Capítulo Dezoito: Desconfianças

Snape olhou pela janela do seu quarto para a rua. Os primeiros raios de sol iluminavam uma figura negra que estava em frente á porta da sua casa. Era um homem forte, pálido de cabelos quase brancos mas tornados laranja pelos raios solares reflectidos nele. Estav vento e o manto preto mexia-se com ele. Snape esperava esta visita há muitos anos e agora que o momento chegára não tinha a certeza do que iria enfrentar. Vestiu o seu roupão verde e desceu até ao andar de baixo. Antes dce abrir a porta respirou fundo.

-Draco.- ele disse simplesmente.

-Não pareces surpreendido Severus?

-E não estou! Esperei muito tempo por este momento. Entra!

Draco olhou para o seu antigo professor desconfiadamente enquanto entrava e se dirigia á sala. Nem mesmo Draco esperava estar ali, como poderia Snape esperar?

-E porque esperavas este momento, se nem eu sei o que faço aqui? Diz-me Severus, porque estou aqui? Porque sinto que há algo que eu não sei ne preciso que me esclareças? Porque tenho a impressão que tu me escondes algo? Porque sinto que há algo que me escondem? É só porque sou desconfiado ou tem razão de ser Severus?- Draco disse, andando pela sala, analisando os objectos distraidamente enquanto tirava o manto preto e o colocava sobre uma cadeira. Dizia aquilo mais para ele do que para o outro homem.

-Talvez tenhas razão para seres desconfiado!

-Queres dizer que me escondes alguma coisa?

-Desiste Draco!

-O quê?

-Não tentes entrar na minha mente, não consegues!

-Tudo bem, só sinto que não me vais responder á pergunta!

-Eu não disse que tens razão para desconfiares mas sim para seres desconfiado!

-E para desconfiar, tenho razão?

Snape ficou em silêncio. Não sabia por onde começar. Deveria lhe dizer a verdade e tirar aquele peso dos seus ombros de uma vez ou levar o segredo para o túmulo como havia prometido a Narcissa? Por mais que concordasse com a promessa, era também correcto que Draco soubesse o que realmente é e porque é assim.

-Fiz uma pergunta Severus?- Draco disse demonstrando a sua impaciência no seu tom de voz.

Snape continuou em silêncio. Nem tinha ouvido ao certo o que Draco tinha dito. Ponderava naquele momento sobre a promessa que tinha feito a Narcissa de que protegeria Draco. Ocultando aquele facto estaria deixando-o vulnerável a si próprio ou pelo contrário, estaria o protegendo do que havia dentro dele?

-Draco... existem palavras que não foram feitas para serem faladas! Existem segredos que não foram feitos para serem revelados e no entanto essas palavras e esses segredos escondem factos que edevem ser descobertos!

-Não estou para enigmas dumbledóricos! Quero respostas Severus. Toda a minha vida senti que me escondiam algo! Narcissa vivia num constante pavor de algo que me podia acontecer, culpava-se de tudo de mal que me acontecia e eu conseguia ver nos olhos dela um certo medo de mim. Lucius odiava-me, já antes... muito antes daquela noite. E tu em Hogwarts, estavas sempre por perto, a minha sombra constante, como se me estivesses vigiando, como se tivesses medo que eu ultrapassasse o limite, só nunca percebi qual o limite! O que me escondem Severus? Diz-me o que é que eu não sei!- disse Draco olhando Severus nos olhos. Não estava tentando aceder á mente de Snape. Só queria ver nos olhos do antingo Devorador da Morte a veracidade da sua resposta.

-Draco... talvez o que te vá dizer se revele ser um erro, talvez me liberte ou me mate, talvez te liberte ou te mate...

-Diz Severus, porque a minha paciência tem limites e eu não sei...

-Não sabes o quê Draco? Não sabes se me vais matar como fizeste com Lucius?

Draco ficou perplexo. Ele tinha escondido aquele facto muito bem, Snape não conseguiria ter descoberto.

-Não te admires Draco. Conheço-te, ou pelo menos conhecia. Só um Malfoy poderia ter entrado na Mansão sem forçar a entrada- Draco ia argumentar mas Snape adiantou-se- Eu sei que existem outros membros da familia Malfoy que gostariam de ver Lucius morto, o teu tio Devion seria o suspeito mais provável. Mas Lucius foi encontrado sem o seu anel, e o teu pai nunca tirava o anel. O teu tia teria retirado o anel mas neste momento estaria o usando. Só tu Draco retirarias o que mais poder dava ao teu pai e colocarias longe dele, só tu tiravas o maior orgulho dele e não o usarias. O anel ainda lá está Draco, como o deixaste. Foi isso que te denunciou.

