Capítulo Doze: Segredos
Ginny acordou a meio da noite. Quase gritou quando viu alguém, a meio da escuridão, apenas iluminado pela lua, olhando fixamente para a janela. Ginny olhou para cima á espera de ver algo diferente na janela que captasse tanto a atenção de Draco, mas a janela estava normalíssima. Havia algo naquela janela que o intrigava, era a segunda vez desde que ele ali estava que fixava aquela janela.
Ginny levantou-se e andou até poder ver Draco de frente. A expressão na cara dele era mais assustadora que nunca. Havia algo nos olhos dele, uma sombra estranha, um escuro agonizante que parecia vir de dentro dele, um ódio...era algo que ela não conseguia explicar. Teria alguma coisa a ver com o segredo que ele escondia?
-Já te avisei Weasley!- Draco disse olhando para ela. A sombra tinha desaparecido mas a maldade continuava expressa na sua face. Ginny tinha se distraido com os seus pensamentos que nem tinha reparado que Draco já não fixava a janela mas sim a ela.
-Desculpa!
-Estás tão débil que consigo ouvir teus pensamentos sem sequer olhar para ti. Controla-te!- Draco disse, afastando-se dela e sentando-se no chão, bem longe da janela encolhido, e com a cabeça entre os joelhos.
Ginny ficou olhando para ele. Ele já não sangrava, as feridas mais pequenas já tinham começado o proceso de cicatrização. O cabelo louro platinado sempre muito limpo e penteado já não estava penteado. Estava desalinhado dando-lhe um ar mais humano. Como ela tinha rasgado as calças dele, ainda estava quase nu. Não parecia se importar, afinal estavam á beira mar e o calor durante o dia era imenso. Algo em Draco despertava a sua curiosidade. Tudo nele inspirava respeito e até medo, mas também toda aquela aura de mistério em volta dele faziam-na querer descobrir o que ele escondia. Ela sempre fora muito curiosa e nunca se tinha importado muito com o perigo. Ela queria ver dentro dele. Queria saber se ele tinha coração ou se afinal tinha um pedaço de ferro no lugar dele. Queria saber o que fazia uma pessoa ficar assim. Toda aquela maldade não podia estar dentro de uma pessoa, algo tinha acontecido. Ou não, talvez ele estivesse apenas seguindo os passos de Voldemort. Mas porquê? Qual seria o desejo de Draco?
Harry e Ron entreolharam-se. Snape tinha ido buscar-lhes uma bebida.
-O que achas?- Ron perguntou, olhando para o amigo. Harry tinha se calado logo que Snape saíra da sala.
-Não sei... deve haver qualquer coisa que eu possa usar para apanhar o Malfoy. Sinto que Snape me está escondendo algo.
-Mas o que poderia ele estar escondendo e porquê?
-Não sei o que ele está escondendo, mas está! Não confio nele, sei que ele provou ser leal á Ordem mas há qualquer coisa que ele não está dizendo. Acho que dentro dele ele ainda sente que deve proteger o Malfoy!
-Como se ele precisasse de protecção!
Calaram-se os dois quando ouviram os passos de Snape aproximar-se da porta.
Snape serviu um Firewhisky ao Ron mas Harry ficou-se pelo Cerveja de manteiga. Snape tomou uma bebida que Harry nunca tinha visto, e tinha a certeza que não a queria experimentar. Tinha um aspecto viscoso e era de um verde escuro.
-Mas como estava dizendo, não te posso ajudar Potter! Draco sofreu muitas mudanças toda a sua vida, era uma pessoa instável e nunca se agarrou a nada, nem mesmo á familia! Acho que agora ele estabilizou, mas é um mistério, tentar entendê-lo é mandar um feitiço no escuro. E quanto a apegar-se, nunca aconteceu, os Malfoy so se apegam ao poder, ao dinheiro, á crueldade.
-Ele sofreu mudanças, ninguém muda de repente...
-É verdade... Draco teve culpa nas mudanças, mas não foi só ele que contribuiu para o que ele é agora. As coisas que lhe aconteceram e que ele próprio fez fizeram com que ele se torna-se poderoso e maquiavélico, mas a escuridão e a cueldade já estavam dentro dele.
-Que quer dizer com isso?
-Desculpa Potter, existem coisas sobre o Draco que não te poderei explicar, isso significaria remexer num passado que quero deixar para trás e quebrar uma promessa que fiz há muitos anos.
-Porque protege tanto o Malfoy?
-Porque se não o fizer eu morro. Há sete anos fiz um voto inquebrável. Prometi a uma pessoa que gostava muito que sempre o ia proteger e apesar de já não precisar fazê-lo, há segredos sobre Draco que só eu sei. As pessoas que sabiam infelizmente, ou talvez felizmente, já morreram.
-Ainda vou descobrir qual esse segredo!
-Se chegares a descobrir espero que não te arrependas Potter.
Harry e Snape fixaram os olhares um no outro. Ron sentiu-se deslocado. Era como se eles estivessem falando uma lingua diferente. Pela primeira vez sentiu que Harry não era a pessoa que conhecia fazia anos. Algo dentro de Harry tinha mudado.
-Eu só quero encontrar a falha da muralha perfeita do Malfoy para poder deitá-lo abaixo!
-Eu sei.
-Mas bem, não vou ocupar mais o seu tempo! Vamos Ron?- Harry perguntou, levantando-se e dirigindo-se á porta. Não era bem uma pergunta mas mais uma ordem. Ron n
ao disse nada. Sinceramente aquele não era Harry.
-Acompanho-vos á porta!- Snape disse também levantando-se. Abriu a porta para deixar Harry e Ron sairem.- Cavalo de Troia!- Snape disse quando Harry e Ron já haviam dado alguns passos. Harry parou e virou-se para Snape.
-O quê...?
-Ulisses Harry, estuda um pouco de mitologia, talvez te ajude!
