O Mar te Trouxe para Mim

Por. Nayome Isuy e Mari Felton Malfoy

Capítulo 01 – Desconhecido

O mar estava agitado naquela noite. A brisa litorânea estava forte e gélida, como sempre. A areia sempre branca era encoberta pela água salgada do mar. Apesar de se encontrar em uma praia, as árvores se situavam bem próximas ao mesmo. Aquela ilha na qual morava desde pequena sempre fora um lugar exuberante. Possuía um clima equatorial, do qual ela nem sempre desfrutava.

A noite já havia caído tingindo todo o céu com seu manto negro que se estendia até onde ela podia enxergar, sua única amiga era a Lua que brilhava no céu iluminando seu caminho. Não que ela realmente precisasse, conhecia o lugar melhor que ninguém, todavia odiava aquela escuridão, que a fazia se lembrar de como eram seus dias, mesmo que estes recebessem a luz do Sol. A Lua refletia no imenso oceano límpido e com o leve balançar das ondas recebera um ar espectral.

Seu negro cabelo esvoaçava conforme o balançar da brisa. O ar estava úmido, por causa da proximidade da água. Em seu rosto a tristeza estava estampada, suas feições eram delicadas e joviais. Ela usava um quimono simples e suave que lhe caia muito bem. Apesar da temperatura gélida, a jovem adentrou nas águas do mar, talvez no momento a única coisa que desejava era esfriar a cabeça, e esquecer dos problemas que a afligiam.

Não agüentava mais ter que obedecer a todas as ordens de um idiota qualquer, sentia-se extremamente mal por ter caído nas garras do ser mais vil e detestável que já pisara na Terra. Mas, afinal, de nada adiantaria lamentar pelos seus erros, o que estava feito não poderia mais ser alterado, teria que conviver com isso simplesmente. Contudo não desistira jamais de sua liberdade, tampouco poria a vida de seu único familiar em risco, precisava ser cautelosa. Mas naquela noite, ao menos naquela noite, não queria mais pensar nisso.

Respirou fundo, tentando relaxar. Decidiu sair da água, afinal, não queria adoecer. Sabia muito bem que o maldito Naraku não ligaria por estar resfriada e indisposta, a obrigaria cometer atrocidades das quais ela não podia se negar a cometer. Após deixar as águas salgadas, a jovem começou a torcer o quimono, numa tentativa inútil de se secar, mas só conseguiu tirar o excesso da água. Estava olhando ao redor, quando percebeu que um pouco adiante havia uma pessoa, molhada pela água do mar, jogada sobre a pura areia.

Olhou para o individuo com um misto de aflição e surpresa, o que ele fazia ali? Será que estava bem? Supunha que não. Caminhando lentamente sobre a fina areia, olhava atentamente para os lados, verificando se não havia ninguém por perto, constatou que não. Lentamente abaixou-se diante dele.

Ela permaneceu um tempo o admirando, era tão lindo, possuía longos cabelos prateados, como a Lua que estava alta no céu e um par de orelhas caninas, que pareciam ser incrivelmente fofas, provavelmente, ele era um youkai. Suas vestes, apesar de molhadas, eram formais. Percebeu que ele estava somente com uma bota, aquilo lhe intrigou, mas decidiu ignorar. Presa ao cinto, a sua cintura, havia uma espada. Ela suspirou e tirou uma mecha molhada, de seu cabelo, do seu belo rosto, com delicadeza, observou suas feições serenas e tranqüilas, ele parecia adormecido.

Questionou-se, seriamente, se deveria chamar por ajuda, mas resolveu que seria melhor que não o fizesse. Afinal, não era exatamente o que se podia chamar de pessoa querida naquela ilha. Entretanto não culpava as pessoas por terem essa impressão a seu respeito, tinham seus motivos para isso. Contudo, tampouco, poderia ficar simplesmente parada ao seu lado, então lentamente levou sua mão a do rapaz pensando no que deveria fazer.

Era melhor acorda-lo de uma vez, talvez, ele simplesmente estivesse dormindo. Ela o segurou pelos ombros e lhe deu um leve chacoalhar, ele resmungou um pouco, e tornou a dormir, ela se irritou por ter sido ignorada e o balançou com mais força.

Lenta e vagarosamente, o rapaz abriu os olhos, profundamente dourados, piscou-os algumas vezes a fim de enxergar com clareza, pois tudo que podia ver era um grande borrão. Forçou a memória para se lembrar do que havia acontecido, todavia antes de encontrar a resposta percebeu que alguém segurava, delicadamente, seus ombros, mas não conseguiu reconhecer quem era.

