Cap. 4
Lucky
Kagome corria pelas ruas agitadas da grande metrópole. Estava atrasada, pela primeira vez para seu curso de teatro. Odiava chegar atrasada em seus compromissos. Isso só acontecia aos seus quinze e dezesseis anos, uma época em que sua mãe se acabava com ela, a chamando para a escola. Sempre estava atrasada. Raras eram as vezes que chegava lá na hora. Aos dezoito parou com isso e sempre chegava adiantada. Hoje seria o dia em que Sesshoumaru escolheria, ou melhor, sortearia os papéis para a peça Romeu e Julieta. Chegou, e fora bem na hora que ele ia começar a sortear os nomes. Abriu a porta num estrondo, fazendo todos a olharem.
Gomen Nasai...
que?..
Desculpas pelo atraso, professor... – Disse ela. O pessoal que conhecia sempre estranhava seu jeito de falar, pois ela ainda conservava algumas falas em japonês que não queria dizer em inglês.
Tudo bem, Kagome, sente-se pois vou sortear os papéis. Bom, começaremos pelos papéis mais simples até os protagonistas. – Kagome se sentou ao lado de Sango e Rin e ouviu Kikyou com seu bolinho: "Aposto que eu vou ser a Julieta! Tomara que o Inuyasha seja meu Romeu! " Disse ela. Kagome ficou com uma pontada de nojo e raiva ao mesmo tempo.
Sabe meninas, hoje eu vou me juntar ao grupo. A Kikyou é realmente nojenta! – Disse Kagome, se sentando no chão com as amigas.
ALELUIA! Que bom que caiu em si, Kagome – Disse Rin.
Meninas, o Sesshoumaru vai dizer quem vai ser o Romeu! – Disse Sango. Sesshoumaru pegou um saquinho azul com os nomes dos meninos e pegou um papelzinho.
Não posso acreditar... Não é que o Inuyasha conseguiu ser o Romeu dessa peça? – Inuyasha vibrou por Ter conseguido o papel. Miroku era seu mais novo amigo, ele também ficou feliz pelo colega.
Bom, agora vamos ver... – Sesshoumaru esta vez pegou um saquinho rosa, com os nomes das meninas e pegou outro papelzinho. – Não é que a mais indicada pegou o papel? Inuyasha, parabéns, a sua Julieta será a Kagome. Até que eu acho que vocês formam um belo casalzinho... – Inuyasha de subto deixou escapar um sorriso bem largo, mas este logo se desfez quando a classe começou a zoar os dois e Kagome o olhou. Ambos coraram muito.
Ah, eu já falei que aula de teatro não é lugar de se ficar com rosto vermelho. Vamos, os dois, aqui estão os roteiros. Semana que vem quero esses textos decorados. Começaremos a ensaiar as danças ainda hoje. – Ele entregou alguns cadernos para alguns alunos. Logo depois, arrumou todos em lugares novos para a dança principal. Seria na cena da batalha entre as famílias de Romeu e Julieta. Inuyasha e Kagome, claro, fariam par. Na cabeça de Sesshoumaru, seria uma peça que deixaria sua marca.
A dança que ele imaginou, seria extremamente sedutora e romântica. Ele anotou tudo num papel enquanto os alunos faziam o aquecimento de sempre, exercícios de voz e tal. Logo, começaram a ensaiar. A aula desse dia só havia acabado às nove da noite. Sango, Rin e Miroku estavam com uma trama estranha, estavam toda hora de segredinhos. Kagome não deu muita bola pra isso, mas na hora de ir embora...
Kagome, eu vou com a Rin e o Miroku. Temos de pegar algumas coisas da faculdade no apê dele. Amanhã nos vemos! – Disse Sango, indo com os dois amigos para a direção oposta a de Kagome. Essa, conformada, começou a fazer o caminho de casa. Parou na esquina, o sinal de pedestres estava fechado. Esperou, e logo, alguém apareceu do seu lado. Inuyasha, ia todo sem jeito, ajeitando a mochila, e nem percebera o sinal fechado. Kagome o puxou para trás, pois ele já ia ir atravessando a pista aberta.
