A Rosa inglesa
Capítulo 2
Ataque de Dambuster
Autora: Annah Lennox
Revisora: Lídia
16 de Maio de 1943- Usina de Möhne e do Eder, no vale do Rhur.
Draco olhava para a lua, a sua maior aliada naquela noite. Como o planejado há dois meses atrás, o clima estava agradável, perfeito para uma missão tão complicada quanto e audaciosa e com poucas chances de ter algum resultado positivo. Mas mesmo assim, ele e a sua tripulação não se dariam por vencidos sem antes tentar.
Nenhuma muralha era tão segura como as barragens do Möhne e do Eder. Era quase intransponível. A barragem era tão resistente, que para uma bomba pudesse abrir nela uma brecha seria pesada demais para o Avro Lancaster carregar. Ela fora projetada para resistir a tudo e a todos, afinal a usina era o grande trunfo empresarial alemão. A hidrelétrica fornecia energia para todo o complexo industrial da maior nação do eixo.
-Malfoy, estamos a vinte metros do elefante branco.-falou um dos tenentes mais jovens de sua tripulação, que era o operador de rádio.-E a dez metros de distância do segundo grupo comandado pelo o major Robert. O que devo fazer?
Espera, era isso que deviam fazer. Ele no posto de tenente-coronel do esquadrão tinha autorização de manter seus homens desinformados...Era uma medida suicida, era jogar com a sorte e esperar que ela virasse a face e sorrisse para ele. Mas não havia alternativa a não ser rezar. Ele era a autoridade maior e cabia a ele tomar as decisões, só que antes de ser frio,- ganhara o apelido de carniceiro entre as tropas inimigas, - ele era um homem que tinha regras e princípios morais fortes. E uma dessas regras é jamais permitir que seus homens sofressem as conseqüências de um erro seu. Por isso tinha que fazer a sua estratégia...fora assim que se tornara um veterano, e um dos melhores pilotos da Raf.
-Desliguem o quarto e o terceiro motor.-falou olhando para o mapa a sua frente.-E quando estivermos a dez metros de distância desligue o segundo. Desligue o rádio, pois a freqüência pode nos entregar, e passe essa determinação para os dois Lancaster que estão vindo do nosso lado.-falou olhando para o breu.-Isso é uma ordem, não quero que ninguém banque o herói desta vez.
-É só isso, senhor?-perguntou o operador, notando a preocupação nos olhos daquele que era seu líder, e o seu maior ídolo.
-Sim.-falou seco.-Nada podemos fazer a não ser esperar...
E rezar muito, completou mentalmente sabendo o peso da responsabilidade que tinha nas costas. Era uma faca de dois gumes. Se vencesse, se tornaria um herói... se perdesse...bem, se perdesse preferiria a morte a ver o nome de sua família jogada na lama. Mas ele não iria perder. Ele era um Malfoy, e um sangue tão ruim como o dele não era um inimigo fraco.
-Tenente-general Ron Weasley passou as seguintes informações, Malfoy.-falou Tom Cordell, o mecânico de vôo.-A lua, como o já previsto, está no céu iluminando a parte sul de uma das barragens. A artilharia antiaérea está posicionada, porém ele não viu nenhum tipo de mobilização por parte dos vigias, o que o leva a crer que os ataques os pegaram de surpresa.
Escutava com atenção, percebendo que o otimismo reacende em cada rosto. Mas a sua face permanecia sombria. Já passara por situações desesperadoras, que foram um teste para o seu auto-controle, aprendera analisar cada batalha, cada situação de risco, e aquela missão não era pequena para ser renegada a um mero passeio aéreo sobre uma das maiores usinas da Alemanha. Os alemães eram bons soldados, e não seria nada fácil passar por aquela missão com vida.
-O que você acha disso, Draco?-perguntou Jack, um dos únicos homens mostrava ter sempre os pés no chão.
-Que tudo isso é uma tremenda besteira. De que nenhuma dessas palavras deve ser levada em consideração.-falou fitando a todos com o olhar frio.-Nenhuma tropa ganha uma batalha porqueo inimigo é fraco, ou no momento está dando sinais de fragilidade. Eu sou o mais velho aqui, tenho mais experiência do que todos aqui, e a minha ordem será ouvida e seguida à risca, como já falei, prefiro um homem vivo a um herói morto.
