Encontro em Cauborg

Beta: Bella Lamounier

Capítulo 4

Quem era aquele homem que a observava? Como ele podia sabe seu nome? Poderia perguntar-lhe se caso não estivesse paralisada pela timidez e encantamento... Nunca em toda sua vida tinha visto homem tão lindo e forte.

Os olhos cinzentos, a boca final e a face aristocrática deram-lhe a certeza de que aquele homem era seu conterrâneo. O brilho arrogante naqueles olhos magníficos mostrava apenas o poder que tinha por trás dele. A patente ela já sabia, bastava olha para qualidade do uniforme do oficial. O que não compreendia é porque ele procurava por ela. O rosto não era conhecido, o nome nem ao menos sabia e, além de tudo, não tinha nenhum contato sequer com soldados da RAF, a não ser com o seu falecido irmão.

Era sem dúvida uma situação caótica e muito, mas muito estranha.

"A senhorita é Virgínia Weasley? "- perguntou novamente, não escondendo o nervosismo.

"Sim... Sou Virgínia".

"Santíssimo seja." - murmurou ele, aproximando-se. "-Estou à procura da senhorita há horas... Por alguns momentos pensei o pior."

"Pensou o quê, major... ?"

"Malfoy."-apresentou-se ele, tirando o quepe."- Draco Malfoy. "- concluiu, pegando a mão fina e delicada dela.

Esse nome soava vagamente familiar. Malfoy... Poderia muito bem ser de algum ministro... Ou... Ron. Sim, Ron havia falado sobre ele. Aliás, havia falado demais até. Narrara em suas inconstantes cartas as aventuras perigosas que o "grande Rei" se metia, colocando em risco o bem-estar da própria tropa. Não era uma reclamação e sim uma declaração de que admirava aquele homem... O homem que agora fazia pequenas correntes elétricas percorrer o seu corpo.

Então, major Malfoy, o que havia pensado?- perguntou, livrando-se da mão dele, que estava sendo insistente e perturbadora.

"Que a senhorita não estava mais na cidade."- falou ele, dando as costas." - Afinal a cruz vermelha tem uma política rígida..."

"E a RAF também não tem, Major?" - perguntou indignada.

"Sim, mas é diferente."

"Como assim diferente?" - perguntou novamente, sarcástica. "- Pelo pouco que te conheço, major, já deu para perceber que você menospreza as mulheres."

"Você ainda não me conhece, menina." - falou ele, sorrindo com desdém. "- Porém, não nego que acho que lugar de mulher é bem longe daqui."

"Em casa?"

"Sim, senhorita Weasley."-confirmou, sorrindo ao ver a face dela corar de raiva."-Mas não é sobre mim o assunto que vim tratar com a senhorita."

"Então qual é o assunto de tamanha importância que te traz aqui nessa humilde campanha, Major?" - perguntou Gina ao ranger os dentes.

XXXXXX

Era agora ou nunca, pensou ele sentindo o coração saltar pela a boca. Amaldiçoava a si mesmo por se sentir tão impotente perante aquela frágil criatura. Não havia nada de bonito naquele meio pedaço de gente, a não ser os olhos expressivos e encantadores e os lindos cabelos cor de fogo, que em outra circunstância passaria despercebido por ele, afinal ele era um Malfoy é a última coisa que via numa mulher era o cabelo... Às vezes nem chegava a olhar para a feição de uma mulher. Não tinha tempo para detalhes tão insignificantes.

O sexo feminino só existia para satisfazer o desejo do homem e para servi-lo até quando a lei da gravidade permitisse. Não era um pensamento machista, era uma certeza... O lugar da mulher era em casa, protegida e esperando pelo marido ou pai. Esses sim teriam que estar ali, ajudando no que fosse possível. O lugar dela não era ali no meio de tanto sangue e caos...Vivendo uma guerra da qual não era direito ela participar.

Ele a tiraria daquele inferno nem que fosse a força.

"Então, Major, o gato comeu a sua língua!" - falou com pouco caso." - Ou você é outro fã que de tão apaixonado perdeu a fala perante a minha beleza?"

