SEM BARREIRAS III - NOS BRAÇOS DO AMOR

Capítulo 7

- Nossa, acho que hoje todos os pais estão por aqui. – falou Sakura para Syaoran que a estava acompanhando ao jogo de Ryu.

Sakura conseguira adiar mais uma vez a viagem que faria para se esconder, odiava essa palavra, parecia uma avestruz se enterrando de cabeça no chão. Ela convencera Syaoran e Touya a irem ao jogo do Ryu, afinal teria os dois ao seu lado para sua proteção.

- Quando nosso filho for jogador nós também estaremos aqui, e conta com a presença do intrometido do Touya. – falou Syaoran

- Alguém falou meu nome? – perguntou Touya aproximando-se com três refrigerantes.

Sakura e Syaoran trocaram olhares e caíram na risada.

- O que foi? Odeio quando vocês fazem isso. Essas brincadeirinhas de casais onde ninguém entende nada. – resmungou Touya sentando-se ao lado da irmã.

- Ah Touya, logo você também fará esse tipo de brincadeira com a sua namorada.

- Que namorada Sakura? Eu não tenho namorada. – e virou-se um tanto quanto vermelho para o campo de futebol.

Sakura levantou a sobrancelha esquerda e um meio sorriso malicioso surgiu em seus lábios. Touya pelo canto do olho percebeu a expressão da irmã, e não gostou nada da implicação daquele sorriso. Será que ela estava sabendo de algo? Katrine contara para Sakura dos beijos? E que beijos. Chega Touya! Não pensa naquela mulher, você está hoje aqui, justamente para tentar tirá-la de sua cabeça, e de quebra o sabor maravilhoso daqueles lábios. Repreendia-se mentalmente, quando ouviu uma voz suave.

- Oi Sakura.

Touya arregalou os olhos para a figura pequena da mulher que não saía de sua cabeça, aproximando-se deles.

- O que ela está fazendo aqui? – Touya sussurrou horrorizado para a irmã.

- Eu a convidei. Olhe a sua volta Touya, todos os alunos têm vários familiares torcendo por eles, o Ryu não tem ninguém, então improvisei uma torcida organizada para ele. – explicou. - Oi Kat, senta aqui ao lado do Touya. – Sakura não perderia essa oportunidade.

- Tudo bem eu sentar aqui? – ela perguntou a Touya.

- Claro Katrine. – respondeu Sakura antes do irmão, que apenas fez um gesto para ela se sentar.

Recebeu um olhar mortal de Touya, mas deu um sorrisinho maroto para ele,

- Lá vem Tomoyo, Eriol e as crianças. – disse Sakura acenando para os amigos.

- Dessa vez você se superou. – sussurrou Syaoran no ouvido dela.– Mais alguma surpresa?

- Talvez. – ela disse misteriosa, dando-lhe um beijo na boca.

Syaoran ia aprofundar a carícia quando se lembrou de onde estavam.

- Vai Ryu. – gritou Sakura quando o time do garoto entrou no campo.

- Não pula Sakura. – disseram Syaoran e Touya ao mesmo tempo, cada um pegando um braço dela.

- Ah façam-me um favor. – reclamou ela desvencilhando-se deles.

Ryu olhou para a arquibancada quando ouviu seu nome, e não acreditou em seus olhos. Sakura, Syaoran, Touya, os primos de Sakura e até seus filhos que ele conhecia apenas por foto, e uma moça que ele não conhecia, mas que também sorria.

Todos, torcendo por ele. Quase chorou ali mesmo no campo, pois nunca ninguém havia feito algo assim por ele. Com os olhos brilhando acenou para Sakura que tentava retribuir, mas os dois homens ao lado dela mantinham-na sentada.

- É sua mãe Ryu? – um garoto perguntou.

- Em meus sonhos. – foi a resposta baixinha dele.

Ryu jogava muito bem. Na posição de atacante, ele driblava quem aparecesse na sua frente. Já tinha marcado um gol para delírio da torcida e de Sakura, que já estava rouca de tanto gritar o nome dele.

- Ah Syaoran ele me lembra tanto você.

