CHAPTER 6

O clima lentamente começou a se tornar mais quente conforme os dias se passaram. Depois de decidirem que viajariam juntos pela rota em direção ao Novo Mundo ambos os capitães dos Crossbone e Kid Pirates também haviam concordado em permanecer naquela ilha por mais alguns dias a fim de aguardar por um clima melhor para a partida, assim como dar conta de conseguir o máximo de suprimentos possíveis antes de navegar outra vez pela Grand Line. Conforme uma nova manhã nascia a temperatura havia aumentado e parte da neve no terreno começava a abaixar, derretendo sob a luz do sol que espiava por entre as nuvens brancas no céu. O capitão de cabelos intensamente vermelhos se encontrava em seu workshop naquela manhã, apertando parafusos de uma pequena balista que ele havia construído do zero com partes que encontrara em seus local de trabalho. Mesmo depois de concordar em navegar junto da rival Kid ainda se sentia ligeiramente incomodado, ciente de que aquilo seria inegavelmente beneficial. O fato de basicamente garantir que iria passar mais tempo com Echo o deixava tenso e satisfeito ao mesmo tempo, conflitante entre se sentir irritado com a perspectiva ou animado por ter novas oportunidades de provar à ela como era superior.

Pensativo Kid ergueu seu rosto de seu trabalho para espiar na direção da arma que a mulher de cabelos azuis tinha entregado para ele algum tempo atrás; estava disposta em seu display junto com as outras e era constantemente limpa e polida assim como as outras peças da coleção de Kid. Murmurando para si mesmo o ruivo balançou seu rosto soltando um suspiro aborrecido começando a se recordar do momento em que recebera a arma dela, e cada vez que Echo entrava em sua mente seu primeiro instinto era se fechar de forma defensiva, conflitando intensamente com a maneira como se sentia sobre ela. O dia mal havia começado mas Kid já temia os tipos de comentários que seu melhor amigo Killer lhe diria agora que as duas tripulações estavam sob uma trégua. Levando sua mão direita até sua têmpora o ruivo suspirou já se preparando mentalmente para lidar com as provocações do primeiro imediato e da atitude constantemente insuportável de Echo.

Despertando de seus pensamentos o capitão moveu seu rosto no que seus ouvidos captaram um som vindo do lado de fora do navio e então Kid se levantou a fim de investigar, deixando seu workshop e caminhando até o convés de seu navio para observar os arredores atentamente. O navio de Echo, a Iron Maiden, agora havia sido movido e ancorado ao lado da Victoria Punk; e notando movimento no terreno em frente ao navio preto e prateado Kid ergueu uma de suas sobrancelhas percebendo que o construtor da capitã estava ali com ela, aparentemente treinando logo cedo. Akira sustentava placas de madeira em seus braços e frequentemente as atirava para cima e para a frente como frisbees em alta velocidade, fazendo com que Echo saltasse no ar rapidamente e colidisse suas garras de ossos contra os projéteis os despedaçando com facilidade no ar, deixando cair apenas as lascas e os estilhaços de madeira pelo ar diante de Akira que inteligentemente usava os óculos de aviador sobre os olhos para evitar que qualquer coisa que caísse o atingisse.

Murmurando Kid debruçou-se sobre a borda de seu navio como se para assistir e julgar o treinamento de Echo com um sorriso arrogante. Seria divertido ver como ela treinava afinal, e se dependia de meros alvos inanimados como aqueles para fazer sua rotina. O homem de cabelos castanhos presos em um rabo de cavalo prontamente notou sua presença mas manteve-se calado com o cachecol ao redor da parte inferior de seu rosto apenas atirando mais placas na direção de Echo que habilmente os partia em pedaços com um sorriso tranquilo, posicionando-se em seguida para a próxima leva. Assim que ela também notou que Kid estava ali e observava de seu navio, ela endireitou seu corpo e bufou.

– O que está fazendo aí em cima?

– Observando você apenas fazer barulho – Debochou Kid com um sorriso insinuando que aquele treinamento não era eficiente de verdade.

– Ah, é? – Ela cerrou os olhos cor-de-rosa flexionando as longas garras antes de abrir um sorriso provocante, fazendo um gesto com sua mão coberta de ossos. – Por quê você não vem aqui então, e me mostra como se faz?

Piscando o ruivo soltou um som aborrecido, cerrando os olhos. – Pfft... Se eu fizesse isso, mostraria com facilidade como são habilidades de verdade...

– Então mexa seu traseiro, idiota! – Echo se inclinou para frente de forma desafiadora debochando-o com um olhar travesso. Akira permanecia no mesmo lugar mas sorria ciente de que Echo estava provocando o outro para fazê-lo juntar-se à ela, fazendo um gesto para a capitã antes de começar a se afastar deixando o terreno amplo limpo para ela.

Rosnando Kid cerrou os dentes e moveu-se com raiva, repentinamente saltando sobre a borda de seu navio para pousar no chão abaixo fazendo sua capa vermelha esvoaçar antes de endireitar seu corpo forte, erguendo os braços e estralando os ossos de seu punho direito arrogantemente. Conforme ele começou a se aproximar de Echo pomposamente ela abria ainda mais seu sorriso, trocando de peso sob seus pés de forma animada e erguendo as garras mostrando estar pronta para começar. Assim como Kid antes estivera fazendo, Dante e o doutor Corvo observavam da beirada da Iron Maiden, ambos assistindo a situação abaixo com atenção.