"Não fale asneiras, senhorita." - rebateu ele, incomodado com o sarcasmo na voz dela. "- Não perdi a fala pela sua beleza, pois isso é impossível perante a situação pouco atraente que a senhorita se encontra.".

Draco se arrependeu da frase logo em seguida, sabia o quanto as palavras haviam ferido aquela garota que, embora tentasse ser forte no interior, não passava de uma gatinha assustada precisando de proteção... Da sua proteção.

Droga, vira nos olhos dela que suas palavras alcançaram o objetivo não almejado. Ofendera profundamente a vaidade de Virgínia Weasley.

"Infelizmente... Senhor, eu não sou nenhuma atriz de cinema e nem tenho a aparência de uma. Além de tudo, a minha profissão não exige que a minha aparência seja impecável, já que a minha única função é salvar vidas e não tirá-las. "- falou amarga, não escondendo a mágoa. "- Por favor, retire-se, eu acho que não temos mais nada para falar um com o outro..."

"Não, você não entendeu, Virgínia..."

"Desde de quando lhe dei permissão para me chama de você ou me tratar pelo meu primeiro nome? "- reclamou, revoltada. "- O senhor me deve o mínimo de respeito..."

"Desculpa, mas..."

"Não há o que desculpar, Major."-falou sarcástica, apertando a jardineira do uniforme para não socar o lindo nariz daquele idiota."-Acho que não há mais nada a ser dito e RAF precisa do seu serviço. Afinal, da última vez houve muitas baixas e não deve ser nada fácil recrutar pessoas no meio de uma guerra para pilotar um avião tão perigoso."

"A senhorita está insinuando que sou incompetente?"

A culpa que sentia evaporou num passe de mágica. Quem era aquela mulher para julgar os seus atos? O que ela sabia sobre a sua atividade? Estava ali, mas não porque queria e sim porque o idiota ruivo o fizera prometer que cuidaria daquela menina burra.

"Não estou insinuando nada..."- falou tranqüila, passando por ele." - Agora tenho que ir, pois ao contrário de uma musa, Major, eu não tenho medo de sangue."

Aquilo foi demais para a sua cabeça, durante toda a sua vida fora acostumado a se tratado com mínimo de respeito, sua posição exigia isso. E agora uma menininha que mal saíra do cueiro o tratava com tamanho descaso e desrespeito. Talvez não fosse tão ingênua como o Weasley havia lhe dito... Afinal, a guerra tinha um efeito devastador para quem quer que seja.

O sangue ferveu em suas veias, quando percebeu já estava do lado dela segurando os braços frágeis com brutalidade.

"Me solte, Major!" - ordenou, irada. "- Solte-me, senão eu vou gritar..."

"Que grite, Weasley. Não tenho medo de você."

"Era para ter, afinal sou uma mulher e exijo respeito."

"Respeito? Não me faça rir." - falou, sarcástico. "- Como quer ser respeitada se é a única que não tem o mínimo de educação?"

"Só sou educada com quem merece, Major."

"E eu não mereço? Não estou aqui porque sou seu fã, menina. Por mim estaria bem longe daqui... Porém..."

"Me solte."-cortou irada."-Não sou uma mulher qualquer para ser tratada assim."

Draco percebeu que suas mãos a estava machucando... Sentiu um estranho prazer naquilo. Queria machucá-la, magoá-la da mesma forma em que ela arranhara o seu orgulho.

"Antes de soltá-la quero ter a certeza de que vamos conversar..."

"Não temos nada para trata um com outro."-falou concisa, tentando se livrar dos braços dele." - Eu não sei o motivo que o traz aqui, major, mas sei muito bem que posso mandá-lo para a corte suprema por assédio moral e violência contra uma voluntária humanitária. Garanto que uma notícia escandalosa como essa não iria apenas afetar a sua carreira como também sujaria o nome de sua família."

"Você não seria doida..."

"Seria, seria sim." - falou, quase gritando. "- Major, o senhor está me machucando... Não há motivo para agir com tanta violência."