- Realmente o garoto joga muito bem. – falou Syaoran num tom de orgulho.

Touya observou a irmã e o projeto de guerreiro, alguma coisa estava acontecendo. Esses dois estavam muito ligados ao Ryu. Talvez o garoto tivesse uma surpresa daqui a algum tempo, e com certeza iria delirar. Tomara que Sakura decidisse logo casar com Sayoran.

O primeiro tempo terminou com o placar de 1x0 para o time de Ryu.

Sakura, Tomoyo e Katrine foram até o banheiro que estava cheio de mulheres comentando o jogo de seus filhos, e Sakura fez o possível para não trançar as pernas, pois estava louca para fazer xixi.

- Essa é a pior parte da gravidez, o xixi não espera. – comentou com Tomoyo e Katrine, que deram risada da expressão de desespero dela.

Uma mulher que estava próxima ouviu-a e aproximou-se das três.

- Vai na minha frente. – disse para Sakura.

- Ah não. Não foi minha intenção furar a fila. – Sakura falou sem graça.

- Eu sei bem o que é isso, tenho três filhos. – a mulher explicou sorrindo. – Pode ir. – disse quando um dos boxes ficou livre.

Sakura agradeceu e correu para o banheiro. Saiu bem mais aliviada e viu que o lugar estava quase vazio. Lavou as mãos e ficou esperando as amigas. Tomoyo apareceu logo em seguida, mas Kat estava demorando.

- Kat. Tudo bem aí? – perguntou alto depois de alguns minutos.

- Hum. Na verdade, estou com um probleminha. – a agente falou meio constrangida.

- Sua menstruação veio? - Tomoyo perguntou.

- Não.

- Sua calça rasgou? – foi a vez de Sakura perguntar.

- Também não. – ouviu-se um suspiro. – Essas coisas só acontecem comigo. – ela reclamou.

- Que houve? – Tomoyo e Sakura perguntaram ao mesmo tempo.

- A porta não quer abrir.

Sakura e Tomoyo trocaram um olhar divertido, e uma de cada lado do boxe em que a agente estava subiram nas patentes para espiar Katrine, sentada no vaso com a maior cara de frustração.

- Tentei de todas as maneiras, e nada. – ela olhou para cima com cara de desânimo.

- Passa por baixo. – Sakura disse.

- Já viu a sujeira desse chão?

- Realmente, está horrível.

- Então passa por cima. Acho que você consegue. – Tomoyo deu a idéia.

Kat olhou para cima e viu que a amiga tinha razão, subiu no vaso, apoiou um pé no registro e conseguiu pular para o boxe lateral, mas na hora de pisar no vaso do outro lado, seu pé escorregou e foi com tudo de bunda no chão.

- Kat. Você está bem? - Sakura perguntou estendendo a mão para ajudar a amiga a se levantar.

- Estou. – ela respondeu passando a mão na bunda. – Droga! Tinha que cair? – resmungou olhando o cotovelo que bateu não se sabe onde.

- Pelo menos você saiu. – Tomoyo disse estendendo uma folha de papel toalha para ela limpar o jeans que ficou sujo.

Katrine foi abrir a torneira para se lavar, mas exasperada como estava, abriu com mais força que o necessário, tomando um banho de água, molhando as outras duas também. Olhou horrorizada para o que tinha feito.

Tomoyo tentava de todas as maneiras segurar o riso. Sakura já se chacoalhava toda com a mão na boca para não cair na risada, mas ver a cara de Katrine foi a gota d'água, riu tanto que a barriga doeu e lágrimas saíram de seus olhos, acabou sendo acompanhada pelas outras duas.

- Você não tem sorte com banheiros. – Sakura disse quando conseguiu recuperar um pouco o fôlego.

- Engraçadinha.

Estavam saindo do banheiro, quando Katrine estacou.

- Que foi? - Tomoyo perguntou.

- Você está ficando vermelha Kat. – Sakura falou meio preocupada. – Aonde vai? – perguntou quando Kat retornou parando a frente do boxe com a porta emperrada.

