Capítulo Cinco: Começo do Jogo
Molly Weasley estava desesperada. A sua menina tinha desaparecido e ainda não havia sinal dela. Algumas pessoas diziam que ninguém tinha sobrevivido tanto tempo nas mãos dos Devoradores da Morte mas Molly sabia que a sua Ginny estava viva. O relógio mágico dos Weasley que estava na sala nunca se enganava e, embora Ginny estivesse em perigo mortal, não estava morta, ainda havia esperança.
Artur Weasley estava sentado ao lado da sua mulher no escritório do novo quartel da Ordem da Fénix. Estavam á espera dos restantes Weasleys que ainda moravam em Inglaterra, do Harry, da Hermione, de Remus Lupin e Nymphadora Tonks, de Severus Snape e Minerva MacGonagall.
Os rapazes Weasley chegaram cedo e Hermione chegou poucos minutos depois. Os outros também não demoraram muito excepto Harry.
-Desculpem o meu atraso!- Harry disse quando chegou. Ele estava num estado miserável. Parecia que não dormia há semanas, o que era provavelmente verdade. Desde que Ginny tinha sido raptada que Harry estava fazendo de tudo para a encontrar. Tinha largado tudo o que estava fazendo pela Ginny.
-Não te preocupes Harry! Mas agora podemos começar a reunião! Eu peço ás pessoas que estejam demasiado fracas para ficar aqui que se retirem agora ou que se aguentem até ao fim da reunião.- Lupin disse olhando para Molly que na ultima reunião havia começado a chorar descontroladamente.
Molly não disse nada mas também não saiu.
-Ok! Bem, nós não descobrimos nada sobre o paradeiro da Ginny. Acreditamos que ele esteja escondida fora do país, mas não há certezas. Os Devoradores da Morte não nos contactaram, nem deram sinal, não pediram nada em troca da Ginny como já fizeram muitas vezes com outras vitimas quando precisavam que lhes dessemos algo. Por isso estamos mais ou menos como estavamos o mês passado. Por outras palavras, não fazemos ideia de onde a Ginny possa estar ou o que querem dela. Ainda há esperança de que não saibam quem ela é...- informou Snape.
-Eles sabem!- Harry interrompeu enquanto olhava pela janela. -Não vos disse nada, o Ministério pediu segredo absoluto mas acho que é altura de vos contar! Encontraram uma nota junto com o cadáver da Cho que dizia: Olha bem Potter. A primeira namorada, a primeira a morrer. A segunda namorada... acho que não és assim tão estúpido para perceberes o que acontecerá a Virgina Weasley.
-Como pudeste esconder isto de nós? Nós somos a família dela, nós mereciamos, nós precisavamos saber! Sabias disto?- George perguntou a Ron que de repente ficou corado e interessou-se muito pelos seus sapatos.
-Oh meu Deus! Tu sabias! Vocês os dois sabiam e não disseram nada!- Artur disse.
-Como o Harry disse, o Ministério pediu segredo, apenas os Inomináveis (N/A: Julgo que é assim em português, é que leio sempre a versão inglesa, só li o Cálice de Fogo em português. Se não for essa a palavra avisem por favor, Obrigada.) e o Harry podiam saber!- Ron disse numa voz tão baixa que se a sala não estivesse tão silenciosa ninguém o teria ouvido.
-Nós tentamos descobrir quem escreveu, perguntamos a alguns Devoradores da Morte que foram capturados recentemente mas nenhum sabia. Alguns chegaram a ser torturados e interrogados com Verisaterum. Quem quer que seja que tenha a Ginny tem-na muito bem escondida.
-Não tenho a certeza, mas tenho andado pensando nisto e estas novas informações encaixam na minha teoria!- Snape olhou Harry nos olhos. Parecia querer entrar na mente de Harry mas após muitos anos de prática, este havia finalmente conseguido aprender Occlumency.
-Diz lá a tua teoria...!- Tonks disse interessada.
