Capítulo 12 Uma Conversa com os Marotos
- E ela? – perguntou Sirius.
- Bem... correspondeu – respondeu Tiago, corando de leve.
Sirius arregalou os olhos.
- Sério, cara? Quem diria... Evans!
- Também fiquei supreso.
- E depois? – perguntou curioso.
- Depois... bem, ela deixou cair uma garrafa chei de pus no chão
Sirius torceu a cara com uma expressão de nojo.
- Só isso? – perguntou Lupin
- Ok, eu levei um tapa também.
- Tapa? – exclamou Sirius – Eu não entendo as mulheres...
- Daqueles estalados.
- Não consigo entender Lílian... ela não estava... bem, pendurada em você?
- Estava. Completamente, literalmente pendurada.
- E deu um tapa em você... e depois? Gritou?
- Me deu as costas e saiu correndo para o castelo.
- No meio da detenção?
Tiago confirmou com a cabeça e continuou encarando o fogo.
- Então... ela vai pegar uma nova detenção, não? – perguntou Lupin
- E já pegou. Eu também peguei mais uma...
- Vocês já sabem o que vai ser? – quis saber Sirius
- Ainda não. Só sei que será depois do Natal.
- Peraí – interrompeu Lupin – Você pegou? Também?
Tiago sorriu.
- Eu não ia deixa-la sozinha nessa, não é? Eu corri atrás dela. Quando ela chegou aqui, subiu para o dormitório, arrastando Kelpie.
- Então nós temos que falar com Kelpie – concluiu Lupin.
- Vou chamá-la – disse Sirius, levantando-se.
Caminhou até o lado da escada do dormitório feminino e afastou uma tapeçaria.
- Essa passagem veio a calhar – disse Tiago, dando uma piscadela.
Sirius murmurou um feitiço e os tijolos da parede em sua frente se afastaram, revelando uma escada íngreme.
Remo encarou Tiago.
- Você não tinha planejado isso, não é?
- Planejado o quê? – perguntou Tiago, bagunçando os cabelos.
- Tudo o que aconteceu, Pontas. O beijo, o tapa...
- Realmente, não.
- E por que, então, você a beijou?
- Fora a vontade? Acredite, foi o melhor jeito que achei para calá-la – disse sorrindo. Apesar do tapa, ele estava feliz.
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Sirius subiu as escadas com dificuldade. Estava sem sapato, e suas meias derrapavam nos degraus empoeirados.
Só se deu conta de que já havia chegado ao lugar que queria quando bateu a cabeça com força na tampa do alçapão.
Abriu um pouco da tampa e pôde ouvir, pela fresta, Kelpie conversando com Lílian.
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- Lily, você deu um tapa nele? Por Merlin, por quê?
- Eu... eu não tive tempo pra raciocinar direito, eu... eu...
- Me desculpe, mas para você corresponder o beijo e ainda ter tirado as mãos da bancada e ter as colocado no pescoço dele, você teve tempo de sobra.
- Eu não queria ter feito aquilo!
- Não queria tê-lo beijado? Lily, a quem você quer engan...
- Eu não queria ter dado o tapa nele.
Kelpie piscou.
- Quer dizer que...?
- Eu saí correndo de lá por ter batido nele.
- Então você finalmente admitiu?
- Kelpie, será que você não entende? Eu tenho medo de admitir isso.
- Medo, Lily? De quê, criatura? Do que vão falar?
- Não. Eu tenho medo de ser apenas mais uma da lista. Medo de me machucar, medo de ser usada... medo porque... eu...
- Ama ele? – completou Kelpie.
Lílian a olhou desesperada.
- Como isso foi acontecer? Ele só se importa com ele, só pensa nele. Hoje, por exemplo, antes de... você sabe – ela corou – eu tentei explicar a ele por que eu o odeio e ele ficou se olhando num espelho, rindo dele mesmo...
- Ele não fez isso. Lily, aquilo não é um espelho comum. É um espelho de Dois Sentidos.
- Como você tem tanta certeza?
Essa foi a vez de Kelpie corar.
- Sirius... me disse... Mas voltando ao seu assunto... o que você disse a ele?
- Que ele vive me perseguindo há anos, sempre arranja motivos para ficar perto de mim, fez eu cumprir detenção com ele porque ele quis me defender...