Katrine estava p. da cara, num movimento digno do melhor mestre de Kung-Fu, ergueu a perna direita, descendo com tudo na porta trancada, que se abriu, batendo com força na parede e voltando. Kat empurrou a porta, entrou no boxe como um vendaval ambulante, saindo em seguida com uma expressão vitoriosa no rosto.

- Tinha esquecido minha mochila. – falou calmamente como se não tivesse ficado enlouquecida, segundos antes.

- Definitivamente você não tem mesmo sorte com banheiros. – repetiu Sakura.

As três mulheres compraram alguns refrigerantes e petiscos, para assistirem ao segundo tempo. Chegaram às arquibancadas ainda dando risada pela aventura de Kat no banheiro.

- Não conta ao Touya. – Kat sussurrou. – Ele vai achar que eu não posso ver um banheiro sem aprontar alguma trapalhada.

- Fica tranqüila. Não vamos falar nada. – Sakura acalmou a amiga.

- Vocês demoraram. – Syaoran disse.

- O banheiro estava lotado. – Sakura falou com tom de riso.

- Aconteceu alguma coisa?

- Não. Por que você acha que aconteceu alguma coisa? – ela devolveu a pergunta sem encará-lo.

- Porque seus olhinhos estão com aquele leve brilho depois que você apronta alguma. – ele provocou a mulher.

- Dessa vez não fui eu que aprontei. – respondeu misteriosa e concentrou a atenção no jogo que recomeçava.

Mal os jogadores trocaram alguns passes de bola, e o time adversário marcou um gol, empatando. Sakura xingava o juiz de ladrão dizendo que o jogador estava impedido e que o gol tinha que ser anulado, Touya ajudava na gritaria.

O jogo começou a ficar violento. Os dois times fazendo muitas faltas, até que um jogador do time adversário deu uma entrada mais violenta em Ryu, sendo marcado o pênalti.

- Ele tem que ser expulso! Onde já seu viu, quase quebrou a perna do menino.

Touya e Sakura olharam para o lado, porque até esse momento Syaoran não tinha falado muito, mas depois da falta violenta levantou-se possesso gritando horrores para o juiz. Os irmãos se entreolharam caindo na risada.

Ryu cobrou o pênalti e marcou mais um gol para seu time, mas isso lhe acarretou uma perseguição dentro de campo, as faltas mais cometidas eram em cima dele. A torcida em peso do garoto, incluindo nosso pacato Eriol, estavam de pé nas arquibancadas gritando para que o juiz tomasse alguma providência.

- Eu não acho que os meninos estejam cometendo muitas faltas. – disse um homem sentado mais abaixo deles, claramente pai de algum garoto do time adversário.

Touya e Syaoran quase saíram aos tapas com o pobre homem, que olhava petrificado para aqueles dois anjos vingadores, para sorte dele, foram seguros por Katrine e Sakura. Se esse jogo demorasse muito para acabar haveria briga entre os pais dos meninos.

Nisso Ryu de posse da bola em uma jogada individual corria na direção ao gol.

- Vai Ryu! – gritava Sakura.

Um dos zagueiros, vendo que não conseguiria parar aquele furacão colocou-se à frente do garoto, passando-lhe uma rasteira, o choque foi violento.

- Ryu! – gritou Sakura, já descendo as arquibancadas em direção ao gramado sendo seguida por Syaoran.

- Ei, os pais não podem entrar no campo. – gritava o juiz, sem ser ouvido.

Sakura chegou próxima ao menino que gemia de dor com a mão no pé.

- Ryu. Deixe-me ver. – ela afastou a mão do menino, aparentemente ele tinha torcido o tornozelo ou na pior das hipóteses quebrado.

Syaoran abaixou-se próximo a eles, e vendo a expressão de dor do garoto, não pensou duas vezes, pegou-o nos braços levando-o em direção ao carro. Sakura virou-se para o juiz com expressão feroz nos belos olhos verdes.

- Da próxima vez eu sugiro que você fique de gandula. – e afastou-se.

Disse a Touya para avisar no orfanato o que tinha acontecido e que depois ela ligaria para lá. Agradeceu aos amigos por terem vindo seguindo rapidamente em direção ao estacionamento.