-Que bom que você acordou! – a jovem exclamou em meio a um suspiro aliviado ao perceber que ele parecia bem – o que você estava fazendo... – ela não pode completar sua pergunta, pois ele a interrompeu:

-Quem é você? E onde estou? – ele perguntou subitamente. Ela acabou se irritando, odiava quando as pessoas a interrompiam, mas... Ele havia perguntado onde estava? Será que não se lembrava?

-Eu sou Kagome... – ela respondeu, tentando manter a calma, enquanto ele se sentava para observa-la – você... Não sabe onde está? – ela perguntou um pouco preocupada, isso era sinal de que ele não estava muito bem.

-Se eu perguntei é porque não sei! – ele respondeu nervoso, percebendo que suas roupas estavam molhadas.

-Grosso... – Kagome murmurou, ele se virou para ela com uma cara nada amigável, ela se perguntou se ele teria ouvido o que ela tinha dito, balançou a cabeça para afastar a idéia, recuperou o tom de voz normal e rapidamente respondeu – olha, eu não tenho que ficar aqui ouvindo as suas grosserias... Se você estiver bem, eu vou indo... – ela se levantou e começou a limpar a roupa para tirar os grãos de areia.

-Espere aí, menina! – chamou irritado se levantando.

-Menina? – olhou-o com raiva – Eu não me chamo menina! Já lhe disse que meu nome é Kagome – virou-se de costas para ele – Idiota – murmurou, indo embora.

-Volte aqui. Volte aqui, menina. – ela meramente bufou. Decidiu que era melhor ignora-lo e continuou seu caminho, sem virar-se uma única vez para trás.

Ele se irritou e correu pela areia para segura-la e faze-la parar, foi quando percebeu que não estava com uma de suas botas, ele olhou para os pés, confuso:

-Onde está minha bota? –

-Humf... – a jovem cruzou os braços, nervosa, se livrando da mão dele – ora! Se você não sabe, como eu vou saber?! – ela indagou o olhando irritada.

-Menina idiota... – rosnou – Só podia ser humana -

-O que é que você disse? – quem diabos ele achava que era para chamá-la de idiota? – Idiota é você. Youkai idiota.

-Não é muito sensato dizer isso a um youkai, menina -

-É KAGOME! – bradou. O youkai rilhou os dentes em nervoso, como aquela garota era ousada! Será que não temia a vida?! Era tão corajosa assim? Ou não tinha cérebro o suficiente para saber que corria perigo? – afinal, qual é o seu nome mesmo?

-Não é da sua maldita conta! –

-Deixe de ser grosso! Ai, eu não sei porquê ainda continuo aqui! – ela exclamou e mais uma vez naquela bela noite de outono a jovem começou a se distanciar do youkai, este por outro lado não achava que aquela discussão estava acabada e tornou a segui-la para deixar bem claro que era muito mais forte, e que ela devia temer isso.

-Escute aqui, menina, – frisou a palavra – se pensa que pode virar as costas para mim, está muito enganada.

-Eu viro as costas para quem eu quiser. E pare de me chamar de menina! – rebateu furiosa.

-Isso é o que veremos. – ao dizer isso lhe lançou um olhar venenoso.

-Ah é? E o que é que pretende fazer? – desafiou, se aproximando dele com uma sobrancelha erguida. Ele se aproximou mais, ficando frente-a-frente com ela. Subitamente ele a segurou nos braços e a fitou intensamente. Ela ficou estática por um momento com a proximidade de ambos. Inuyasha ficou a observando e naquele momento ele percebeu o quão intenso era o azul de seu olhar, sentiu sua mente esvaziar e se esqueceu completamente de qual era o seu objetivo.

Kagome sentiu a realidade atingi-la como um baque e após isso o empurrou, ele por não prestar atenção acabou soltando-a.

-O-o que pensa que está fazendo?! – ela exclamou surpresa. Ele balançou a cabeça.

-Não é da sua conta, menina -

-Claro que é da minha conta. Você não acha que pode sair me agarrando, não é!? -

-Eu não estava te agarrando! Não aumente as coisas... Simplesmente iria te provar que não pode dar as costas para mim -

-Você é muito convencido. – disse emburrada.

-E você é muito atrevida para uma simples humana, menina... – comentou fazendo uma careta e se sentando novamente na areia da praia, observando o mar a sua frente e arremessando pedrinhas dentro do mesmo. Kagome ficou indignada, parou onde estava e tornou a ir a sua direção, com uma expressão nada amigável.