Queria mostrar a todos o peso que estava em suas costas sem mostrar o quanto à missão era importante para ele. Um veterano, que tivera o avião abatido tantas vezes quando ainda era piloto raso dos antigos Tornados. Seria um salto na sua carreira e um tapa na cara de Callahan; Que tanto queria ser uma Malfoy, mas não passava de mais um americano na RAF. Não odiava, porém não era fã do seu superior. Se fosse contemplado com mais uma divisa, nenhuma formalidade o iria impedir de mostrar àquele que um mais um é dois.
Porém, não era hora de pensar nos problemas pessoais e sim começar a mentalizar a sua missão. Era uma questão de orgulho, pois logo atrás vinha Callahan com a segunda tropa, e não queria que nem mais uma Lancaster fosse derrubado sobre o seu comando.
Draco olhava para as cidades abaixo de seu pé, sem se dar conta que a vida de cada ser humano da região estava em suas mãos. Não comparava o seu serviço com a dos soldados do exército e da marinha, ele nunca havia combatido em terra, mas a sua tarefa era mais penosa, pois o seu inimigo era invisível e cruel. Não que não era provido de sentimentos humanos...não, não era isso. Ele apenas não gostava de bombardear cidades, pois seu inimigo não era a população alemã, mas sim o governo ariano. E não gostava de envolver pessoas inocentes em suas brigas...e aquela era a sua maior briga, lutar para devolver a liberdade a quem havia perdido tudo, até mesmo a dignidade. Não fazia isso porque era bom, fazia isso para o seu próprio bem.
-Malfoy, essa missão é muito perigosa, eu sei o que aquele grande elefante representa para Raich...
-Eu também sei, Daniel.-falou conciso.-Mas nem por isso estou tremendo, já passei por situações piores e presenciei muito dos meus homens morrerem por causa de uma mínima porcaria para começar a ter medo agora.-percebia nos olhos do forte Leigh o medo e a covardia, porém, entre seus homens o único sentimento em que eles não podiam nem pensar em sentir era a covardia. Ainda mais num homem tão habilidoso como Daniel.-Daniel, você foi o companheiro mais persistente e valioso na Lancaster Finishing School, em Syerston. Você sabe quanto difícil foi nos formar...Vimos companheiros morrerem na nossa frente,e absolutamente nada podemos fazer. Essa certamente não será nossa última missão, mas será uma que entrará para a História. E um dia o mundo irá saber que fomos nós.-falou severo.-Sou o capitão aqui, e o meu dever é selar pela a vida de todos, menos a minha.
-Estamos com apenas três aviões de bombardeios, e dois planadores.E aquela é a usina mais importante do país.-informou Daniel desligando o rádio.- Isso é suicídio, Malfoy.
-Que seja, mas nós vamos vencer.-falou confiante virando para o seu artilheiro.-A covardia não irá salvar a pele de ninguém...e se esse for o nosso destino que padecemos aqui, como heróis padeceremos, caso contrário não quero voltar a minha terra com a má fama de ser um "Falta de Fibra Moral".-concluiu ele lembrando os seus homens que a honra e moral eram sentimentos maiores do que a covardia, que atacava cada um quando estavam no campo de batalha.-E que eu seja um danado se caso sairmos da Alemanha sem pelo menos destruir um compartimento do Elefante Branco.
Era uma tripulação de sete pessoas. Sete homens coesos, cuja camaradagem era o elemento principal que os uniam há quase dois anos. Sabia das estatísticas que colocavam eles no topo dos números de morte...sabia que de cada 100 homens que entravam cinqüenta e um morriam. Era uma tarefa de alto-risco, porém, lhe proporcionava uma satisfação que só era conhecida no ato sexual.
-Senhor, estamos a cinco metros, e a artilharia alemã já está revidando.-falou Jack apontando para o radar.-Um Lancaster foi atingido na asa dianteira, mas ainda está em condições de combate.
Com o sangue correndo a mil Draco modificou a velocidade do avião. O Lancaster era uma máquina feita apenas para destruir, porém, não era tarefa fácil pilotá-la. Ainda mais quando já começava a ver a artilharia alemã respondendo aos ataques dos dois Lancaster com fibra e com vontade de ganhar aquela batalha. Os planadores sobrevoavam mandando informações importantes para o seu artilheiro que já começava a se posicionar. Ele fez um gesto mandando o bombardeado começar a atacar com força total.
