Aviso: Neste capítulo foram encontrados ocasionais erros, por este motivo as autoras resolveram corrigi-los e reposta-los, de maneira a tentar melhorar a leitura de vossos leitores. Apenas pequenos erros. Agradecemos à compreensão.
O Mar te Trouxe para Mim
Por.Nayome Isuy e Mari Felton Malfoy
Capítulo 04 – Caravela
Estavam às penumbras à orla da floresta. O farfalhar das folhas era audível ao redor. Um pouco distante as vozes eram escutadas como sussurros. As ondas do mar estouravam na praia e cobriam a areia gélida. Uma caravela continuava ancorada a uma pequena distância da praia. Distante da maioria das pessoas – que, agora, escalavam árvores e comiam, desesperados, seus frutos – Miroku estava parado, em choque, observando a bota que achara boiando na água. Poderiam até dizer que estava paranóico, mas tinha certeza de que reconhecia aquela bota.
Com a bota em mãos, olhava-a abismado. O que aquilo estava fazendo ali, naquela ilha desconhecida pelo mundo? Incrédulo com sua teoria, que todos julgariam maluca (afinal, quantas pessoas não teriam uma bota como aquela?) decidiu comprovar sua teoria de uma vez por todas. Virou lentamente a bota até pousar seus olhos em um pequeno brasão, onde um zíper deveria ficar: Duas espadas cruzadas, que pareciam extremamente reais. O punho de uma delas era feito de rubi e o da outra de esmeralda, que brilhavam ante a luz da lua, a lâmina, feita de prata, brilhava tanto quanto. Ele sempre admirara aquele brasão, mas nunca soubera, ao certo, o que queria dizer ou se havia algum significado naquilo.
Ali estava a prova que tanto precisava, um brasão díspar que ele, certamente, nunca vira igual, a não ser nas botas de seu conhecido capitão. Então, com essa conclusão ponderou se possivelmente seu capitão estaria naquela ilha, afinal, após o incidente que ocorrera na caravela, o capitão desaparecera. Será que boiara até aquela ilha ou somente perdeu as botas no mar? Se havia alguma possibilidade de seu capitão estar por aquela ilha então não perderia tempo, procurá-lo-ia até o encontrar.
E não perdeu tempo. A possibilidade de que seu capitão estivesse ali era diminuta, mas havia esperança. Portanto gritou pelo tripulante mais perto de si que avistou e mandou que este reunisse os outros e, quando indagado o motivo, ele simplesmente disse que não era da conta dele e que quando estivesse ali ele saberia o motivo. Minutos depois toda a tripulação se reunia a sua frente, resmungando.
-Vocês sabem o que é isso? - perguntou Miroku, levantando o objeto. Todos ficaram em silêncio esperando uma explicação que não veio. Cansado do silêncio Yumoyo, um dos tripulantes, disse:
-Parece-me óbvio que seja uma bota capitão...
-Mas é claro que é uma bota! - disse Miroku, triunfante.
-Hã... E o que há de excepcional nisso? Você só nos chamou aqui para ver isso?
Miroku se mexeu estranhamente nervoso. A tripulação o observava esperando por sua resposta. Afinal, agora a curiosidade parecia tê-los tomado, o que teria de tão importante numa bota? Fora percebida a grande felicidade do capitão ao mostra-la para os demais.
-Não é possível que vocês não a reconheçam! – exclamou exaltado e ao mesmo tempo surpreso. Ele apontou esperançoso para o brasão que jazia na lateral da bota. Entretanto ninguém pareceu reconhecer. Ele bufou nervoso.
-Miroku, eu acho que toda essa pressão de ser capitão está te deixando um pouco perturbado... - disse Yumoyo, mais uma vez, olhando para os lados e parecendo incomodado com o que disse.
-Eu não estou perturbado - respondeu, rangendo os dentes - Eu não acredito que vocês ainda não tenham percebido! Nem você, Jakotsu?
-Meu pobre Mirokinhu... - exclamou, parecendo à beira das lágrimas - Olha só o que aconteceu com você! Tão jovem, tão bonito... Uma vida inteira comigo pela frente... - Miroku olhou espantado para a figura de Jakotsu que se aproximava lentamente - Ah meu Deus, por que você faz isso com os homens que amo? - Jakotsu exclamou, e jogou-se sobre Miroku, que o observava com uma careta.
