo, mas não havia outra saída.

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Como era tarde, subiu para sua casa através de uma das inúmeras passagens secretas que havia no Santuário. Pretendia chegar em silêncio e ir dormir logo, mas não foi bem isso o que aconteceu.

-Até que enfim, cara! Cheguei a pensar que iria passar a noite fora!

-Shura! O que está fazendo na MINHA casa, sentado no MEU sofá e comendo da MINHA torta de limão?

-Esperando por você, o que mais seria? Anda, me conta logo como foi!

Aioros se sentou no sofá e jogou a cabeça para trás, sorrindo. Shura largou o prato de torta na mesinha de centro e desatou a rir.

-Só esse sorriso já diz tudo! Onde vocês foram?

-Na Toca do Baco.

-Na Toca? Cara, você pode ser bobo, mas não é fraco, não! Isso é o que eu chamo de "serviço classe A"!

-Cada piada idiota, Shura... Mas foi muito bom, nós jantamos, dançamos, passamos o tempo todo juntos...

-E o que mais?

-Mais o quê, Shura? Eu a levei para casa, esqueceu-se que a Claire tem um filho e precisa cuidar dele?

-Ah, eu não acredito que vocês ficaram somente nos beijos... Que decepção, meu caro amigo!

O sagitariano encarou Shura com os olhos crispando de raiva. Percebendo o perigo, o espanhol levantou depressinha do sofá e deu linha na pipa o mais rápido possível.

Recolhendo os sapatos que havia tirado, Aioros foi para seu quarto tomar um banho e dormir.

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She confessed her love to me

Then she vanished on the breeze

Trying to hold on to that

Was just impossible

Ela confessou seu amor por mim

Então ela desapareceu sobre a brisa

Tentando se segurar sobre aquilo

Que estava simplesmente impossível

O dia seguinte foi de total terror para Claire. Primeiro, a garçonete não havia conseguido pregar o olho a noite toda, o que lhe rendera horrendas olheiras que nem a maquiagem disfarçava. A falta de sono e os pensamentos que a atormentavam não a deixavam trabalhara direito, toda hora errava pedidos, esquecia de anotar algum ou derrubava coisas.

-O que você tem, Claire? Aconteceu alguma coisa ontem, durante o encontro?

-Não, Fred, o encontro foi maravilhoso... O que aconteceu foi depois. Ele apareceu no meu prédio e viu quando Aioros e eu nos beijamos.

-E o que você vai fazer?

-Não sei ainda, Fred... Preciso pensar para tomar uma decisão da qual não me arrependa depois.

-Não adianta, Claire. Se tomar a decisão que eu sei que vai, não tem como não se arrepender depois.

Ela suspirou, resignada. E quando saia do balcão para atender a uma mesa, sentiu uma mão quente sobre seu ombro.

-Cheguei muito cedo? – perguntou Aioros, sorrindo para Claire.

-Não muito... Sente ali naquela mesa que eu vou fechar um pedido e venho conversar com você.

O cavaleiro obedeceu e se sentou em uma mesa próxima à porta, mas que ficava em um cantinho discreto. Ficou observando o movimento, os primeiros funcionários que chegavam para a troca de turno e principalmente, Claire despedindo-se de alguns clientes.

She was more than beautiful

Closer to ethereal

With a kind of

Down to the earth flavor

Ela estava mais que bonita

Perto de ser etérea

Com um jeito de ser

Próximo ao sabor da terra

-Agora podemos conversar, Aioros.

A jovem se sentou na cadeira de frente ao cavaleiro e suspirou, cansada. Ele esticou uma mão para ela, mas Claire preferiu cruzar os braços sobre a mesa.

-Aioros, eu vou tentar ser bem objetiva e clara com você... Ontem o encontro foi muito bom, eu realmente gostei muito, mas...

-Mas o quê?

-A gente não pode continuar saindo, a não ser como amigos. Me desculpe Aioros, mas é assim que eu o vejo... Como um amigo.

-Amigo? – Aioros repetiu a última palavra, incrédulo – Acha mesmo que eu vou acreditar no que está me dizendo?

-Não estou pedindo para acreditar, estou dizendo a verdade. Sinto muito, Aioros, mas não dá para continuar com algo que não quero.

Sentiu seus olhos começarem a marejar, mas manteve-se firme. O cavaleiro à sua frente a encarou, como se ainda não acreditasse no que acabara de ouvir. Por fim, recolheu as mãos aos bolsos da calça e se levantou, parando ao lado da garçonete.

-Se quer assim, Claire, sinto muito... Apenas seu amigo eu não posso e não quero ser.

Saiu, sem dizer mais nada. Claire, então, baixou a cabeça e chorou, apoiada em seus braços cruzados.

