Feliz aniversário Ivi. :)
Brigadão pela Betagem, Paula Lirio :)
Eu Vi
Eu vi. Só eu. Mais ninguém viu.
Muitos contam como se soubessem de alguma coisa, mas falam por falar. Todos os outros ficaram sabendo depois, pelos jornais, quando foi feita a comunicação formal.
Eu não! Eu estava lá. Eu vi.
Era entre uma e duas da tarde de um dia qualquer da última semana de junho. Londres inteira estava quente e abafada demais para que adultos sensatos se atrevessem a sair, e os jovens ainda estavam em Hogwarts com seus exames finais.
Eu nunca fui uma bruxa sensata, por isso escolhi essa hora para fazer compras.
Felizmente!
Eu estava parada na porta da farmácia, desanimada de deixar a sombra fresca lá de dentro para enfrentar o sol do pior verão que qualquer bruxo inglês, vivo ou morto, conseguia se lembrar. Olhei em volta e não havia vivalma na rua.
Foi quando eu vi.
Primeiro eu notei o jovem Malfoy descendo as escadas do Gringotts enquanto calçava as luvas. Eu me lembro de ter pensado: "Que tipo de pessoa usa luvas nesse calor? Certamente isso não é adequado."
Mas era, sem dúvida, uma bela figura para quem gosta de arrogância e rosto fino. Nem parecia que ele tinha acabado de voltar, após de passar três anos exilado, depois da derrota de Você-Sabe-Quem. O rapaz andava como se fosse dono do banco, do Beco Diagonal e da própria Inglaterra. Ele veio direto pra loja ao lado da farmácia. Foi quando eu vi o outro: o próprio Harry Potter!
Ele estava sumido há mais de dois anos e agora eu o via ali, saindo da loja com uma caixa pequena nas mãos, esperando que Malfoy o alcançasse, como se fosse a coisa mais normal do mundo.
Nenhum dos dois parecia surpreso. Era como se tivessem combinado de se encontrar ali.
- Pronto, Draco?
- Pronto. E você? Conseguiu fazer sua misteriosa compra?
Malfoy estava tentando disfarçar a curiosidade, mas os olhos dele estavam grudados na caixinha nas mãos de Harry Potter.
O jovem Harry só estendeu a caixa:
- Comprei. Para você. Abre.
Foi nessa hora que eu tive a sensação de que estava vendo alguma coisa muito importante.
A pose do menino Malfoy não parecia mais tão convincente. Na verdade, ele me dava a sensação de uma criança que nunca recebeu um bom presente na vida e está tentando disfarçar a ansiedade. Mas mesmo assim abriu o pacotinho com calma e elegância. Teria deixado sua falecida mãe orgulhosa. Quando ele destampou a caixa um pomo de ouro saiu voando rápido. Mas ele o agarrou com um pulo. O danadinho é mesmo um bom apanhador.
- Um pomo, Harry?
- Lê o que está escrito.
E para minha sorte leu em voz alta:
- Você me pegou. – Juro que vi um sorrisinho quase aparecer no rosto dele. – Isso é tão brega, Potter!
- Eu sei. – Potter segurou a mão de Malfoy como o pomo e tudo. – Quer casar comigo?
Dessa vez Malfoy sorriu mesmo. Não muito, mas sorriu.
Depois puxou o rosto do Harry Potter e deu um beijo nele.
Eu sei que não devia ter ficado olhando, mas não me arrependo nem um pouco. Não foi um beijo escandaloso, afinal de contas.
Quando dei por mim, eu havia suspirado alto. Era um beijo tão bonito!
Então eles me olharam. Harry Potter sorriu e piscou para mim. Draco Malfoy só levantou um pouco as sobrancelhas e deu um leve aceno de cabeça.
Os dois desaparataram juntos.
Eu fui pra casa, esquecida das outras compras que devia fazer.
Dois dias depois o anúncio oficial do casamento deles saiu no Profeta e todo mundo ficou sabendo.
Só que eu já sabia. Eu vi.