– Lá vão eles outra vez. Será que pode passar um dia sequer em que eles não se desentendam? – Corvo riu de leve parecendo intrigado, inclinando o rosto levemente para um lado como uma ave, a máscara de bico em seu rosto.

Dante murmurava de forma pensativa, descontente em ver que Kid parecia sorrir como se estivesse planejando pegar pesado. – ...Eustass é perigoso. Mesmo que não seja a sua intenção ele pode acabar fazendo alguma idiotice... Se ele sequer arranhar Echo, eu acabo com ele.

Piscando, o homem de cabelos negros ao seu lado soltou mais uma calma risada.

– Acalme-se, Dante... É apenas um treinamento amigável. Veja! Eles já começaram.

Os olhos amarelos do navegador no entanto já estavam mirados na cena antes mesmo dela começar, os lábios franzidos de preocupação como sempre fazia quando temia pela segurança de Echo, seja qual fosse a situação. Um segundo antes da fala de Corvo, ambos Echo e Kid haviam avançado rapidamente na direção um do outro, chocando-se e começando o embate matinal. A capitã movia-se com rapidez da mesma forma que fizera na primeira vez que batalhara com o rival mas mantinha-se na ofensiva pela maior parte do tempo, usando de suas garras para atacá-lo firmemente enquanto Kid esboçava um sorriso convencido toda vez que bloqueava e desviava seus golpes usando seu braço esquerdo metálico, por sua vez retaliando com gritos de guerra ao desferir seus golpes contra ela, fazendo com que quaisquer objetos de metal ao redor estremecessem devido aos seus poderes. Kid tentava atingir a mulher à sua frente repetidamente mas internamente admitia estar impressionado com a velocidade com que ela criava armadura de ossos no local onde iria acertá-la, assim como a resistência daquelas armaduras. Com certeza os poderes dela não criavam ossos comuns, e divertido pelo desafio Kid continuou na luta, travando um embate acirrado contra Echo que o tempo todo também sorria, movendo-se com sagacidade e tentando frequentemente encontrar um jeito de derrubar o rival.

Quando teve a oportunidade de empurrar Kid para longe depois de colidir com ele Echo saltou e começou a gritar prestes a lançar um golpe em sua direção, piscando assim que viu o sorriso no rosto do ruivo momentos antes dele se cobrir com os dois braços que repentinamente estavam cobertos por peças de metal e armamentos que ele fizera flutuar em sua direção vindo de seu navio. Agora mais fortemente armado Kid soltou uma vitoriosa risada estendendo os grandes braços metálicos aos lados de seu corpo, abrindo um confiante sorriso ao que Echo bufou.

– É assim que vai ser?

Rapidamente Echo então agitou seus braços em movimentos velozes e revestiu ambos por completo, uma grossa e espessa armadura feita de ossos cobrindo-a desde a ponta de suas garras até seus ombros, como se imitasse os poderes de Kid. Piscando o ruivo bufou de volta ainda sorrindo e avançou contra a rival outra vez ao mesmo tempo que ela, colidindo outra vez um contra o outro e começando outra veloz sucessão de golpes. Ambos pareciam se equiparar de forma igual e não aparentavam estar pegando leve apesar de tomarem cuidado para não perfurarem ou ferir o outro com muita gravidade; mas para a surpresa de Kid a capitã repentinamente projetou um afiado espinho de ossos de seus punhos que perfurou e estilhaçou um de seus braços feitos de pedaços de metal, fazendo com que as placas e peças caíssem no chão deixando o rival surpreso à sua frente. Antes que se recuperasse Echo repentinamente fez a mesma coisa com seu outro braço em um movimento giratório, despedaçando então ambos os armamentos de Kid; piscando o ruivo cerrou os dentes com raiva mas levemente arregalou seus olhos quando viu Echo vindo com velocidade em sua direção, derrapando com suas botas de couro até que estivesse diretamente à sua frente e então arremeteu uma de suas pernas para trás, então subitamente investindo com ela bem em direção à área entre as pernas abertas de Kid à sua frente.

– NÃO! PARE! – Kid gritou em pânico de repente com seus olhos arregalados vendo e temendo o que estava prestes a acontecer, desesperadamente levando as suas mãos à sua área sensível na tentativa desesperada de se proteger; fechando os olhos com força o ruivo cerrou os dentes empalidecendo apavorado pela dor agonizante que estava prestes a vir mas então abriu os olhos outra vez para espiar notando que a perna de Echo havia parado a alguns centímetros de onde ela mirava antes.

– Heh – Echo sorriu de forma travessa antes de subitamente pegar impulso e lançar um soco com toda sua força diretamente no rosto de Kid com sua mão direita, atingindo-o em cheio e fazendo com que o ruivo soltasse uma exclamação dolorosa antes de sair rolando para trás descontroladamente pelo terreno lançado pelo súbito golpe dela.

