CHAPTER 7

Com um salto Kid lançou-se no ar antes de pousar eficientemente no convés da Iron Maiden. Sua capa vermelha escura como sempre estava em suas costas e o ruivo se endireitou assim que seus pés tocaram o chão de madeira do convés, olhando ao redor silenciosamente com uma expressão fechada antes de sair andando atraindo a atenção dos membros da tripulação de Echo que estavam ao redor cuidando de suas tarefas no navio. A maioria deles parecia surpreso ao ver Kid ali já que era Echo quem costumava pular para o outro navio a fim de infernizar o outro capitão, mas sustentando sorrisos os companheiros dela acenaram ao ruivo casualmente para recebê-lo, fazendo com que Kid franzisse de leve os lábios pensando consigo mesmo como quase todos os tripulantes dele eram tão tontos quanto a própria Echo. Esperando não cruzar com o navegador pelo caminho o ruivo olhou ao redor silenciosamente; não era a primeira vez que embarcava na Iron Maiden, mas era a primeira vez que tinha a oportunidade de observar os arredores com atenção. Estava entediado conforme os dois navios cruzavam uma parte mais tranquila da Grand Line e decidiu que daria uma olhada no navio de Echo como se fosse algum tipo de juiz, inspecionando tudo com um olhar crítico.

Depois de caminhar um pouco pelos corredores Kid adentrou uma sala que ele entendeu ser o arsenal. O depósito de armas do navio era surpreendentemente organizado e amplo e haviam dezenas de tipos de armas dispostas e guardadas ao redor no que os tripulantes provavelmente iam até ali para busca-las em momentos de necessidade ou para treinar. Intrigado e orgulhoso o ruivo entrou mais na sala para explorá-la já que armas eram do seu interesse e não notou que a um canto estava Akira, que assim que notou a presença do outro ergueu as sobrancelhas surpreso. O construtor estava organizando um caixote com munições e espiou na direção do outro capitão curiosamente, sorrindo por trás de seu cachecol escuro e perguntando-se se deveria ir chamar Echo; por fim Akira mudou de idéia e apenas continuou sua tarefa displicentemente imaginando que mais cedo ou mais tarde os dois se encontrariam.

Kid passou um tempo no depósito de armas observando cada uma das paredes com uma expressão pensativa. Apesar de ter um ar de orgulho em sua postura o ruivo estava na realidade surpreso com o que tinha visto até agora; a estrutura do navio de Echo era surpreendente e parecia estranhamente mais resistente do que um navio comum. Provavelmente tinha sido construído com uma madeira especial ou algo do tipo...

– Olha só quem está invadindo agora?

Com um pequeno sobressalto Kid piscou e virou seu corpo para a direita vendo a figura de Echo dentro do arsenal com o seu sorriso confiante de sempre, as mãos na cintura como sempre fazia. Usava as mesmas roupas de sempre com as luvas e a regata escura, assim como a calça camuflada. Seus olhos cor-de-rosa lampejaram de forma divertida no que ela inclinou seu rosto para um lado e Kid bufou rapidamente de maneira defensiva.

– Se você pode ir e vir livremente até o meu navio nada diz que eu não possa fazer o mesmo com o seu! – E ele moveu seu ombro pomposamente fazendo sua capa esvoaçar, gesticulando com seu braço direito enquanto falava.

Piscando surpresa Echo murmurou no que deu de ombros calmamente. – Isso é justo.

Erguendo as próprias sobrancelhas não esperando que ela cedesse tão facilmente daquela maneira Kid pareceu um pouco pasmado antes de piscar no que Echo repentinamente agarrou em seu pulso direito e começou a andar puxando-o com ela, um sorriso em seu rosto. Confuso o ruivo soltou uma exclamação e piscou conforme Echo espiou por sobre o ombro soando entusiasmada:

– Vou te mostrar tudo por aqui! Venha!

– Hrm... – Kid hesitou mas continuou andando com o corpo levemente curvado devido ao ser mais alto que ela enquanto Echo o guiava sem soltar de seu pulso, arrastando-o animadamente através dos corredores e lhe mostrando tudo que seu navio tinha de bom. A mulher de cabelos azuis o mostrara a cozinha, a sala de jantar, a despensa, a sala de treino e até mesmo uma sala que ela chamara de 'sala de lazer', onde ela e os companheiros costumavam ficar para jogar jogos ou fazer brincadeiras. Kid segurou uma risada ao olhar ao redor daquela sala vendo estantes com pilhas de livros, cartas e caixas, apenas imaginando a bagunça que todos aqueles tolos dos tripulantes dela deviam fazer naquela sala quando reunidos ali. Com alívio o ruivo pareceu perceber que Echo não planejava levá-lo até a sala do navegador; não se sentia entusiasmado com a perspectiva de trombar com Dante e sentir seu olhar frio e julgador sobre ele.

Virando mais uma esquina o ruivo soltou um suspiro apesar de ter o que parecia ser parte de um sorriso em seus lábios pintados de vermelho conforme seguia uma Echo ainda entusiasmada e orgulhosa ao mostrar seu navio, gesticulando para adiante no corredor onde havia uma porta preta à esquerda de onde vinham os dois capitães.

– Bem – Echo moveu seu braço de maneira travessa antes de rir. – Aquele é meu quarto.

Kid piscou e então abriu um sorriso provocante, cerrando os olhos. – E você não vai me mostrar?

– Não – Ela sorriu de volta de forma travessa.

Surpreso o ruivo piscou e bufou repentinamente mal-humorado: – Ótimo, eu não queria ver mesmo!

– Então por que você perguntou? – Echo disse ao que finalmente soltou do pulso de Kid para poder cruzar seus braços na frente do corpo erguendo uma sobrancelha com seu tom de voz debochado.

Rosnando o rival se inclinou na direção de Echo com os olhos e punhos cerrados, seu tom de voz engrossando. – Você não devia me deixar irritado.

– Eu já fiz isso uma dezena de vezes e olhe pra mim, estou perfeitamente bem! – Echo devolveu fazendo o ruivo piscar à sua frente, encarando seus olhos de frente sem a menor hesitação. – Eu acho que você afinal é do tipo de cachorro que só late e não morde...

Com os dentes cerrados Kid vociferou com irritação, seu tom tornando-se arrogante quando ele apontou para o próprio peito com o polegar da mão esquerda.

– Se eu quisesse eu já teria limpado o chão com você, e só não vou fazer isso agora porquê estamos no seu navio e eu não quero envergonhar você na frente da sua tripulação...

Rolando os olhos Echo balançou o rosto soltando um suspiro antes de tocar em sua franja azul displicentemente.

– Que conveniente, não é? Desde quando você perderia uma oportunidade de me envergonhar, além de tudo? Está se sentindo um cavalheiro hoje?

Aborrecido, Kid vociferou. – Cale a boca, sua baixinha!

Os punhos de Echo se cerraram com força. Kid havia atingido um nervo.

– O que foi que você disse?! – Os olhos rosa de Echo haviam se cerrado subitamente e ela parecia ter enrijecido seus músculos visivelmente irritada, e sua reação fez com que o ruivo piscasse antes de abrir um largo sorriso malicioso inclinando-se para trás para inflar seu peito e manter-se ereto em frente à ela, saboreando sua altura superior naquele momento.

– Que você é uma baixinha. – Kid sorriu ao pronunciar as palavras cruzando os braços em frente ao corpo musculoso, os olhos laranja lampejando com diversão em alfinetá-la daquela maneira.

– Escute aqui – Echo cerrou os dentes apontando para ele com o dedo indicador, rosnando. – A minha altura não influencia a minha habilidade de quebrar o pescoço das pessoas!

Kid soltou uma gargalhada fechando os olhos por um momento. – Você não consegue nem alcançar o meu pescoço!

– NÃO ME TESTE! – Echo vociferou com o rosto enrubescendo.