"Será que não, Virgínia?"-perguntou ele, apertando o braço dela com força. "- Primeiro você me julga e logo em seguida ameaça me levar para a corte marcial por assédio..."

Agia como um animal, não tinha controle sobre os seus atos. Tudo isso era culpa daquela criatura. Estavam numa área isolada do casarão que virara um Hospital do dia para noite. Era assim que a guerra agia, ela era ardilosa e modificava tudo, até mesmo a rotina simples do povoado local. Não, não era um animal, ele raciocinava e percebia que estava agindo abruptamente, colocando seus planos em sério risco.

Se continuasse assim ela se negaria a vê-lo novamente. Só de pensar em nunca mais ver aqueles cabelos ruivos o oficial ficava desolado. Não, não podia perder a guerra travada com aquela menina pelo simples fato de ter perdido a primeira batalha.

Soltando os braços dela com delicadeza, Draco olhou para baixo, envergonhado.

"Desculpa..."

Virgínia preferiu o silêncio. Por mais que se sentisse ultrajada, não era do seu costume ser injusta e sabia que não tinha o direito de julgar o comportamento de ninguém. Era o seu dever compreender a fraqueza humana.

"Eu realmente preciso falar com você, Virgínia."- falou com um fio de voz. "- É sobre o seu irmão..."

OoooO

Jonan Sauer, médico recém formado em Oxford, tinha um futuro brilhante pela frente. Julgava-se um bom médico, tinha pacientes que o chamavam de "Deus", mas naquele momento se sentia um verdadeiro carniceiro. Por mais que tentasse acreditar que estava ajudando a humanidade a melhorar, isso não tirava o peso que estava em suas mãos... Acabara com a vida de um homem... Aleijara-o pelo o resto da vida.

Salvara a vida daquele senhor italiano, mas ao mesmo tempo tirara a chance dele volta a ser um homem de verdade.

Levando uma das mãos até a cabeça, Jonan sorriu para própria má sorte... Deveria ter seguido o conselho de seu pai e ficado na Irlanda ajudando-o com os pacientes camponeses. Mas pelo contrário, agira como uma criança revoltada e fora contra tudo a todos. Partira para uma guerra da qual não sabia os precedentes.

"Doutor?"

A voz programática da jovem enfermeira o tirou do estampo que se encontrava.

"Não encontro Virginia... Estou desesperada..."- ela falou, visivelmente transtornada.

"Fique calma, Mary."-falou, levantando-se do banco.

"Como posso ficar calma, doutor, quando o paciente... Aquele com face transfigurada... Está deixando o hospital inteiro louco com os gritos dele?"

"Dê sedativos a ele, ora."

"A única que consegue essa proeza é Virgínia, Jonan."

Sim, Virginia Weasley tinha o poder de encantar a todos... Não era exatamente bonita, mas tinha o seu charme e carisma, que de tão querida e amada fazia qualquer um cair a seus pés... O que era o seu caso. Embora ter, por diversas vezes, fracassado em sua tentativa de conquistá-la, não desistiria tão fácil... Sabia que mexer com Virginia seria uma perda de tempo... E tempo era algo valioso naquele instante. Mas precisava de uma distração... Senão ficaria maluco.

"Eu sei onde a enfermeira Weasley se encontra. "- informou, sorrindo." - Eu vou buscá-la..."

"Certo. Porém, avise-a que um recreio no meio do seu turno não é uma conduta esperada permitida pela regras da nossa divisão."

Regras, normas, ele sabia delas de cor... A culpa era dele, não deixaria que Virgínia fosse condenada por uma ordem sua.

"A culpa não é dela..."

"Não?"

"Não, eu notei que ela estava pálida e não queria mais um problema."

"Seja qual for à justificativa, Jonan, já não tem mais importância."- falou a capitã, nervosa."-Vá e traga a senhorita Weasley aqui, caso contrário eu seria obrigada a tomar uma atitude radical contra aquele senhor... Que Deus me perdoe, mas não nunca cuidei de um paciente tão chato e autoritário como aquele."

Não tão mais chato que ela, pensou Jonan sorrindo, acenando com cabeça para a Capitã preste a ter um ataque de nervos.