-Olha aqui! Você não tem direito de ficar me julgando! – ela sentou-se ao seu lado, o rapaz virou o rosto para não ter de encarar novamente aqueles olhos azuis. Ela se irritou com a sua atitude – Olha para mim!! -

-... - Ele permaneceu calado e sem encara-la.

-Qual é o seu problema, afinal, comigo? – silêncio – Vamos, responda. Qual é o seu problema? Por que me detesta tanto? -

-Não tenho nenhum problema com você, humana. – sibilou.

-Impossível! Você não pode ser assim com todos, ninguém te suportaria. – bufou, lançando-lhe um olhar assassino.

-Será que você não consegue ficar quieta? Nunca vi alguém falar tanto assim -

-E eu nunca vi alguém tão idiota quanto você, garoto sem nome... – rebateu nervosa.

-Você é ridícula! – comentou em um tom mais baixo tornando a fitar o mar, Kagome bufou, já estava cansada de discutir com ele, era algo completamente sem nexo. Ela não iria perder sua preciosa noite discutindo com alguém tão estúpido quanto ele, se ele iria continuar tratando-a com grosseria e estupidez, ela não tinha motivos para continuar naquele lugar.

A jovem levantou-se e se encaminhou para a orla da floresta, em seguida adentrando na mesma. Desta vez o garoto apenas a seguiu com o olhar. Em seguida levantou-se, decidido a encontrar um modo de sair daquele lugar. Perdera tempo de mais com a garota, quanto mais tempo ficasse ali, mais tempo demoraria a reencontrar-se com sua tripulação.

Ergueu-se da areia e limpou a roupa, apesar de não ter adiantado muito, por ainda estar um pouco molhado. Tirou a única bota e seguiu pela praia procurando por alguma trilha, ou estrada na qual pudesse seguir atrás de alguma civilização. A principio, pensara em seguir a jovem, afinal ela devia estar indo para casa, e sua casa provavelmente devia estar em alguma vila, entretanto concluíra que era melhor ir por outro lugar, não queria brigar novamente com a ela.

Minutos se passaram, quando ele finalmente conseguiu sentir o odor de seres humanos. Sentiu-se aliviado, no fim das contas não demorara muito tempo para encontrar civilização. Continuou seguindo por uma rua estreita de aspecto sombrio, até que finalmente encontrou um bar-hospedaria. Adentrou neste, já que não via uma opção melhor.

O local era mal iluminado, e tinha uma aparência desagradável. A madeira, comida por cupins, rangia a cada passo que dava ao adentrar o local. Ele olhou ao redor procurando por alguém para atende-lo, já que no balcão a frente não havia ninguém. Em passos sorrateiros, ele parou diante de uma porta qualquer, ao qual ouvira vozes alteradas e risos afeminados.

Certamente quem quer que o fosse atender não estaria ali, e se estivesse, ele procuraria outra pessoa, detestava humanos, principalmente esse tipo de humano, não que não estivesse acostumado a ver isso, contudo, ainda achava este ato desprezível. Desviou o olhar para outra das portas, esta por sua vez estava entreaberta. Devagar ele espiou o local, havia apenas um homem, que parecia demasiado bêbado para lhe dar qualquer informação. Suspirou virando-se, mas tão logo que o fez deparou-se com um homem de cabelos compridos, e aparência horripilante. Sua barba por fazer, e um terrível hálito de álcool.

-Humf... – o homem emitiu um som quase irreconhecível, cambaleou um pouco ao se aproximar do balcão e o usou como apoio – não sabia que... – e fez uma pause quando um soluço misturado com gases (que nojo!) irrompeu de seus lábios – que essa espelunca também serviam pessoas de baixo escalão... – completou encarando o jovem, o que realmente não o agradou.

-O que quer dizer com isso?! – ele exclamou devolvendo o mesmo olhar.

-Você sabe muito bem... Pessoas como você – grunhiu, colocando o dedo à altura do nariz do jovem – não deveriam ser aceitas em qualquer lugar. Não deviam se misturar – fez uma pausa, soluçando – com pessoas de verdade, sabe...?

-Tire esse dedo de perto de mim, humano desprezível. – disse, controlando-se.

-Ou você vai fazer o quê? – resmungou, soando realmente irônico.

Ele inspirou tentando manter a calma, mas só piorou as coisas, já que o ar estava impregnado com um terrível odor de bebidas. Colocou uma das mãos perigosamente perto da espada que carregava na cintura.