Syaoran terminava de colocar o garoto no banco traseiro da caminhonete Nissan, ainda bem que não tinha vindo com o conversível. Sakura sentou-se atrás com Ryu colocando o pé machucado cuidadosamente em seu colo.

- Vai sujar sua roupa Sakura. – ele falou arquejante de dor.

- E para quê serve água? – ela brincou com ele.

- Tudo bem aí? – perguntou Syaoran sentando-se na direção.

- Está sim, vamos rápido. – Sakura respondeu, trocando um olhar preocupado com Syaoran.

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- Você veio de carro? – Touya perguntou a Katrine enquanto se dirigiam ao estacionamento.

- Não, ele está na oficina, anda muito estranho, um dia não quer pegar, aí no seguinte, pega como se nada tivesse acontecido, depois começa a fazer uns barulhinhos, achei melhor dar uma revisada geral.

- Então eu dou uma carona a você.

- Você está de moto? – ela perguntou com os olhos brilhando.

Touya sorriu do entusiasmo dela.

- Infelizmente eu vim de carro.

- Ah! – o sorriso diminuiu um pouco.

- Mas ele é conversível. – ele completou com um sorriso sugestivo.

Katrine caiu na risada. Ambos andavam em direção ao carro comentando sobre o jogo quando um garotinho passou por eles correndo com um balão, ele tropeçou e caiu, perdendo o balão, que saiu flutuando. Katrine e Touya aproximaram-se dele.

- Você está bem? – Touya perguntou enquanto o erguia, vendo se ele se machucara.

- Meu balão. – ele disse apontando para a pequena bola flutuante que foi em direção a uma árvore ficando preso em um dos galhos.

- Sem problemas, eu pego para você. – disse Touya, já seguindo em direção à árvore, com Katrine e o garotinho na sua cola.

O balão parara num dos galhos mais finos, Touya percebeu que uma escada seria muito melhor do que subir na árvore, olhou em volta, não vendo nada em que pudesse subir para pegar o balão, quando se deparou com Katrine olhando para cima.

- Katrine. – ela olhou-o interrogativamente. – Venha até aqui, por favor.

Ele abaixou-se quando ela se aproximou, e tocando nos ombros disse:

- Pode subir.

- Eu?

- Sim, você.

- Você vai me derrubar.

- É claro que não vou derrubá-la. Sobe logo, ou você quer deixar esse menininho triste sem o seu balão?

Ele dissera as palavras mágicas, Katrine lançou um olhar ao garoto, que a fitava esperançoso. Suspirando passou as pernas pelos ombros de Touya, ainda bem que estava de calça jeans. Ele ergueu-se como se não tivesse nada sobre os ombros, e esticando os braços Katrine percebeu que ainda não alcançaria o balão.

- Tinha que ser uma baixinha. – Touya resmungou.

- Fique firme Touya. – Katrine falou, e antes que ele pudesse dizer algo ela ficou de pé em cima de seus ombros, apoiou a mão na cabeça dele para conseguir equilíbrio, finalmente conseguindo alcançar o balão, dali de cima mesmo pulou para o chão. Touya com o impulso que ela deu, balançou para trás caindo sentado no chão.

- Você conseguiu. Nossa que legal, até parecia um número de circo. – falava o menino entusiasmado.

- E eu pelo jeito sou o palhaço. - resmungou Touya levantando-se.

Katrine ouviu e sorriu.

- Shinji, eu disse para você não correr. – uma mulher aproximou-se apressada do garoto.

- Sinto muito, mamãe.

- Você se machucou? – ela perguntou olhando-o de cima a baixo.

- Não, só perdi meu balão, mas aquele moço bonzinho disse que ia pegá-lo para mim, mas ele não alcançou, então a moça de cachinhos subiu nos ombros dele e pegou para mim.

- Obrigada. – a mulher falou virando-se para Katrine. – Você e seu marido são muito gentis.

- Ah, mas... – Katrine ia corrigi-la, mas Touya aproximou-se dela pegando em sua mão e apertando-a.