Tanto Dante quanto Corvo e Akira assistiam de olhos arregalados estupefatos com o que tinha acontecido mas internamente sentiram-se aliviados que Echo não tinha acabado por fazer o que ela tinha ameaçado fazer, uma gota de suor escorrendo pelo rosto dos três. Até mesmo Killer - que espiava tudo como sempre do convés da Victoria Punk - tinha se sentido temeroso pelo bem estar de seu capitão devido àquele golpe que quase o atingira em cheio onde mais doía...

Tendo espalhado terra e poeira ao redor Kid estava caído de costas no chão com uma marca em seu rosto onde tinha sido socado, os olhos ainda girando de maneira zonza pelo susto e pelo golpe que recebera de Echo. Rosnando o ruivo rapidamente agitou seu rosto e começou a se sentar levando a mão direita até seu rosto marcado cerrando os dentes, então arregalando os olhos para urrar escandalosamente na direção de Echo:

VOCÊ FICOU COMPLETAMENTE MALUCA??! ISSO É GOLPE BAIXO!

Echo soltou uma risada colocando as mãos em sua cintura divertida. – Você não disse nada sobre golpes baixos estarem fora do jogo... Mas eu sei que você não quer ser atingido em seu ponto fraco.

E ela sorriu travessa antes de dar uma piscada fazendo com que Kid erguesse seu punho fechado na frente de seu corpo enraivecido, colocando-se de pé e seguindo pelo rastro de destruição que ele tinha feito pelo terreno para começar um contra-ataque furioso. Ainda divertida Echo continuou seu embate contra ele por mais um tempo conforme Killer, Dante, Akira e Corvo assistiam, cada um em seu lugar; e eventualmente ambos os capitães pareciam diminuir a velocidade de seus movimentos aparentando cansaço.

– Estou morto de fome – Kid expirou entre os dentes sem pensar, e piscou ao notar que Echo assentiu à sua frente, recolhendo suas garras.

– Eu também... Vamos comer alguma coisa? – E ela sorria displicentemente como se segundos atrás não estivesse lutando fervorosamente contra Kid e que não tinha quase o atingido onde doeria por semanas.

– Que tal irmos comer em algum lugar na cidade? – Fora Akira que se pronunciou chamando a atenção de ambos Kid e Echo que piscaram curiosamente, assim como Dante que olhou em sua direção surpreso e preocupado com aquela sugestão. – Deve haver algum restaurante por aqui. Assim não precisamos fazer ambos os cozinheiros de nossas tripulações trabalharem dobrado hoje.

– Hm – O ruivo apenas fez parecendo pensar no assunto antes de cruzar os braços sobre o peito forte e coberto de cicatrizes, assentindo com seu rosto. – Me parece uma boa idéia. Killer, convoque a tripulação e diga que vamos pra cidade procurar comida. Eles dão um jeito de nos encontrar. Vamos embora!

...

...

...

A porta do restaurante se abriu conforme o homem de cabelos negros e casaco marrom adentrou a sala de entrada dirigindo-se até o garçom que aguardava para receber novos clientes. Um tanto intimidado pela figura daquele homem curiosamente alto e seus olhos amarelos o garçom piscou mas manteve sua postura recebendo-o ao curvar-se respeitosamente antes de perguntar:

– Como posso ajudá-lo hoje, senhor? – O jovem de cabelos castanhos perguntou de maneira educada ao se endireitar, observando o recém-chegado que parara à sua frente.

– ...Vocês recebem piratas? – Dante perguntou cautelosamente. Já tinha feito aquilo várias vezes antes, no passado. Bares eram mais lenientes quanto à presença de piratas mas ele sabia que restaurantes eram diferentes, e suas limitações podiam ser problemáticas.

– Ah – Piscou o garçom surpreso com a pergunta, olhando para ele de novo por um momento intrigado. – Bem, eu...

O olhar do navegador era calmo e paciente. – Eu sei como pode parecer, mas eles são, na maior parte, inofensivos. Não quebrarão nada e se quebrarem, nos responsabilizaremos de compensá-los. Vou entender se não quiserem recebê-los.

O jovem parecia ainda mais intrigado com a situação, piscando outra vez. – Você é um...?

– Sim – Dante respondeu com tranquilidade, mantendo sua expressão.

– Bem, se forem todos como você eu não vejo por que teria algum problema...!

– Nem todos são – O navegador admitiu com um suspiro mas logo adicionou. – Mas eu me responsabilizo por qualquer coisa que acontecer. Estamos dispostos a pagar bem pelo seu trabalho.

Erguendo as sobrancelhas o garçom fez então um gesto com seu braço em direção à parte interior do restaurante de forma convidativa, com um sorriso. – Pode trazê-los então! Estamos com pouco movimento hoje então faremos o melhor para serví-los!

