II
Beijos nas Sombras
Não foi fácil re-encontrar Mione no almoço e sentar do lado dela. Doía muito vê-la sorrindo para Rony e para Harry. Na verdade, mesmo com as guerras, Hermione sempre teve os olhos brilhando. Mas os meus tornavam-se mais opacos cada vez que encontrava Mione.
-Gina, onde você esteve?
-Rony, cale a boca. Eu já estou no sexto ano, sei me cuidar.
-Ora, sua pirralha. Só porque...
-Rony, ela já cresceu. Deixe ela em paz. –Mione me surpreendeu ao me defender.
-Eu preferia quando você e Harry estavam juntos. Era melhor pra você, Gina, mais seguro.
-Rony, eu prefiro não falar pra você mais uma vez que, pra mim, é insuportável que você pense nisso ainda.
-Gina...-mas ele se calou.
O resto do almoço não foi fácil. Mione lançou olhares furtivos pra mim, mas eu ignorei. Ela estava me enlouquecendo. Eu queria aquela garota. Eu amo Hermione Granger, e não importa o que aconteça, eu vou tê-la.
Desci mais cedo até as masmorras, afinal, Snape não ia se importar que eu estivesse ali um pouco antes do horário. Deslizei pelas escadas normalmente, calmamente. Mas nem em sonhos eu esperaria o que aconteceu.
Eu descia as escadas em direção as masmorras quando um rapaz alto e muito louro me surpreendeu.
-O que faz por aqui, Weasley?
-Certamente não vim encontrar você.
Ele me tomou pelos braços com força.
-Weasley, eu não sou idiota como o seu irmão e aquele abobado do Potter. Seria agradável que você fosse mais gentil e respondesse o que eu perguntei.
-Agradável seria se você me deixasse em paz, e me largasse.
Ele não me soltou, e tampouco se moveu.
-Draco, me solte, o que eu te fiz?
-Eu não sei se você sabe, mas eu não sou muito amigo de garotas lésbicas como você e a Granger.
-Eu não sou lésbica!
-Ah não? E porque você e a Granger estavam se beijando?
-Nós não...
-Eu sei o seu segredinho, Weasley.
-Eu... Está bem, você venceu. Mas foi só uma vez.
-E você não quer me mostrar o que vocês estavam fazendo?
-Não, obrigada.
Ele ignorou a minha resposta e me beijou. Eu tentei escapar, mas acabei me entregando. Afinal, ele me desejava também. Ao final de alguns doces minutos, eu e Draco nos encontrávamos no chão.
-Weasley, sua demonstração foi incrível.-ele disse com desprezo-Mas tem certeza que foi só isso que fez com a Granger.
-Sim...
-Que pena. Então já vou indo.
Draco subiu as escadas me ignorando. Eu me senti indiferente. Draco realmente queria me beijar, enquanto Mione... Eu não sabia de mais nada.
Fiquei parada ali, deitada na escada. Por que eu não fazia objeção aos beijos de Draco? E a Mione, o que seria de, hm, nós, agora? Não tive tempo pra achar respostas enquanto o sinal não batia. O tempo do almoço acabou e eu me deixei arrastar pelos corredores até a masmorra onde teríamos aula de poções.
Já eram sete horas quando eu voltei ao salão comunal. E quando cheguei, deu vontade de sair correndo. Quer dizer, ver a Mione e o Rony juntos, se beijando e tudo mais... Dá raiva.
Eu fiquei com medo de não agüentar. Entrei no dormitório feminino, fechei o dossel da cama e chorei. Chorei de raiva do Rony, chorei por amor à Mione, chorei por ódio de mim que amava alguém proibido, chorei de tantas dúvidas, chorei por ter beijado o Draco, chorei por ser eu e não ser outra pessoa. E dormi chorando.
i -Gina, está muito frio. Pegue meu casaco
-Eu não quero nada seu. Se ao menos você entendesse... Se não gozasse de mim, e sim me amasse...
-Mas eu amo você sua tolinha.