O ruivo continuou gargalhando como um idiota presunçoso parecendo realmente estar se divertindo às custas do constrangimento dela até que Kid piscou com um sobressalto, sentindo um puxão no momento em que Echo agarrou parte do casaco dele com força e subitamente o puxou para baixo e para perto do rosto dela rosnando furiosamente, os olhos cor-de-rosa cerrados ao que ela fizera com que o rival parasse de rir. Surpreso Kid piscou novamente sentindo seu coração disparar dentro de seu peito; de uma maneira estranha e intrigante, tinha gostado bastante daquilo.

– Eu quero fazer coisas com você – Echo disse entre um arquejo enquanto encarava os olhos de Kid com firmeza, mantendo-o perto de seu próprio rosto ainda segurando o casaco dele em sua mão fechada.

Sorrindo com o rosto queimando Kid respondeu automaticamente, sem perceber o interesse em sua própria voz: – Como o quê?

– Quebrar o seu pescoço.

Kid piscou outra vez e para sua própria surpresa ele riu novamente, abrindo os olhos para então agarrar o outro braço de Echo com sua mão direita. – Você é mais do que bem-vinda a tentar, baixinha...

Corando de raiva Echo rosnou mais uma vez no que começou a se mover como se quisesse se desvencilhar do aperto de Kid mas o ruivo não hesitou e continuou a segurá-la com um sorriso confiante e provocante, fazendo com que ambos se movessem juntos de maneira teimosa já que nenhum dos dois soltava do outro dando passos sem se separar muito quase como se lutassem com uma curta distância um do outro, cada um restringindo os movimentos do outro ao que se moviam e soltavam sons como rosnados, mas que progressivamente foram se tornando mais suaves como ronronares divertidos conforme ambos Kid e Echo sorriam parecendo absortos no que faziam sem quebrar o contato visual por nem um segundo; em um certo momento Kid repentinamente moveu-se com um gingado fazendo com que Echo se movesse com ele antes de andar para frente, pressionando as costas dela com força contra a parede do corredor que estava por trás do corpo dela.

O corpo largo de Kid estava a poucos centímetros do de Echo assim como os rostos de ambos, que ainda encaravam-se nos olhos de maneira flamejante, bufando silenciosamente como se focados e distraídos ao mesmo tempo, perdidos no momento e no que faziam ali naquele corredor deserto e silencioso. O homem de cabelos vermelhos usava de seu próprio corpo e braços fortes para mantê-la pressionada contra a parede e surpreendentemente nenhum dos dois parecia mostrar sinais de agressão àquela altura, mas sim de algo diferente que estava estampado em seus olhos. Respirando profundamente quase roçando narizes Echo e Kid permaneceram daquela forma distraidamente como se agissem por instinto antes de subitamente ambos seus rostos tingirem-se de profundo vermelho, sendo fisgados de volta à realidade quando os dois capitães escutaram vozes de alguém da tripulação chamando por Echo de forma urgente. Arregalando os olhos ambos se separaram com um sobressalto e Echo avançou depressa pelo corredor até o convés sendo seguida por Kid pouco antes de Akira encontrar de frente com ela, seus cabelos presos em um rabo de cavalo movendo-se no que ele corria.

– Echo! Tem um navio pirata no nosso encalço! – O construtor exclamou antes de apontar para a parte traseira do navio e para o horizonte sendo deixado para trás, mostrando a silhueta do navio que os perseguia enquanto outros tripulantes ao redor moviam-se inquietos.

Kid piscou confuso. – Quem é estúpido o suficiente para caçar DOIS navios? Eles não sabem quem eu sou?

Com eficiência Echo ergueu seu braço direito, cerrando seus olhos maquiados ao dar as ordens.

– Todos em posições! Se é briga que eles querem, é o que vão ter! Vão todos para os seus lugares, deixem os canhões prontos e se preparem para posicionar o navio para batalha! – E a mulher de cabelos azuis virou-se para Kid que ainda estava parado ao seu lado, mirando seus olhos laranja em sua direção. – Volte pro seu navio. Você precisa tirar a Victoria Punk da linha de fogo e dar as ordens aos seus companheiros. Sejam quem for esses caras, provavelmente querem comprar briga com nós dois.

Kid assentiu com orgulho, soltando um som eficiente. – Vão se arrepender.

E com eficiência o ruivo rapidamente pegou velocidade antes de saltar de volta ao seu convés encontrando-se de frente com seus companheiros que já aguardavam por alguma instrução com prontidão. Erguendo seu braço esquerdo no ar Kid urrou, encorajando seus tripulantes a começarem a se mover depressa conforme Killer mantinha-se à frente de todos, pronto para seguir os comandos de seu capitão.

– HOMENS! MANOBRAS OFENSIVAS! Vamos mostras a esses imbecis com quem eles estão mexendo!

Rapidamente os tripulantes dos Kid Pirates aceleraram seu passos conforme correram sobre o convés obedecendo as ordens de seu capitão prontos para entrarem em combate com os piratas inimigos que se aproximavam cada vez mais de ambos os navios que velejavam juntos. Conforme ambas as tripulações assumiam posições de batalha a Victoria Punk começou a guinar a estibordo se afastando da Iron Maiden, que virou-se a bombordo. Os dois navios começaram a circular de maneira ampla se preparando para estar em posição de ataque conforme o navio inimigo começou a chegar ainda mais perto adentrando o círculo que as duas tripulações aliadas tinham formado.

– Você os conhece, Echo? – Akira perguntou enquanto soltava as velas secundárias do navio para lhes dar mais velocidade, espiando na direção da capitã que mantinha uma expressão séria no rosto.

– Não. – Echo murmurou lentamente. – Não que eu me lembre. Mas não importa. Eles vieram até aqui para brigar então é isso que daremos a eles. Fiquem atentos, eles estão se aproximando!

A tripulação dos inimigos entrou na área de combate que Echo havia aberto e Kid circulava com seu navio por fora preparado para dar apoio se necessário, ambos alertas para qual das duas embarcações seria atacada primeiro. O navio da tripulação oponente assim que se posicionou amplamente entre os dois então guinou para bombordo atrás da Iron Maiden, sua bandeira negra esvoaçando conforme avançava pelas ondas atrás do navio negro e prateado de Echo.

– Estão indo direto na direção dela! – Killer exclamou do convés virando seu rosto na direção do deque superior onde Kid estava posicionado.

– Eu notei – O ruivo rosnou entre os dentes, cerrando seus olhos. – É claro que fariam isso, os covardes... Mantenham os canhões alinhados mas não disparem, senão podem atingir a Iron Maiden! Vamos tentar nos aproximar pelo flanco exposto enquanto estiverem distraídos! Mexam-se!

E enquanto Kid dava as ordens em seu navio os tripulantes de Echo preparavam-se para o combate no convés da Iron Maiden, a Jolly Roger da capitã tremulando com a intensidade do vento ao redor. Todos os membros dos Crossbone Pirates prontamente desembainharam suas espadas e empunharam suas armas prontos para contra-atacar enquanto a mulher de cabelos azuis continuava dando as ordens com eficiência em sua voz, exclamando conforme gesticulava com seu braço direito.

– Mirem todos os canhões neles! Vamos agitar as coisas um pouco!

Dante, no convés, prontamente desembainhou sua fiel espada. Estava mais do que preparado para lutar e proteger sua irmã como sempre fizera, os olhos cerrados e parecendo focado não querendo deixar que Echo se ferisse como da última vez. O navegador cerrou os dentes quando o ataque de fato enfim começou; disparos de canhão irromperam do navio inimigo e avançaram em direção à Iron Maiden, alguns dos projéteis acertando o casco reforçado do navio preto e prateado. Com rapidez os tripulantes avançaram para suas posições e Echo pediu à Akira que tomasse conta do controle de dano, e que evitasse que aqueles piratas danificassem demais seu navio. Logo o contra-ataque começou e os canhões aliados dispararam de volta mandando pedaços de madeira aos ares conforme atingiam o navio inimigo. A Victoria Punk se aproximava pelo lado oposto cuidadosamente para não entrar na linha de tiro mas no entanto disparos começaram a ser lançados pelo estibordo do navio também, fazendo com que Kid executasse manobras evasivas ao mesmo tempo que continuava tentando diminuir a distância o suficiente para entrar no ataque.

