Capítulo 4 – Doce Perfume...

"Insinua seu toque

Seu cheiro...

Doce perfume

Que quero sentir..."

Lílian ergueu a cabeça do travesseiro naquela segunda de manhã, sentindo-a latejar. Tocou a testa e sentiu-a quente, indicio de febre. Fechou os olhos lembrando-se da chuva que apanhara no dia anterior, quando havia voltado do parque.

Abriu a boca para chamar a mãe e sentiu uma dor na garganta.

"Droga", pensou. Havia apanhado uma gripe. Puxou o cobertor até quase o pescoço, escondendo bem o corpo em baixo das cobertas, e ficou lá, deitada em silêncio, esperando a mãe, que logo se daria conta do seu atraso.

Alguns minutos depois, a Sra. Evans adentrou no quarto da filha, dizendo:

-Lily, querida, você vai se atrasar se continuar deitada nessa cama.

-Mamma. – ela respondeu num fio de voz – Eu estou doente.

A senhora Evans olhou para a filha, deitada na cama, debaixo de todos aqueles cobertores e se aproximou dela, tocando a esta da mesma para sentir o calor.

-Lily, você está com febre, filha!

-Eu sei mãe, minha garganta dói muito.

-Nem pense em ir estudar hoje. Você fica aqui que eu vou descer e fazer um chá pra você.

Lílian não ousou discordar, sua cabeça latejava, o corpo todo doía e estava tão frio, que um cobertor parecia muito pouco para manter aquecido seu corpo e seu coração.

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Quando abriu devagar a porta do quarto de Lílian, mais tarde naquele mesmo dia, Tiago encontrou-a dormindo como um anjo. Não demonstrava toda a doença que sua mãe afirmara que ela tivera.

Com cuidado, em passos lentos, ele se aproximou da cama dela, sentando-se num canto, de modo que pudesse observá-la.

Os cabelos rubros estavam esparramados pelo travesseiro, a expressão do rosto era serena, a respiração era calma. Ela exalava um doce perfume de lírios, que ele sentia sempre que a beijava. Lílian parecia estar num ótimo sono.

Resolveu que não ficaria por lá, amanhã voltaria para vê-la. Abaixou-se de modo a deixar um beijo na bochecha dela, murmurando um leve eu te amo.

Quando se levantava, porém, encontrou uma pequena resistência em relação ao ato. Baixou os olhos e viu a pequena mãozinha de Lily segurando sua jaqueta.

Sorriu para ela, que segurava firme o pedaço de tecido e voltou a sentar-se na cama. Com carinho, depositou um beijo na testa dela, e perguntou:

-Então, como você está, amor?

-A garganta melhorou um pouco, eu estou mais animada, ainda mais com você aqui.

-Que bom que a minha presença aqui te agrada, achei que depois de ontem...

-Silêncio. – ela pediu colocando os dedos sobre os lábios dele. – Aquilo é passado, o que importa é agora.

E ao finalizar as palavras, ela beijou-o. Tiago não entendeu a razão do beijo, mas correspondeu.

Logo, ficou surpreso ao sentir as mãos de Lílian buscarem o cós de sua calça. Ela parecia estar fora de controle.

Afastou-a com delicadeza e viu o olhar magoado dela? Por que mágoa?

-Lily, o que está acontecendo?

-Não era isso que você queria? Eu estou te dando, por que me afastar?

-Lily, você não esta bem... – ele começou a dizer, tentando colocar a mão na testa dela e sentir a temperatura.

Aquele movimento despertou raiva em Lílian, que batia os braços violentamente, impedindo Tiago de tocá-la. Ele conseguiu tocar numa pequena área da testa dela, sentido-a queimar.

-Lily, pare com isso. Você está delirando. Ainda esta com febre, eu vou chamar sua mãe.

-Não faça isso, Tiago! É tão difícil de entender? Eu estou bem, eu quero você... qual é o problema com isso?

-Lily, você está fora do seu normal. Eu não vou me aproveitar de você, apesar de querer muito isso.

E dizendo isso, se levantou da cama dela, deixando Lílian com os olhos cheios de lágrimas encarando-o.

-Pra que isso, Tiago? Pra que me recusar? Eu estava me entregando a você, será que agora quem desiste é você?

-Me desculpe, Lily. Você não esta no seu normal, vou chamar sua mãe.

E saiu do quarto, fechou a porta e encostou-se nela. Por quantas provações ainda teria que passar? Aquilo tudo era uma tortura...

Bateu com força a mão na porta, uma hora aquilo teria que acabar...