Capítulo Vinte e Três: Destino ou Passado

Draco olhou para as palavras que havia decifrado:

O fogo que aquece, queima

A mão que acaricia, mata

O predador tornasse a presa!

E só uma mensagem dentro da sua cabeça fazia sentido: Ginny era a sua fraqueza. Ela era a rapariga do cabelo de fogo, que era capaz de o queimar por dentro com um olhar. Ela tinha cuidado dele, o abraçado mas podia perfeitamente matá-lo. Ele tinha feito de tudo para enfrquecê-la e no entanto era ele que tinha enfraquecido. Ele era o predador e tornou-se a presa. Ele já não podia negar, uma parte dele estava ligada a ela. No entanto a outra dizia-lhe para quebrar essa ligação. Ele levantou-se e olhou pela janela e recordou os últimos tempos. Fechou os olhos e encostou a testa á janela, colacando as palmas das mãos também no vidro, uma de cada lado da cabeça. Sentia um aperto na garganta, uma sensação de que algo estava para acontecer. Algo relacionado com tudo o que tinha descoberto nestes últimos tempos.

Voldemort olhou para o céu. A noite estava mais negra que nunca. Estava cada vez mais próximo o dia para executar o seu plano. Sentia Slytherin enfraquecendo dentro de Draco Malfoy. Ao contrário do que Draco pensava, ele sabia muito bem o que se passava. Sabia que Virginia Weasley ainda estava viva, sabia que Harry Potter estava cada vez mais perto da verdade, sabia que Draco estava cada vez mais próximo do seu destino. Voldemort, sendo o Herdeiro de Slytherin, tinha uma estranha ligação com Draco. Quando conhecera o rapaz sentiu que ele tinha algo difereete nele, uma escuridão dentro dele que estava fraca por isso não conseguira reconhecer o que era. No entanto quando Draco sentia medo, culpa, raiva, tristeza, aquela parte dele fortificava-se. Voldemort encontrou então o perfeito aliado, aquele que ele sabia possuir tal poder e tal malvadez que estaria do lado dele enquanto ele o conseguisse controlar. Mas Draco tinha fugido ao controle há muito tempo, no entanto mantinha-se por perto e Voldemort conseguia mantê-lo debaixo de olho. No entanto algo dentro de Draco queria revelar-se, aquela parte que havia sobrevivido do pequeno Draco Malfo ainda vivia dentro do rapaz. Quando ele encontrou Virginia Weasley, Voldemort soube que a pujreza daquela rapariga podia ser o fim de Slytherin. "Nunquam permissum glacies appropinquare incendia... Nunquam permissum lacerta pugnare Leo". Ela era o fogo capaz de derreter o gelo que Draco tinha dentro dele, ela tinha o espírito de Gryffindor dentro dela, que o próprio jovem Riddle tinha tido dificuldade em enfrentar. Ela seria fatal para Slytherin e Voldemort precisava dele ao seu lado para derrotar Potter. Quando torturou Draco, não era castigá-lo a sua intenção, mas sim enfraquecer a alma de Draco, fortificar a de Slytherin, só não esperava que Draco fosse capaz de revelar a sua fraqueza para aquela rapariga e esse foi o seu erro. Voldemort conduziu a alma de Slytherin para a perdição. Mas nem tudo estava perdido e um novo destino para Draco Malfoy havia sido traçado, um que Voldemort cada vez tinha mais a certeza que seria cumprido. Um sibilo á sua trás afastou-o dos seus pensamentos.

-Nagini, está quase lá! Está quase lá, minha preciosa!- ele disse, sibilando para a serpente que estava enrolada ao seu lado.- Mais alguns minutos e começamos o nosso joguinho não achas?- a cobra olhou para o seu dono e sibilou- Julguei que achasses o mesmo! Acho que podes ir fazer o que te pedi!

A serpente desenrolou-se e saiu do quarto.

"Vai minha querida e não falhes, porque agora o minímo vacilo pode me custar a vida." Voldemort pensou.

Harry estava radiante. Finalmente tinha descoberto como fazer Draco Malfoy fraquejar. Agarrou no seu manto e na sua varinha e preparou-se para ir falar com Snape quando alguém bateu á porta. Ele suspirou de aborrecimento. Quem poderia ser aquela hora da noite?

Harry foi até à porta e abriu-a, encontrando Hermione na porta.

-Hermione desculpa mas já estava de saida, se não te importas voltas amanhã, é que tenho um assunto importante para resolver! Adeusinho!- Harry disse começando a fechar a porta, mas Hermione colocou a mão na porta e abriu-a novamente. Harry olhou para a amiga. Ela, ao contrário do que Harry esperava, não tinha uma expresão chateada, tinha sim uma expressão assustadoramente séria.

-Passasse algo Hermione?

-Passa!- ela simplesmente disse, entrando na casa de Harry. Este fechou a porta e olhou para a amiga que agora se encontrava de costas para ele, olhando pela janela.

-O que foi Hermione?

-Os Devoradores mataram alguém hoje...

-Eles matam todos os dias Hermione...- interrompeu Harry. Ele precisava mesmo falar com Snape e não podia perder tempo, era Ginny que estava em risco. De repente atingiu-lhe- Foi o Ron? Ou algum Weasley? Algum colega nosso? Alguém que conhecemos?

-Os Weasley estão bem e não foi nenhum colega...

-Hermione podes te despachar preciso mesmo falar com...

-Snape!- ela cortou-lhe a frase a meio.

-Sim, preciso mesmo falar com ele!

-Eu sei! Mas não foi isso que quis dizer! Não podes falar com ele, os Devoradores da Morte mataram-no! A marca de Voldemort foi encontrada sobre a casa dele ainda há pouco!

