Capítulo 6
Angustia e Rasgos
A Rosa Inglesa
By: Annah Lennox
Beta: Fab Lang
Uma semana havia passado e a rotina da população Cabourg não mudara em nada. Continuavam ir à igreja todas as manhãs e tomar o chá vespertino nas varandas e sacadas das casas, sem se afligirem com os constantes bombardeios.
A Luftwaffe estava mais do que disposta a acabar com tudo na pequena cidade litorânea entre o cabo da mancha e península de Howgate. O velho ditado popular explicava a ânsia dos ataques realizados pelos bimotores da força aérea alemã:
Gato escaldado tinha medo de água fria.
No caso dos alemães, era porque eles temiam que a vitória dos russos em Estalinegrado afetasse a marcha rumo à completa dominação da Europa. Embora o governo americano já preiteasse a rendição da Itália.
O que para Draco, estava bem próximo, pois boa parte do litoral italiano já havia sido dominado pela ação conjunta entre americanos e ingleses, sem contar que o partido fascista estava a ponto de ser dissolvido, com a total falta de apoio popular e sem seu líder mor, Mussolini, que no dia 24 para o dia 25 havia assinado à rendição e sido preso.
Estavam no dia 1º de agosto, a frustração já tomava conta de sua mente. Não tinha nada para fazer a não ser ler e enviar vários relatórios sem importância para o general que estava em Dozulé preparando a ofensiva contra as tropas de Hitler estacionada perto de um centro de investigação de foguetes alemão. A localização dessas tropas era um mistério, ainda mais com céu da Normandia dominadas pelos flak´s (fogo antiaéreo). Seus homens estavam impacientes, queriam ação e não mesmice de Cabourg.
"Não há mais condição, Major!" reclamara o bombardeador do B-25. "Antes fosse férias em Londres, mas em Cabourg? Isso é castigo...só pode ser. "
Sentado em barricada de cimento de frente ao mar entrincheirado, Draco retirava o quepe, colocando-o ao seu lado. Nada poderia fazer para entreter seus homens, os filmes já batidos não tinha mais efeitos.
Sorrindo com sarcasmo, admitiu ter decorado as falas da beleza da Ingrid Bergman em "Por quem os sinos dobram".
O marasmo prejudicava o emocional de cada homem sob seu comando. Nem mais as constantes folgas resolviam o problema, e isso era péssimo já que as brigas eram freqüentes, chegando a ter vitimas fatais.
Contudo o motivo real para o seu esgotamento emocional tinha um nome, Virginia Weasley! A ruiva o estava deixando louco com as constantes "falta de tempo" para discutir o assunto que era de suma importância. Ela simplesmente se negava a vê-lo, como se fosse um mero desconhecido.
Ruiva prepotente!
Ruiva teimosa!
Ruiva...
Odiava a sensação de que estava sendo ignorado. Esse não era um sentimento construtivo. Não quando seu corpo começava a reagir com uma simples troca de olhares entre ambos em uma visita fracassada que fizera há uma semana atrás.
Um Malfoy não podia ser descartado. Não daquela maneira. Não por uma ruiva.
Tinha que vê-la! Obrigá-la a ouvi-lo! Enfim, era Draco Malfoy, major da RAF e não um doutorzinho qualquer.
Iria ter uma audiência com a prepotente senhorita Weasley!
OoooO
Virginia estava de péssimo humor. O dia ensolarado só escurecia sua alma, com o corpo e a mente cansados queria apenas deitar em uma rede bem longe daquele clima seco e mortal.
A semana foi caótica, seguindo uma rotina que acabava com seus nervos. De manhã aconteciam os ataques aéreos, geralmente a população era a mais atingida, pois insistiam em pensar que nada acontecia ignorando as sirenes.
Não os culpava. Ela própria queria se trancar num mundo bonito, cheio de paz e amor, para fugir da realidade sangrenta que matava e mutilava.
-Enfermeira...-chamou o cabo.
-O que foi?-perguntou impaciente.
Tinha encerrado os cinco minutos de folga, e ela devia voltar para os seus doentes.
-Foi solicitada uma audiência com o Major Malfoy.- respondeu, constrangido passando a solicitação.
A face rubra, tão ou mais vermelha que a cor de seus cabelos, abriu o envelope pardo lacrado. Identificando o carimbo da RAF, teve a certeza de que era realmente o persistente voluntarioso Major.
