Capítulo Catorze: Fraquezas

Depois de cinco noites, Draco acabou adormecendo. No entanto não descansava. Ginny podia vê-lo se mexendo e murmurando durante o sono. Ela via agora uma nova faceta de Draco Malfoy. Além do homem diabólico estava havia uma pessoa atormentada. Mas o que mais a intrigava era o que o atormentava. Tudo nele era um mistério que ela não conseguia decifrar, e havia algo nele que lhe chamava a atenção embora ela não conseguisse perceber o quê.

De repente, Draco começou a gritar e Ginny assustou-se. Ele estava tendo espasmos e os seus olhos estavam abertos mas revirados. Ginny só conseguia comparar o comportamento dele com a imagem que ela tinha visto em livros muggle sobre uma pessoa sendo possuida por um espírito maléfico. Ver Draco assim estava a petrificando de medo. Era uma visão horrível. Ela não sabia que fizesse, queria fazê-lo parar mas não sabia como. Aproximou-se dele e tocou-lhe no braço tentando fazer com que ele se mexesse menos. Logo que o tocou, Draco agarrou-a no pulso com o braço contrário com tal força que ela julgou que ele ia esmagar-lhe os ossos, retirando a mão dela do seu braço. Ela deu um grito e começou a sentir que ele lhe sugava as forças. Era uma sensação estranha, como se um Dementor lhe estivesse sugando não a alma e a alegria mas sim a magia. Ela tentou se libertar mas não conseguiu. Com a outra mão, Draco agarrou-a pela garganta e levantou o tronco. Os olhos dele tinham voltado ao normal mas a voz dele estava grave e sombria:

-Não tens amor á vida Weasley? És parva ou fazes-te?- Ginny sentia a mão dele a sufocá-la e não conseguia responder- Sabes o que faço a doninhas intrometidas como tu Weasley?M-a-t-o--a-s!-ele disse bem devagar fazendo-a estremecer- Queres morrer Weasley?-ele perguntou aproximando a sua face da dela até que os seus narizes quase se tocaram.

Ginny tentou responder mas o ar faltava-lhe. A força que ele exercia sobre o pescoço dela não deixava o ar atravessar a sua traqueia e atingir os pulmões.

-Responde Weasley!- ele gritou.

-Não!- ela tentou dizer mas a única coisa que conseguiu fazer foi mexer os lábios. No entanto Draco conseguiu perceber a mensagem.

-Tens a certeza?- Ele olhou-a de uma forma que parecia dizer que a mataria ao mínimo deslize dela.

Ela fez um esforço sobre-humano por abanar positivamente a cabeça. Por dentro ela rezava que ele largasse o seu pescoço. Não sabia mais quanto tempo aguentaria sem respirar. O seu cérebro já acusava falta de oxigénio pela visão que estava ficando turva.

Como se lhe tivesse adivinhado os pensamentos, Draco largou-a, empurrando-a para o chão. Ginny respirou fundo, tentando recuperar o folego.

-Considera-te com muita sorte Weasley, as outras pessoas que fazem as asneiras que tu fazes tinham morrido na hora!

Ginny olhou para ele assustada. Como tinha conseguido se preocupar com aquele homem? Porque é que tinha a certeza que se ele ainda estivesse ferido ela continuaria se preocupando? Porquê? Porque tinha a esperança de que Draco fosse encontrar uma luz e a deixasse sair dali por gratidão? Porque era ela tão ingénua? Não era ingenuidade! Era outra coisa, mas o quê? O que era que ela estava sentindo por aquele ser horrível com nome de humano?

Draco olhou para ela. Tinha que sair dali, ia acabar a matando sem querer. Mas porque é que ele não a queria matar? "Porque ela é a peça principal do jogo que estás jogando com Potter!" uma voz lhe disse na sua cabeça. "Ou será por outra razão?" uma outra voz vinda do fundo da sua mente perguntou. Draco fez questão de a afastar e desviou o olhar de Ginny.

-Vou embora, mas não te vês livre de mim, estou de volta mal penses que não me vês mais!- e dito isto ele desmaterializou-se.

Ginny ficou olhando para o local onde segundos antes tinha estado o homem louro. O que estava acontecendo com ela? Demasiado tempo sozinha estava a fazendo precisar tanto de uma companhia que não queria que Draco fosse embora. Não gostava dele mas pelo menos com ele, apesar das torturas ela tinha a certeza que ainda conseguia lidar com um humano, se se podia chamar Draco Malfoy de humano.

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Harry pasou os dois dias seguintes investigando a vida de Draco Malfoy. Encontrou registos sobre ele mas nada de relevante. Procurou em Hogwarts relatórios dos professores que diziam que era um aluno que causava alguns problemas entre colegas de outras casas mas que tinha muito potencial. Encontrou referências no Ministério. As primeiras referiam-se a ele como o filho de Lucius Malfoy, um grande membro da comunidade mágica que tinha muito valor ao Ministério. Depois, ainda considerado o filho de Lucius Malfoy, o Devorador da Morte que havia sido preso no Ministério. Depois uma volta no currículo, já não era chamado o filho de Lucius mas sim Draco Malfoy, o responsável pela invasão a Hogwarts pelos Devoradores da Morte e um dos principais culpados pela morte de Dumbledore. Algumas páginas depois referências ás vitimas que Draco já tinha feito. Era uma lista extensa. Harry só olhou a alguns nomes. Tinha morto alguns feiticeiros e muggles. Torturado também muita gente mas nada que o ajudasse. Havia referência também ao facto de Draco ter estado completamente desaparecido durante vários meses depois da morte de Dumbledore. Harry perguntou-se onde tinha Malfoy se escondido nesse tempo. A última vez que Draco havia sido visto em público por mais que uns meros segundos havia sido nos funerais dos seus pais e tinha sido menos de quinze minutos. Não se arriscava a se deixar apanhar pelo ministério. A cabeça de Draco tinha um elevado preço, quase tão elevado quanto a de Voldemort. Draco já tinha feito mais vítimas com vinte e três anos do que Lucius em toda a sua vida. Haviam pequenos registos sobre o facto de Draco conseguir dominar muito bem magia por isso tinha sido visto muitas vezes sem varinha o que tornava ainda mais difícil encontrá-lo.

Harry pousou as folhas sobre Malfoy sobre a sua secretária. Nada! Não havia nada que o ajudasse. Mas a sua curiosidade aumentara. Tinha que descobrir o que Draco havia feito durante o tempo que tinha desaparecido. Talvez algo na Mansão Malfoy o ajudasse. Decidiu pedir permissão ao Ministério para revistar a Mansão.

N/A: Pelos vistos consegui actualizar cedo. Beijinhos.