Dante assentiu parecendo aliviado e antes que o garçom se desse conta o restaurante subitamente estava repleto de piratas, pelo menos uns 30 deles, de uma forma que ele nunca havia visto antes. Quando a porta fora aberta outra vez por ali passaram pessoas de diferentes tamanhos e estilos fazendo com que o jovem piscasse atônito e um pouco receoso, então piscando conforme cada um se acomodou rapidamente no restaurante e ergueram os copos vazios alegremente prontos para serem servidos. Intrigado por todas aquelas pessoas curiosas o garçom então olhou novamente em direção à entrada quando escutou um som vindo dali e piscou vendo que duas pessoas estavam ali prensadas na passagem da porta, chiando e bufando estando emperrados um com o outro; muito provavelmente depois de terem tentado se acotovelar para ver quem entraria primeiro.

– Desgrude de mim, sua bruxa! – Rosnou Kid tentando se soltar enquanto Echo colocava uma mão sob o torso dele na tentativa de empurrá-lo para trás.

– Saia você! Quem mandou tentar entrar primeiro, EU ia entrar primeiro!

Piscando com uma gota de suor no canto de seu rosto o garçom parecia confuso até que Akira sorriu do lado de fora e deu um pequeno empurrão nos dois capitães fazendo com que ambos se desprendessem da porta e caíssem para a frente soltando exclamações, empurrando um ao outro novamente para se colocarem de pé diante do jovem que estava ali.

Limpando a garganta o garçom endireitou as costas: – O que vão querer?

Kid abriu sua boa para exigir seu pedido mas piscou quando a mulher de cabelos azuis ao seu lado foi mais rápida e ergueu seu braço no ar, agitando-o com entusiasmo antes de dizer:

– O seu menu inteiro! Tudo!

– Tudo...?

Os piratas gritaram empolgados e apesar de um pouco intimidado o garçom assentiu ao que se dirigiu à cozinha (podia-se escutar as exclamações de "Eles querem tudo! Preparem de tudo e preparem muito! Façam seu melhor!" vindas de dentro da cozinha) e logo começaram a vir os mais variados tipos de comida sendo servidos em elegantes bandejas de prata, acompanhados de bebidas de todos os tipos como vinho e cerveja ao que eram colocados sobre as mesas aos lados dos pratos recheados de alimentos de aparência deliciosa. Sem demora ambas as tripulações se colocaram a comer com animação e até mesmo os garçons do restaurante pareciam se divertir movidos pela adrenalina de servir tantas pessoas famintas ao mesmo tempo, seus sapatos chiques ressoando no chão conforme iam e vinham da cozinha trazendo cada vez mais comida para os piratas ali presentes. Echo estava mastigando uma coxa de galinha com um sorriso sentada ao lado de seu irmão tendo as costas para o lugar onde Kid havia se colocado, e ela repentinamente arregalou os olhos chocada soltando uma exclamação alta quando viu um novo garçom se aproximar colocando mais uma nova bandeja cheia de diversos pratos sob a mesa.

– Isto aqui são... Fatias de batata assada com alho e parmesão? – Os olhos de Echo brilhavam de maneira cômica devido ao seu repentino entusiasmo no que ela admirava a comida disposta dentro de um prato de cerâmica levemente fundo e perfeitamente branco. – É o meu prato favorito!

Atrás dela Kid soltou uma risada debochada conforme Echo trazia o prato para perto de si, então espiando na direção do ruivo sem entender.

– Que infantil... Agir dessa maneira por causa de uma comida boba! – Ele riu de maneira provocadora, um sorriso em seus lábios pintados de vermelho. Kid tinha colocado seu braço esquerdo sob as costas de sua cadeira e espiava na direção da rival debochadamente, o que fez com que Echo defensivamente começasse a discutir com ele antes do olhar do capitão se distrair ao mirar novamente na direção da bandeja de prata sob a mesa dela, então notando algo. – Espera aí... Aquilo são rolinhos de repolho?

– É o quê? – Echo disse com a boca cheia enquanto mastigava suas fatias de batata assada cobertas de queijo, então sorrindo de maneira travessa ao perceber o brilho nos olhos de Kid ao notar o prato de seu interesse. – Ah, veja só quem está babando agora! Você quer, é?

– Hng...! – Kid repentinamente hesitou cerrando os olhos defensivamente, cerrando os punhos em seguida. – Apenas me dê logo isso!

Echo afastou o prato com os rolinhos de repolho cobertos de molho atrevidamente, um sorriso arteiro em seu rosto. – Peça com jeitinho.

– VÁ SE LASCAR! – Kid vociferou de volta.

– Garçom! Pode jogar esses aqui fora? – Echo agitou uma mão no ar falando de maneira pomposa como uma madame rica tentando chamar a atenção do jovem garçom adiante e Kid soltou um som engasgado antes de repentinamente se colocar de pé derrubando sua cadeira antes de agarrar o prato com os rolinhos defensivamente, afastando-os da mulher de olhos cor-de-rosa.

– DE JEITO NENHUM!