Draco Mafoy...aff...era um paspalho. Será que não tinha orgulho! Burro não era já que era um graduado oficial, embora que um posto de importância não media à capacidade de ninguém, ainda mais sendo ele membro de uma importante aristocracia...tendo um belo nome, até ela poderia ser graduada. O nome sem dúvida abria as portas. Nem mesmo uma instituição séria como Força aérea britânica.
Conjeturando com os seus botões, não percebeu que o cabo afastava-se a deixando novamente sozinha.
A brisa fresca tocava sua face, refrescando a quentura que havia se apoderado de seu corpo. Afastando os fios rebeldes do rosto e os colocando atrás das orelhas, abriu a missiva em que era convocada para fazer uma palestra sobre primeiros socorros para os cadetes que haviam acabado de chegar à cidade.
Indignação não era a palavra correta para descrever o que sentia. Estava confusa, entediada e nervosa, nunca dera uma palestra em sua vida. Nem mesmo na escola. Sempre fora tímida e recatada. Fugia daqueles tipos de trabalhos para assim não se expor ao ridículo. E agora usando de uma artimanha furada, Malfoy tentava levá-la até ele.
-Idiota.-praguejou em um tom considerado alto.-Será que ele não sabe o significado da palavra "não"!
Amassando a notificação, Virgínia olhou para as mãos que há muitos não eram brancas. Estavam tingidas de vermelho. Não importava o quanto lavasse, sempre estariam ali para lembrá-la da matança.
Andando na direção do alojamento decidiu que iria. Não era mais uma menina tímida, e por isso tinha que enfrentar o que lhe era ordenado. Senão não valeria a pena ser enfermeira.
Mostraria para o loiro que podia sim, superar as expectativas.
OooooO
Dia 3 de agosto de 1943
-Continuo não achando necessária essa palestra, Malfoy.- falou o capitão indignado.-Ainda mais com uma enfermeira voluntária da Cruz Vermelha.
-Quem deve achar ou não necessário alguma coisa aqui sou eu, Capitão Temple.- respondeu ríspido, não aceitando a opinião de seu subalterno.
O homenzinho baixinho e calvo, cheio de pintas no rosto e com o nariz de batata, não se abateu com o tom de voz do Major, o que não surpreendeu a ninguém na mesa de reunião.
-Quantas vezes não fomos sujeitados assistir a palestras desse tipo na academia? Ninguém mais suportar ouvir falar sobre primeiros socorros.
-Para quem assisti todos os dias "Por quem os sinos dobram", revisar técnicas que podem salvar suas vidas em combate, não me parece ser uma má idéia. -resmungou Sean, colocando as pernas em cima da mesinha de mogno sem se preocupar com os papeis inúteis que ali estavam espalhados.- Além de ser uma distração atraente para os nossos meninos.-finalizou com um sorriso malicioso.
A reação de Draco foi imediata. Com um brilho mortal nos olhos, fuzilou Sean, que ficou pálido.
-Espero que nenhum jovem com problemas hormonais tente desacatar a Virgínia, caso contrário terei o prazer sádico de aplicar um severo castigo.- falou silaba por silaba entre os dentes, sem por nenhum momento falhar.- Mesmo que esse "jovem" seja um oficial.
Não esperava tal reação do amigo, mas ao escutar a intimidade que ele pronunciara "Virgínia" entendeu perfeitamente o motivo que o levava a insistir tanto naquela palestra.
-Certo, certo...-falou erguendo os dois braços em um sinal de entregar.-Entendi, não precisar ficar me fuzilando com o olhar, senhor.
-Quero respeito acima de tudo. -disse conciso.
-E terá, Major.-falou o capitão derrotado, olhando furtivamente para Sean que acendia um fedorento charuto.
Satisfeito, Draco relaxou o músculo dolorido da perna. Estava cansado e queria dormir um pouco antes da apresentação de Ginny, mas antes tinha que informar sobre a derrota idiota dos B-24, nos campos de petróleo de Ploesti na Romênia, onde mais de 84 bombardeiros haviam sido inutilmente perdidos, pois os campos continuavam com a sua rotina normal. A USAAF, ou simplesmente AAF davam a impressão de estarem brincando e não numa guerra de verdade. Robert estava dando assistências aos B-24 com um Liberator da RAF, mas nada podia fazer. Os flak´s haviam caído como chumbo pesado nos grandes e ineficientes B-24, não dando muita chance de vida para os pilotos e o restante da tripulação.
Ficara estranhamente feliz por Robert ter saído com vida, da fracassada missão, e isso nada tinha a ver com a suposta ligação consangüínea entre ambos. Era um bom piloto e ponto final.