Miroku teve a leve impressão de ouvir alguém sussurrar um "Não é Deus que o faz e sim você", decidiu que era melhor ignorar antes que perdesse a cabeça, afinal, ele tinha um grande achado entre as mãos. Uma bota, entrementes, não uma qualquer, porque nesta havia uma brasão. Não conseguia entender como todos não haviam percebido a quem ela pertencia. Para ele aquilo era muito óbvio.
-Vocês só podem estar de brincadeira! – ele exclamou, jogando Jakotsu para o lado – Não vêm de quem é essa bota?
-Eu realmente acho que o senhor precisa descansar e... – Miroku interrompeu um de seus subordinados.
-Não preciso de nada, a não ser alguém perceptivo... – ele mirou Jakotsu com o olhar e mostrou-lhe a bota mais uma vez, que desta vez compreendeu, olhando com espanto o objeto.
-Eu não acredito! – ele exclamou, agarrando a bota.
Jakostu fez uma cara de tamanha surpresa que fez com que todos se interessassem pelo objeto, logo estavam todos os demais tripulantes tentando inutilmente agarrar a bota para averiguar o que tinha de tamanha importância nela. Miroku ficou os observando abismado.
-Dê-me isso, Jakotsu! – exclamou Yumoyo pulando nas costas do rapaz (ou devo dizer homossexual?), então antes que percebesse já havia milhares de tripulantes amontoados, batendo-se, tentando agarrar o objeto. Miroku pode ouvir a risadinha de Jakotsu – afinal, não seria o paraíso para ele estar no meio de milhares de homens? – o temporário capitão suspirou frustrado, agora, além de todas as necessidades da tripulação ainda tinha de lidar com um confronto e desentendimento de tripulantes.
o.o.o.o.o
"Ai meu Deus, como eu fui deixar isso acontecer?" pensou, desesperada, caminhando rapidamente, enquanto tentava inutilmente prender seu cabelo em um rabo-de-cavalo. O vento soprava contra seus longos cabelos e ela concluiu que teria de lavá-los, dado que era evidente que havia derramado seu próprio sangue sobre ele, sem comentar o sal do mar, no qual mergulhara na noite passada. Só não sabia como conseguiria sair, provavelmente seria castigada pelo horário de sua chegada. Maldita discussão.
Se Naraku sentisse o cheiro de seu sangue, provavelmente, descobriria sobre o ataque que sofrera e ela não teria como explicar o porquê de ainda continuar viva sem mencionar InuYasha. Não, definitivamente, não podia se arriscar a revelar InuYasha. Ele fora a primeira pessoa que, realmente, preocupou-se com seus sentimentos, a primeira pessoa que a apoiou depois do ocorrido, pode ter até sido porque ele não sabia o que ela fazia, entrementes, ajudar uma desconhecida a ponto de arriscar sua vida só podia significar duas coisas:
Confiança
E bom coração
Infelizmente não havia tempo o bastante para se dar ao luxo de lavar seus cabelos, e mesmo que o fizesse, de nada adiantaria, seus pulsos continuavam a sangrar. Decidiu que inventaria uma mentira qualquer, e rezaria para que Naraku acreditasse, afinal, ela não tinha idéia do que ele seria capaz de fazer caso descobrisse a verdade. Teve medo naquele momento, nem tanto por si, mas por seu irmão que nada tinha haver com seus descuidos e, também, temeu por InuYasha, acabara de conhece-lo e, agora, já colocara sua vida em risco. Seria possível que estivesse sobre algum tipo de maldição que destruía a vida de qualquer um que chegasse perto dela?
Suspirou, era melhor parar de se queixar e apressar-se já que, de qualquer forma, já estava atrasada e Naraku, certamente, desconfiaria de algo. Durante seu caminho foi pensando nas melhores desculpas, procurou por uma que soasse como algo casual, e do seu cotidiano. Uma que não despertasse qualquer rastro de suspeita e viesse a pôr seus conhecidos em perigo. O problema era que qualquer uma que conseguia inventar era seguida por um singela pergunta que podia vir a pôr seus planos a baixo, algo como "o que estava fazendo na vila se era para estar descansando?", ou "por que estava correndo por uma floresta, tão desesperada a ponto de não ver seus pulsos sangrarem?", precisava achar uma desculpa e com urgência.
"Pensa Kagome... Pensa... Hum, já sei... Vou dizer que fui atacada por um tubarão assassino quando estava no mar..." abanou a cabeça "Mas que desculpa mais idiota! Nem Souta cairia numa dessas..." pensou, começando a se desesperar. "Eu nunca fui boa em mentir... Nunca fui boa em inventar histórias, e pensei que isso nunca fosse chegar a fazer mal... Droga, o que raios eu vou dizer ao Naraku?". Seu cérebro tentava maquinar um plano convincente mais uma vez, mas parecia estar em greve e negava-se a oferecer uma ajuda quando ela mais precisava.