Desta vez era Draco que estava sem palavras. Apesar de se ter fechado entre muralhas, snape ainda conseguia penetrar algumas delas.

-Mas como estava dizendo, existem factos do teu passado que te ocultaram Draco. Talvez seja a hora de tos revelar!- Snape disse, fazendo sinal a Draco para se sentar no sofá onde alguma shoras antes tinha estado sentado Harry Potter querendo saber as palavras que ele iria agora proferir.

Harry e Ron sairam da Mansão e desceram o caminho que os guiava ao portão. Haviam revistado as masmorras todas mas não encontraram nada. Contudo, Harry ficara com a sensação que lhe escapara alguma coisa.

-Eu estou morto de cansaço, se encontro uma cama, durmo até os gnomos terem asas!- disse Ron bocejando.

-Eu também estou cansado!

-E tudo isto em vão!

-Pois!- disse Harry pensativo.

-Estás bem?- Ron disse, notando o estado melancolico em que o amigo se encontrava.- Acho que precisas de ir já para a casa e jogares-te para a cama!

-É, eu preciso disso! Se não te importas Ron, vou já para casa!- disse o homem de cabelo negro quando ambos atravessaram o portão.

-Não faz mal! Eu também vou já para casa! Bem, então até logo Harry!- disse Ron.

-Até logo Ron!- Harry disse e um segundo depois Ron desmaterializou-se. Harry ficou alguns momentos olhando para o local onde Ron tinha estado. Ele estava deveras cansado e precisando de um banho mas tinha outra coisa para fazer. Questionou-se se deveria descansar primeiro, as descobertas daquela noite tinham sido exaustivas.Harry olhou para a Mansão uma última vez antes de se desmaterializar. Os fracos raios de sol da manhã iluminavam as janelas sujas e poeirentas. Quantos segredos escondiam aquelas janelas. Quantas lágrimas já aquele chão tinha recebido. Quantos gritos aquelas paredes tinham sufocado. Harry fechou os olhos e desapareceu.

Draco sentou-se no sofá e olhou para Snape. Este tinha uma expressão grave. Os olhos de Snape deambulavam pela sala, incapazes de fixar os de Draco.

-Estou á espera Severus! Não tenho o dia todo!

-Primeiro quero que sejas tu a me dizer quem te fez essas feridas.

-Não estamos aqui para discutir a minha saúde!

-Mas estamos aqui para discutir o teu passado e o teu passado está no teu presente! Foi o Lorde Negro, castigou-te por lhe teres escondido Potter!

-Foi, mas não me arrependo!

-Pois...- Snape queria perguntar o que sentia Draco agora em relação a Voldemort mas algo o impedia.

-Não lhe vou virar as costas mas também não vou estar do lado dele! Percebi que se eu quiser consigo ser uma peça neutra! Nem estou com Voldemort, nem estou com o Ministério, no entanto estou contra os dois e contra nenhum deles!- disse o homem louro como se tivesse lido os pensamentos de Snape.

-E o Potter?

-Esse estarei sempre contra, se puder, ajudarei aqueles que o quiserem destruir!

-E Virgina como está?

-Viva! E é assim que ficará até eu concluir a minha vingança.

-E depois?- snape perguntou apesar de já saber a resposta. Virginia Weasley estava condenada á morte desde o momento que cruzara o caminho de Draco.

Draco não respondeu. Algo na pergunta fez Draco desviar o olhar do de Snape pela primeira vez naquela noite. Snape olhou-o desconfiado.

-Vou matá-la.-disse Draco finalmente.

-Era o que esperava!

-Mas chega de conversa sobre o presente! Diz-me o que sabes Snape! Diz-me...- a frase de Draco ficou a meio, interrompida por um som vindo da rua, o som de alguém se materializando. -Estás á espera de alguém?

-Não mas julgo que sei quem poderá ser!

-Potter!- disse Draco sorrindo maliciosamente.- Agora juntaste-te aos fãs dele?

-Não, no entanto faço parte da Ordem, onde Potter é visto como a galinha dos ovos de ouro Muggle!

-Esta é a minha deixa! Mas não é a última vez que me vês Severus! Eu estarei de volta e nem que tenha que te levar para o quinto dos infernos, eu vou saber o que tanto me esconderam!

Snape olhou para Draco e tinha a certeza que ele cumpriria cada uma das palavras ditas. E sem mais dizer, Draco desmaterializou-se. Snape olhou para a porta e preparou-se para receber Harry Potter. Decididamente, aquele iria ser um dia muito longo.