Echo olhou para ele com um brilho divertido nos olhos e se colocou a gargalhar calorosamente, o que fez com que Kid cerrasse os olhos mas franzisse os lábios em seguida como se tentasse segurar um sorriso. O capitão de capa vermelha se sentou outra vez e começou a devorar os rolinhos com gosto parecendo se deliciar com eles como uma criança alegre e seu comportamento fez com que Echo pulasse com sua cadeira para perto dele de maneira divertida, espiando para seu prato e fazendo com que Kid repentinamente piscasse, afastando os rolinhos dela como se temesse que ela fosse fazer algo de ruim com eles, tendo um pendurado na boca. A mulher apenas rolou os olhos e riu, então oferecendo uma troca já que queria experimentar aquela comida que ele tanto gostava. Intrigado, Kid murmurou mas eventualmente alcançou um rolinho na direção de Echo, colocando-o sob a mão dela antes de aceitar a fatia de batata que ela o entregou com um sorriso. Os dois então experimentaram o prato favorito um do outro e pareciam agradavelmente surpresos enquanto mastigavam, espiando na direção um do outro de vez em quando.

O jantar dentro do restaurante não demorou muito até que se tornasse uma festa por completo, mais uma vez tendo os piratas a cantar e celebrar de maneira escandalosa mas alegre dentro do estabelecimento enquanto comiam e tinham os braços sobre os ombros de seus companheiros alegremente; e toda vez que algum dos tripulantes de ambas as tripulações chamava Echo para conversar e cantar Kid cerrava os olhos de maneira ciumenta sem perceber, mastigando sua comida de forma aborrecida. Akira se servia enquanto ria junto de seus companheiros e tentava instigar Killer a comer alguma coisa empurrando um prato de spaghetti em sua direção sem saber que o loiro suava por dentro do capacete, e Dante comia de maneira educada enquanto espiava na direção da irmã com frequência, assistindo conforme ela cantava e se divertida de vez em quando sendo puxada para perto por um Kid rabugento que parecia exigir sua atenção de forma ciumenta.

Intrigado e pensativo o navegador tocou em sua comida com a mente repleta de preocupações apesar de todo o barulho ao redor, estando acostumado à badernas como aquela; e depois de um tempo a maioria dos piratas já terminava de comer sentindo-se satisfeitos conforme o jovem garçom mais uma vez se aproximava das mesas perguntando se podia fazer mais alguma coisa por eles, visivelmente cansado mas feliz pela energia caótica mas engraçada daqueles piratas barulhentos.

Echo abriu um sorriso conforme se colocou de pé e virou-se em direção ao jovem de cabelos castanhos e terno preto.

– Acho que por hoje vai ser só isso. Tome isto aqui pelo seu bom trabalho! Deve ser o suficiente, né? – E Echo sorria conforme ela retirou de um de seus bolsos um enrolado e grosso rolo de muitas notas de Berries, fazendo o garçom empalidecer surpreso, suando frio ao aceitar.

– É... É o suficiente sim...!

Echo fechou os olhos ao rir. – Que bom! Este aqui agora é só pra você, por ter sido legal em nos deixar entrar. Não conte pra ninguém, ok?

E a mulher de cabelos azuis ofereceu mais um rolo de dinheiro um pouco menor desta vez, fazendo com que o garçom corasse de maneira surpresa, aceitando o presente com um sorriso e os olhos brilhando. – M-Muito obrigado, senhorita! Volte quando quiser!

Mastigando o restante de sua comida Kid espiava a cena repentinamente cerrando os olhos de forma rabugenta, repentinamente desgostando daquele garçom e sentindo uma súbita necessidade de lhe dar um soco na cara.

Um tempo depois todos os piratas haviam saído do restaurante alegres e satisfeitos, prontos para seguir com o dia atrás de seus capitães que lideravam os grupos de volta aos navios debaixo do céu tranquilo do dia. Echo espreguiçava-se e esticava os braços para cima com um sorriso antes de abaixá-los repentinamente parecendo entristecida.

– O que que foi? – Kid piscou sem entender, erguendo uma sobrancelha enquanto andava ao seu lado. – Engoliu uma mosca ou algo do tipo?

– Eu ainda estou chateada por ter perdido o tesouro... – Ela murmurou fazendo um biquinho.

– Tesouro?

– O tesouro, a Opala do tamanho de um punho – Echo soltou um pesado e desejoso suspiro, movendo os braços para gesticular enquanto falava.

Kid pausou e ergueu algo que tirou de seu bolso atraindo o olhar de Echo, que arregalou os olhos cor-de-rosa em absoluto choque em ver uma Opala azul resplandecente e gigante brilhando na mão direita do ruivo. – Esse treco aqui?

– E.. Eu... Como é que...? – Echo piscava repetidamente atônita como se hipnotizada pela pedra ao mesmo tempo que se sentia extremamente confusa.

– Pfft... Eu achei junto com os caçadores de recompensa. Parece que tinham roubado ou algo do tipo. Você quer?

– Você daria pra mim?

Kid bufou trazendo a Opala para perto de seu peito, uma expressão de falso aborrecimento no rosto. – Se você não quiser, eu fico com isso...

– NÃO! Eu quero! – Echo pulou no lugar enquanto andava lançando um olhar suplicante na direção de Kid, que ergueu as sobrancelhas e então gargalhou pomposamente antes de oferecer a pedra para a rival, que a aceitou com os olhos brilhando. A mulher de cabelos azuis segurou a Opala com júbilo antes de piscar, espiando na direção do ruivo outra vez. – Espera aí... Faz dias que saímos dali, como você ainda está com essa pedra?