-Dois Lancaster foram abatidos e outros dois estão obrigados a voltar para base devidos aos danos sofridos.-gritou Tomas o seu mecânico de vôo.-Apenas Callahan e nós estávamos no jogo agora, Malfoy. O que vamos fazer?-gritou Tomas de dor ao ser atingido no braço.
Malfoy se concentrou em seu objetivo, colocando o avião em uma rota segura, visualizou bem o centro da usina. Observou tudo até o perfeito momento em que o Lancaster de Tomas foi abatido ao tentar uma aproximação mais efetiva a usina. Sentindo o gosto de sangue na boca, não desistiu e não se deixou levar pelo o pânico. Tomas tanto como ele estava preparado para aquele dia... E aquilo era apenas um reflexo do nervosismo de Tomas.
Tomado pelo o sangue frio dos Malfoy, Draco começou a dar as ordens.
-Comuniquem a Gibson e Martin que distraiam a artilharia inimiga.-falava em autômato.-Em seguida lance a segunda mina, a terceira...até que a barragem se rompa.
-Mais alguma coisa, Draco?-perguntou Daniel novamente, mas desta vez havia pânico e covardia nos seus olhos.
-Sim...agora só nos resta rezar e presenciar o estrago com os nossos olhos.-respondeu segurando firmemente o controle do grande destruidor.
-E o major?
-Ele está a quatrocentos quilômetros de distância.-falou impaciente mordendo os lábios.- Essa usina de mais barragens...glória e fama para ele não vão faltar.-falou irônico, levando o avião para o trajeto já planejado atentamente por vários projetistas.
Foi nesse seguinte ataque, que Draco conseguiu provocar um colapso na grande estrutura de concreto.
Observando, consternado aquela situação... Draco viu sangue escorrer pelas mãos, como aquelas águas que escorriam por aquelas brechas e inundavam o vale. Perguntava-se...o quanto aquilo iria durar...e quantas pessoas ainda padeceriam pelas suas mãos. Quantas mais crianças teriam que morrer afogadas para que a ganância de alguns fosse saciada.
-Senhor...
-Sim Daniel?
-Você está bem, Draco?
-Melhor do que muitos...porém, minha consciência está pesada, mais pesada que esse bendito avião.-resmungou frio sem demonstrar a sua verdadeira emoção.-Porém, nasci para isso... e não sei fazer outra coisa a não ser matar.-replicou amargo.-Mande Gibson e Martin de volta para base.-mandou limpando o próprio sangue com a barra do uniforme.-Em seguida iremos nos locomover até a barragem de Eder. Que de paraíso, tinha o inferno...mas profundotirar e difícil...porém nada se comparava com a tristeza da sua alma naquele momento... odiava a si mesmo, por tamanha maldade.
O céu antes estrelado e iluminado pela a lua era encoberto pela a fumaça vermelha da destruição.
Era uma visão bonita, porém, mórbida. Quantas pessoas haviam morrido? Quantas pessoas ele havia matado?
Retirando os astródomos, um capacete com formato de uma bolha que permiti uma visão mais clara sobre o inimigo e descobrie os caminhos certos. Afinal em 1943 os céus da Europa era um campo minado.
-Mais uma Missão cumprida, senhor.-falou Jack eufórico.
-Ainda não... isso apenas é o começo.-resmungou limpando a testa com as mãos calejadas e banhada do seu sangue.-De um caminho frio e tortuoso.-falou abatido.-Alguém conseguiu entrar em contato com Weasley?
-Não, Malfoy... O avião do tenente sumiu...-comunicou Jack triste.-E há poucas chances de que ele tenha sobrevivido à queda. Infelizmente...a família é pobre, e um dos irmãos já morreu em combate... mas a vida é assim... hoje é ele, amanhã sou eu. Era um bom companheiro e vai fazer falta.
Ssssssssssssssssssssssss
Ficou marcado na História como a missão mais polêmica da segunda guerra... Mas a verdadeira realidade é que ninguém foi o mesmo depois daquilo. Foi o começo da derrocada final... foi o começo de um novo período. Certamente não foi o momento decisivo da segunda guerra, mas com absoluta certeza foi o momento decisivo na vida daqueles homens...