Não demorou muito tempo até que ganchos de metal fossem subitamente lançados do navio inimigo, cravando-se contra a madeira e a proteção de ossos da Iron Maiden; com o impacto o grande navio preto e prata se agitou e a proximidade entre os dois fora diminuída o suficiente para que fosse possível ouvir com clareza os urros de batalha vindo dali e os gritos de dezenas de piratas, com uma voz sobrepujando as outras.

– ANDEM! É hora de invadir!

Berrando com as espadas empunhadas acima de suas cabeças os piratas começaram a invadir a Iron Maiden. Saltando para o convés alguns utilizaram cordas para lançar-se sobre a distância entre os dois navios e outros simplesmente pulavam para pousar no navio preto e prateado em que seus tripulantes já aguardavam prontos para o combate. Aborrecida que aqueles zés-ninguéns tinham a audácia de invadir seu navio Echo manifestou as garras de ossos em ambas suas mãos, firmando-se com força no chão de madeira no convés antes de dar a ordem para o ataque erguendo um de seus braços no ar. Logo o som de dezenas de pessoas correndo pelo convés preencheu o ar e fora seguido pelos baques de espadas e lâminas colidindo, todos os piratas encontrando um adversário conforme os dois navios permaneciam ao lado um do outro.

Enquanto Echo lutava Dante permanecia ao seu flanco como de costume. Mantinha os atacantes longe da irmã já que todos que não estavam em combate pareciam querer atingí-la de alguma forma, e ao redor todos os companheiros dos Crossbone Pirates batalhavam ferozmente. Sobre o mar a Victoria Punk começou então a se aproximar mais dos navios já que os inimigos tinham embarcado na Iron Maiden e Kid gritava para seus tripulantes se prepararem, planejando interceptar o ataque à outra tripulação. Em meio ao conflito um homem careca de casaco de couro vermelho, chapéu e barba então se aproximou de Echo, segurando uma espada afiada em uma das mãos. Tinha um sorriso amarelado e 4 cicatrizes de cortes em seu rosto, percorrendo sua face em um ângulo diagonal.

– Até que enfim, Echo Ghost! – Ele bradou, erguendo sua espada e apontando para a capitã inimiga com confiança em sua postura, cerrando os olhos. Os sons da batalha ainda ecoavam ao redor e a mulher de cabelos azuis chutou para longe um pirata que estivera em vão tentando atacá-la. O olhar de Echo era não-impressionado. – Finalmente eu te encurralei!

– Eu não sei você mas eu não estou nem um pouco encurralada. – Echo sorriu ao mover suas garras, fazendo suas juntas estalarem. Endireitando as costas ela encarou o outro capitão, que permanecia pomposo e arrogante à sua frente. – Quem raios é você afinal?

O homem pareceu ultrajado, piscando e bufando em seguida.

– Vai me dizer que não se lembra de mim?! O Capitão Mack Baxter!? – Ele rosnou irritado, mantendo a espada no ar com a lâmina apontada para a oponente.

Echo inclinou a cabeça para um lado pensando. – Não. Não me lembro.

– ESTÁ FALANDO SÉRIO? Você invadiu o meu navio e destruiu tudo antes de roubar todo o meu tesouro, anos atrás! VOCÊ me deu esta cicatriz, com essas suas malditas garras! – Mack apontou para o próprio rosto com sua mão livre, vermelho de raiva.

– Ah... – A capitã piscou os olhos cor-de-rosa endireitando o rosto e em seguida ela soltou uma risada colocando uma de suas mãos em seus cabelos, fechando os olhos brevemente. – Eu nem me lembrava mais disso! Todo esse tempo e você não seguiu em frente? Arranja um hobby ou algo do tipo, sheesh...

Mack balançou o rosto de leve parecendo estupefato antes de explodir de forma furiosa, agitando a espada em sua mão violentamente. – NÃO ME VENHA COM ESSA! Eu venho te caçando todo esse tempo por causa do que você fez! Uma novata medíocre como você, tomar conta do meu navio daquela forma e acabar comigo e com minha tripulação?! Foi uma verdadeira vergonha, e arruinou completamente a minha reputação! Mas finalmente eu encontrei você de novo e farei com que você pague! Não me importa se está viajando com amiguinhos perigosos ou nada do tipo, treinei muito duro durante esses anos e com certeza irei te derrubar!

Soltando um suspiro Echo ainda não parecia intimidada, para a irritação do homem. Prestes a dizer alguma coisa a mulher de cabelos azuis piscou no entanto quando um de seus pulsos fora repentinamente restringido por algo que se amarrou ali, e subitamente Echo exclamou sendo puxada com força na direção de Mack no que ele arremeteu seu rosto para frente e deu uma cabeçada forte na testa da capitã, fazendo-a grunhir de dor. Naquele momento Dante piscou alerta e atingiu seu oponente com sua espada lançando-o para longe para que pudesse ajudar sua irmã. Usando seu chicote em uma mão e a espada na outra, o capitão inimigo bufou enquanto ainda restringia uma Echo atordoada pelo golpe.

– Seus ossos podem ser resistentes... Mas mesmo assim seu corpo ainda quebra! Vou destruir você, triturar você se for necessário! – O pirata rosnou com ódio em seus olhos. – Você vai pagar e vai pagar hoje!

– Hng... – Piscando Echo balançou seu rosto para recuperar sua postura e cerrou os dentes antes de se reposicionar pronta para a batalha. A primeira coisa que tentou fazer foi se livrar do chicote preso em seu pulso com suas garras mas Mack a puxou outra vez fazendo com que ela fosse arremessada para um lado e forçadamente colidida contra caixotes no convés.

Dante surgiu subitamente por trás do oponente e colidiu sua espada contra a dele, mantendo-se sobre Mack de maneira imponente devido à sua altura, os olhos amarelos cerrados com firmeza e suas pupilas finas destacando-se em seu olhar. Começou então uma batalha em que os dois irmãos tentavam enfrentar o capitão inimigo juntos mas Mack constantemente arremessava Echo para os lados como distração e impedia o navegador de atacá-lo abertamente, vez ou outra agitando a mulher de cabelos azuis em sua frente como um escudo e deixando Echo tonta por ser girada tantas vezes.

– Echo...! – O homem de cabelos escuros grunhiu ao que segurou seu ataque uma vez que a irmã fora colocada em sua frente, presa pelo chicote. – Use sua armadura e se solte!

– Bwuh... – Echo gemeu estando atordoada mais por ser girada com um ioiô do que o dano que recebia ao ser atirada pelos lados do convés. Em seguida ela agitou seu rosto e começou a manifestar pedaços de armadura sobre seu corpo, se revestindo com seus poderes de ossos. – Estou tentando! Mas ele não me dá tempo de tirar o chicote!

Dante avançou em sua direção para livrar o pulso da irmã mas rapidamente Echo fora novamente içada para longe de seu alcance, erguida no ar e subitamente atirada em direção à uma parede rachando-a com o impacto enquanto Mack apenas ria vitoriosamente. Cada vez mais irritado o navegador rosnou e cerrou os olhos avançando outra vez contra o oponente, tentando conseguir uma brecha para desarmá-lo e libertar Echo de sua armadilha injusta. Movendo-se com rapidez Dante agitou sua espada em todas as oportunidades que lhe apareciam mas chegava muito perto de cortar o chicote antes de Mack se desviar no último segundo. Os dois batalharam com firmeza enquanto Echo rosnava tentando repetidamente se livrar mas com um sobressalto ela e Dante piscaram quando o som de mais urros preencheu o convés e alguém repentinamente acertou um soco em cheio no rosto do capitão inimigo, lançando-o na direção oposta com um estrondo.