OoooO

"Não é possível..."- falou Ginny, abismada. "- Ron jamais proporia isso a você."

"E porque não?"-perguntou ele, intrigado."- Eu era o comandante do seu irmão."

"Sim, eu sei disso, mas isso não o torna uma pessoa confiável..."

"Olha, senhorita Weasley, posso não ser um exemplo de humano, muito menos sou igual aos homens do seu convívio, porém não é do meu feitio proteger mulher alguma. Nunca foi, ainda mais..."

"Ainda mais acreditando que o lugar de uma mulher é na cozinha e não no meio de uma guerra." - cortou rudemente. "- Me poupe, Major... Não preciso de sua proteção."

Ginny não acreditava que o seu irmão tivesse pedido aquilo... Ron mais do que ninguém sabia que ela não aceitava e nem precisava de um homem para protegê-la... Para ser sua babá. Era maior de idade e sabia o que fazia de sua vida.

"E você acha que eu queria está aqui?"-perguntou Malfoy.

"É o que parece..."

"Não, eu não queria ser sua bab�, porém o doido do seu irmão, antes de morrer, fez-me dar a minha palavra de que iria protegê-la."

"Pobre, Ron...Devia está agonizando."-comentou com certo drama.

"Não, ele estava em pleno juízo."

"Eu continuo não acreditando."

Que garota mais impertinente e chata. Pensou Malfoy, apertando as unhas na palma da mão. Nunca uma mulher o tirara do sério, porém a pequena Virgínia Weasley estava realizando uma proeza. Tinha que controlar a vontade louca de estrangulá-la.

"A senhorita faz mesmo jus a cor do seu cabelo."-afirmou ele, furioso."-Chata, impertinente e orgulhosa."

"Major, o senhor está me ofendendo."

"A senhorita que me chamou de mentiroso primeiro."

"Eu não sou orgulhosa!" - gritou Ginny perdendo a paciência. "- E muito menos acredito no senhor... Se sou chata e impertinente, você é pior do que eu... Malfoy, eu não acredito em nada do que você disse."

"A sua opinião não me importa, menina birrenta." - falou ele, tão ou mais nervoso do que ela. "- Para mim, pouco importa o seu futuro... Eu quero mais é que você vá para o inferno."

Era um Malfoy e não precisava ficar ali escutando os insultos de uma menina sem sal e açúcar que pensava ser a dona da verdade e que o julgava sem dar-lhe o direito de se defender.

"Vá o senhor para o inferno."- falou ela, completamente descontrolada. Se não estivesse em desvantagem física e fosse um homem, certamente estaria aos tapas com aquele... Aquele homem fastidioso e mentiroso.

Segurando a vontade de esbofeteá-lo Ginny ergueu a cabeça, deparando-se com o olhar interrogativo de Jonan. Respirando aliviada... Nunca ficara tão feliz com a presença daquele homem como agora.

"Virgínia... Pelo visto está precisando de uma ajuda."

Continua...

N/A: Desculpa, desculpa, pela a demora... Queria ter postado antes do previsto, porém, demorei a digitar o capítulo...e acabei perdendo algumas idéias que eram de desenvolvimento vital para historia. Mas graças a bom Deus eu consegui colocá-la em dia.

Bem, queria esclarece a participação de Jonan na história. A principio ele seria apenas mais um personagem de ligação, contudo não resisti à vontade de forma um (suposto) Triângulo amoroso entre Ginna-Jonan-Draco.

Porque Jonan e não Potter? Não que não goste de Harry, mas acho previsível demais ele ser um suposto par amoroso de Ginny. E eu sinceramente prefiro criar vários personagens a colocar um personagem tão complexo como Potter.

Queria agradecer a Anaisa, Nadia Maehara, Miaka, Camila, Mony, Nana Malfoy, Cassie MacFallen, Miaka, Paulinha Malfoy e Bebely Black. Obrigada mesmo! Não sei o que faria sem o apoio de vocês.

Por favor, não peço nada a não ser que deixem reviews!

Beijos!

Anna