Capítulo 5 – Mãos e Lábios
"Insinue teu corpo
Sobre o meu
Suas mãos, tocando-me
Seus lábios pressionando..."
Lílian abriu os olhos na manhã seguinte a uma das piores noites de que tinha lembrança. Acordara diversas vezes, entre febre e delírios,até que desistira de ficar deitada, levantou-se e foi tomar um remédio mais forte. Depois, conseguira finalmente dormir.
Olhou para o relógio, que já marcava 11 horas. Sua cabeça não doía mais como antes, mas o corpo permanecia dolorido e pesado. A febre já havia passado, ela levantou-se da cama e foi até o banheiro lavar o rosto.
Enquanto lavava o rosto, lembranças tomaram sua mente. Lembrou-se da noite anterior, de como agira com Tiago.
Ergueu- o rosto, caminhou de volta para a cama, sentou-se, começando a chorar silenciosamente, as lágrimas caindo pelo seu rosto.
Ela tinha agido como uma vagabunda. O jeito como se atirara nele em cima dele, como parecera tão entregue, tão livre... Doía lembrar.
E o jeito como ele resistira a ela, podendo ter apenas se aproveitado dela, foi algo que ela não esperava.
Estava totalmente confusa, os olhos ainda marcados pelas lágrimas peroladas. Ela precisava fazer alguma coisa, precisava conversar com Tiago.
Levantou-se, num pulo, e foi vestir-se. Ela precisava falar com Thiago, sabia que só ficaria bem se falasse com Thiago.
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Havia um certo nervosismo em Lílian quando ela quando ela bateu na porta do apartamento do namorado.
Os instantes que se passaram até que a porta fosse aberta quase sufocaram-na. A atmosfera ao seu redor parecia rarefeita, como se fosse difícil respirar, o que ficou ainda mais complicado quando Tiago abriu a porta, sem camisa.
Os olhares dos dois se cruzaram e foi o suficiente pra algo despertar dentro deles. Lílian corou por não conseguir tirar seu olhos do tórax nu do namorado, Tiago, nervoso, entrou correndo, pegando uma camisa largada no sofá e vestindo-a, ao contrário.
Então finalmente atendeu a namorada. Lílian tinha a cabeça abaixada e uma tonalidade avermelhada no rosto que se assemelhava a cor de seus cabelos, ela ergueu o rosto devagar, encontrando o dele. Saíram então as primeiras palavras:
-Ah, você quer entrar? – ele perguntou.
-Bom dia pra você, também. – Lílian ironizou, tentando descontrair.
-Desculpa, Lily. – Tiago relaxou um pouco. – Bom dia. – e puxou-a rapidamente para um beijo.
Ela sorriu quando ele soltou-a, rindo. Então ele puxou-a pra dentro, e parou em frente a ela.
-Não te esperava tão cedo. Ta melhor?
-Acho que estar aqui já é sua resposta. – ela sorriu.
-Eu não esperava você... sei lá... depois de ontem.
-Vim falar sobre isso. – ela começou, meio nervosa. – Mas nem sei por onde começar.
-Não precisa falar se não quiser. – ele sentou-se no sofá, sendo imitado por ela.
-Mas eu acho que precisa. É que é meio estranho pra mim aceitar minha atitude ontem.
-Você estava com febre. – Tiago tentou amenizar as coisas.
-Eu parecia uma desesperada. – ela baixou a cabeça envergonhada.
Tiago colocou a mão no queixo dela, erguendo-o devagar, encontrando os orbes verdes pensativos dela.
-Lily – ele começou roçando de leve os lábios na testa dela. – Não tem problema. Você não estava desesperada. Era apenas delírio da febre.
Ela estremeceu ante o toque leve dos lábios dele em sua pele, foi como se o calor aumentasse e sua febre subitamente voltasse. Ela se sentia embriagava pelo perfume dos cabelos molhados dele, havia perdido a voz, como se ela estivesse dizendo que aquele momento não devia ser estragado.
-Eu só queria agradecer. – ela murmurou por fim.
-Agradecer? – Tiago perguntou confuso.
-Por você não ter se aproveitado de mim.
-Eu nunca faria isso, Lily. – ele segurou firma a mão dela entre a sua. – Você não imaginou que eu pudesse algo desse tipo, não é?
Ela não respondeu na hora, as palavras faltaram-lhe, mas ela manteve os olhos fixos nele.
-Eu só fiquei feliz com tudo, Tiago. Com o respeito que você tem por mim.
-Te respeito mais que tudo, Lily.
-Eu sei. E por isso que me sinto segura com você. E um dia, essa coisa toda vai acabar acontecendo.
-Eu sei que vai. Não to cobrando isso de você. Tem que acontecer naturalmente. – ele falou, mesmo que às vezes ele desejasse aquilo com todas s suas forças.
Ela sorriu, acariciando a mão dele de leve. Então, beijou-o. E logo, ele estava deitado sobre ela no sofá estreito.
Tiago pensou que por um momento tudo fosse acontecer agora, mas Lílian não permitiu nenhum movimento muito mais ousado. Ele dedicou-se então apenas a beijá-la, boca, pescoço, ombros. Enquanto a conduzia por um emaranhado de sensações e as conseqüências que viriam depois.