- Não tem o que agradecer senhora.

- Diga obrigado Shinji.

- Muito obrigado. – o garotinho disse enquanto se afastava acenando com a mão enquanto a mãe amarrava o balão em seu outro braço.

- Por que você não me deixou corrigi-la? – Katrine perguntou.

- Ela iria ficar sem graça, além disso, não tem nada demais o erro dela. Você ficou constrangida? – ele provocou-a sorrindo abertamente.

- Claro que não, só é estranho você ser meu marido. – ela falou afastando-se.

- Por que estranho?

- Não sei, você é meu chefe.

- E já beijei você.

- É. Beijou mesmo. – ela concordou. – Pode me dizer por quê? – ela perguntou de supetão.

Touya parou encarando-a. Por que ele a beijara? Essa era a questão. E os motivos eram vários. Porque aquele jeito estabanado dela que antes o irritava agora era para ele, um de seus encantos. Porque ele adorava aqueles cachinhos emoldurando o rosto de menininha. Porque ela tinha um corpo espetacular e um par de pernas que o deixava com as suas bambas só de pensar nelas. Porque ela beijava divinamente. Mas ele não diria tudo isso a ela. Ainda não. Quer dizer, talvez o último motivo.

- Você beija bem. – disse simplesmente.

Eu beijo bem? Que tipo de resposta era essa? Ia continuar a argumentar quando ele começou a se afastar.

- Venha logo senão vou deixá-la para trás.

Droga! Era melhor mesmo deixar quieto, ela mesma ainda não sabia porque vivia querendo ser beijada pelo chefe.

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Sakura estava sentada em uma cadeira esperando Ryu terminar o raio-x, por estar grávida fora proibida de entrar na sala de exames, mas ninguém tinha conseguido impedir Syaoran de ficar com o garoto. Nisso aparecem no corredor, Tomoyo, Eriol e as crianças.

- Pessoal, não precisavam vir. – Sakura falou levantando-se.

- Como ele está? – perguntou Tomoyo.

- Não sei, estão tirando algumas radiografias, Syaoran está com ele.

- Você está bem Sakura? – perguntou Eriol.

- Fora a vontade que ainda tenho de bater no juiz, sim, estou bem.

A essas palavras Sakura conseguiu desanuviar o ambiente.

- Você se apegou a ele. – falou Tomoyo sentando ao lado de Sakura.

- É. – Sakura foi monossilábica. Mas Tomoyo continuava a olhar a amiga. – Sabe, ele às vezes me lembra o Syaoran, tão sério, responsável, protetor, é tão jovem e já passou por tantas coisas sofridas, quero levar um pouco de luz para a vida dele.

- E se ele quiser mais que isso?

- Ele nunca pediria. Você precisava ver, como ele me rodeou para falar sobre o jogo, e nem chegou a pedir diretamente. – disse Sakura sorrindo.

- Você é que quer dar mais a ele não é mesmo Sakura? – finalmente a amiga entendia.

Sakura sorriu e fitou Tomoyo.

- Quero sim, Tomoyo, eu quero dar tudo para ele. Não estou falando de coisas materiais, e sim de carinho, conforto, proteção. Quero dar a ele a certeza de saber que sempre poderá contar comigo, de saber que eu sempre estarei lá por ele. Mas eu não falei com o Syaoran ainda. – disse Sakura baixinho. – Será que ele irá querer adotar o Ryu?

- Claro que vou.

Sakura deu um pulo da cadeira. Syaoran estava parado no corredor olhando-a com os olhos brilhantes. Será que se ele pedisse dessa vez ela aceitaria? Mas depois de tantos pedidos, ele achava melhor esperar até que as coisas estivessem mais normais, além do que, esse não era o melhor lugar para dar de romântico, pensou.

Sakura olhava Syaoran sem saber o que dizer, e se ele pedisse de novo? Deus, ele tinha que ter ouvido? Queria ter a decisão já tomada antes de falar sobre adotar o Ryu.