Começou a reconhecer o local obscuro no qual Naraku se escondia de todas as pessoas da ilha. Logo estaria cara a cara com Naraku e ainda não tinha arranjado a sua desculpa.
Caminhou lentamente até o local, seu coração entre as mãos. De que adiantaria inventar uma desculpa se depois ele descobriria a verdade e seu castigo seria dobrado? Tudo que podia fazer era entrar e simplesmente enfrenta-lo, o que, na realidade, não era nada simples, contudo não conseguiria pensar em desculpa melhor do que ser atacada por um tubarão, e essa era péssima, pensou.
Kagome sentiu o ar a sua volta umedecer e a escuridão começou a tomar conta da área, o que dava um aspecto bem sombrio. Estava atravessando aquela floresta por algum tempo. As árvores agora eram altas, copas largas e troncos finos e secos. O vento que até a pouco era morno e comum para uma manhã ensolarada, agora, tornara-se gélido e estranhamente desconfortável.
Outra pessoa sairia dali correndo, perguntando-se o que acontecera, mas não ela, que já conhecia o efeito que o castelo provocava nas pessoas. Embrulhava-lhes o estômago, fazia-as ficarem com frio, como se toda a felicidade de seus corações fosse, pouco a pouco, sendo engolida pela escuridão que se formava em torno dela. A respiração dela própria tornou-se rápida, como se não conseguisse mais abastecer seus pulmões com ar suficiente. Sentiu-se tonta, mas continuou e, embora já tivesse ido até ali e muito mais adiante, não conseguia se acostumar com essa sensação. Talvez fosse por isso que Naraku deixava que saísse, talvez percebesse que se ela ficasse ali por muito tempo enlouqueceria e perderia sua utilidade, a qual ela não sabia ao certo qual era.
Continuou sua longa caminhada até alcançar os altos e velhos portões do castelo sombrio. Entrou sem nenhum problema e seguiu até a porta de madeira escura. Receou um pouco antes de entrar, ainda não tinha nenhuma idéia de como responder às perguntas de Naraku. Respirou fundo tentando manter a calma, precisava passar a impressão de que estava tudo sob controle, não podia demonstrar um único sinal de fraqueza perante Naraku.
De cabeça erguida adentrou no imponente castelo, reunindo toda e qualquer coragem que possuía em seu ser. Mal havia passado pelo portão quando ouviu uma voz fria a suas costas:
-Onde você estava até agora, garotinha? – disse em tom irônico.
-Não lhe interessa! – retrucou. Maldito hábito que as pessoas tinham de meter-se em sua vida.
-Pois saiba que me interessa sim... – sibilou – Naraku está esperando por você, e não me parecia muito contente... – terminou, seu tom transbordava veneno.
-E ele já o esteve algum dia? – perguntou, indiferente à mulher que saia, silenciosa, detrás de uma das árvores.
Kagome permaneceu observando a mulher que se aproximou e começou a caminhar fitando seu estado. O cabelo embaraçado e os pulsos enfaixados não passavam uma imagem muito boa, o rosto pálido – pela perda do sangue – e as sutis olheiras que marcavam seu rosto denunciavam seu cansaço.
-O que andou fazendo, menina? Está aos farrapos – comentou Kagura – pensei que hoje fosse sua noite de folga... Naraku mandou-a a alguma missão? –
-O que eu faço ou deixo de fazer só diz respeito a mim! – Kagome respondeu um pouco mais alto do que desejava.
-Aí é que se engana, garota! Tudo o que faz diz respeito à Naraku.
Ela lhe deu as costas. Seria melhor ignora-la, do contrário acabaria contando mais do que deveria, e isso era muito arriscado tanto para ela, quanto para seu irmão, quanto para InuYasha. Seguiu sua caminhada em direção à porta, alta, antiga, que ao ser empurrada rangeu alto. Kagura que até então a seguia de longe, voltou a lhe questionar:
-Diga-me, garota, como você vai explicar isso?
-Kagura, faça-me o favor, e cuide de sua vida!
-Dirá a mesma coisa a Naraku? Eu gostaria de ver... Imagino o que ele fará com seu irmão assim que essas doces palavras irromperem de seus lábios.
-Não ouse falar de meu irmão com essa boca imunda! Você não... Você não tem... – ela gaguejou, enraivecida com o pensamento.