Me virei e não me encontrei com a garota de olhos castanhos dona daquela voz, e sim com uma figura alta e loira, com músculos muito definidos.
-Draco?
-Gina.
Malfoy me envolveu com seu corpo quente e me beijou, Caímos na neve macia e... /i
Acordei suada. O que era aquele sonho com Malfoy? Será que eu o queria mais do que amava Hermione?
Meio confusa, meio sonolenta, e totalmente sem pensar, saí da minha cama e fui até o dormitório feminino do 7º ano. Entrei sorrateira, sem fazer o menor ruído. Eu precisava falar com ela, dizer o que tinha acontecido, tentar entender tudo aquilo que estava acontecendo.
-Mione, acorda. Você sabe onde me achar, mas acho que nós precisamos conversar agora.
-O quê? Gina você faz idéia de que horas são?
Mione entrou na sala vazia exceto pela minha figura silenciosa.
-Gina, não dá mais. O Rony tá lá fora esperando pra entrar.
-O que você falou pra ele? Por que você chamou ele? Você acha que eu ia fazer... alguma coisa contra você?
-Gina, cala a boca. Eu não sei o que tá acontecendo com você. O Neville viu você beijar o Draco nas escadas e veio correndo contar pro Rony. Ele tá com medo, e eu também. Você era um anjo. E agora, é o que?
-O Malfoy me beijou. Não posso dizer que não gostei, mas foi depois de muita reluta.
-Gina. Isso dói. Você disse que me amava e deixou tudo confuso. Me beijou mesmo sem eu querer. Disse que o seu amor por mim era uma coisa séria. Você plantou a dúvida no meu coração. E agora, eu sei que tudo era mentira. Porque você se deixou beijar por um cara que te humilhou a vida inteira. E ainda diz que gostou. O que você sentia por mim nunca foi real. Era só um capricho de uma garota tola e mimada, que queria atenção.
-HERMIONE, CALE A BOCA! – eu gritei, e Rony entrou em seguida, acompanhado do Potter.
-O que está acontecendo? Por que você estava gritando Gina?
As palavras que seguiram não faziam nenhum sentido. Eu não ouvia o que eles falavam. Só sentia ódio... i Mione, por quê? Você nunca cometeu um erro? Você nunca amou sem ser correspondida? Mione, tudo é muito confuso para uma garota de 16 anos... Me ajuda... Mione... /i
O chão gelado parecia cada vez mais próximo, meus olhos semi-cerrados, gritos, e por fim um silêncio inabalável.
Rony estava ao meu lado quando eu abri os olhos. Sua expressão traduzia o que ele sentia. Não compreendia o que eu podia sentir por Malfoy. Imagina se ele soubesse que eu amava a Mione...
Quando Rony viu que eu tinha acordado, apenas apertou a minha mão e perguntou se estava tudo bem. Eu não relutei em assentir, embora o que eu sentia era uma profusão de sentimentos muito confusos.
-Gina, a Mione quer falar com você. De qualquer forma, eu tenho que ir terminar meus deveres se quiser terminar Hogwarts esse ano ainda.
Eu concordei com a cabeça, e deixei ele ir. Deu um leve beijo na Mione e sussurrou alguma coisa no ouvido dela. Ela riu e veio em minha direção.
-Oi. Eu sei que você está fraca pra falar, então eu só vou dizer o que eu preciso dizer, tá bom? – Fiz que sim com a cabeça esperando que ela falasse.
-Bom, eu não vou falar muito agora. Só vou dizer que eu decidi terminar com o Rony por um tempo, porque tudo está muito confuso pra mim. E não sei se te interessa, mas o Malfoy andou rondando a enfermaria para descobrir notícias suas.
Ela pegou a bolsa e foi embora. Malfoy queria saber de mim? Isso era mais que estranho. Significava que talvez Draco realmente gostasse de mim e usou toda aquela história como pretexto pra me beijar. Será que isso podia ser verdade? Será que alguém gosta de mim como uma garota?