-Muitos Devoradores da Morte têm muitas razões para odiar o Harry, ele é uma ameaça a tudo o que eles acreditam, a tudo o que eles desejam, o Potter é uma ameaça para o Senhor deles! Mas há um Devorador da Morte, que, além de tudo isto, tem um passado com o Potter, um passado que começa em Hogwarts no primeiro ano, na primeira noite! O Potter rejeitou a oferta de amizade dele para escolher a amizade de um membro da familia inimiga dele. E em todos os seus anos de escola eles foram inimigos, nem podiam se olhar. Um era um Slytherin, o outro um Gryffindor, um era um sangue puro, o outro um meio sangue, um era o herói, o outro considerado o vilão. Eles tinham brigas na escola todos os anos mas o que aconteceu no sexto ano deixou uma ferida no orgulho dele que nunca sarou.
-Malfoy!- Harry e Ron disseram ao mesmo tempo.
-O Malfoy não era capaz disso! Ele não tinha coragem, sempre foi um covarde que nem conseguia se defender sozinho, precisava dos seus lambe botas dos Slytherins protegendo as costas dele!- Fred disse não acreditando que o Rapaz Furão fosse capaz de sequer tentar fazer uma Maldição Imperdoável sem ter o pai ao lado.
-Vocês ficariam surpreendidos! Draco Malfoy já não é o rapaz que era em Hogwarts, ele encontrou um caminho para fora da sombra, ou lá para dentro. Eu já acreditei que o Draco fosse um dos poucos Slytherins que eu conseguiria salvar do lado Negro mas isso foi antes dos seus dezassete anos. O Draco tornou-se no mais forte, no mais inteligente e no mais cruel Devorador da Morte que eu alguma vez conheci. Todos vocês conheceram Lucius Malfoy, todos vocês conhecem Belatrix Lestrange, o Draco está mais maquiavélico do que esses os dois juntos e multiplicados por cem. E o Potter é a pessoa que ele odeia mais que tudo neste mundo. Ele pode odiar Muggles, Sangues de Lama e Traidores de Sangue mas o Potter é o seu alvo numero um!
Ninguém falou. Entreolharam-se em silêncio por vários minutos. Mas o silêncio foi quebrado pelo som de uma ave batendo asas. Uma coruja entrou pela chaminé da sala, parou em frente de Harry, deitou uma carta nas mãos deste e saiu por onde tinha entrado. Harry abriu a carta que estava endereçada para si.
"Esta noite. Onze horas. Rua Knockturn. Sozinho." Harry fechou a carta. A sua mente foi invadida de repente por imagens da Ginny gritando coberta de sangue. Era insuportável. Os gritos, ela se contorcendo, sangrando. Ela estava sendo torturada. Harry chamou-a, tentou alcançá-la mas ele não conseguia andar. Ele ouviu a voz de Snape ao longe dizendo qualquer coisa que ele não percebeu. E como tudo tinha começado, acabou. Num minuto, Harry estava de volta no escritório mas já não estava em pé, estava deitado no chão coberto de suores frios.
-A carta tinha uma velha maldição negra. Devias ter mais cuidado Potter, essa maldição já levou muitos á loucura.- Snape disse com desdém.
-Ginny...eu vi-a...ela estava gritando...- Harry disse ofegante- Ele quer encontrar-se comigo sozinho!
-Era o Malfoy?- Hermione perguntou receosa.
-Não tenho a certeza, havia uma sombra lá mas não consegui ver quem era.
A muitas milhas dali, Ginny olhava para o tecto. Estava deitada no chão. A sua mente estava vazia, o seu corpo estava dormente, a sua fé estava se esfumando, o seu coração batia com menos força a cada minuto que passava. Ela podia estar chorando mas as suas lágrimas tinham secado, ela estaria gritando se a sua voz interior não gritasse sempre mais alto, ela podia estar se torturando com memórias mas ela estava demasiado fraca para sequer pensar.
Ela tinha tentado matar a dor mas só conseguiu aumenta-la. Ela estava começando a se sentir um cadáver forçado a viver. O seu passado parecia tão longe, o seu presente era uma tortura, o futuro um sonho.
-Doeu, não doeu?- ela ouviu a voz de Draco Malfoy dizendo- Eu vi-te Weasley, eu vi o que tu viste! Eu estava dentro da tua mente e estava aqui dentro mas tu não me viste, viste apenas o que a tua mente te ordenou que visses. Estavas tão... concentrada na tua dor que eu podia abrir uma porta aqui e tu não a verias. Fechaste teus olhos para o exterior e perdeste-te dentro de ti! E agora cansaste-te de te procurar, cansaste de tentar encontrar uma saída. Onde está a tua bravura agora? Onde está o teu orgulho de Gryffindor?- ele riu malevolamente.- Com que então os Gryffindor não são assim tão fortes! Afinal os Gryffindor também desistem!