-E no final sempre sobra para nós: "Bons soldados da RAF" salvar a pele dos Yankes.- resmungou o sargento rabugento.
-Sim.-confirmou Draco péssimo por ter que sempre repassar as noticias chatas.
-Pode falar, Draco! Aqui todos somos amigos e homens acima de tudo.
-Bem, lamento ter que informar que dois destacamentos serão removidos e terão que cobrir o altíssimo número de baixas na AAF. -falou erguendo a sobrancelha.
O silêncio e os olhares consternados tomaram conta da sala.
-O que não deixa de ser confortante.-falou Sean contrafeito.-Ficar estacionado nessa cidade, sendo isca fácil para o bombardeio alemão, não deve ser melhor do que entrar em ação.
Tossindo, sabia que não era verdade. Eram naqueles momentos em que o medo começava a tomar conta da alma.
-Espero por voluntários, se caso isso não acontecer, escolherei
aleatoriamente quem deve ir "ajudar" a AAF na Romênia. -falou Draco em seu papel de líder. -Darei o prazo de dois dias...E seja o que Deus quiser.
Dispensando todos, Draco se dirigiu até o pequeno jipe verde do exército que o levaria para a casa, aonde poderia repousar em paz, nem que fosse por meia-hora.
OooooO
Deitada na pequena banheira, Virgínia se banhava calmamente se preparando mentalmente para a palestra que daria naquele dia. Estava tranqüila, embora o frio no estômago não a abandonasse um segundo qualquer. A carta que havia recebido de sua mãe há um dia trás havia lhe dado o conforto que tanto precisava. Havia lembrado que ainda tinha uma família e que assim que a guerra terminasse, eles tentariam se reerguer juntos.
Cada palavra de sua mãe estava guardada em sua memória. Eram ternas, carinhosas e cheias de esperança, mesmo com a caligrafia feia e trêmula, sua mãe - que havia ultrapassado a barreira do semi-analfabetismo - para trazer um pouco de conforto.
Querida Virgínia...
Sinto tanta falta de nossa família, que meus dias aqui na Leicester têm sido secos e frios. A dor que parecia corroer minha alma a cada dia se transformou em uma profunda depressão, porém, mesmo sofrendo ainda tenho esperança de ver minha família meu lado um dia. É isso que me faz levantar todos os dias e respirar.
Junto com a sua tia, estou redescobrindo o significado das palavras "viver" e "Deus". Freqüento reuniões na igreja presbiteriana, e devo admitir que é o único alimento que a minha alma aceita.
Seu pai veio me visitar. São tão raras suas visitas que até aprendi a conviver sem elas. Ele está bem, querida, apenas excitado demais para sentir a dor da perda. Parece que ele ainda não acredita que os nossos queridos Gui e Ron já não vão estar ao nosso lado no próximo natal. Sinceramente acho que ele nada sentiu com perda de nossos meninos.
Posso afirmar que estou bem e feliz, não quero que se preocupe comigo e desvie do seu caminho, pois a quero viva e ao meu lado quando tudo isso acabar.
Rezo pela sua segurança todos os dias, Virgínia, fique sabendo que um pedaço do meu coração está com você e espero que o traga de volta, pois não sei se vou agüentar perder mais um filho.
Amo você...amo como apenas uma mãe pode amar. Lute, viva, salve e nunca padeça, pois essa é única forma de me fazer feliz.
Contudo não se arrisque...eu morreria se perdesse a minha única menina.
Fique com Deus!
Beijos!
Mamãe
Ela estava bem. Era isso que realmente importava. Jamais poderia trazer a antiga e dedicada mãe de volta, pelo simples fato de que duas partes dela haviam padecido junto com Ron e Gui. Molly nunca mais seria a mesma. Isso era um fato que não podia ser mudado. Porém o que deixava magoada era ver a falta de amor do pai para com sua mãe. Ele não conseguia demonstrar nem mesmo respeito com a dor. Seria mais confortante para elas que ele se distanciasse de vez.
Saindo da banheira, enrolou-se em um trapo e secou com paciência. Não ia passear, por isso não havia motivo para ser arrumar. Vestiria um vestido azul simples, quase sem nenhuma prega que modelasse seu corpo, e por cima colocaria o casaco branco que combinava com o sapato e a meia-calça.
Escovando os longos cabelos ruivos, Ginny deu uma olhadela no espelho ficando satisfeita com o que via. Parecia uma senhora respeitável e não uma moça de quase vinte e dois anos. O vestido era um pouco abaixo do joelho, a meia-calça rústica, nada tinha de sensual, e o casaco escondia as curvas generosas de seus seios.