- Ryu teve uma distensão, apesar de não ser sério, precisa de repouso. Resolvi que será melhor levá-lo para casa, lá ele poderá ficar mais tranqüilo do que no orfanato. Tudo bem para você? – Syaoran perguntou aproximando-se de Sakura.

- Claro. Eu ia sugerir isso mesmo. – ela estranhou que ele não comentasse mais nada, mas também ficou em silêncio.

Tomoyo apenas observou com um meio sorriso, era tão emocionante o romance dos amigos, pena que tinha deixado sua câmera no carro, suspirou desanimada.

- Mamãe, quer que eu vá buscar sua câmera? – perguntou Emma baixinho, adivinhando os pensamentos da mãe.

Tomoyo sorriu e abaixou-se próxima à filha, abraçando-a.

- Hoje não querida, vamos guardar esse momento em nossas lembranças.

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- Eu já liguei para o diretor do orfanato explicando que seu ferimento não é muito sério, e que você ficará conosco por alguns dias – ia dizendo Sakura enquanto abria a porta de casa. – Você tem que ficar com esse pé em repouso e...

De repente ela silenciou, Syaoran que ajudava Ryu a se locomover, achou estranho.

- Sakura... – ele começou a dizer quando ela apareceu de volta à porta fechando-a, não os deixando entrar. - O que houve? – ele perguntou ao vê-la com os olhos arregalados.

- Acho melhor chamarmos o Touya.

- Fique aqui com a Sakura, Ryu. – ele disse aproximando-se da porta. Tinha certeza agora que havia algo errado.

Quando adentrou a sala, começou a sentir raiva do que viu, sofás rasgados, TV quebrada, papéis pelo chão, tudo revirado.

- Syaoran...

- Sakura, pelo menos uma vez na vida, faça o que eu pedi. Fique com o Ryu. - ele disse a ela, já com a espada na mão, indo em direção à cozinha, poderia ainda ter alguém por ali.

Sakura soltou um profundo suspiro, ligou rapidamente para Touya e foi ficar com Ryu.

- Você está bem? – os dois perguntaram ao mesmo tempo.

Sorriram um para o outro e Sakura aproximou-se dele passando o braço por cima de seu ombro.

- Está tudo bem sim. E você? – ela insistiu.

Ele acenou que sim e ficaram em silêncio.

- Syaoran está demorando. – ela começava a ficar ansiosa.

- Ele está bem. - Ryu disse à guisa de consolo. – Você precisa confiar mais nele.

- Ei, eu confio. Só tenho medo que algo aconteça a ele.

- Assim como ele tem medo que algo aconteça a você.

Sakura sorriu para ele, ia dizer algo quando Syaoran voltou.

- Quem quer que tenha sido, já foi embora.

- Podemos entrar? – ela perguntou.

- Não. Você ligou para o Touya? – a um aceno afirmativo dela, ele continuou. – Melhor deixarmos os agentes da perícia técnica buscarem impressões digitais.

Esse era um dos motivos, o outro era o quarto dela, o lugar mais destruído da casa, e com uma pichação na parede.

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Touya estacionou o carro na frente da casa de Katrine, desde a conversa sobre beijos no estacionamento eles não falaram mais nada.

- Você quer... – ambos falaram juntos.

Sorriram meio constrangidos. Eles viviam fazendo isso.

- Fala você. – disseram de novo ao mesmo tempo.

- Precisamos parar com isso. – resmungou Touya depois de um momento de silêncio. – O que você ia dizer? – ele perguntou.

- Se você quer entrar para tomar um chá. – ela falou baixinho, um tanto quanto constrangida.

- Claro. Por que não? – ele é que não perderia a oportunidade de mais alguns momentos a sós com a doce Katrine. Suas considerações antes, de se manter distante, totalmente esquecidas.

Ambos seguiram em direção à porta com Katrine procurando as chaves na bolsa, suas mãos tremiam levemente, ficando difícil abrir a porta, Touya afastou-a de lado e ele mesmo a abriu. Katrine ergueu os olhos para ele, e não deu outra, Touya não resistiu ao apelo que leu nos lindos olhos castanhos, puxou-a pela cintura, ávido por dar-lhe um beijo, mas mal tocou nos lábios doces quando foi atingido nas costas, empurrado, foi jogado contra a parede, caindo e seguida no chão por cima de Katrine.