Os Kid Pirates tinham invadido o navio dos inimigos pelo outro lado e então saltado dele para a Iron Maiden também, pousando no convés prontos para o resgate. Agitando suas lâminas rapidamente em movimentos circulares Killer se posicionou e repentinamente avançou como um borrão azul na direção dos inimigos conforme seus companheiros o seguiam e começaram a virar o jogo a favor dos Crossbone Pirates, ajudando a tripulação de Echo a rechaçar os oponentes conforme mais batalhas se iniciavam e Echo se via finalmente livre o chicote, percebendo que o fio negro pendia fracamente de seu pulso já que Mack o havia soltado quando levara o golpe em cheio de ninguém menos do que Kid.

– Que patético... – O ruivo bufou de forma arrogante erguendo seu punho de metal com os dedos fechados enquanto olhava na direção dos irmãos. – Deixando que esse babaca os faça de gato e sapato...

Dante rosnou aborrecido mas Echo bufou com um sorriso antes de cortar o chicote com suas garras, finalmente se libertando. – Da próxima vez chegue mais cedo, idiota... Obrigado pela ajuda.

– Pfft...! Não pense nada demais disso, aquele imbecil estava no meu caminho! – Kid chiou em resposta com os dentes cerrados. Os olhos laranja dele observaram conforme Echo rolou os olhos mas então virou-se para seu irmão mais velho, aparentemente pedindo que ele desse ajuda aos outros companheiros. Apesar de Dante parecer incerto sobre deixar Echo com Kid para dar conta do capitão inimigo, ele assentiu e obedeceu as ordens dela, avançando em direção às outras batalhas que tomavam o convés.

Assim que o navegador partiu para o lado Echo se aproximou de Kid com um sorriso, encurtando suas garras. – Você é muito útil em uma batalha, afinal de contas... E julgando por como dá ordens aos seus homens, não é um capitão tão ruim assim também...

– Bah...! Você estava olhando? – O ruivo cerrou as sobrancelhas enquanto olhava para Echo de cima, tentando ignorar sua proximidade e o olhar que ela lhe lançava. – É por isso que apanha tanto, nunca está prestando atenção no que devia!

– Escuta aqui... – Echo começou defensivamente antes de ser repentinamente acotovelada por Kid que a tirou do caminhou momentos antes do disparo de uma pistola voar na direção onde ela estava segundos atrás. Mack, enfurecido, arquejava e se levantava de onde havia caído com sangue escorrendo de seu lábio inferior.

– Hey! – Echo exclamou em direção ao inimigo antes de virar seu rosto na direção do ruivo novamente, uma mescla de irritação e gratidão em seu tom de voz. – Pode ser menos brusco da próxima vez!?

– Fique calada! – Kid devolve irritado ao erguer seus punhos, o olhar atento na direção de Mack que se levantava e começava a se aproximar. – Só estou cuidando pra que você não morra da forma mais imbecil possível!

Piscando o capitão dos Kid Pirates olhou levemente para baixo quando viu Echo se aproximar de novo e ergueu as sobrancelhas quando ela repousou a palma de sua mão direita sobre o peito exposto dele, um sorriso em seus lábios pintados de roxo. – Claro, claro... Obrigado.

E engolindo em seco com um rubor em seu rosto Kid observou a capitã se afastar antes de bufar com um sorriso de volta, observando no que Echo manifestava suas garras e se preparava para encarar Baxter novamente decidindo que permaneceria por perto, atraindo coisas de metal e acoplando-as ao seus braços de maneira ameaçadora. Assim que o capitão inimigo urrou e se lançou em direção aos dois a batalha recomeçou com 2 vs. 1 enquanto outras dezenas de lutas continuavam pelo convés da Iron Maiden, os Crossbone e Kid Pirates batalhando eficientemente contra os Baxter Pirates sem hesitação. Assim que tinha se certificado que o dano no navio havia sido mínimo Akira retornara ao convés e entrara no combate, habilmente atirando longe seus oponentes com suas correntes antes de cerrar seus olhos focado; mirando o olhar para cima na direção do navio inimigo o construtor arremeteu seus braços para trás fazendo os elos de metal das correntes tinirem contra o chão antes de subitamente agitar os braços para a frente lançando as duas correntes em direção ao mastro principal, enroscando elas ali antes de firmar seu aperto nas correntes com as mãos enluvadas e então começar a puxar para sua direção. Estalos altos de madeira começaram a estourar pelo ar chamando a atenção dos piratas inimigos que assistiram com assombro conforme o mastro era puxado e começava a se partir, dobrando-se na direção do homem que o puxava com uma força incrível.

Exclamando estupefato o capitão Baxter parou de se mover enquanto batalhava e mirou os olhos arregalados na direção de seu navio vendo o que acontecia, assistindo seu mastro se partindo e seus tripulantes correndo e gritando em pânico sem saber o que fazer. Naquele momento de distração Echo subitamente se lançou para a frente e deu um chute no estômago do oponente fazendo com que ele cambaleasse para trás antes de Kid urrar e acertar-lhe outro golpe certeiro em sequência, ambos desferindo golpes sequenciais contra Mack em perfeita sincronia um com o outro sem dar tempo para que ele reagisse, forçando-o a tropeçar para trás dolorosamente e acertar as costas contra a beirada do navio preto e prata, tossindo com o corpo coberto por ferimentos. Arfando Baxter abriu os olhos para encarar os dois oponentes mas o que viu foi Echo e Kid parados um ao lado do outro, cada um com um braço estirado em sua direção; Echo apontava uma garra longa e afiada contra o pescoço de Mack e Kid mantinha no ar pelo menos duas dúzias de espadas que flutuavam apontando ameaçadoramente na direção do inimigo também.

– Quem está encurralado agora, amigo? – Sorriu Echo de maneira travessa, lançando um tom debochado ao inimigo. Mack apenas rosnou mas parecia tenso, certo de que não parecia ter muita abertura para contra-atacar.

– Vamos acabar com ele de uma vez – Kid sorriu de forma fria, mantendo as lâminas flutuando no ar com seus poderes e aproximando-as de Baxter, que hesitou. Parecia pronto para matá-lo mas murmurando a mulher de olhos cor-de-rosa ao seu lado parecia pensativa. Antes que o ruivo pudesse atingí-lo Echo repentinamente o chutou e lançou-o ao mar, fazendo com que Baxter espalhasse água ao colidir com o mar azul e seus companheiros exclamaram, parando de batalhar.

– CAPITÃO!

Kid lançava um olhar confuso à Echo. Enquanto os piratas inimigos repentinamente abandonavam suas batalhas e corriam afobados para todos os lados como se procurando um meio de escapar e resgatar seu capitão, o ruivo fez com que as espadas caíssem ao chão e cruzou os braços parecendo aborrecido com a decisão dela, o que fez com que Echo rolasse os olhos colocando as mãos agora de volta ao normal em sua cintura.

– Ás vezes humilhar é melhor do que matar, sabia? – Ela sorriu despreocupada, fazendo com que Kid bufasse.

– Você é muito coração mole... Eu teria matado ele ali mesmo.

Displicentemente Echo soltou mais uma risada antes de começar a caminhar pelo convés passando pelos piratas afobados que corriam para fugir antes que o mastro de seu navio caísse por completo, saltando de volta ao próprio navio e abandonando a batalha a fim de resgatar seu capitão e aceitar a nova derrota. Vez ou outra Kid rosnava para quem passava perto dele mas logo a Iron Maiden estava livre e inimigos, ambas as tripulações observando conforme os piratas agora derrotados se afastavam utilizando os remos e faziam seu caminho para longe deles. Em seguida os Crossbone e Kid Pirates ergueram suas armas no ar e começaram a celebrar a vitória, urrando e saltando com animação.

– Bem... Apesar de ser um selvagem total como sempre, você foi bem. – Echo cruzou os braços e sorriu espiando para sua esquerda na direção de Kid, que parara ao lado dela.