Piscando, o ruivo olhou para a frente com os lábios franzidos parecendo defensivo. Echo pareceu confusa e então levemente bateu com seu quadril no do homem mais alto ao seu lado, fazendo com que ele corasse e bufasse.

– ...Eu... Esqueci de tirar do meu bolso. – Admitiu Kid fazendo com que Echo piscasse antes de soltar gargalhadas outra vez, sendo repreendida pelo ruivo que rosnou de maneira rabugenta para ela. – CALE A BOCA!

E juntos o grupo retornou até seus respectivos navios, o som da risada de Echo e as reclamações de Kid pairando no ar.

...

...

...

Alguns dias depois o dia de partir daquela ilha havia finalmente chegado. Com a chegada de um clima mais quente e propício para velejar ambos os navios ancorados na costa da ilha então começaram a se afastar dela lentamente, o vento empurrando as velas conforme a Iron Maiden e a Victoria Punk começaram a navegar ao lado um do outro, seguindo na mesma velocidade e eficientemente cortando as ondas do mar conforme faziam seu caminho. Havia uma distância de alguns metros entre os dois navios mas nem mesmo isso parecia impedir Echo de, de vez em quando, saltar para o outro convés e andar displicentemente pelo navio do rival. À àquela altura todos os companheiros de Kid estavam completamente habituados à sua presença e a recebiam com acenos leves conforme a outra capitã passava sorrindo casualmente, planejando como faria para aborrecer Kid desta vez.

Naquela altura do campeonato Kid nem mesmo questionava mais quem havia a deixado embarcar, apenas deixando pancadas nas cabeças de seus companheiros cientes de que todos tinham alguma parte naquilo afinal. Ele frequentemente via Echo passeando por seu navio e tentava ignorá-la já que sua presença constante agora que ambas as tripulações viajam juntos o deixava extremamente tenso e irritadiço, tornando-se defensivo em suas tentativas de evitá-la e suas gracinhas provocantes. Pensativo o ruivo se aproximou de sua despensa naquela tarde e adentrou o lugar parecendo procurar por alguma coisa sem sucesso; confuso ele franziu os lábios e voltou para trás caminhando até a sala de jantar onde ele encontrou Killer parado perto a um balcão.

– Killer, onde estão os meus...-

Porém Kid piscou ligeiramente arregalando seus olhos no que notou que Echo estava ali sentada sob a mesa de jantar mastigando algo que parecia muito com os doces que ele estava procurando antes. Confuso Killer aguardou levemente inclinando seu rosto antes de mover-se com um sobressalto ao que o ruivo pausou e então vociferou com a ira de mil sóis:

PRIMEIRO DE TUDO, COMO É QUE VOCÊ ENTROU AQUI E SEGUNDO, QUEM DEIXOU VOCÊ PEGAR A MINHA COMIDA?!

Echo ergueu seu rosto na direção do rival ainda mastigando o bolinho com cobertura de açúcar casualmente, fazendo uma expressão que se assemelhava a de um filhotinho culpado. – Eu estava com fome... E não temos doces assim no meu navio. Eu não consegui resistir.

– NÃO ME IMPORTA! – Kid explodiu novamente e começou seu discurso de raiva como de praxe, discutindo com Echo fervorosamente enquanto a mulher tentava se justificar casualmente e o ruivo apenas gritava de volta ainda enfurecido pela audácia dela. Killer assistia ao canto parecendo divertido, gostando de vê-los interagindo apesar dos constantes desentendimentos.

Eventualmente Kid agitou seu braço com velocidade e arrancou a caixa de doces da frente de Echo com os dentes cerrados fazendo com que ela bufasse irritada e se colocasse de pé teimosamente se afastando para cruzar os braços dando ao ruivo suas costas, jogando o quadril levemente para um lado de maneira aborrecida. Kid bufava pelo nariz e colocou a caixa agora fechada sob o balcão de maneira irritada antes de virar seu rosto na direção da rival silenciosamente, os lábios franzidos com descontento no que a observava sem dizer nada, seu olhar percorrendo por ela distraidamente.

Killer repentinamente sussurrou estando parado próximo do amigo: – Por quê você é tão vulgar?

– D... Do que está falando?! – O ruivo chiou defensivamente, virando-se para o primeiro-imediato.

– Se você gosta dela, apenas diga pra ela de uma vez – Killer disse erguendo seu braço esquerdo para gesticular na direção de Echo que ainda estava parada do outro lado da sala de jantar.

Bufando os olhos laranja de Kid se cerraram com firmeza. – Tch...! Você está completamente maluco...!