-O que está havendo aqui! – Kagura e a Kagome viraram-se subitamente para encarar Naraku, que estava de pé observando as duas. Naraku era um homem alto, e apesar de não ser possível ver seu corpo – já que estava sempre encoberto por uma capa de babuíno – era percebível seu porto atlético. Sua voz gélida, rouca, e sempre cheia de desdém soou pelo aposento.
-Perdão, mestre – pediram as duas, enquanto o fitavam.
-Eu não disse para se desculparem, - disse, frio – o que eu fiz foi uma pergunta e exijo que seja respondida.
-Ahn... bem... é que a Kagome... – Kagura gaguejou, procurando culpar Kagome pelo ocorrido.
-Fique quieta Kagura, a culpa foi toda sua, aborrecendo-me com perguntas que não dizem respeito a você! – Kagome rebateu, nervosa.
-Quem você pensa que é para ficar me dizendo o que fazer? – ela respondeu, alterada. Kagome iria responder, quando Naraku interrompeu:
-Fiquem quietas as duas – as duas desviaram o olhar para Naraku, ainda com raiva. – Não quero ouvir suas brigas inúteis no meu castelo – continuou, sua voz fria inalterada.
-Mas, senhor, estou tentando dizer... – Kagura começou, porém Naraku ergueu a mão em um nítido sinal de silêncio, Kagura se calou baixando a cabeça.
-Basta, Kagura! Depois eu decido o que fazer com você, agora quero esclarecer algumas coisas com Kagome. Vá vigiar os arredores do castelo. – Naraku ficou fitando-a, apenas quando a mulher deixou a sala virou o olhar para jovem garota a sua frente.
-Sim, mestre... – Kagura disse, dando-lhe as costas e amaldiçoando-o em pensamento pelo modo que a tratara.
-Agora, tratemos de você, Kagome – disse, e ela sentiu um calafrio percorrer sua espinha e toda a sua coragem se esvaiu. – Onde você estava? Devia ter voltado há muito tempo! – Kagome sentiu que ele quase podia ler seus pensamentos, tal era a intensidade de seu olhar.
-Eu só perdi a noção do tempo, mestre. – Kagome respondeu tentando recuperar a coragem e voltando a encará-lo, tentando passar sua confiança e faze-lo acreditar em suas palavras, porém pareceu não funcionar, era percebida a desconfiança em seus olhos.
-E o que esteve fazendo para "perder a noção do tempo"? – ele perguntou num tom irônico.
-Nada demais, senhor... Apenas me distrai... – a jovem respondeu tentando acalmar seu coração que parecia acelerar a cada palavra dita por Naraku.
-Estava distraída com o nada ou com 'alguém'? – Naraku perguntou olhando dentro dos seus olhos, quase lendo sua alma. Kagome sentiu um arrepio correr-lhe pela espinha. Ele sabia! Como ele tinha descoberto? Como? Não tinha ninguém que pudesse contá-lo. Era melhor abrir o jogo e tentar salvar Inuyasha de seus próprios problemas.
Ou será que...? Ninguém poderia tê-lo contado, certificara-se mil vezes de que ninguém os havia visto juntos, - e certamente Inuyasha fizera o mesmo - e por tal motivo desconfiou. Naraku era o ser das falsidades, ilusões e maldades, seria perfeitamente compreendido se, naquele momento ele estivesse apenas jogando verde com ela. Esperando que ela caísse em seu pequeno jogo de palavras e denunciar-se quando o medo a atingisse. Ah, mas não seria tão fácil assim engana-la se era isso que Naraku pensava.
-Eu simplesmente me distraí... Nada demais! – disse nervosa.
-E sua distração tem nome, não! – ele disse, com um sorriso de escárnio no rosto.
-Onde você pretende chegar com isso, Naraku? – Kagome virou-se subitamente para encará-lo, nervosa, não estava mais suportando aquele joguinho, ela sabia que ele já tinha percebido onde ele desejava chegar – Está desconfiando de minha lealdade a você, Naraku?
-Diga-me você. Há necessidade de minha desconfiança, Kagome? – Naraku perguntou dando bastante ênfase ao nome da jovem.
-Saiba, você, que eu jamais faria nada que pudesse pôr a vida do meu irmão em risco! – Kagome gritou alterada.
-Bom saber, Kagome... Porque se você sair um pouquinho do trilho comigo, seu irmão sofrerá as conseqüências. – Naraku sibilou, aproximando-se da jovem e olhando-a em forma de advertência.
-Se você ousar encostar um desses dedos nojentos no meu irmão, você vai me pagar muito caro! – ela disse, erguendo o dedo a altura dos olhos de Naraku.