– Bah... Você precisava da ajuda. – Rolando os olhos o ruivo bufou fingindo aborrecimento mas também sorria, aparentemente satisfeito com o resultado da batalha afinal. No entanto Kid soltou um grunhido doloroso quando Echo repentinamente lhe deu um soco bem dado na cara devido ao seu comentário arrogante, antes de ambos prosseguirem a urrar um com o outro, agarrando as roupas um do outro como se prestes a saírem na porrada antes que Dante surgisse em meio aos companheiros, seus olhos se cerrando ao encarar Kid.

Aborrecido mas notando o olhar do "guarda-costas" de Echo, Kid a soltou bruscamente a empurrando para a frente, fazendo com que a mulher de cabelos azuis se arrumasse enquanto bufava e então caminhasse em direção ao irmão despreocupada. – Tudo bem com você? E os outros?

– Estamos bem. Mas Eustass devia checar seus homens e ver se estão todos bem também. – Dante murmurou em resposta.

Kid rolou os olhos. – Provavelmente estão todos bem também, não há razão para...-

– Capitão...! – No entanto o ruivo foi interrompido quando Heat surgiu por entre os companheiros de Echo, destacando-se entre eles. Sua postura tensa fez com que ambos Kid e Echo piscassem sem entender. – Wire foi ferido. Levou alguns tiros.

O capitão de cabelos vermelhos piscou visivelmente abalado antes de murmurar com o tom de voz sério. – Onde ele está?

Com um gesto de seu braço Heat virou-se e começou a se mover entre os tripulantes ao redor, serpenteando e liderando seu capitão até o outro extremo do convés da Iron Maiden onde alguns dos companheiros de Kid permaneciam ao lado do colega e até mesmo alguns piratas da tripulação dos Crossbone Pirates estavam reunidos com expressões preocupadas. Kid fez seu caminho em direção ao companheiro abatido e observou Wire sentado e recostado sob uma parede, mantendo uma das mãos sobre seus ferimentos que sangravam. Echo, que o havia seguido, espiava com uma expressão preocupada.

O olhar de Kid era sutilmente repleto de preocupação, apesar de sua voz manter-se firme.

– Consegue se levantar?

– Hm... – Wire abriu os olhos começando a se mover mas piscou quando Echo se colocou na frente do capitão de capa vermelha, fazendo com que Kid também olhasse em sua direção.

– Kid, espera! Deixe ele aqui com a gente. O Corvo pode cuidar dele.

– É verdade – O doutor dos Crossbone Pirates aproximou-se passando por alguns de seus companheiros que mantinham-se ao redor curiosos. – Eu possuo remédios de minha própria criação que ajudam bastante com ferimentos de bala. Meu tratamento pode ajudar. É o mínimo que podemos fazer depois da assistência de vocês...

Espiando de Corvo para Wire e então para Echo, Kid murmurou. – ...Tudo bem. Wire vai ficar no seu navio até se recuperar então. Volte quando estiver curado.

Piscando Wire assentiu e então deixou com que alguns dos Crossbone Pirates o ajudassem a ficar de pé e caminhar para dentro dos corredores seguido por Corvo, seus robes negros e compridos esvoaçando atrás dele. Com o fim da batalha todos os piratas espalhados ao redor então começaram a dar conta dos danos e recolheram as armas, arrumando as coisas no convés enquanto Echo lhes dava instruções ao lado de Dante até que ela caminhou na direção de Kid, que mantinha os braços cruzados sobre o peito observando o horizonte diante da proa do navio.

Os olhos laranja dele miraram na direção de Echo ao que ela parou ao seu lado.

– Seus companheiros são muito fortes... Cabeças-duras que nem você – Ela sorriu de forma travessa mas seu tom parecia querer reconfortá-lo. Kid apenas murmurou em resposta e Echo cruzou os braços de leve em frente ao seu corpo, mirando o olhar adiante por entre as galhadas de ossos dispostas na frente da Iron Maiden. – Ser um capitão não é nada fácil, não é?

– São todos uns idiotas... E deveriam tomar mais cuidado. – Kid bufou depois de um tempo.

Piscando o ruivo olhou na direção dela quando Echo bateu de leve com seu quadril no dele de forma divertida.

– Você liga... – Ela sorriu com um tom travesso, os olhos lampejando divertidamente. Imediatamente Kid estufou as bochechas por instinto de forma defensiva e bufou em seguida, virando seu rosto para a frente teimosamente. Sem dizer nada o ruivo apenas franziu os lábios aborrecido e então Echo suspirou, lançando à ele um olhar significativo. – Eu sei que já disse isso antes, mas obrigado. Eu aprecio a ajuda.

Silenciosamente Kid espiou na direção dela outra vez parecendo que não diria nada novamente; no entanto um sorriso atrevido e arrogante surgiu no rosto dele e o ruivo virou seu rosto na direção de Echo usando um tom de voz flertante e confiante: – Você me deve uma agora.

Piscando Echo pareceu momentaneamente surpresa antes de rolar os olhos soltando um suspiro pesado, virando seu corpo de leve para a direção oposta enquanto colocava uma de suas mãos enluvadas sobre seu rosto.

– Deixa pra lá... Eu nunca devia elogiar você, só alimenta seu ego já gigante...

– Gh...! – Kid piscou antes de seu rosto tornar-se vermelho de raiva. – CALE A BOCA!

Murmurando Echo espiou silenciosamente na direção de Kid com seus olhos cor-de-rosa parecendo intrigada. Ela se perguntava como era possível que um imbecil tão arrogante pudesse ser tão cooperativo e prestativo quando queria, e apesar de Kid ser extremamente difícil de se lidar, ele era inegavelmente leal; embora obviamente não quisesse admitir aquele fato para ninguém.

– Estou indo agora – Ela suspirou enquanto Kid fechava seus lábios pintados de vermelho para escutá-la. – Vamos cuidar do Wire e mandá-lo de volta à Victoria Punk quando ele estiver curado.

E assim ela começou a se afastar em direção à entrada dos corredores deixando sozinho um Kid que parecia deveras aborrecido e infeliz com sua retirada precoce, como se esperasse passar um pouco mais de tempo com ela a despeito do tempo que perderam devido à batalha repentina. Suspirando pesadamente o ruivo agitou seus próprios cabelos com sua mão direita antes de chamar a atenção de seus tripulantes, fazendo com que todos se retirassem atrás dele de volta ao próprio navio, deixando com que os Crossbone Pirates cuidassem do resto. Em silêncio os companheiros dele fizeram seu caminho de volta à Victoria Punk e Killer lançou um olhar pensativo na direção da Iron Maiden uma última vez antes de saltar para o outro convés, desaparecendo de vista junto com outros.

Dentro da Iron Maiden caminhavam alguns dos membros da tripulação de Echo carregando ferramentas e tábuas a fim de consertar o dano recebido na batalha e outros pareciam se preparar para descansar, acenando para a capitã conforme Echo passava pelo corredor e fazia seu caminho checando cada área a fim de verificar se todos seus companheiros estavam bem. Ela brevemente checou Wire na companhia de Corvo enquanto o doutor o tratava na ala médica e então voltou a seguir seu caminho eventualmente encontrando com Dante no corredor, que então começou a acompanha-la aos seus aposentos enquanto conversavam sobre o que tinha ocorrido e sobre os próximos planos. Como de costume o navegador tinha se certificado de perguntar se Echo estava bem e ela lhe garantiu que sim, andando com uma expressão pensativa até parar na entrada de seu quarto.

– Descanse bem, ok? – O homem de cabelos longos murmurou de maneira protetora como de costume, fazendo com que Echo assentisse ao esticar os braços pra se espreguiçar. No entanto ela piscou conforme Dante continuou falando, movendo-se de leve no mesmo lugar parado próximo à porta, sua expressão pensativa. – E tente fazer menos inimigos no futuro... Nunca sabemos quando mais um vai aparecer querendo te pegar.

– De certo modo, não é culpa minha... – Echo cruzou os braços fazendo um biquinho teimoso, olhando para a direita. – É assim que as coisas são. E afinal de contas eu acabei não fazendo do Kid meu inimigo.