- Porque ele gosta de você...
- Eu não consigo acreditar nisso! Ele sempre foi 'galinha'. Por que mudaria agora?
- Porque ele gosta de você.
Ouviram um baque que vinha do chão, embaixo da cama de Kelpie.
- Sirius... – murmurou ela.
- O quê? – perguntou Lílian.
Kelpie se abaixou e afastou o tapete. Pôde ver a tampa entreaberta.
- Precisamos falar com você – disse Sirius, esfregando a cabeça.
- "Precisamos"? – perguntou Kelpie.
- No caminho eu explico a você.
Kelpie olhou para Lílian, e dela para Sirius:
- Ela pode vir também?
- Se ela quiser, é até melhor.
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Tiago ouviu Sirius sair da passagem e se sentar no sofá ao seu lado.
Logo depois, Kelpie e Lílian apareceram na sala comunal. Kelpie se sentou ao lado de Sirius e Lílian, ao lado de Tiago.
Tiago sentiu sua felicidade se esvair ao ver a expressão de Lílian.
- Desculpe – murmurou.
Lílian o encarou.
- Por que você está se desculpando? – perguntou Kelpie.
- Eu... não queria que isso acontecesse.
- O beijo? – perguntou lupin
- Não... isso. – e acenou a cabeça para Lílian – Lily... eu não queria magoar você. Me desculpe.
- Você está arrependido? – perguntou Lily
- Eu? Digamos que aquilo não foi planejado. Pelo menos não para hoje – e sorriu marotamente – Mas eu venho sonhando com isso há anos. Por que iria me arrepender?
- Por que você deu um tapa nele? – perguntou Sirius.
- Eu... não sei. Talvez pela força do hábito – e olhou para Tiago – Machucou muito?
- Digamos que doeu mais aqui – disse, com a mão no lado esquerdo do peito, com uma pose teatral – Mas nada que não possa ser curado.
- O que eu posso fazer para me desculpar?
- Que tal... se você saísse comigo?
- Você não muda... – disse ela, sorrindo.
- Por favor, Lily – disse Kelpie – Nós não agüentamos mais ver vocês dois desse jeito.
- Concordo com Kelpie – disse Sirius.
- Hogsmeade é um bom lugar para vocês resolverem tudo – disse Remo – O que você me diz, Lily?
- Eu... ah, tudo bem! – disse ela – Eu vou.
Tiago abriu um sorriso imenso. A resposta de Lílian tirou o peso que ele estava sentindo desde que vira a expressão da menina.
Pôs-se de pé, levantou Lílian pelas mãos, abraçou-a forte e girou com ela. Deu um total de três voltas com o corpo da garota colado ao seu.
Colocou-a de novo no sofá, atônita, e lhe deu um beijo estalado na bochecha. Subiu para o dormitório cantando uma canção, saltitando.
- Acho que vou dormir aqui mesmo... – suspirou Sirius – Parece que essa felicidade toda vai durar a noite inteira.
Da sala comunal, Lílian ainda pôde ouvir a cantoria do Maroto.
- Alguém aí viu o Pedro? – perguntou Lupin – Eu fiquei de corrigir um trabalho dele, mas ele não apareceu até agora...
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- Ora, ora... então você veio, Pettigrew? – zombou Lúcio.
- O... o quê o Lord quer de mim?
- O quê o Lord quer de você? Ora, Pettigrew, ele não quer nada de você.
- Você acha que o Lord dá trabalho a bruxos fracos e covardes como você? – desdenhou Bellatrix – Não, o Lord deixa essa função para bruxos como nós. Eu, Lúcio e Snape.
- E K-karkarrof? – perguntou Pedro, tremendo da cabeça aos pés.
- Karkarrof? – repetiu Lúcio – Karkarrof é um Comensal da Morte temporário, como você.
- T-temporário?
- Útil só o tempo que for necessário. E depois pode ser eliminado – disse Snape.
- Eliminado? – Pettigrew suava frio.
- Eu não sei vocês... mas este grifinório dentuço e patético já está me dando nos nervos – disse Bellatrix, erguendo a varinha.
Pedro olhou aterrorizado para a varinha da bruxa.
- Crucio.