O fato é que no dia 16 de Maio de 1943, na fortaleza de Möhne e do Eder, no vale do Rhur a Raf fez algo que poucos acreditavam, além de ter sido um ato de coragem incrível, supôs um custo social considerável. Foi uma das missões mais espetaculares da Segunda Guerra Mundial.
GDGDGDGDGDGD
Centro da cruz vermelha...01 de Julho de 1943
Virgínia lia cada linha daquela missiva com uma dor insuportável no peito. Ron...havia morrido em combate...mais um ente querido morto pelas mãos cruéis da guerra. Já havia perdido a capacidade de chorar...e sabia que não tinha esse direito, mas ao pensar na pobre Hermione sozinha e com um filho pequeno para criar deixava o seu coração pequeno e bastante apertado. Como doía não poder fazer nada, muito menos acalentar sua mãe que devia estar com o coração mais uma vez em frangalhos se perguntado quem seria o próximo a morrer.
Foi um companheiro exemplar e as suas atitudes ficaram para sempre em nossas memórias.
Com pesar...
Ass: Major. Draco. Malfoy.
Era assim que se encerrava uma vida? Era assim que se colocava uma pedra sobre a existência de um homem? Com apenas um pesar e um acalento que só servia para deixá-la mais revoltada.
Para um oficial graduado que não sujava suas mãos com o sangue inocente era fácil falar que Ron havia morrido como um herói e sim como um assassino. Isso era realidade crua e nua a sua frente, e não podia passar por cima dela.
-Aconteceu algo, enfermeira?-perguntou a sua superior prestativa, colocando as mãos nos ombros dela. –Alguma notícia indesejada?
-Sim... madre.-falou beijando as mãos da mulher.-Problemas de família, que não queria citá-los nesse momento...
-Deve doer muito.-falou sentando ao lado dela.-Ter um ombro amigo para desabafar sempre alivia a alma.
-No meu caso, madre, nem mesmo a sua boa-vontade salvariam a minha alma desse sofrimento inquietante.-falou passando as mãos no rosto da velha senhora.
-A dor de uma perda querida é eterna. É única, e nunca vai ser apagada do seu coração e da sua memória.-sorriu beijando a mão da ruiva.-Mas não se pode viver do passado. Para honrar os nossos mortos temos que erguer a cabeça dar a volta por cima. Não por ele que já descansou, ma sim por você... e somente para você. –concluiu saindo da sala.
Sim, Ron e nem Gui voltariam mais. Eles se foram para sempre, e assim seria para eternidade. Sua família unida não teria mais dois membros, mas teria ela para consolar e rezar todos os dias pela as almas de seus queridos irmãos.
"Sim...isso mesmo, minha mana." Sussurrou uma voz carinhosa em seu ouvido. "Nunca desista dos seus sonhos... eu já não posso realizar o meu, mas você sim pode... Viva por mim, Ginny".
Era a voz doce e calma de Gui. Sabia que a voz poderia ser apenas da sua imaginação, mas seu coração dizia que Gui sempre estaria ao seu lado. Levantando a cabeça, presenciou o mais belo porto-sol da sua vida. Teve a certeza que no meio de tanta dor e tragédia ainda havia uma chance de ser feliz.
Viveria por aquele dia... E quando aquele momento fosse passado contaria para os seus netos com prazer que fora enfermeira e lutara junto com tantos homens por um futuro de paz. E conseguiria... Sim, conseguiria.
Continua...
Primeiramente fico agradecida pelas reviews. Nunca fiquei tão feliz na vida, ao ver que tenho tantos e bons amigos. Obrigada de coração mesmo.
Não queria me estender aqui...queria mesmo mostrar o quanto grata a cada um de vocês.
Obrigada: Miaka, Camila Castle, Carol, Anaisa,Milinha, Yukina Samoto, Neko chan, Hime Hayashi, Xianya, Nacilne,Nana Malfoy, Shoru, Killera, Angelina Michelle.
Foi um capítulo difícil. Tive que me dedicar muito e pesquisar bastante sobre esse período. Se caso gostarem deixem reviews. Qualquer manifestação será recebida com carinho e compreensão.
Beijos!!!
Até mais!!!
Anna Lennox