-Eu gostaria de ver você tentando, Kagome! – ameaçou, chegando o mais próximo de um sorriso que ele poderia alguma vez dar – Gostaria de te ver tentar fazer alguma coisa, gostaria de ver seu rosto quando fosse derrotada.
-Eu estou cansada de você, Naraku – gritou. – Estou cansada da sua prepotência, estou cansada de se achar superior a mim, estou cansada das suas malditas ameaças! Se você quiser que eu continue aqui, eu acho muito bom que comece a melhorar seus hábitos, minha paciência com os seus joguinhos idiotas se esgotou há muito tempo.
-Estou admirado com sua coragem ao falar tudo isso mesmo sabendo que tenho seu querido irmãozinho e sua vida em minhas mãos – sua voz voltando a ser gélida. – Contudo, acho melhor que comece a medir suas palavras antes que minha paciência se esgote com você. E isso não está longe de acontecer, Kagome! Portanto acho melhor que comece a se explicar.
Kagome baixou o olhar tentando reter a forte emoção que a atingiu. Sabia que estava nas mãos de Naraku e nada podia fazer contra ele, teria de se submeter mais uma vez as suas malditas exigências. Será que algum dia se veria livre de tal repulsivo ser? Naraku a ameaçaria eternamente? A utopia de algum dia retornar a viver feliz ao lado de seu irmão, como uma simples camponesa, parecia-lhe cada dia mais distante. Jamais seria normal. Jamais teria sua vida de volta. Estava predestinada a sofrer eternamente desde o dia em que Naraku aparecera em sua vida e ninguém ao redor parecia se importar! Ninguém tentava entender suas razões. Ninguém tentava se aproximar e consola-la, aqueles que se denominavam 'amigos' não estavam lá na hora que mais precisava, na hora em que tudo o que queria fazer era chorar e deixar transparecer toda a sua fragilidade. A verdade era que, nas mãos de Naraku, seria eternamente uma humana frágil e submissa.
-Vamos, responda as minhas perguntas – ele exigiu – onde esteve, Kagome! Por que se encontra em tal deplorável estado? O que andou fazendo! – Kagome ergueu a cabeça e olhou-o cheia de ódio. Seu orgulho e dignidade eram sempre esmagados e ela tinha de ceder. Sempre.
Subitamente as portas se abriram e Kagura, a mestra dos ventos, adentrou correndo na sala, uma jovem vestindo um quimono branco, e segurando um espelho a acompanhou até o centro do salão, Kagome a conhecia, era a pequena Kanna uma das servas de Naraku. Sempre tão inexpressiva, seus dois olhos negros e opacos fitavam o chão.
-Kagura, eu acho que já lhe disse para sair e observar os arredores! Como ousa desobedecer minhas ordens? – exclamou, sua voz permanecendo inalterada.
Kagura lançou-lhe um olhar de fúria. Kagome sentiu-se aliviada, afinal, agora teria mais alguns minutos para planejar uma resposta convincente às perguntas de seu mestre.
-Naraku, você precisa vir... –
-Kagura, acredito que minhas ordens foram bastante claras! – Naraku falou severo – depois que terminar de resolver esse problema com Kagome, verei se tenho tempo para falar com você! Agora volte para os seus afazeres, que eu acredito que são muitos!
-Naraku, você precisa me ouvir! –
-Kagura, estou começando a perder a minha paciência!
-Eles chegaram... – Kanna sussurrou, sua voz fina e infantil soou pelo cômodo e todos se viraram para observá-la. Kagome estranhou, não se lembrava da última vez que alguém chegara à ilha. Na verdade, a primeira pessoa que algum dia ela soube que chegou à ilha fora InuYasha, e esse pensamento lhe trouxe milhares de perguntas a cabeça. Nunca tinha parado para pensar nisso e agora que tinha um tempo, isso era realmente muito estranho. Naraku estava esperando alguém?
-O quê? – pela primeira vez, desde que Kagome conhecia Naraku, sua voz pareceu alterar-se um pouco, demonstrando surpresa, mas logo voltou ao normal. Teria sido apenas impressão? – Eles quem, Kanna?
-Eu não sei... – dessa vez foi Kagura quem disse – Apenas chegou aos nossos ouvidos que há uma caravela ancorada na praia.
-Vocês já foram checar se essa informação é verdadeira?
-Não... – respondeu Kagura, em voz baixa.
Kanna não respondeu, apenas virou o espelho para que Naraku pudesse ver o que ele mostrava. E nele refletia-se a imagem de um trecho de uma das praias daquela, onde se encontrava uma pequena caravela, ondulando levemente com o balançar das ondas.