Close my eyes

It's three in the afternoon

Then I realized

That she's really gone for good

Feche meus olhos

São três da tarde

Então eu percebo

Que ela realmente se foi por bem

-Você tem consciência do que acabou de fazer, Claire? – perguntou Fred, sentando-se onde antes estava o cavaleiro. A jovem o encarou – Você deixou ir embora por aquela porta a sua única chance de mudar de vida e ser feliz!

-Mas pelo menos ele vai ficar bem, Fred...

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O sentimento de dúvida acabou se tornando frustração. Deitado em sua cama, Aioros tentava entender o que tinha feito de errado para Claire mudar de idéia daquele jeito. Revirava de um lado, de outro e nada.

-Ah, chega! Eu preciso me distrair ou acabo ficando louco!

Levantou-se depressa, abriu a porta do armário atrás de alguma roupa e encontrou a camisa branca que usara na despedida de solteiro do Saga. Ainda não tinha sido lavada, o perfume de baunilha estava impregnado no tecido.

Jogou-a longe, por que a dançarina tinha que ter o mesmo perfume que Claire? Ficou olhando a camisa no chão e teve uma idéia, que achou absurda a princípio.

Ora, por que não? Não era ele que precisava se distrair, urgente?

Mas obviamente não iria sozinho...

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Anybody seen my baby?

Anybody seen her around?

Love has gone

And made me blind

I've looked but I just can't find

She has gotten lost in the crowd

Alguém viu minha criança?

Alguém olhou ao seu redor?

O amor dela se foi

E me fez cego

Eu tenho procurado, mas simplesmente eu não posso encontrar

Ela estava perdida no meio da multidão

-Olha, eu entendo que não queira falar o que aconteceu, mas deve ter sido algo muito sério para você querer vir aqui hoje.

O comentário de Shura tinha sua razão de ser. Aioros detestava aquele tipo de lugar, mas não havia nada melhor para quem queria esquecer os problemas e afogar as mágoas. Entraram na boate, aquela era um noite normal, sem máscaras.

Assim que entraram, Aioros percorreu o lugar com os olhos, procurando uma mesa.

-Eu vou pegar uma bebida e... Ei! Olha só – o espanhol apontou o barman e Airoso olhou para ele – Não é o amigo da Claire? Eu sabia que já o conhecia de algum lugar!

Era realmente Richard, preparando alguns drinques. Aioros deu de ombros e seguiu para uma mesa vazia, na lateral do palco. E logo as luzes se apagaram, e a canção que le conhecia muito bem começou a tocar.

I was flippin' magazines

In that place on Mercer Street

When I thought I spotted her

Eu estava atirando revistas

Naquele lugar conhecido como "rua de negócios"

Quando eu penso que a sujei

Aprumou-se na cadeira ao ver a dançarina surgir nos fundos do palco, desta vez sem peruca e usando um mini vestido azul, com um boá de penas brancas. Dançava da mesma maneira provocativa de antes, os mesmos gestos. Quem seria o felizardo da vez, hein?

Getting on a motor bike

Looking rather lady like

Didn't she just give a wave?

Girando sobre um motor de bicicleta

Antes olhando como uma senhora

Ela simplesmente não me deu uma chance?

Resolveu se levantara para ver melhor o show e notou que Shura estava parado na frente do palco, de boca aberta e queixo caído. Estava realmente impressionando.

-O que foi, Shura? Está a fim de ser o felizardo da noite? – perguntou Aioros, de costas para o palco.

Estava rindo do amigo quando sentiu as penas do boá enlaçarem seu pescoço. Perseguição ou sorte? Virando-se devagar, ele encarou a dançarina que o chamava e foi sua vez de ficar de boca aberta e queixo caído.

Salty tears

It's three in the afternoon

Has she disappeared?

Is she really gone for good?

Espírito rasgado

São três da tarde

Ela desapareceu?

Ela realmente se foi por bem?

-Claire?

Olhos nos olhos, ambos ficaram em silêncio, chocados. Claire não sabia o que fazer, Aioros muito menos. A música continuou rolando, as pessoas em volta começaram a chiar por conta da interrupção.

Em seu camarote, Willhem deu um salto ao reconhecer o homem parado em gente ao palco.

-Aquele desgraçado!

-Claire? – Aioros repetiu o nome e foi como um estalo para a jovem.

Nervosa, ela saiu correndo do palco, nem esperou a canção terminar de tocar. Uma das moças foi atrás dela, chamando-a por outro nome.

-Linet, espere! O que aconteceu?Linet!

Anybody seen my baby?

Anybody seen her around?

If I must close my eyes

I reach out

And touch the prize

Anybody seen her around?

Alguém viu minha criança?

Alguém olhou ao seu redor?

Se eu simplesmente fechar meus olhos

Eu corro por fora

Eu estendo a vantagem

Alguém olhou ao seu redor?