-Desgraçado! Não me tente a mata-lo! Pois eu não teria piedade! –

-Ou, ou, ou! Que gritaria é essa?! – um homem entrou na sala, observando os dois, que soltavam faíscas pelos olhos.

-Não é nada... – comentou tirando uma das mãos de perto da espada – eu gostaria de me hospedar, será que alguém nessa maldita espelunca poderia me atender?! –

-Claro, venha aqui para fazermos o registro... – o homem pediu entrando atrás do balcão.

O garoto rosnou algo como "Humanos idiotas", mas acompanhou o homem, enquanto o outro resmungou algo inteligível e entrou por uma das portas. O homem detrás do balcão puxou um grande livro de capa roxa, com as folhas extremamente amarelas, e abriu-o. Em seguida retirou uma pena de debaixo do tampo do balcão e molhou-a rapidamente dentro de um tinteiro.

-Seu nome, por favor... – pediu o homem, ajeitando os tortos óculos sobre o nariz, o jovem a sua frente bufou e respondeu agitado:

-Inuyasha... Será que dá para se apressar? Eu quero me deitar logo! Tenho mais o que fazer de manhã... – resmungou irritado, o homem de mais idade meramente ergueu a cabeça e balançou-a negativamente, para completar:

-Esses jovens de hoje, sempre apressados... – Inuyasha se conteve e conseguiu que somente um grunhido saísse de seus lábios, aproveitou a oportunidade para tirar suas duvidas sobre sua localização:

-Pode me dizer qual o nome dessa... – parou por um momento, será que podia chamar aquilo de cidade? Decidiu optar por algo menor - ... Vila?

-Vila? – perguntou o senhor, levantando o olhar – Como assim vila?

-Bem, convenhamos... Esse lugar é realmente pequeno.

-O que é que você quer dizer com isso? – indagou, elevando o tom de voz. – Isso aqui é uma cidade. Uma das maiores da ilha.

-Que interessante... Cidade, vila... Tanto faz. – disse entediado – Agora você poderia andar logo com isso?

-Eu exijo que você fale com mais respeito da minha cidade. – vociferou. Inuyasha ergueu uma sobrancelha ao perceber que o homem estava ficando nervoso. Afinal, qual era o problema? O que tinha demais em falar que aquela "cidade", como alegava o atendente, era uma vila?

-Cidade? Essa "cidade" não chega aos pés de uma cidade de verdade... – comentou olhando para o lado de fora do recinto. Ouviu o homem bufar.

-Certo, Senhor espertinho... - comentou irônico, Inuyasha desviou o olhar da porta para observar o atendente – Por que não procura um outro lugar para se hospedar na sua "cidade de verdade"?! – Inuyasha permaneceu parado por um tempo.

-Ora, deixe de ser ridículo... –

-Ridículo?! – indagou o homem indignado e fuzilou-o com o olhar – Dê o fora daqui! – gritou exaltado. Inuyasha saiu do bar-hospedaria estressado e fez uma nota mental de não chamar mais aquela "cidade" de vila, pois poderia causar reações, nas pessoas, não muito agradáveis.

E mais uma vez se encontrava no meio do nada, em uma ilha que sequer sabia o nome, e em uma vila de moradores loucos, que insistiam em chamá-la de cidade. Respirou fundo, a brisa da noite esvoaçando seu longo cabelo. Continuou sua caminhada através da rua, procurando outro lugar para passar a noite. Realmente, pensou, este não era seu dia de sorte.

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Olá povo!!! O/

Nayome: Êeee! Finalmente eu e a Mari terminamos o primeiro capítulo!!! Eu estou emocionada! Bom, acho que todos perceberam que essa é uma fic em dupla, na qual eu e a Mari estamos escrevendo desde o começo da semana para poder postar antes de viajar! Conseguimos!!!

Mari: Absoluta verdade, devo admitir. Estou tão feliz por escrever uma fanfic com a Nayome... Bem, eu só queria dizer que o gênio por trás da arte é a Nayome, leram?! E eu gostaria de pedir uma coisa, só pra não perder o costume: REVIEWS, REVIEWS! Espero que tenham gostado desse primeiro capítulo carinha feliz.

Nayome: Ora, não seja modesta amiga! Você também contribui! Sabe que estou feliz em escrever com você também! A única coisa que esperamos é que vocês, leitores, tenham gostando!! O/ Beijocas para todos!!!

Mari: Não estava sendo modesta �"! É isso ae, esperamos que gostem! Beijinhos pra todo mundo !!!!!!!!!

Nayome Isuy e Mari Felton Malfoy