Ele, Eustass Kid, estar gostando de Echo? Que tipo de pensamento absurdo seria aquele? Ele não gostava dela, muito pelo contrário, a achava irritante e insuportável... Defensivamente Kid virou seu rosto enraivecido com os lábios franzidos enquanto dizia a si mesmo que Killer estava com parafusos a menos, rangendo os dentes e inalando profundamente pelo nariz antes de exalar pesadamente. Apesar de rapidamente negar tudo que Killer dizia sobre aquilo, Kid infelizmente estava ciente de que havia alguma coisa ali, alguma coisa que ele detestava profundamente. Existia algum tipo de sentimentos na questão, e aquilo era algo que Kid não estava nem um pouco acostumado; era algo estonteante e completamente fora de questão. Ele não queria nada daquilo. Mais de uma vez enquanto estava perdido em pensamentos Kid havia dito a si mesmo que aquilo tudo não passava de uma queda idiota e temporária que provavelmente iria embora se ele passasse uma noite com ela ou algo do tipo. (Nota da editora: Kid, que horror.)

Kid não queria se apaixonar. Não queria, era estúpido, infantil, ele não queria cair por ninguém e MUITO MENOS não por Echo. Ela era o problema. Era culpa de Echo dele estar se sentindo daquela maneira, tendo aqueles constantes impulsos de estar em sua companhia e de chamar sua atenção, de discutir com ela e engajar com ela em algum tipo de atividade, fosse qual fosse. Ele detestava o sorriso dela, a atitude insuportavelmente confiante, o humor idiota dela, suas piadas sem graça, sua teimosia e seu charme irritante. Não importaria o que fosse necessário, Kid pararia de ter sentimentos; e ponto final.

Conforme o tempo passou, Kid havia se tornado extraordinariamente temperamental devido aos seus sentimentos tempestuosos. O capitão parecia ainda mais irritadiço do que de costume e constantemente gritava com sua tripulação de maneira mal-humorada, exigindo perfeição nas mais banais das tarefas como se aquilo fosse de alguma forma melhorar sua situação ou distrair sua mente das coisas que empesteavam os seus pensamentos com frequência absurda. No final das contas cuidar de seus negócios no navio era uma das poucas coisas que distraiam sua mente, e enquanto caminhava pelo convés o ruivo notou o silêncio ao redor. Imaginando que afinal Echo havia partido de volta ao seu próprio navio Kid bufou e fez seu caminho em direção aos seus aposentos planejando descansar um pouco finalmente, relaxando de leve seus ombros que ele constantemente mantinha tensos.

Assim que abriu a porta de seu quarto Kid levou um segundo para processar o que viu.

Piscando pasmado o ruivo tinha os olhos arregalados conforme observava Echo dentro de seu quarto olhando em sua direção em algo que parecia muito com um forte feito de seus cobertores.

Os dois pausaram em absoluto silêncio.

Ela está no meu quarto. – Os pensamentos de Kid iam a mil, e ele sentia seu rosto - traidor - se aquecendo em alta velocidade. – Ela está no meu quarto. Ela está no meu quarto...!

Echo encolheu os lábios por um momento como se pensasse antes de finalmente dizer, em um tom divertido:

– Quer entrar no meu forte?

...

...

...

Killer caminhava pelos corredores olhando ao seu redor distraidamente. Fazia algum tempo que ele tinha visto Kid seguir em direção aos seus aposentos e imaginava que ele tinha ido descansar ou algo do tipo, sabendo que toda a situação com Echo o estressava profundamente. Suspirando o loiro se perguntava por quê Kid se recusava tanto a expor seus sentimentos... Tudo seria mais fácil se ele admitisse de uma vez que tinha uma queda pela outra capitã. Apesar de Killer querer deixar com que o melhor amigo descansasse em paz por um tempo, precisava reportar à ele o status da trajetória; portanto o homem de capacete caminhou pelo corredor muito familiar e se aproximou da porta do quarto de Kid, abrindo-a para lentamente colocar um pé para dentro.

– Kid...

Piscando por baixo do capacete devagar, o primeiro instinto de Killer foi inclinar seu rosto de leve parecendo confuso. Kid estava ali, sem dúvida nenhuma, mas... Ele estava... Sentado no chão, dentro de algo que parecia com um forte de cobertores suspensos por coisas ao redor, formando como uma tenda sobre o ruivo e ninguém menos do que Echo. A mulher de cabelos azuis também estava ali, e a julgar pelo que teve tempo de ver em uma fração de segundo Killer podia supor que os dois capitães pareciam estar rindo de alguma coisa, sentados juntos naquele lugar inusitado como se fossem amigos de infância. Os olhos de Kid se arregalaram ao que seu rosto se tornou profundamente vermelho assim que ele viu seu primeiro-imediato na porta, olhando para os dois estupefato.

– ...Acho que devia aprender a bater na porta primeiro – Killer pensou consigo mesmo inconscientemente, antes de Echo abrir um sorriso.

– Quer entrar aqui com a gente? – Mas no entanto assim que ela terminou de falar o ruivo se jogou para fora do forte atrapalhadamente se colocando de pé depressa, ajeitando sua capa nos ombros e bufando defensivamente como se tivesse sido obrigado a estar ali.

Agitando um braço no ar exageradamente na direção de Echo, Kid berrou com o rosto ainda vermelho como um tomate enraivecido: – SAIA DO MEU QUARTO!

– Ah... – Ela piscou duas vezes com as sobrancelhas erguidas antes de soltar um suspiro, fechando os olhos momentaneamente. – Ora essa... Que grande estraga-prazeres que você é...

