Capítulo Vinte e Dois: Códigos

Harry pedira permissão para voltar a Hogwarts. Três anos após a morte de Dumbledore a escola tinha sido fechada. Eram cada vez menos alunos a frequentá-la e o Ministério tinha decidido fechá-la quando o número de alunos atingiu um valor demasiado baixo. Agora Hogwarts perdera todo o seu encanto. Conservava apenas as paredes cheias de memórias e saudades de tempos em que muitos alunos tinham crescido, aprendido e se transformado no que são hoje entre aquelas paredes.

Mas não era recordar a intenção de Harry ali. Tinha outro objectivo. Entre as paredes de Hogwarts escondiam-se segredos, entre aquelas paredes Harry quando tinha apenas doze anos ouviu palavras que mais ninguém ouvira. Harry estava de volta a Hogwarts para abrir novamente a Câmara dos Segredos. O castelo estava praticamente abandonado, apenas três professores se mantiveram ali, fieis aquele lugar: Sybill Trelawney, Pomona Sprout e Minerva McGonagall. As três esperavam Harry na porta do Hall de Entrada.

Harry fez uma vénia para as três e pediu licença para subir ao segundo andar. As professoras tinham ficado um pouco preocupadas com o facto de ele ir abrir novamente a Câmara, ninguém sabia o que havia ficado lá dentro mas Harry tinha as assegurado que ele controlaria tudo e se algo acontecesse ele fecharia a Câmara de novo e não a voltaria a abrir.

Harry subiu até ao segundo andar. Passando por corredores abandonados que outrora estiveram barulhentos e cheios de alunos correndo de um lado para outro para não chegar tarde ás aulas. Harry entrou na casa de banho e dirigiu-se á torneira que tinha uma serpente. Fixou-a concentrado imaginando-a viva e disse:

-Abre-te!- mas nada aconteceu.

-Quem és tu?- disse numa voz que Harry conhecia de há muito tempo. O homem de cabelos negros virou-se e viu Murta Queixosa espreitando pelo cubículo.

-Eu...

-Harry Potter!- disse o fantasma surpreendido. - Que fazes de novo aqui? Não te bastou quase matares a única pessoa que me deu ouvidos e antes disso teres libertado aquele monstro que me matou pela escola...- o fantasma começou a chorar e a soluçar-... ainda me vens atormentar depois de já teres deixado este local!

-Murta desculpa mas preciso mesmo fazer isto! E talvez precise da tua ajuda!- Murta parou de chorar e olhou-o interessada. - Eu vou abrir a Câmara novamente e não sei o que vou encontrar, se não voltar dentro de uma hora chama a professora McGonagall.

Murta sorriu com as palavras de Harry, não só ela seria útil como havia a possibilidade de Harry morrer. Talvez lhe fizesse companhia.

Harry olhou novamente para a cobra. Desta vez fez luz com a varinha, imaginando a serpente se movendo e conseguiu abrir a câmara. Antes de entrar respirou fundo.

Draco estava de volta á mansão. Tinha o diário de sua mãe nas mãos. Ele deveria ter lido aquilo quando o encontrou e tê-lo destruido. Se o tivesse feito Harry Potter não saberia do segredo. Sentiu raiva de si mesmo por ter sido tão fraco e não ter aguentado as memórias.

-Diffindo!- O diário foi rasgado em mil pedacinhos que Draco colocou num cálice de vidro.- Incendio!- e dito isto o que restava do diário fez-se em chamas. Após passar vários minutos olhando para o fogo, tirou o bilhete de Snape e ficou olhando para ele. Snape sempre gostara de testar a inteligência das pessoas, e aquilo era mais um teste. Draco só tinha que descobrir que código havia ali. Uma letra poderia corresponder a outra no alfabeto, ou então um anagrama... Draco decifrava muito bem códigos por isso não seria dificil, só teria que se concentrar. Draco estava mais virado para um anagrama afinal o próprio Voldemort usara um. Draco agarrou num pedaço de pergaminho e começou a escrever as palavras que conseguia construir com aquelas letras: fogo, ar, terra, sufoco, fraco, odiar...

Ginny estava sentada na masmorra ainda recordando a conversa com Draco mas mais do que isso ela recordava o abraço dele. Mais do que nunca ela tinha a certeza que algo se passava com ela. Já não podia negar, tinha sentimentos além de ódio e desprezo por Draco Malfoy. Não conseguia dizer o que sentia. Era tudo tão confuso, já nem se lembrava de Harry, apenas Draco, os seus olhos azuis acinzentados e frios, a sua pele palida, o seu corpo musculado e cobergo de cicatrizes. Algo dentro dela mudára, algo dentro dela tinha escurecido, algo tinha a feito ver o mundo de outra maneira. Algo dentro dela tinha se quebrado, se desvanecido, a Ginny outrora inocente e radiante morrera e dera lugar a outra pessoa, uma pessoa mais triste mas mais real. O passado dela parecia um sonho belo mas irreal, já não via Harry como um príncipe encantado, apenas um ser humano que sonhava demais.

E agora, o seu futuro parecia cada vez mais incerto. Será que se saisse dali voltaria ao que era antes? O que iria mudar quando saisse dali? O que iria acontecer quando Draco voltasse? Será que Draco voltaria? Será que...

Harry conseguiu deslocar as pedras que encontrou no caminho e finalmente entrou na câmara. Estava como ele se lembrava. Vagueou um pouco recordando a última vez que ali estivera. Tinha ali estado para salvar Ginny e ali estava novamente para conseguir salvá-la. Harry procurou alguma porta, algum vestigio de Slytherin, algo que o ajudasse a destruir Draco mas não encontrou nada. Já havia passado meia hora e o Rapaz-que-sobreviveu continuava sem saber o que fazer para salvar a mulher que amava.

