Capítulo 3 – Quase Realidade
"Pensamento que me mata
De dentro pra fora
Poderia sentir quase
Como se fosse realidade."
Lílian aparatou em seu quarto ainda nervosa. Ela que achou que conseguiria, mas o medo de ser esquecida, abandonada, a deixara com medo de novo.
Enquanto tudo era mera insinuação, sonho, falsa realidade, não havia problemas. Mas quando tudo se aproximava do possível, ela recuava, sentindo-se acuada, medrosa, covarde.
Estava cansada, esgotada física e emocionalmente, sem nem trocar de roupa, caiu na cama num sono sem sonhos...
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Tiago sentou-se quieto no sofá depois que Lílian foi embora. Ele não conseguia entendê-la.
Será que ela não confiava nele? Achava que ele ia ser um troglodita ou algo do tipo? Que não iria respeitá-la e amá-la acima de tudo?
Fechou os olhos relembrando novamente os momentos anteriores, o jeito como haviam se beijado, a paixão que ela escondia a toda força, mas que naqueles momentos tomava forma...
Se era daquele jeito, tão certo, correto... por que ela desistia? Por que ela tinha medo?
Ele não conseguia entender, tinha a impressão que fazia algo errado, mas não conseguia achar esse algo em seus atos.
Amava-a, desejava-a, mas poderia esperar que ela estivesse pronta. O que não agüentava era aquela tortura, em que começavam tudo e ela interrompia.
Era namorado, mas era homem. Tinha desejo, e queria realizar aquilo. E se você para viver naquilo, ele teria que falar com Lílian. Voltariam aos beijos e ao fim da tortura... Por que ela também devia estar sofrendo com aquilo.
Abriu os olhos e correu a mão pelos cabelos bagunçados, sentindo as pálpebras pesadas em seguida, os olhos se fechando aos poucos. Iria dormir ali mesmo se não fosse pra cama. Mas antes de tudo, era melhor tomar um banho, frio de preferência.
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Acordar na manhã seguinte para Lílian foi um feito. Havia sido uma das primeiras noites em que conseguira dormir de verdade. Mal imaginava que Tiago havia sofrido na noite anterior...
Levantou-se da cama, foi até o armário, retirando uma roupa de lá quase mecanicamente. Tomou um rápido banho e foi dar uma caminhada. Precisava pensar sobre a noite anterior.
Enquanto andava pela calçada da rua, Lílian quase se desligava do mundo fora de seus pensamentos.
Aqueles pensamentos a estavam matando? Será que aquela era uma boa definição para eles?
Ela perdia seu controle, pelo menos em pensamento e aquilo parecia matá-la na realidade.
Já não sabia diferenciar real e imaginário, sonho e desejo...
Quando estava junto com ele, era real, era desejo, mas havia o medo. E tudo se perdia, menos o controle. Se ela conseguisse perder o controle, se conseguisse se entregar, se o desejo predominasse....
Assustou-se com o barulho de um carro passando em alta velocidade, com certeza andar pela rua não era a melhor hora pra pensar, mas não queria estar em casa quando Tiago ligasse ou aparecesse lá.
Tentando manter o foco, caminhou até o parquinho perto dali, sentando-se na grama gelada em seguida. Fechou então os olhos, deixando os pensamentos fluírem sem barreiras.
Pode ver Tiago, os olhos dele dentro dos seus, os lábios dele tomando posse dos dela, as mãos dele em seu corpo.
Aquilo parecia tão real, tão possível...
Sentia aquilo de dentro pra fora, sentia a sensação das mãos dele, dos lábios dele, agora não somente nos seus lábios, mas em seu pescoço, seu colo...
Sentia aquilo quase como se fosse realidade e então, nos seus pensamentos, perdia o controle.
Pelo menos em sua quase realidade, ela conseguia se entregar, o que faltava para fazer aquilo na realidade dos dois?
N/A: Capítulo 3 já. Nunca vi uma fic fluir tão fácil quanto essa fic. Atendendo a pedidos, esse capítulo tem um pouco do ponto de vista do Tiago.
Dedicatória: Pra Mylla, que pediu o ponto de vista de Tiago e que me apoiou com a pessoa que foi a inspiração máxima pra essa fic. Diego, amo você!