-Kanna, quem chegou por esta caravela? – Naraku perguntou se aproximando, parecia ligeiramente nervoso. Kagome permaneceu quieta, observando, o que tinha de errado em uma caravela atracar na ilha? Podiam ser alguns comerciantes importantes tentando expandir o mercado, talvez fosse bom para ilha, chegariam turistas, conheceriam novas pessoas, qual seria o mal disso? Bom, de certo algo de ruim isso representava para Naraku que não fizera uma cara muito amigável ao ver o barco.
Kanna girou o espelho mais uma vez e desta vez apareceu a imagem de um pequeno grupo de pessoas que caminhavam pela floresta perto à orla. Naraku observou, eles estavam indo na direção do vilarejo.
-Kagome, pelo visto você terá de me explicar depois o que andou fazendo, porque agora eu tenho outros planos para você... – Naraku comentou cínico.
o.o.o.o
Miroku e sua tripulação caminhavam pela floresta, agora que o Sol já havia nascido era mais seguro faze-lo. Jakotsu parecia empolgado pela chance de poder rever seu capitão e seguia pelo caminho saltitante, diferente da maior parte da tripulação que parecia querer descansar mais um pouco. Miroku caminhava confiante, esperando rever seu amigo.
A manhã estava fresca, e o Sol estava fraco. Andavam explorando a floresta, procurando qualquer rastro de civilização ou de seu capitão. Deixaram o navio atracado à orla da praia e certificaram-se de não se perderem da caravela.
-Miroku, tem alguma idéia de onde estamos indo? Tem noção do tamanho da ilha? Sabe de alguma coisa que realmente possa nos orientar além de uma bota? – perguntou Yumoyo.
-Não, mas nós também não temos opção. Então mesmo que nosso capitão não esteja aqui precisamos achar alimentos para levar em nossa viagem... – Miroku comentou descrente de sua hipótese, tinha certeza de que Inuyasha estava por perto, sabia que estava, só não sabia explicar como.
Continuaram a caminhada por mais algumas horas, recolhendo frutos de árvores, parando em alguns lagos para tomar água e descansando algumas vezes.
-Capitão, estou sentindo cheiro de humanos! – exclamou um dos youkais. Miroku se levantou do gramado onde estava descansando e correu até o youkai.
-Em que direção? – O youkai farejou o ar mais uma vez e apontou para o Norte. – perfeito! Chega de descanso! Vamos, temos muito que fazer!
-Mas capitão... – reclamou um tripulante – Acabamos de parar, não podemos esperar mais um pouco?
-Logo descansaremos, agora, sigam-me e deixem de reclamar. Tenho certeza que irão preferir as companhias da cidade! – disse, malicioso. Com isso, todos se animaram e seguiram Miroku.
o.o.o
Quando o Sol deixou de reinar no céu dando lugar a Lua, Kagome estava, mais uma vez, caminhando pela praia, no entanto, não em seu momento de liberdade. Naraku, de última hora, mandara-a para fazer mais um de seus servicinhos. Com a chegada da caravela ao litoral da ilha, Naraku se mostrara um pouco pensativo e preocupado, esquecera-se, até mesmo, da conversa que teria com a jovem sobre seu atraso, o que poupou Kagome de pensar em mais alguma desculpa.
Mas o que teria de fazer agora não a deixara em situação melhor do que estava. Realmente, deveria estar sobre algum tipo de maldição. Por que Naraku, dentre todos os seus subordinados, escolhera-a? Havia pessoas que sentiriam prazer de fazer o que ela fora ordenada, mas ele mandara justamente a garota. Seus pés descalços caminhavam lentamente, pisando de leve na areia fina, seu corpo gritava para que parasse ali e simplesmente fugisse, mas ela não o fez. E continuou, rumo a um destino do qual não consegueria fugir.
A brisa gélida da noite esvoaçou seus cabelos e ela sentiu como se carregasse um grande peso nas costas. Parou ao avistar a caravela ancorada na praia, não havia ninguém próximo, provavelmente teriam ido para a 'cidade', não sabia, o importante é que ninguém a veria cumprir a missão a qual Naraku a ordenara. Aproximou-se e observou-a por um tempo. Respirou fundo e preparou-se para destruir aquilo que perturbava Naraku, preparou-se para destruir a grande caravela.
Do you ever feel like breaking down?
Do you ever feel out of place?
Like somehow you just don't belong
And no one understands you
(Você já se sentiu como se estivesse desmoronando?