À menção do nome de Kid, a expressão de Dante tornou-se intrigada e ainda mais contemplativa. Como se notasse aquilo a mulher de cabelos azuis hesitou por um breve momento, observando conforme o irmão murmurou: – ...Isso é verdade, eu não posso negar. E desses tempos pra cá, você tem ficado deveras próxima dele, não é?...

– Eu... Uhm... – Hesitante, Echo cruzou os braços com um pouco mais de força, parecendo estranhamente tensa. Ela abaixou o olhar como se se sentisse embaraçada ao mencionar aquilo ao irmão. – Olha, eu sei que você não gosta dele...! Eu também não, então está tudo em ordem, não é? Nós apenas temos essa meio-que-trégua rolando, ok?

Com um olhar preocupado, Dante a observou.

– Echo...

Rapidamente o rosto dela ficou vermelho.

– O que foi?! – Echo soltou de maneira defensiva levemente virando-se para sua esquerda, os braços ainda cruzados e seu tom de voz um tanto exasperado ao que ela começou a andar por seu quarto enquanto falava. – Não é nada de mais, ouviu? O Kid é irritante, insuportável, arrogante... Ás vezes eu tenho vontade de... De pegar a cara dele e amassar que nem uma laranja podre! Ele me deixa louca! Com aquela atitude idiota, o ego gigante, a teimosia...! Por quê você está me perguntando tanto sobre isso afinal?!

Enquanto a escutava o homem de olhos amarelos tinha permanecido calado, mas lançava um olhar conhecedor em direção à Echo, coisa que ela notou. Há algum tempo Dante já havia notado o que estava acontecendo. – Porque eu sou seu irmão mais velho, Echo. Eu me preocupo com você, e me importo muito com você. Naturalmente - e você já sabe disso - eu me preocupo com sua segurança, e apesar de Eustass ter provado ser de certa forma confiável, ele é impiedoso e inconsequente. Tudo o que eu quero é proteger você...

Echo olhava na direção do irmão e lentamente tinha parado de se mover, ficando parada no mesmo lugar e timidamente roçando uma das mãos em um de seus próprios braços enquanto olhava para o chão à sua frente.

– ...Eu sei. – Echo murmurou com o olhar baixo antes de sorrir, como se lembranças passassem por sua mente. – Você sempre me protegeu e cuidou de mim.

...

...

...

Uma lata vazia passou voando sobre uma cerca de madeira desgastada antes de ser seguida por outros objetos aleatórios que estavam sendo atirados de dentro da propriedade abandonada. Era uma cabana à beira de uma vila, pequena e de aparência decrépita repleta de buracos e tábuas faltando, tendo aberturas enormes no teto e as janelas quebradas, os cacos de vidro espalhados pelo chão. Uma garota de aparentes 7 anos vasculhava uma caixa de pertences abandonados pelos prováveis donos antigos da cabana e revirava incessantemente os conteúdos dispostos ali como se tentasse procurar algo que valesse à pena. Vestia uma camisa cinza e shorts pretos e tinha os cabelos até os ombros, intensamente azuis enquanto as pontas repicadas eram de um tom mais claro e ciano; os olhos cor-de-rosa de Echo se arregalaram de leve quando ela agarrou um vidro esperançosa mas logo em seguida fez um bico descontente, largando de volta a garrafa que ela antes achara que tinha algo interessante dentro mas apenas sustentava teias de aranha.

Nada de útil... De novo – Ela suspirou aborrecida agachada em frente ao caixote, colocando a palma de sua mão direita em seu rosto. No entanto assim que escutou um som vindo da frente da propriedade ela se tornou atenta, escondendo-se debaixo das placas do assoalho suspenso na fundação da cabana.

Os galhos dos arbustos ao redor se mexeram e Echo aguardou até que seus ombros relaxaram escutando a voz familiar de alguém.

Echo, sou eu.

Abrindo um sorriso a garota de cabelos azuis saltou para fora da fundação velha e empoeirada, avançando para encontrar com seu irmão que se aproximava, retornando da vila.

Dante, que bom! Você estava demorando, eu fiquei fuçando aqui mas não achei nada que fosse... – No entanto Echo piscou ao que pôde olhar com clareza na direção de Dante à sua frente, notando que o irmão tinha visíveis ferimentos e roxos pelo corpo como se tivesse tomado uma surra enorme, um pouco de sangue manchando suas roupas já escuras. – O que aconteceu com você?

Isso não é nada – Dante murmurou se aproximando da irmã com o olhar cabisbaixo, um de seus olhos mais fechados do que o outro devido ao enorme roxo que tinha ali. O garoto parecia ter 10 anos e suas roupas pareciam mais gastas do que as da irmã, tendo alguns rasgos nas mangas e nos joelhos. Seus cabelos eram escuros e bagunçados, a altura passando um pouco de seu ombro.

Como assim não é nada?! – Echo exclamou visivelmente afobada e preocupada, chegando perto do irmão e olhando para cada um de seus machucados. – Foi por isso que você demorou? Por quê não deixou eu ir com você?

Eu não queria que você se machucasse. Não gosto de deixar você sozinha mas quando a gente estava vindo pra essa vila eu vi uns caras grandes... Não quis arriscar que eles te pegassem. – O irmão mais velho disse com certa calmaria mas convicção. – Mas veja, eu consegui uma coisa pra gente.

E Dante abriu sua bolsa que estava pendurada com a alça sobre seu pescoço, tirando embrulhos que ele mostrou serem pães frescos que ele tinha conseguido obter. Por mais que Echo a princípio tivesse espiado na direção da comida parecendo faminta, ela agitou o rosto agarrando nos ombros do irmão.

Primeiro a gente vai consertar você! Depois a gente come! – Ela disse com firmeza tentando soar determinada apesar de sua preocupação. Piscando Dante sorriu de leve mas assentiu, sentando-se em frente ao espaço escondido em que Echo tinha usado para esperar seu retorno.

Onde está sua bolsa?

Aqui – Echo rapidamente se arrastou debaixo da fundação da cabana, puxando do fundo a alça de uma bolsa velha que tinha escondido mais adiante. Com pressa a garota abriu e começou a revirar os conteúdos ali dentro, tirando dali um rolo de gaze e um pano para que pudesse começar a ajuda o irmão a limpar seus machucados. Enquanto Dante vez ou outra hesitava ao tocar nos seus hematomas, Echo enfaixava seu braço e fazia um curativo provisório para o galo em sua testa.

Assim que estavam satisfeitos com os curativos, os dois irmãos começaram a comer os pães que o garoto trouxera. Aquela era basicamente a rotina de Echo e Dante, sempre em movimento sem permanecer tempo demais no mesmo lugar antes de fugirem carregando apenas o que coubesse dentro de suas bolsas e o que conseguiam roubar sem serem pegos. A maior parte de seus dias eram passados em esconderijos e lugares abandonados e escuros como aquele, onde os dois pudessem se esconder de quem quer que tentasse os expulsar ou fazer pagar por seus roubos necessários. As ruas eram repletas de bandidos e as cidades de pessoas cruéis que se negavam a ceder alguma ajuda aos órfãos, isso quando piratas não acabavam aparecendo por aquelas partes também. Temeroso com a presença daquelas pessoas Dante fazia questão de afastar Echo deles e mantê-la sempre a salvo, encorajando a irmã a seguir o caminho mesmo debaixo de chuva e à noite, prometendo a ela que logo encontrariam outro abrigo para descansar.

Quando finalmente achavam um lugar encoberto e seguro o suficiente, Dante se sentava próximo de Echo e a mantinha aquecido conforme a abraçava, certificando-se de que a irmã tinha caído no sono primeiro antes de se permitir descansar.

...

...

...

ME LARGA!

Pare de gritar, mocinha... Só queremos suas coisas.