- Não! – ela gritou tentando sair de baixo de Touya. – Pare!

Touya se viu prensado no chão de bruços, com Katrine abaixo dele se contorcendo para sair, ele tentou ajudá-la, mas algo o segurava por trás, até que Katrine conseguiu erguer-se.

- Rex! Menino mau. Menino muito, muito mau. - dizia Katrine enquanto puxava o cachorro de cima das costas de Touya.

Touya viu-se livre conseguindo virar-se de costas, quando de novo foi prensado no chão, um canzarrão enorme, mais parecendo um urso olhava-o de dentes arreganhados, e as presas lhe pareciam bem afiadas da posição em que estava, visto que o cachorro mantinha-o prensado ao chão com as quatro patas pousadas em seu peito.

- Oi Rex. – disse Touya sorrindo.

Para espanto dele e mais ainda de Katrine, o cachorro pareceu aceitar aquele cumprimento, pois deu uma boa lambida em Touya.

- Já chega Rex, divertiu-se demais por uma noite. – resmungou Kat puxando o cachorro.

Levou-o em direção à área dos fundos, trancando a porta da cozinha. Encostou-se nela suspirando, e foi de encontro a Touya.

- Sinto muito, Rex é meio protetor, mas parece que gostou de você. – Katrine falou tentando conter o riso.

- Sem problemas Katrine. Você tem um belo cão de guarda. – disse Touya enquanto tentava ajeitar as roupas.

- É um pastor alemão, capa preta, está entre os cães mais fiéis. – ela continuou falando sobre o cachorro e ao mesmo tempo aproximou-se de Touya para ajudá-lo a espanar os pêlos das roupas.

Touya ficou parado enquanto a olhava passando a mão por seu peito, ela se deu conta de que era observada, mas não conseguia erguer os olhos para ele.

- Você o prendeu? – ele perguntou com voz rouca.

- Sim. – ela sussurrou.

Touya não esperou mais nada, puxou-a pela cintura de novo, erguendo-lhe o rosto para que ela olhasse em seus olhos, o que viu quase o fez perder o controle, o mesmo desejo que lhe queimava o corpo, estava estampado nos doces olhos de Katrine. Beijou-a afoito, a boca faminta buscando a dela, as mãos deslizando pela cintura puxando-a mais para si.

Katrine sentiu o desejo dele que se igualava ao seu, suas mãos subiram para a nuca dele puxando-o mais para perto. Ambos estavam tão envolvidos que demoraram alguns segundos para ouvir o estranho som de uma campainha.

Afastaram-se ofegantes procurando a origem do maldito som.

- Seu...celular. – Katrine disse com voz entrecortada.

- Droga! Acho bom ser sério. – ele resmungou. – Alô! – quase gritou.

Mas sua expressão mudou drasticamente enquanto ouvia.

- Já estou indo. – falou desligando.

Virou-se para Katrine, o beijo já sendo empurrado para um canto da memória.

- Entraram na casa de Sakura. – disse preocupado.

- Eu vou com você. – ela falou de imediato.

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Agora mais do que nunca, Syaoran estava decidido a tirar Sakura da cidade ou até mesmo do país. Nisso um carro chegou cantando os pneus.

- Chegou o histérico do Touya. – Sakura brincou.

- Você está bem? – ele já foi perguntando de longe a ela.

Para surpresa e satisfação de Sakura, Katrine estava com ele.

- Eu estou bem, só a minha casa está meio mal arrumada.

Touya trocou um olhar preocupado com Syaoran, e ambos entraram na casa. Syaoran o levou direto ao quarto.

- Parece coisa de vândalos. – disse Touya.

- Pensei isso a princípio, mas olhe essa inscrição. Duvido que encontrem alguma digital.

Na parede do quarto bem em frente à cama estava escrito em letras vermelhas "Você será a próxima".