Você já se sentiu deslocado?
Como se você não se encaixasse
E ninguém te entendesse?)
Do you ever want to run away?
Do you lock yourself in your room?
With the radio turned up so loud
That no one hears you screaming
(Você sempre quer fugir?
Você se tranca em seu quarto,
Com o rádio ligado tão alto,
que ninguém te ouve gritar?)
No you don't know what it's like
When nothing feels all right
You don't know what it's like
To be like me...
(Não, você não sabe como que é viver
Quando nada parece certo
Você não sabe como é
ser como eu)
To be hurt, to feel lost
To be left out in the dark
To be kicked when you're down
To fell like you've been pushed around
To be on the edge of breaking down
And no one's there to save you
No you don't know what it's like
Welcome to my life
(Ser machucado,
Sentir-se perdido
Ser deixado no escuro
Ser chutado quando você está mal
Sentir-se maltratado
Estar à beira de entrar em colapso
E ninguém está lá para te salvar
Não você não sabe como é
Bem-vindo a minha vida)
Do you wanna be somebody else?
Are you sick of feeling so left out?
Are you desperate to find something more
Before your life is over?
(Você quer ser outra pessoa?
Você está cansado de se sentir excluído?
Você está desesperado para encontrar algo mais
Antes de sua vida acabar?)
Are you stuck inside a world you hate?
Are you sick of everyone around?
With their big fake smiles and stupid lies
While deep inside you're bleeding
(Você está preso em um mundo que você odeia?
Você está cansado de todos a sua volta
Com grandes falsos sorrisos
E mentiras estúpidas?
Enquanto lá dentro você está sangrando)
No you don't know what it's like
When nothing feels all right
You don't know what it's like
To be like me...
(Não, você não sabe como que é viver
Quando nada parece certo
Você não sabe como é
ser como eu)
o/oo/oo/oo/oo/oo/oo/oo/oo/oo/oo/oo/oo/oo/oo/oo/oo/oo/oo/oo/oo/oo/oo/oo/oo/oo/oo/oo/oo/oo/oo/oo/oo/oo/oo/oo/oo/oo/oo/oo/oo/
Olá povo!
Mari: É, dessa vez nós demoramos um pocatito mais do que esperávamos, mas... A CULPA É MINHA... TODA MINHA... Bom, na verdade eu posso dividi-la com meus professores que me atolaram de lição e trabalho, mas isso não vêm ao caso... Bom, eu curti de montão escrever esse cap com a Nayome... Achei que ficou muito bom! Agora, eu espero do fundo do meu coraçãozinho que vocês não me matem agora... Eu sei que eu mereço, então... Bom, não machuquem muito...rs!
Nayome: Como já havíamos avisado, acreditávamos que demoraríamos mais, sim demoramos realmente, mas não tanto. Sei que esse capítulo não foi muito estimulante à leitura e não teve nada de divertido, peço que nos perdoem, mas esse é um daqueles capítulos que são chatos, no entanto, importantes, um daqueles que não é possível se evitar. No entanto, mesmo assim, espero que tenha os agradado, prometo que o próximo capítulo será mais emocionante e muito mais divertido, até porque grandes surpresas os esperam. (sorriso)
Mari: É... Grandes surpresas... Esperem pra ver... rsrsrs! Bom, eu queria dizer que a fanfic está ganhando vida meu povo, a Nayome é mágica e nem me contou... Mas o que eu queria dizer era que, quando nós começamos, nós não tínhamos nem metade das idéias que temos agora... Nhá, vocês tem que ler... E COMENTAR... O que me lembra... Como assim só 7 reviews? Eu quero mais! (fazendo biquinho) rsrs!
Nayome: Ah sim, para os desinformados a música no final do capítulo é "welcome to my life" do Simple Plan - tiramos uns parágrafos que não combinavam muito - eu e a Mari estávamos procurando alguma música que combinasse e achamos essa, apesar de ser apenas um trecho e achei que tem muito a vê com a Kagome.
Agora vamos às reviews:
Bruna-yasha:
Nayome: Olá! (risos) não precisa ficar tão preocupada eu e a Mari não pretendemos demorar mais seis meses com nenhum outro capítulo. Viu? Esse tardou mais não falhou! Muito obrigada por comentar (risos) Beijos!
Mari: Bom, não demoramos 6 meses, afinal... Mas, desculpe a demora! Que bom que está gostando da fanfic... Obrigada pelo comentário... Beijos!