Echo rosnava enquanto tentava em vão se desvencilhar do aperto de um homem alto e musculoso que agarrava firmemente na alça de sua bolsa, tentando afastá-la. Havia um grupo de pelo menos 5 homens na estrada todos ao redor dos dois irmãos que, emboscados pela gangue de bandidos, tentavam em vão escapar. Assim que um deles fizera um movimento em direção à Echo, Dante tinha avançado imediatamente para defendê-la, tentando atingir o homem em seu corpo mas falhando em dar qualquer dano significativo devido ao seu próprio tamanho e ao porte forte do bandido. Sendo atingido por um outro capanga o garoto de cabelos escuros caiu de costas no chão, olhando exasperado na direção da irmã.

ECHO!

SOLTA A MINHA BOLSA! Você não sabe como foi difícil conseguir essas coisas! – Echo chiava e puxava com toda a força que conseguia reunir, mal fazendo o bandido se mover ao que ele soltou uma risada debochada.

Crianças não deviam andar sozinhas, sabia? Vocês devem ter alguma coisa que preste aqui dentro, então largue de uma vez! – O homem rosnou antes de atingir Echo em seu rosto com as costas de sua mão, fazendo com que ela ganisse e caísse no chão de lado, levantando poeira.

Dante arregalou os olhos paralisado mas seu corpo se moveu instantaneamente no momento seguinte; com rapidez o garoto de cabelos escuros agarrou a placa da estrada que antes havia sido quebrada do chão no começo da discussão e urrou no que saltou de repente, agitando a placa no ar em um movimento veloz e atingindo ela em cheio nas costas da cabeça do bandido que tinha batido em Echo, explodindo a madeira em pedacinhos e causando um estrondo no ar. Os outros homens piscaram surpresos com a repentina retaliação mas logo cerraram os dentes aborrecidos enquanto o bandido que segurava a bolsa de Echo então rosnava enfurecido.

Ora, seu pequeno vira-lata...!

Antes que pudessem interceptá-lo Dante largou a base da placa que tinha sobrado em suas mãos e correu desesperado em direção à Echo, repentinamente se jogando em cima dela para cobrí-la no que ouviu os passos dos bandidos se aproximarem antes de todos começarem a pisoteá-lo com força, chutando e pisando em seu corpo sem parar enquanto davam estrondosas risadas e cuspiam insultos repetidamente, satisfazendo-se em torturar o garoto que se recusava a sair de cima de sua irmã protegendo-a a todo custo dos golpes cerrando os dentes e os olhos fechados com força; tudo isso enquanto Echo chorava e gritava não de dor mas de medo pela segurança do irmão.

DANTEEEEEEEE!

...

...

...

Quando os bandidos resmungaram insatisfeitos em descobrir que as crianças não tinham nada de valor em suas bolsas eles despejaram o conteúdo de ambas no chão antes de também pisoteá-los e enfim partirem pela estrada sem o menor remorso ou arrependimento. Com as roupas sujas, gastas e amassadas, Dante arquejou e caiu de lado fracamente sentindo seu corpo inteiro dolorido e ferido devido aos incessantes chutes que recebera. Trêmula, Echo fungou com os olhos cheios d'água e começou a balançar o irmão de leve pelo ombro.

Dante... Dante! – A garota soluçou enquanto fungava e as suas lágrimas escorriam pelo rosto machucado.

Fracamente o irmão mais velho abriu seus olhos lentamente ainda caído, espiando na direção de Echo. – Você está bem...?

Eu?... – Ela chiou assustada. – Eu estou... Eu... Só machuquei o rosto... Você está inteiro machucado...

Dante apoiou uma de suas mãos no chão e tremulamente se colocou sentado conforme Echo o ajudava e tossiu dolorosamente. Suas costas doíam imensamente; mas no entanto o garoto em seguida se colocou de pé e cansativamente começou a agrupar o conteúdo das bolsas que ainda eram recuperáveis e úteis antes de se sentar na frente de Echo outra vez, estendendo o rolo amassado de gaze na direção dela querendo tratar do machucado em seu rosto.

Desculpa, Echo... – Ele murmurou com o olhar culpado e transbordando de preocupação enquanto começava a cuidar da irmã que ainda chorava abalada e assustada, aflita pela situação de Dante conforme ele murmurava. – Eu nunca vou deixar ninguém te machucar de novo...

Fungando Echo tentou se acalmar esfregando as costas das mãos sobre os olhos e uma vez que tinha um curativo improvisado em seu rosto ela assentiu, tirando o rolo de gaze das mãos de Dante.

Eu sei que não vai... Obrigado, irmãozão.

...

...

...

Echo agora olhava na direção do irmão mais velho dentro de seu quarto notando aquela preocupação tão familiar em seu olhar. Apesar de suas pupilas serem fendas os olhos de Dante jamais haviam sido assustadores para ela, e ao contrário transmitiam a ela uma segurança que ela nunca havia sentido com mais ninguém. Aproximando-se do homem mais alto a capitã abriu um sorriso cheio de gratidão e ergueu sua mão para tocar em seu braço gentilmente.

– Eu garanto que não vou estar em perigo com o Kid. – Echo murmurou mirando seu rosto para cima para encontrar o olhar de seu irmão, sorrindo gentilmente. – Obrigado, irmãozão.

Apesar de ainda parecer preocupado, Dante devolveu o sorriso lentamente de maneira significativa. Diante dele estava seu maior tesouro, e não queria que nada no mundo trouxesse dor à ela.

– Eu quero que você seja feliz, Echo. Mas também quero que tome cuidado. Consegue prometer isso pra mim...? – Ele sussurrou devagar enquanto olhava para a irmã mais nova de maneira suave.

– Eu prometo – A mulher de olhos cor-de-rosa assentiu ao dizer, lançando ao irmão um sorriso de olhos fechados que fez com que Dante sorrisse um pouco mais sentindo-se mais aliviado. Assentindo de volta o navegador lançou a ela mais um olhar significativo antes de então virar-se para se retirar do quarto, deixando Echo sozinha em seus aposentos conforme ela soltava um suspiro e tocava em seus cabelos perdida em pensamentos outra vez.

...

...

...

Ambas as tripulações seguiram viagem em uma velocidade reduzida nos dias que seguiram. Os dois navios moviam-se em sincronia sobre as ondas do mar azul e acima o céu parecia relativamente tranquilo enquanto os convés de ambas a Iron Maiden e a Victoria Punk estavam estranhamente silenciosos. Pareciam todos estar aguardando algum sinal da recuperação de Wire, ao mesmo tempo que estranhavam a ausência da baderna e barulho que Kid e Echo causavam diariamente. No entanto na segunda manhã depois do ataque dos Baxter Pirates, Echo finalmente surgiu ao ar livre e saltou em direção ao convés do outro navio olhando ao redor como se procurasse alguém, imaginando que a ausência dele se daria por sua preocupação com o estado de seu companheiro.

Sempre de prontidão, Killer apareceu no convés e fez um breve mas discreto gesto na direção do gigante crânio de ouro enferrujado disposto na proa da Victoria Punk, simbolizando que a pessoa que Echo procurava estava por ali. Grata ela fez um gesto com seu rosto ao primeiro-imediato da outra tripulação e sutilmente saltou para cima do crânio com as mandíbulas abertas; apesar do ângulo um tanto quanto íngreme devido à posição da mandíbula superior da criatura Kid estava parado de pé ali e olhava silenciosamente para o horizonte adiante ao norte, os braços cruzados com firmeza em frente ao seu corpo enquanto seus cabelos e sua capa esvoaçavam com a brisa do mar. Aproximando-se dele Echo caminhou devagar e logo o ruivo sentiu sua presença, espiando brevemente por cima de seu ombro. Quando o fez, Kid também viu que no convés do outro navio o navegador de Echo, Dante, também espiava na direção deles por um momento antes de desaparecer.

Franzindo o cenho Kid soltou um som rabugento.

– Qual é a do seu irmão, afinal? – Ele resmungou mantendo os braços cruzados em frente ao corpo forte, sem se virar na direção de Echo que tinha parado ao seu lado direito. – Ele parece mais um guarda-costas contratado...