Colocando-se de pé Echo casualmente espanou suas roupas com as mãos e as alisou de leve antes de levar sua mão direita até os cabelos, agitando-os suavemente como se para se arrumar antes de começar a caminhar em direção à porta, prestes a passar entre Kid e Killer. Ao passar pelo ruivo mais alto no entanto Echo ergueu sua mão esquerda e passou com sua palma pelo peito de Kid de maneira displicente enquanto andava, roçando sua mão enluvada e seus dedos pela pele dele e seus músculos definidos, fazendo com que o capitão visivelmente se enrijecesse e hesitasse com dentes cerrados como se tivesse sentido uma descarga elétrica percorrer sua espinha.

O rosto de Kid se tornou ainda mais profundamente vermelho; e Killer havia visto tudo. Assim que Echo saiu para o corredor e desapareceu completamente de vista, o loiro virou seu capacete bem vagarosamente na direção do ruivo; a cara inteira de Kid estava quase tão vermelha quanto seus cabelos e ele muito rapidamente cerrou seus olhos rosnando defensivamente, tentando esconder o quanto estava constrangido ao mesmo tempo que tinha certeza de que Killer estaria sorrindo divertido por baixo do capacete.

– O que é que você quer? – Kid bufou cerrando os punhos.

– Eu vim te falar da trajetória. Não quis interromper... – O som da voz de Killer era calma como de costume mas havia um quê de diversão nela também. Ao seu lado o ruivo berrou ainda de mau-humor, fazendo os cabelos longos do amigo levemente esvoaçarem.

– Não enrole e me fale logo de uma vez!

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Piscando lentamente Corvo ergueu seu rosto quando viu a figura de sua capitã saltando para o convés da Iron Maiden casualmente e o doutor ergueu uma de suas mãos para levantar a parte superior de sua máscara de seus olhos, abrindo um sorriso por baixo da máscara de bico.

– Estava no outro navio, Echo?

– Hm? – A mulher piscou brevemente distraída mas esboçou um sorriso de volta ao companheiro, assentindo despreocupada. – Estava sim.

– O Dante fica constantemente ansioso quando você está por lá, sabia? – Corvo murmurou displicentemente conforme se levantou do lugar onde estava agachado, em frente à plantação de ervas medicinais do navio.

Echo agitou seu rosto de leve com um sorriso confiante e abanou sua mão direita no ar. – Eu já disse, não há nada com que se preocupar! Eu sei me virar! Se ele me procurar agora, diga que estou no meu quarto, ok?

Com um gesto positivo de seu rosto o doutor de cabelos negros sorriu de volta antes de se afastar ao mesmo tempo que Echo caminhava até os corredores e por ali passava em passos calmos, espiando pelos arcos e janelas vendo conforme o sol se punha no horizonte tão vasto, as nuvens se movendo vagarosamente no céu. Assim que se colocou para dentro de seus aposentos e fechou a porta atrás de si a mulher de cabelos azuis largou seus ombros libertando-se da postura superconfiante e reclinou-se para encostar suas costas contra a porta soltando um suspiro pesado, fechando os olhos por um momento. Franzindo os lábios Echo levou sua mão direita até a testa parecendo conflitante e abriu os olhos cor-de-rosa outra vez mirando-os em seu quarto vazio. Como era de se esperar, mesmo depois de deixar a Victoria Punk, ela não conseguia pensar em outra coisa.

...Aquilo era um problema; ela não conseguia parar de pensar em Kid. Echo estava mais do que ciente àquela altura de que estava se apaixonando por ele. Como aquilo era possível, era difícil dizer. Kid era rabugento, explosivo, irritante, e mesmo assim ela não conseguia não adorar passar tempo em sua companhia, fazendo travessuras com ele e se divertindo com suas reações exageradas e impulsivas, ciente de que em algum lugar ali existia um homem que queria se divertir mas que se escondia sobre camadas de comportamento defensivo e orgulhoso. Nunca em sua vida Echo havia se sentido daquela forma antes. Nunca ninguém tinha estado em tanta sintonia com ela daquela maneira, e por dentro a mulher de cabelos azuis esperava que não fosse apenas impressão sua. Estava conflitante mas não conseguia negar a si mesma que estava tendo uma queda por ele, e aquilo por si só já era motivo de preocupação.

Suspirando de novo Echo tirou as costas da porta e caminhou pelo seu quarto perdida em pensamentos. Kid era um idiota tão grande com um orgulho tão inflado e um teimosismo titânico; mas lá estava ela olhando para a palma de sua mão esquerda se recordando de como se sentiu quando tocou em seu corpo momentos atrás. Amar era uma coisa complicada e estranha, e talvez Echo estivesse se colocando em mais problemas do que daria conta... Porém ela balançou seu rosto negativamente de forma teimosa e ergueu seu rosto em seguida, tentando manter-se firme. Podia reclamar sobre as atitudes de Kid o quanto quisesse, mas até mesmo ela teria que admitir que, de fato, gostava dele. Gostava de verdade.

É... Dante ficaria muito bravo com ela.

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