-Eu vou atrás dela! – disse Willhem aos seus seguranças, saindo do camarote e entrando por um aporta lateral em direção aos camarins.

Perplexo, sem saber o que fazer ou como agir, Aioros deixou Shura sozinho e saiu do salão. Ganhou a rua rapidamente e virou por uma transversal, encostando-se na parede. Precisava pensar.

"Por que ela me escondeu isso? Por quê? Por Atena, o que eu faço?". Não sabia que direção tomar, que rumo seguir. Ficou parado, encostado na parede fria, a cabeça jogada para trás quando ouviu o barulho de umaporta se abrindo com tudo e gritos vindos de dentro.

-Me solta, Willhem! Está me machucando!

-Machucando? Isso aqui é pouco pela vergonha que está me fazendo passar!

Willhem segurava Claire pelos cabelos, a arrastava pela rua. Os seguranças assistiam a cena, impassíveis. Desencostando-se da parede, Aioros sentiu que seu sangue começava a ferver em suas veias.

-Sua idiota, vadia! Quem pensa que é para me fazer de trouxa assim, na frente de todos?

-Me solta, eu posso explicar!

-Explicar pxxxx nenhuma, você vai ter o que merece!

Com força, Willhem jogou Claire contra a parede fria de pedra, ela bateu a cabeça com tudo e foi escorregando ao chão, sentindo a visão ficar escurecida e as vozes ao seu redor sumirem aos poucos.

Ela caiu aos pés do homem, que, muito nervoso, quis bater em Claire novamente. Porém...

-Tente alguma coisa e será um homem morto ou pelo menos inválido...

-De onde você surgiu? – perguntou Willhem, incrédulo, ao ver Aioros parado bem à sua frente, impedindo a sua passagem.

O cavaleiro o encarava, os olhos verdes cintilando de raiva. Aioros cerrou os punhos, pronto para mandar seu Trovão Atômico no primeiro que ousasse se mexer.

-Saia da minha frente, idiota!

Willhem tentou avançar, mas um soco certeiro no queixo fez o troglodita voar longe, por cima de umas latas de lixo que estavam por ali. Seus seguranças apontaram armas para o cavaleiro e Aioros acendeu seu cosmo, ainda que discretamente.

-Vamos embora, homens! Mass não pense que acabou por aqui, imbecil...

Encarando Aioros, segurando o queixo dolorido, Willhem foi para seu carro, seguido por seus seguranças. O sagitariano ficou observando carro partir e então percebeu que Claire se mexia aos seus pés.

-Claire? Você está bem? Claire?

Aioros a segurou em seus braços e viu uma pequena poça de sangue onde antes ela estada com a cabeça deitada. Muito tonta e ainda sem conseguir enxergar direito, ela reconheceu o cavaleiro.

-Aioros... O que...

-Fique quieta, eu vou te levar para algum lugar onde possa cuidar de você...

-Willhem... Onde ele...

-Fugiu, não sei para onde ele foi.

-Me leve para casa... Meu filho... Ele vai pegar meu...

Claire não terminou a frase, desmaiou nos braços de Aioros. Alarmado, o cavaleiro a pegou no colo e já ia saindo dali na velocidade da luz quando Shura apareceu, com cara de preocupado.

-Cara, eu te procurei por toda parte e... Claire! O que aconteceu com ela?

-Agora não posso explicar, ela precisa de cuidados. E você vai me fazer um favor, Shura!

Assentindo com um aceno, o capricorniano partiu em disparada logo após o que Aioros lhe dissera. O cavaleiro, então, segurou com força o corpo de Claire em seus braços e foi embora dali, não tinha tempo a perder. Não sabia o quão grave tinha sido a pancada na cabeça da jovem.

Lost, lost and never found

I must have called her

Athousand times

Sometimes I think

She's just in my imagination

Lost in the crowd

Perdida, perdida e nunca encontrada

Eu devo ter ligado para ela

Umas mil vezes

Ás vezes eu penso

Ela é somente minha imaginação

Perdida na multidão

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Porrada! E algumas situações quase explicadas... Sim, no próximo capítulo, a história de Claire/Linet e muitas outras surpresas, inclusive para quem acompanha a fic do Shura...

Nota final: Esta fic, assim como a do Alberich, está caminhando para o final, mas não fiquem tristes! Acabando estas, outras duas virão: uma com o Kanon, intitulada "Take me out!" (Dama 9, veremos a Alanis ganhar vida!) e uma com o Aldebaran e Mu, ainda sem título definido, que se passará no Brasil! A do Kamus vai demorar, eu empaquei nela... E a do Shaka, tadinho, eu estou em uma crise que não consigo passar as idéias para o papel! Socorro!o, sentindo a visando para o chara oc hede fria de pedra, ela bateu a cabeça com tudo e sentiuo caerta e queixo ca.