Harry sentou-se onde uma vez esteve Ginny deitada e fechou os olhos. O silêncio era doentio, as memórias eram tristes e parecia haver ali uma presença poderosa que o fazia sentir-se sufocar.

"Nunquam permissum glacies appropinquare incendia... Nunquam permissum lacerta pugnare Leo!" uma voz sibilante disse. Harry abriu os olhos e depois fechou-os novamente. Conhecia aquela voz, era um basilisco. No entanto não ouvia nada se movendo. Cuidadosamente voltou a abrir os olhos. Aquela voz continuava sussurando aquelas palavras. Harry olhou em volta muito devagar e atentamente não fosse aparecer uma basilisco. Mas as palavras pareciam vir do interior das paredes. Não, não era das paredes. Era da estátua de Slytherin que ali estava. Harry sabia que as palavras estavam em latim por isso só uma pessoa o poderia ajudar: Hermione. Draco saiu a corres. Quando chegou á casa de banho do segundo andar Murta estava sentada no lavatório com uma expressão expectante. Quando o viu ficou desapontada.

-Obrigado Murta!- foi a única coisa que ele disse antes de fechar a entrada da Câmara dos Segredos.

Harry despediu-se das suas antigas professoras e desmaterializou-se na casa de Hermione. Tocou na campainha e Hermione apareceu na porta.

-Harry!- disse ela surpresa.

-Hermione preciso da tua ajuda! Preciso saber tudo o que sabes sobre Slytherin!

-Eu só sei o que li em "Hogwarts, Uma História"...

-Tudo bem, sabes mais que eu mas por favor Hermione, é urgente!

-Ok, entra!- ela disse mas Harry já ia a meio caminho da cozinha. Sentou-se numa cadeira e conjurou um pedaço de pergaminhi.

-Começa a falar Hermione!

-Bem, Slytherin foi um dosa quatro fundadores de Hogwarts. Ele acreditava que apenas os feiticeiros de sangue puro deviam entrar em Hogwarts mas claro que os outros fundadores não concordaram e devido a estas indecisoes sobre quem devia ou não entrar em Hogwarts foram criadas quatro casas. Na casa de Slytherin apenas feitceiros de sangue puro conseguiam entrar. Mas claro está, e ironicamente, o seu herdeiro é um meio sangue, e acho que só prova que até os magos negros mais poderosos falham...

-Hermione!- Harry gritou tentando colocar a amiga novamente na linha biográfica de Slytherin.

-Pois, desculpa! Com o passar do tempo as discussões entre Slytherin e Gryffindor tornaram-se mais graves até que um dia Slytherin abandonou a escola. No entanto deixou lá a Câmara dos Segredos e aquele monstro pestilento. Quando me lembro que Ginny podia...

-Hermione, por favor continua!- Harry suplicou. Hermione mordeu o lábio com uma expressão embaraçada.

-Desculpa Harry! Eu hoje não estou nos meus melhores dias! Mas continuando, Slytherin foi um dos maiores magos negros de sempre. Ainda hoje há quem acredite que ele foi mesmo o pior e mais amquiavélico feiticeiro de todos os tempos, ainda que Voldemort esteja bem perto. Salazar Slytherin foi o feiticeiro que mais contribuiu para as Artes Negras, acredita-se que as Maldições Imperdoáveis foram criadas por ele, o primeiro Horcruxe que existiu foi ele que o fez, os Inferius foram criados por ele...

-Sabes qual a sua fraqueza?

Hermione olhou para o amigo. Ela tinha lido algures sobre uma feiticeira que tinha quase derrotado Slytherin mas infelizmente ela tinha acabdo morrendo.

-Não tenho a certeza Harry! Dizem que houve uma feiticeira que quase derrotou Slytherin, mas são lendas... eu não tenho a certeza!

Harry estava agitado. Hemione aind anão tinha acabado de falar e Harry já estava escrevendo algo no pergaminho.

-Diz-me o que significa.- disse o rapaz de olhos verdes, entregando o pedaço de pergaminho a Hermione.

-É fácil: Nunca deixes o gelo aproximar-se do fogo...nunca deixes um lagarto enfrentar um leão...! Mas porque...

-Obrigado Hermione!- Harry levantou-se e deu um beijo na testa da amiga e desmaterializou-se. Hermione ficou olhando para o local onde ele tinha estado momentos antes estupfacta. Harry estava mesmo estranho, no entanto as perguntas de Harry começaram a formar uma teia dentro da cabeça dela. As informações começaram a se unir e formar raciocínios. Hermione saiu da cozinha e dirigiu-se á pequena biblioteca que tinha montado e agarrou um livro que tinha comprado numa daquelas feiras de coisas em segunda mão. O livro estava num das parteleiras mais altas porque ela nunca lhe tinha prestado muita atençao. Agarrou no livro de capa cinzenta e limpou-lhe o pó da capa. As palavras "Alma de Serpente" podiam ler-se na capa. Hermione levou o livro até ao quarto e deitou-se a ler.

Draco olhou para as palavras escritas na folha de pergaminho. Finalmente decifrara a mensagem de Snape, no entanto Snape nunca era claro no que escrevia. Draco não queria interpretar as palavras da maneira que a sua mente lhe dizia.

Ginny fechou os olhos após ver os raios de sol desaparecerem. Algo dentro dela não a deixava dormir, um nervoso miudinho, uma agitação estranha, como se algo estivesse prestes a acontecer.

N/A: oi espero que gostem do capítulo e lanço um desafio: quem consegue decifrar o código de Snape? (Ando a ver muito Código de Da Vinci...lol)