Capítulo Onze: Dúvidas e teorias
Harry e Ron sentaram-se no grande sofá preto. Snape sentou-se no cadeirão em frente.
-Já deve saber porque cá viemos!- Harry falou olhando Snape nos olhos desconfiadamente.
-Draco Malfoy! Já esperava que viessem, julguei que viessem mais cedo até! Ultimamente tive as minhas dúvidas. Mas depois do que sucedeu voltei a acreditar que virias ter comigo Potter.
-O que me pode dizer sobre o Malfoy?
-Já não muito! Em tempos conheci um Draco Malfoy inteligente, egoista, mesquinho, preconceituoso mas previsível, pelo menos por mim, e controlável, dependente até. Este Draco que te prendeu Potter é uma pessoa diferente. Continua egoista e preconceituoso mas a mesquinhês deu origem à pura maldade, a sua inteligência é ainda superior e ele é impossivel de controlar, julgo que o próprio Senhor das Trevas terá dificuldade em controlá-lo. Este Draco é independente. É um Devorador da Morte mas tenho a certeza que se lhe apetecesse, ele virava as costas ao Lord Negro sem pensar duas vezes. Draco obedece apenas á sua vontade. E isso é o que o torna perigoso e impossível de perceber. Não sei quais as vontades dele. Draco fechou-se entre paredes de ferro. Não conheço, não sei o que pensa nem o que quer. A única coisa que sei é que se ele estiver ao lado de Voldemort na Batalha Final, terás serios problemas Potter.
-Ele podia ter me entregue a Voldemort mas não o fez. Porque acha que ele fez isso?
-Não sei Potter, mas tenho uma teoria. Draco queria uma vingança, mas a vingança é pessoal e parece-me que ele ainda nao a deu por terminada. Acho que Voldemort não sabe que estiveste nas mãos de Draco.
-Mas... como é que ele esconde uma coisa destas de Lord Vol... Voldemort? Quero dizer, Voldemort é um forte Legillimens não é?- Ron perguntou surpreendido.
-Tens razao Weasley, mas Draco também o é! No entanto encontro várias falhas na minha teoria. O Lord Negro conhece muito bem o Draco, julgo que ele colocou alguém o vigiando, por isso não tenho certeza do que o Senhor das Trevas sabe ao certo sobre o teu rapto e sobre a morte de Pansy.- Snape explicou ao seus ex-alunos.
-O que aconteceria se Voldemort descobrisse?- Harry perguntou interessado. Ele queria compreender as mentes dos Slytherin. Naquele momento desejava ter sido um, seria mais fácil perceber Draco, Snape e Voldemort.
-Julgo que Draco seria castigado severamente, ou não. Voldemort acredita que se tu, por alguma intervenção divina conseguires vencê-lo, será Draco que vai continuar os seus passos, para muita inveja de Belatrix Lestrange.
-Se Draco fosse mesmo castigado o que julga que ele fazia?
-Talvez se virasse contra o Lord Negro, talvez se unisse ainda mais a ele, talvez se torna-se ainda mais poderoso, talvez se torna-se ele próprio numa segunda ameaça á sociedade mágica...
-Tem ideia de como posso chegar até ele? De alguém ou algo que eu possa usar para chamar a sua atenção?
-Lamento não te poder ajudar Potter, mas já não conheço Draco Malfoy, o que tenho sao apenas teorias.
Bem longe dali
Ginny e Draco passaram horas os dois sentados na masmorra sem falar. Draco estava sentado na parede em frente á janela. Tinha o olhar perdido novamente, desta vez perdia-se na janela. Ginny observou-o durante esse tempo todo. Gostaria de percebê-lo, ver dentro dele, descobrir de onde vinha aquela maldade toda, o que tinha acontecido para que ele deixasse de se esconder atrás dos outros, queria saber onde ele tinha estado durante tantos anos depois da morte de Dumbledore.
Draco desviou o olhar da janela e fixou-o nos olhos dela. Ginny sentiu como se ele estivesse entrando nela.
-Já te disse Weasley, a tua curiosidade ainda te vai matar!
-Mas eu não perguntei nada!
-Mas a tua mente está fervilhando com perguntas sobre mim e sobre o meu passado!
-Se não te metesses na minha cabeça não sabias!
-Não tenho mais nada que faça a não ser conhecer os teus patéticos segredos!
-Fazes isso porque queres esconder os teus.
-Se soubesses os meus segredos morrias de pavor!- ele sorriu diabólicamente.
-Tenho a certeza, mas sei que também não foste sempre assim! Há algum segredo que tu escondes mais que tudo!
-Crucius!-Draco disse abrindo a mão direita na direcção de Ginny que caiu no chão.
Os gritos da rapariga ruiva invadiram a masmorra. Draco sorriu enquanto Ginny se contorcia no chão. Ele ficou a olhando sofrendo durante vários minutos. Torturar tinha se tornado uma droga, que agora já surtia pouco efeito mas ele dependia disso para sobreviver. E Ginny tinha algo que o fazia querer torturá-la. Provavelmente era aquele ar puro e frágil. Ele gostava de ver até que ponto ela aguentava sem se quebrar. Quando a dor se tornava insuportável ela, estranhamente, parava de gritar, ficava respirando fundo muito rapidamente, fixava o tecto e arranhava o chão sólido, chegando a rasgar a pele dos dedos. Após quase dez minutos foi isso que aconteceu e poucos minutos depois o sangue já corria pelo nariz de Ginny. Draco baixou a mão e Ginny respirou aliviada sentando-se no chão.
-Eu disse-te Weasley, que um dia a tua curiosidade ainda te irá matar!- Draco levantou-se e caminhou até ela. Abaixou-se á frente dela e agarrou-a pelo queixo, levantando-a suavemente com ele. Fixou o seu olhar no dela- Não esperes que da próxima vez eu não te mate mesmo pequena doninha!
Ginny olhou para ele com medo mas nos olhos dela, ele conseguiu ver que ela duvidava. O que será que ele quer tanto esconder? Era essa a pergunta que Ginny fazia. E Draco não gostava nada de onde o raciocínio dela a poderia levar. Teria que matá-la logo que a sua recuperação estivesse concluida e a vingança contra o Potter também.