O rosto não tinha um pingo de maquiagem, não passara nem mesmo um simples batom nos lábios carnudos. Prendendo o cabelo num coque severo, sorriu. Sim, estava vestida de maneira apropriada. Seria direta e franca, não permitindo gracinhas ou piadas.
Abrindo a porta, Ginny riu para a amiga, Jane Gordon, uma bela loira, que possuía um tocante par de olhos azuis pálidos, que contribuía em muito com o toque angelical que só ela tinha.
-Como estou?-perguntou já sabendo a resposta.
-Está parecendo a minha bisavó Magda.-respondeu sarcástica.
-Ora, era justamente essa a impressão que quero passar.
-Continuo achando que um decote e uma leve maquilagem não iriam contribuir com a desmoralização de sua imagem.
-Eu não quero seduzir nenhum cadete, Jane. Quero apenas cumprir o meu papel e ir embora.
-Não acredito nisso.-respondeu maliciosa.-Não sou eu que sou perseguida por um Major sexy mesmo!
-Perseguida! Sou molestada por aquele homem. -falou em tom dramático. -Além do mais nem o acho tão sexy assim...é bonito...mas sensual jamais.
-Então além de burra, é cega!-brincou jogando o travesseiro na amiga.
-Só estou indo por um único motivo, Jane, e você sabe qual é.-falou assumindo a mesma postura séria de antes.-Não posso violar uma solicitação, embora essa seja o meu maior desejo.
Continua...
Bem, vou ser breve que meu tempo é curto. Xd
A partir do próximo capítulo vai ter mais um toque de romance entre Draco e Ginny. Eu vou acelerar, porque meu desejo é acaba com ela o mais rápido possível. Devo admiti que esse capítulo não foi um dos melhores...desculpa.
Kah: Olá! Obrigada, Kah. Não eu não me inspirei em nenhum livro, mas pesquiso muito, muito em livros de História, o que chegar ser "estéril" às vezes. Rs Bem que eu queria que alguma editora lançasse um romance sobre a 2 GM. Mais uma vez obrigada! Beijos!
Nana Malfoy: Ki vergonha (Annah se esconde...)! Demorei de novo, né! Juro que o próximo serei mais ágil, ainda mais que fiquei devendo muito nesse. Obrigada! Beijos!
Fioccos: Oie Paulinha! Bem, eu acho que demorei de novo (repete: Ki vergonha!), mas juro que serei ágil com próximo. Rsrs A guerra é o caos. Não sei o motivo que isso instiga tanto o poder. Obrigada! Beijos!
Anaisa:Oie migaaaa! Obrigada pelos os parabéns! Espero continuar sendo sempre sua amiga! Beijões! Brigada!
Miaka: Oi Mi! Aqui está! O que achou? Foi um capítulo um tanto "improdutivo". Acho que falhei ao escrevê-lo. O próximo vai ser melhor...tem que ser. Você sabe que adoro Jonan, mas não vou se má. Acho que o amor de Draco e Ginny vai ser mais forte nesse caso. Beijoss!
Brigada!
Estrelinha W.M: Olá! Acho que fiquei devendo, estelinha... Mas no próximo como já prometi vai ter mais DG. Tem que ter! Beijosss! Brigada!
Nadia S. : Olá Nadia! Eu também prefiro a Virgínia em vez de variação do nome dela. Bem, eu acho que Jonan (coitado) vai ficar vendo navios, embora não resista a ele. Mas acredito que ele vai ser um grande amigo... Eu não vou ser tão má com a Ginny.xd Beijossss! Brigada!
Bebely Black: Olá! Bem... você tem o direto de me acha uma louca, mas eu acho que vivi naquele tempo. Desde pequena fui apaixonada pela a 2 GM. Lia tudo, até hoje tenho livros excelente. Contudo, eu estudei bastante e ainda estudo. Rsrs Beijosss! Obrigada!
Mary Wood: Obrigada Mary! Olha, foram dois anos que aprendi muito. É bom escreve, pelo simples fato de que tudo isso é um incentivo. Espero que não pare com a sua fic! Quero sabe mais sobre a Sarah e qual é o papel dela na trama. Beijos! Obrigada!
Sem mais...espero por reviews, embora sei que esse capítulo não é digno de comentários. Mas, por favor...
Beijos!
Até mais!
Annah C. Lennox
