Capítulo Dez: Ajuda
Ginny acabara adormecendo de exaustão. Draco não parecia ter feridas internas mas ela não podia ter a certeza. No entanto as feridas externas não paravam de sangrar e ela não tinha meios para fazer melhor do que já havia feito. Tinha passado várias horas tentando salvar a vida do homem que a mataria logo que lhe apetecesse.
Ginny não se lembrava como tinha adormecido e não tinha a certeza do que a tinha acordado. Levantou-se e esperguiçou-se.
-Nãooo! Não! Por favor perdoe-me, eu juro que não fiz por mal...
Ginny olhou para o homem que estava deitado ao seu lado. Ele gritava e mexia-se. Parecia que estava tendo um pesadelo.
-Não, pai, por favor, eu não...AHHHHHHHHHHHHHHHHH!- ele começou a gritar, um grito de dor tão alto e tão intenso que parecia que alguém lhe estava aplicando uma maldição Cruciatus.
E depois parou. Os gritos deram lugar ás lágrimas e aos soluços. Draco Malfoy já não parecia o homem cruel que Ginny conhecia. Parecia uma criança assustada. Ginny sentiu algo parecido com pena crescer dentro de si. Ajoelhou-se ao lado dele. Apetecia-lhe afastar a madeixa de cabelo suado que estava colada ao rosto do homem que parecia tudo menos uma pessoa diabólica. Colocou a mão na cabeça dele. Ele estava com febre e suava muito. Acariciou-lhe a face. Mas afastou a mão rapidamente. Que se passava com ela? Aquele homem, mal estivesse curado, era capaz de fazer-lhe mal e ela acariciava-lhe a face agora? Ginny afastou-se dele. Estava á tanto tempo longe de humanos que sentia falta da proximidade de alguém. Mas não, esse alguém não ia ser Draco Malfoy.
Ginny fechou os olhos. Draco continuava chorando incontrolavelmente. Aquele choro estava se tornando agonizante. Queria que ele parasse. Estava lhe fazendo mal. Também ela queria chorar. Senuia falta do colo da mamã, sentia falta das discussoes com os irmãos, sentia tanta falta do abraço de Harry, do calor dele, das palavras dele, da voz dele, da respiração dele.
Ginny rezou para que Malfoy parasse de chorar mas não valeu a pena. Draco continuava chorando e soluçando. De vez em quando pedia desculpa. Ginny gostaria de saber o que ele estava sonhando.
Após algumas horas, os soluços e as lágrimas cessaram. Ginny sentiu-se aliviada e sentou-se ao lado de Draco. Ia colocar-lhe a mão na testa mas parou a meio, indecisa se devia mesmo ajudar aquele homem. Algo no chão captou a sua atenção. Debaixo de Draco estava algo que ela não tinha reparado. Um Muggle diria que era um ramo de uma arvore, mas Ginny sabia melhor que isso. Tentou chegar ao que parecia ser a varinha de Malfoy.
Estava quase lá quando uma mão forte agarrou-lhe o pescoço com força sufocando-a.
-Procurando uma varinha Weasley?
-N...Nã...-Ginny mal consguia falar.
-Achas que sou parvo?- ele disse apertando-lhe mais o pescoço- Achas mesmo que vinha para aqui desta maneira e trazia uma varinha para poderes escapar?- Draco disse antes de empurrá-la. Ginny caiu no chão e Draco levantou-se. Desta vez não se sentou e não parecia fraco. Ele agarrou no ramo que estava no chão.- É apenas um pedaço de madeira!
-Mas... como vieste para aqui?
-Ora Weasley, sabes que as varinhas só te ajudam a controlar a magia, se conseguires controlá-la não necessitas de varinha!
-Quem te fez isso Malfoy? Quem te causou tantas feridas? E porquê?
-Não tens nada a ver com isso!
-Foi alguém da Ordem?
-Não, não foi ninguém da Ordem! Ninguém lá tem força suficiente para me enfrentar!
-Foi Voldemort?
-Weasley, és surda ou gostas de sofrer?
-Desculpa!
-Cuidado com a tua boca Weasley! Um dia ainda te faço morderes tua própria lingua!
-Parece que já estás melhor! Vais embora?
-Bem que tu querias, mas não! Ainda vou ficar aqui mais algum tempo!
-Choraste enquanto dormias e pedias desculpa ao teu pai! O que sonhaste?- Ginny perguntou com receio, mas estava demasiado curiosa para controlar. O olhar de Draco ficou distante. Parecia que se tinha perdido dentro dele.
-Não sonhei!
-Também gritaste!
Draco nada disse. Ficou perdido nos seus pensamentos durante vários momentos. Mas depois, como se tivesse acordado de um transe, olhou para Ginny com uma expressão de ódio.
-Não tens nada com isso Weasley! É melhor controlares a curiosidade porque eu não consigo controlo a minha vontade de ver as pessoas sofrerem!
Muito longe dali, um homem de cabelos escuros e desalinhados, com uma cicatriz em forma de raio na cabeça e um outro homem de cabelo cor de fogo e sardas no nariz, esperavam, á frente de uma casa um pouco antiga e sombria, que alguém lhes abrisse a porta.
-Ainda não percebi porque precisamos tanto do Snape!
-Ele conhece o Malfoy melhor que ninguém Ron!
Eles ouviram alguém abrindo a porta. Um homem de cabelos oleosos e grisalhos apareceu á sua frente. Os anos não perdoaram Severus Snape. Ele estava mais velho, mas também mais poderoso e sábio. No entanto ainda era difícil para Harry confiar nele. Aquele homem tinha causado a morte de Dumbledore e embora já houvesse provas de que o próprio Dumbledore tivesse implorado para que Severus o matasse, Harry não conseguia confiar nele. Só que só Snape podia ajudá-lo.
-Potter, Weasley! Não vos esperava, muito menos a esta hora!- Snape disse
-Snape, precisamos falar! É sobre Draco Malfoy!
-Já estava á espera disto Potter! Entrem!
Os dois jovens homens entraram na casa decorada em tons de verde escuro e preto. Snape mantinha-se fiel á sua casa de Hogwarts: Slytherin.