Cuidado, Inuyasha. É perigoso andar distraído assim por aí, sabia? – Disse ela, para o menino, que agora a olhava.
Feh! Não importa... – Esperaram o sinal abrir e começaram a andar. Kagome sempre ficava irritada com o jeito mesquinho de ser de Inuyasha. Não dava pra ser mais simpático? Ainda bem que não tenho que ir o caminho todo com ele e... Espera...
Inuyasha, pra onde você vai? – Disse ela, distraída, chutando uma pedrinha.
Pro Nothingham...
Condomínio Nothingham?
Exatamente, qual o problema?
Quer dizer que vou Ter que te aturar o caminho inteiro?
E daí? Você mora lá?
Sim, moro... Eu e a Sango, nós somos vizinhas.
Ah... – Disse ele, desinteressado.
Será que não dava pra ser um pouquinho mais educado?
Um... Deixa eu pensar... Não. – Disse ele, fazendo gracinha com ela.
Aff... Deixa. Não dá pra conversar mesmo com você...
Você é do Japão?
Sim, porque?
Também venho de lá.
Eu nasci lá. Vim pros Estados Unidos pra testar o inglês e por causa da faculdade. Mas ainda é difícil não dizer algumas coisas em japonês.
Ahh.. Eu nasci lá e vim morar aqui aos 5 anos. Mas já voltei lá.
Porque você faz teatro, Inuyasha?
Sei lá... Porque o meu irmão é um chato que me obriga a ir.
Ué... Porque ele obriga?
Perdemos nossos pais aos 16 anos. Desde então vivemos na casa que deixaram pra gente. Como ele é o mais velho, e como eu preciso de dinheiro... E porque você faz teatro?
Sinto muito pelos seus pais.. Faço porque queria deixar de ser tímida.
Bom, acho que conseguiu, porque do jeito que você se mostra nas aulas. Aquele mortal que você deu sozinha por cima de mim naquele dia... Impressionante você conseguir saltar essa altura toda.
Nha, eu não me mostro! Eu consigo saltar essa altura toda porque eu já fiz ginástica olímpica. Eu faço faculdade de Ed. Física...
Isso explica o seu corpo... – Murmurou ele.
Como? – Disse ela, meio vermelha.
Nada... Esquece... – Disse ele, totalmente rubro, olhando para o lado. Kagome soltou alguns risinhos.
Do que está rindo? – Disse ele, ainda rubro, a olhando com cara de inocente. Ela tirou o caderno que Sesshoumaru havia lhe entregado da bolsa e deu uma lida.
Já fez alguma peça?
Já, mas nunca fui um dos artistas principais.
As falas são bem difíceis, né? As de Romeu e Julieta.
Sim... Mas nada é tão difícil. O ruim é todo o drama da peça e o final trágico.
É... Podia Ter um final feliz, mas como da pra perceber, seu irmão gosta de seguir as peças à risca, né?
E como... Eu não sei como eu agüento o Sesshoumaru.
Ele não é tão ruim assim.
Porque ele foi com a sua cara.
Para com isso, Inuyasha! Não me admira ele te mandar fazer teatro, você tem mesmo que se soltar mais, e além de tudo, ficar mais simpático e EDUCADO! – Disse ela, destacando a última palavra.
E você tem que deixar de ser metida e mandona!
Chato!
Bruxa!
Que bom que chegamos. Não te agüentava mais. – Disse Kagome, zangada.
Você tava quase desmaiando por estar conversando comigo.
Cala a boca!
Eu também te amo, querida. – Disse ele, com um sorriso convencido.
Aff... É impossível te agüentar! – Disse ela, entrando no prédio 2 e começou a subir as escadas.
Te vejo amanhã, querida. – Disse ele, rindo da cara de Kagome.