Harry ficou olhando para Hermione. Snape não podia estar morto, não agora que ele precisava tanto de Snape para poder atrair Draco para a sua teia.

-Mas... como?

-Ainda não sabemos, não parece haver nada forçado, mas para os Devoradores isso não é problema.

Harry deu uma gargalhada irónica para ninguém em especial.

-Filho de uma...- Harry disse dando um murro na parede. Ele fechou os olhos para tentar acalmar aquela fúria que surgira dentro dele quando a verdade o atingiu.- Não foram os Devoradores da Morte! Foi um Devorador da Morte. Snape não é estúpido ou muito menos fraco para se deixar enganar por qualquer um. Só um único Devorador da Morte seria capaz de entrar naquela casa sem forçar nada, até entrava a convite de Snape. Foi o Malfoy Hermione! Snape sabia muito, Draco tinha que o tirar do caminho antes que alguém soubesse...

O homem de cicatriz na cabeça começou a dar voltas á sala.

-Há outra coisa. Sobre aquela frase que me disseste hoje em latim...

-Eu já a decifrei!

Hermione olhou para o amigo surpreendida. Ela não esperava que Harry conseguisse descobrir tão depressa.

-A fraqueza de Malfoy, é o que a frase tem para descobrir! Em Hogwarts qual a melhor maneira de atingir o Malfoy? Era pela inveja que ele tinha de mim, pelo ódio que ele tinha, eu sou a fraqueza dele... Eu sou o Leão, sou um Gryffindor, ele é o lagarto, Draco, o nome dele quer dizer dragão e...

-Harry, não acho que sejas tu a fraqueza do Malfoy.

-Claro que sou eu!

-Não Harry! Quem mais Draco odeia tanto como a ti?

Harry ficou olhando para a amiga. Claro que era ele, ele tinha pensado em Ron, mas não fazia muito sentido.

-Acho que nin...

-Os Weasleys!- ela disse virando-se novamente para a ajanela. Afinal ele não descobrira e ela teria que dizer o que tinha vindo ali dizer mas que não sabia quem como Harry ia reagir.

-Mas não pode ser o Ron! Quero dizer até pode mas...

-Não é o Ron.

Harry abriu a boca para perguntar quem mais poderia ser mas antes de conseguir falar ele percebeu o que a mulher que estava ali queria dizer. Não podia ser, mas como?

-Ginny! Como...?

-A bruxa que quase derrotou Slytherin era a mulher de Gryffindor que Slytherin raptou. Salazar apaixonou-se pela mulher de Gocric, um amor obssessivo e cruel. Ele tinha que a ter de qualquer maneira, nem acho que seja amor, homens como ele não conseguem amar, ela era um capricho para ele, uma maneira de atingir Gryffindor. Essa foi a razão da sua briga, essa foi a razão porque Slytherin foi expulso de Hogwarts. Mas algo falhou, Slytherin não contava que Virga o enfrentasse e sendo incapaz de a matar quase morreu. Ela conseguiu fugir mas passou demasiado tempo enclausurada e acabou morrendo pouco tempo depois. Não estás vendo Harry? A história pode se estar repetindo...

-Não! O Malfoy jamais se apaixonaria por uma Weasley! Não faz sentido...- Harry não queria pensar que a história se estava repetindo.

-A história foi alterada ao longo do tempo, julgo que o prórprio Slytherin escondeu bem este facto, mas não podes negar que são coincidências a mais. Virga não é assim tão diferente de Virginia, Ginny é a tua namorada e Malfoy o teu inimigo, ela foi raptada por ele... "Nunquam permissum glacies appropinquare incendia... Nunquam permissum lacerta pugnare Leo". Ginny é o fogo que Draco não pode enfrentar, ela é o Gryffindor que pode derrotar Draco. É ela a fraqueza dele!

Harry levou as mãos á cara e depois colocou-as palma a palma á frente do nariz de olhos fechados. O que Hermione dizia fazia sentido mas sendo assim o seu plano não valia de nada.

-Que vou fazer Hermione?

-Não sei Harry, não sei...

Draco ficara olhando o jardim mal cuidado da mansão durante horas tentando descobrir o que faria a seguir. A única maneira que via era entregar Ginny a Potter ou esquecê-la lá, tinha era que afastar-se dela para sempre, sair daquele país. Esquecer tudo, mas para ele isso era fugir e ele estava farto de fugir. Algo dentro dele lhe dizia que já não valia. Fosse ele para onde fosse, nunca iria conseguir fugir, porque a coisa de que ele estava fugindo estava dentro dele.

Draco preparou-se mentalemente para ver Virginia uma última vez. Ele fechou os olhos e concentrou-se, visualizando a masmorra, para não correr o risco de se materializar mal, só que um segundo antes de se desmaterializar, uma dor atravessou-lhe o antebraço esquerdo. Uma dor que ele conhecia muito bem mas que havia algum tempo que não a sentia, uma dor que ele não esperava. Draco puxou a camisa para cima e viu ali, mais visível do que o normal, uma caveira com uma serpente saindo da boca. Draco fixou a imagem sem saber bem o que fazer. Deveria voltar a ver Voldemort ou deveria desobedecer-lhe e admitir finalmente que já não estava do lado dele?

Draco olhou uma última vez para as cinzas do diário de Narcissa e desmaterializou-se.

N/A: Espero que tenham gostado do capítulo. Desculpem ter demorado tanto mas tenho o último exame á porta. Desculpem se o Draco e a Ginny não aparecem muito neste capítulo juro que no próximo apareceram muito mais. Obrigado pelas reviews.