Touya ficou olhando a casa em que ele crescera, toda bagunçada e começou a sentir uma grande raiva de quem tinha feito isso. Para piorar, agora essas pessoas estavam atrás da irmã. Olhou para Syaoran e viu que ele se controlava, mas sabia que sua vontade era bater em alguém.

- Você já tem um plano?

- Vou tirar Sakura daqui.

- É o melhor, eu vou cuidar de tudo. E hoje? Aqui não dá para ficar.

- Vamos para meu apartamento.

- E o Ryu?

- Você acha perigoso ele ficar conosco? Sakura combinou no orfanato de ficar uns dois dias com ele, mas estou com um certo receio... – ele não terminou a frase, abarcando o quarto com o olhar.

- Não vamos desapontar o garoto, coloco dois agentes de guarda no seu apartamento.

Os dois saíram, encontrando Sakura e Katrine conversando sobre o jogo de Ryu. A expressão nos rostos dos dois não era nada boa.

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Sakura estava ao lado de Ryu com o braço sobre o ombro dele, ambos olhavam desolados, a bagagem ser embarcada no avião.

- Você vai ficar bem? – ela perguntou enfim.

Ryu acenou com a cabeça que sim. Estava tão triste que cortava o coração de Sakura vê-lo assim.

- E você? – questionou Ryu.

- Que é que tem eu?

- Vai se cuidar?

- Claro que sim, além disso, tem o Syaoran ali que não vai me perder de vista nem por um segundo. – ela falou tentando sorrir.

Ryu apenas acenou que sim e continuou a olhar para frente, parecia não ter vontade de fitar Sakura.

- Sakura. – Syaoran chamou aproximando-se deles. – Está tudo pronto. Vamos?

Quando Sakura viu que não tinha mais jeito seus olhos marejaram, ela já considerava Ryu seu, deixá-lo para trás trazia-lhe uma dor forte no peito, segurou o choro e engoliu o bolo que estava parado na garganta.

Virou Ryu para si, colocando as mãos sobre os ombros do garoto que estava de cabeça baixa.

- Olha para mim. – ela pediu, mas ele não se moveu.

Sakura pegou-o pelo queixo e viu que os olhos dele estavam com lágrimas contidas.

- Você sabe que se não fosse necessário, eu nunca viajaria. Não quero que pense que estou abandonando você.

- Eu sei Sakura. Mas... Vou sentir sua falta.

Sakura abraçou-o com força olhando para Syaoran que estava atrás de Ryu.

- Eu também, eu também.

Ela deu-lhe um beijo carinhoso na bochecha, afastando-se antes que mudasse de idéia ou colocasse-o dentro do avião.

Syaoran olhou para Ryu que não se virou para ver Sakura partindo, colocou a mão no ombro do garoto, desejando poder dizer algo que o fizesse se sentir melhor.

- Você vai cuidar dela não é Syaoran? – Ryu perguntou baixinho.

- Pode estar certo disso.

- Sei que já sou um tanto velho, mas você e Sakura são os pais que eu nunca tive.

Syaoran engoliu em seco, e virando o garoto para si abraçou-o forte. Ryu enlaçou a cintura do homem alto que o abraçava com tanto carinho.

- Touya, promete ficar de olho no Ryu? – pediu Sakura ao irmão. – Tenho receio de que seja lá quem for esse maluco, esteja a par de toda nossa vida, nossos amigos.

- Fica tranqüila, já avisei no orfanato da situação e vou deixar um agente de plantão para ficar de olho no garoto.

Sakura assentiu, mas tinha o coração apertado por deixar o irmão e Ryu para trás, indo se esconder. Ó céus, esconder-se, a que ponto ela chegara, virara mesmo uma avestruz.

Deu um beijo rápido no irmão, se o abraçasse duvidava que conseguiria sair dali de forma composta, e seguiu em direção ao jato particular que os aguardava, esperou Syaoran se aproximar depois de se despedir de Ryu.

Touya ao lado de Ryu, acenou para o guerreiro, ambos cientes de que nesse momento Sakura precisava ser mantida em segurança.

Continua....

Sem Notas da primeira postagem, porque o capítulo foi retirado do FF.

Obrigada a Thata por me informar.

Valeu!

Beijos