Piscando a princípio Echo soltou um suspiro antes de lentamente se sentar sobre a superfície um tanto áspera do crânio, fazendo com que Kid erguesse as sobrancelhas espiando para baixo, em sua direção.

– O Dante é muito superprotetor mesmo... – Echo disse calmamente ao dobrar as pernas em frente ao seu corpo e repousar os braços sobre os joelhos. O olhar dela mirava-se no horizonte, observando as nuvens e as ondas se movendo até onde a vista alcançava. – Nós crescemos sozinhos então ele sempre cuidou de mim.

Intrigado Kid havia piscado e observava Echo parecendo curioso, mantendo-se em silêncio antes de lentamente começar a se sentar ao lado dela, espiando na direção da outra capitã conforme murmurou: – ...Cresceram sozinhos?

Echo assentiu, abrindo um sorriso ao ver que o ruivo tinha se juntado à ela.

– Sim. Perdemos nossos pais muito cedo, quer dizer, eu nem me lembro direito como foi... E desde então vivemos pelas ruas, lutando e roubando pra sobreviver. Não foi nada fácil, é claro... Mas Dante sempre esteve lá pra me manter segura. Eu... Tenho medo de perder ele, tanto quanto eu sei que ele tem medo de me perder.

Kid manteve-se surpreendentemente calado enquanto processava o que ouviu. Fazia sentido agora o quanto o navegador de Echo relutava em se afastar dela; tinham sofrido muito no passado e ambos confiavam plenamente um no outro, cuidando um do outro. Murmurando o ruivo fez um gesto leve com seu rosto antes de fechar os olhos, bufando brevemente ao mirar seu rosto para a frente.

– Uma dupla de desgarrados também, hein?

Piscando Echo espiou na direção dele curiosa. Com a oportunidade, Kid limpou a garganta e continuou a falar, mantendo seus olhos laranja à frente.

– Killer e eu crescemos de forma parecida. Viemos do South Blue e, bem, sem rodeios, só tínhamos um ao outro. – Ele começou de forma um tanto séria, relembrando o passado parecendo pensativo. – Não confiávamos em ninguém além de nós mesmos e por muito tempo fomos só nós dois. Isso só mudou quando formamos nossa tripulação. Apesar de termos bastante idiotas como companheiros, cuidamos uns dos outros; eu acho. Sei como é ter uma única pessoa com quem se pode contar.

Observando-o surpresa, Echo abriu um sorriso. – South Blue, hein? Vocês vieram de bem longe... Eu devia imaginar que Killer é seu amigo desde a infância, apesar de me surpreender em saber que ele te aguenta a tanto tempo...

– Tch... – Kid bufou espiando na direção dela. – E eu me admiro com a paciência que seu irmão tem com você.

Erguendo as sobrancelhas Echo piscou mas soltou uma risada calorosa que fez com que Kid franzisse os lábios pintados de vermelho antes deles se curvarem em um sorriso. Era estranhamente confortável somente... Conversar. Por algum tempo os dois capitães ali permaneceram, trocando fatos sobre suas infâncias e dividindo experiências vez ou outra assumindo a mais comum postura competitiva quando comparavam seus feitos de maneira pomposa; mas para todos os efeitos, Echo e Kid conversaram de maneira confortável sem perceber que ambos tinham mais uma pessoa do qual confiavam plenamente. O sol movia-se pelo céu acima deles e os dois apenas se mexeram quando escutaram os Kid Pirates se movendo no convés antes de chamarem a atenção do capitão.

– Capitão! É o Wire! – Disse Heat enquanto gesticulava na direção da Iron Maiden e rapidamente Kid se colocou de pé junto de Echo para olhar naquela direção, vendo então o alto companheiro surgindo no convés do outro navio parecendo recuperado enquanto caminhava ao lado de Corvo.

Prontamente Kid saltou para fora do crânio gigante a fim de receber seu tripulante de volta assim que Wire apareceu na Victoria Punk outra vez. Os companheiros ao redor o receberam com tapinhas amigáveis e comentários aliviados, mas o ruivo cruzou os braços com os olhos cerrados e prosseguiu a soltar seu sermão em um tom firme e aborrecido:

– Veja se toma mais cuidado da próxima vez!

– Sim, capitão... – Wire disse de maneira submissa mas parecia contente em estar de volta, fazendo um gesto agradecido á Echo antes de seguir seu caminho junto do resto da tripulação.

Sorrindo quando retribuiu o gesto de Wire aliviada por ver que ele estava bem, a mulher de cabelos azuis então virou-se para Kid. – Credo, precisa ser tão rude assim?

Bufando, Kid desviou o olhar recusando-se a respondê-la. No entanto era fácil perceber que ele estava também aliviado pelo retorno seguro de seu companheiro, mesmo que fingisse que não se importava e escondesse sua preocupação debaixo de camadas de teimosia. Com o ânimo restaurado Echo soltou uma risada divertida e outra vez bateu com seu quadril no do ruivo fazendo com que ele piscasse antes de reclamar com ela com um rubor em seu rosto, prosseguindo a discutir com Echo daquela maneira que todos já estavam acostumados a presenciar e que até tinham sentido falta durante aqueles dois dias.

Logo mais dias se passaram conforme o hábito de 'invadir' o navio um do outro tornava-se frequente outra vez entre Echo e Kid; os dois capitães cabeça-dura constantemente discutiam toda vez que se encontravam mas inegavelmente se davam muito bem, mostrado em todas as vezes que Kid tinha sido forçadamente arrastado por Echo até a sala de jogos da Iron Maiden relutantemente mas tinha então se divertido com a outra tripulação, assim como todas as vezes que a capitã de olhos cor-de-rosa aparecia para roubar alguma comida de Kid na surdina e era por consequência perseguida por ele aos berros antes dos dois acabarem por se engalfinhar nos corredores de maneira estranhamente amigável, mais de uma vez acabando com os dois acidentalmente perto demais um do outro antes que ambos percebessem o fato assim que algum dos companheiros de Kid aparecia vendo a cena; que acabava com Kid dando pancadas na cabeça deles violentamente e defensivamente, o rosto vermelho como seus cabelos enquanto ele berrava alto.

As disputas amigáveis de rivalidade entre os dois continuavam como de costume durante a viagem pela Grand Line e em outra clara manhã Kid escutou os passos de uma sorrateira Echo tentando surpreendê-lo por trás antes dele se virar sorrindo pomposamente, pronto para interceptá-la antes de grunhir quando Echo empurrou algo metálico e gelado contra seu rosto dizendo: – O que você vê?

– A minha mão na sua cara, é o que eu vou ver daqui a pouco! – Kid rosnou rabugento percebendo que o que a rival tinha lhe oferecido era um telescópio de bolso, erguendo uma sobrancelha confuso.

– Fique quieto, idiota! Olhe pra lá! – Exclamou Echo segurando no rosto do ruivo com as duas mãos para fazer com que Kid virasse para o horizonte piscando sem entender. Aborrecido ele resmungou entre os dentes antes de levar o telescópio para seu rosto e olhou à distância, vendo a silhueta de uma ilha no horizonte.

– Uma ilha – Kid murmurou rabugento.

– E que ilha é aquela? – O entusiasmo de Echo era notável.

Piscando Kid exclamou alto devolvendo o telescópio à ela de maneira brusca. – Como é que eu vou saber?!

– Credo, você nunca olhou pra um mapa na vida?

– Isso é trabalho pra um navegador, não pra mim!

Echo soltou um suspiro alto e exasperado, então gesticulando com seu braço esquerdo na direção do norte rapidamente. – Aquela é uma ilha comercializadora, gênio. E quer saber mais? Lá tem um banco do Governo Mundial.

Erguendo uma sobrancelha Kid pressentiu o problema.

– E o que quer dizer com isso? – Ele murmurou enquanto observava o olhar travesso nos olhos brilhantes de Echo.

Abrindo um sorriso arteiro, Echo cerrou os olhos maquiados.

– Eu quero invadir.

...