-O que queres Malfoy? Querias que eu sentisse um pouco do que sentiste? Já tive a minha parte desse sentimento! Querias que eu ficasse louca? Pois bem eu estou louca! Mas sabes que mais? Eu não me importo. Estou dormente, não consigo sentir mais nada! Eu respiro mas não sinto meus pulmões se encherem, meu coração bate mas parece que ele já parou há muito tempo. Podes fazer de mim o que quiseres porque eu não me importo. Nem sei se és real! Tudo o que sei é que a morte é a única coisa que me pode provar que eu ainda estou viva. Eu só quero acabar com este silêncio doentio que me circunda, e que acabou entrando dentro de mim, desfazendo-me. Eu não quero saber se me torturas, se me violas, se me matas! EU NÃO QUERO SABER DE MAIS NADA!- ela disse com os olhos fechados. A sua voz estava fraca e ela estava tremendo.
Draco sorriu satisfeito. Ela tinha atingido o ponto que ele queria. Ela tinha chegado ao precipício e já tinha caido de lá. Estava em queda livre no escuro e já não sabia se alguém a ia apanhar. Era hora de lhe dar uma mão de esperança.
-E do Potter queres saber?
Ginny abriu os olhos e olhou para Draco. Ele viu um brilho de esperança nascer nos olhos da ruiva.
-O Harry? Já faz tanto tempo que ouvi falar dele...- ela disse mais para ela mesma do que para Draco.
-Sim Ruiva, Harry Potter! Gostarias de o ver não é?
-Posso estar fraca e louca, mas ainda não estou estúpida Malfoy!-Ginny disse numa voz fraca mas desafiante.- Tu não me deixarias ver o Harry!
-Aí é que tu te enganas! Tu verás o Harry e ele irá ver-te!
-Que jogo é este Malfoy que estás jogando?
-O jogo ainda nem começou Weasley!
Ele andou até estar em frente dela. Ela levantou-se e tentou afastar-se mas tinha uma parede atrás. Ele olhou-a nos olhos. Pela primeira vez ele via-a realmente. Ele tinha olhado dentro da mente dela tantas vezes nos últimos dois meses, ele tinha encontrado tanta escuridão na sua alma. Mas agora ele via-a por completo, ele via toda a escuridão mas viu uma luz lá no fundo que ele tinha ignorado. Uma luz que ele podia garantir que era amor, esperança, fé, sonhos. Depois de tudo o que ele a tinha feito passar, ainda havia lugar dentro dela para sonhos e pureza. Isso fez com que Draco odiasse mais ainda as pessoas como ela, que ele odiasse ainda mais Harry Potter e tudo o que ele amava. Ele odiava aqueles sentimentos estúpidos como fé, amor e odiava a pureza. Tudo isso não passavam de estúpidas histórias de fadas.
De repente ele agarrou-a pelos cabelos e jogou-a contra a parede. Ginny gritou quando sentiu os dedos de Draco a empurrando mas sem largar o seu cabelo, acabando por arrancar alguns cabelos seus. Ginny bateu com a cara na parede com força. Sentiu o sangue escorrer pelo seu nariz que se tinha partido e que acabou chegando á sua boca. Mais uma vez ela sentiu o gosto do seu próprio sangue.
-Petrificus Totalus!- Draco murmurou segurando a varinha na mão que estava livre. Ginny caiu no chão inconsciente.
-O jogo está prestes a começar!- Draco disse e sorriu.
Materializou-se num quarto redondo levando Ginny com ele. O quarto tinha apenas uma porta e não tinha janelas. Havia três cadeiras, duas estavam no meio e a terceira estava encostada á parede na parte mais escura do quarto. Apenas duas velas iluminavam o recinto.
"E que comece o jogo!" Draco pensou.
N/A: Espero que gostem do capítulo. Demorou um pouco mas andei ocupada. De qualquer maneira aí está. Beijos e prometo ser breve para o próximo.