Ju-sng:
Mari: Valeuz pelos parabéns! Me deixa imensamente feliz saber que está gostando da fanfic... Tomara que continue a comentar, pois seus comentários são sempre bem-vindos, viu...! Beijão!
Nayome: Oie! Poxa, ficamos muito felizes com os elogios e por você estar gostando da fic! (sorriso) é simplesmente um gosto! Ah sim, é verdade, e sabe essa é a primeira fic de mistério que escrevo e pessoalmente estou gostando muito! Beijos!
Nathbella:
Nayome: Oie mana! Óbvio que não te conto nada, se te contasse perderia a graça... Enfim, você também está sendo muito útil como cobaia, eu vejo pela sua cara os efeitos das cenas (rolando de rir) valeu por comentar mana! Beijão!
Mari: Fia, se eu num aprendi até hj, garanto que não aprendo mais... Mas acho que posso conviver com isso né... Uh, a fic está cômica? É a primeira vez que eu leio isso, mas to gostando, muitas opiniões e isso é bom! Mas a Mandy num pode contar mesmo lindia, senão perde a graça...rs! Beijus querida irmãzinha da Mandy
Bellynha:
Mari: Realmente, pobre Inu, vai acabar pegando aquele "bichinho geográfico" (será que era esse o nome? Nhá, deu pra entender né?). Uhhh, minina nem ti conto o que a Kagome é... Espera pra ver...rsrs! Nhá que bom que gostou, continue comentando! Beijos!
Nayome: Oie! (risos) ah, verdade, sabe a bota me marcou! Imagino que as pessoas da "cidade" pensaram ao vê-lo andando com um pé descalço! Bom, a Kagome é só aliada acredito eu, mas depende muito do que você quer dizer com "tem alguma coisa a mais com o Naraku..." (risos) acho que isso não esclareceu nada, mas ta valendo! Beijos!
Kagome-chan:
Nayome: Oláaaa! A gente finalmente postou! (risos) E ficamos muito felizes que você pretenda comentar em cada capítulo nosso! É maravilhoso saber que você aprecia tanto assim a nossa fic, realmente me dá muito gosto! Espero pela sua review para esse capítulo! Mil beijos!
Mari: e... Sim, sim, comente todos os capítulos, nada me deixaria mais feliz Karlitha! Realmente, de inúteis seus comentários não tem nada... Que bom que esteja gostando da fanfic, e espero que eu não erra mais em nada (é que eu tenho cabeça de bater bolinho...rs)! Hahaha, eu tenho memória de peixinho dourado...! Que bom que esteja gostando, e relaxa que eles ainda tem muito oq fazer nessa fanfic... Haha, que gracinha pe! Beijuuuuuuuuuuuuus!
Jaqueline:
Mari: Oieee! Que bom que gostou do capítulo anterior! E espero que essa curiosidade a faça continuar a ler nossa fic! Nhá, você vai descobrir tudinho, é só ter paciência minha queguida! Hum, acho que esse capítulo num deu muita luz na história, mas... Continua lendo! E demoramos só um pouquinho... Beijos, e comenteeeee!
Nayome: Oieeeee! Poxa, sinto decepcioná-la quanto as suas curiosidades, é porque essas respostas são para mares futuros (risos) E num se preocupa não que quanto o Inu e a Kag eles não sabem o que os esperam! Sinceramente os moradores da "cidade" têm algum problema, mas isso você só vai saber mais para frente! Ai como eu adoro um suspencisinho! (risos) beijõesss!
Eudi:
Nayome: Olá amiga da Má! Que bom que esteja gostando da fic e muitíssimo obrigada por comentar! Espero que tenha gostado desse capítulo também. Mil beijos!
Mari: oi Didis! Grande amiguxa, sempre colaborando com as minhas causas... Leia mesmo! Rs! Que bom que está gostando da fanfic, única amiga que a lê...! Nhá de nada pelo exercícios de física, seja lá quais forem (faz taaaanto tempo, se não entendeu oq eu disse, leia oq escreveu na outra review!) E pode dexá, assim que a gente postar eu te aviso lá...
Nayome: Agora que finalmente terminamos de responder as reviews, ficaremos aqui, sentadas no sofá, encarando nossos emails, à espera de mais reviews lindinhas e fofuxas! (risos)
Mari: Sem, é claro, nos esquecermos da pipoca, Vai uma Nayome? (Oferece o baldinho) Vai uma, estimado leitor? Ta boa, eu garanto hein... (oferecendo baldinho para você, oh maravilhosa pessoa que está lendo). Bom, e eu queria agradecer a quem não comentou também e pergunta: CADÊ A SANGO-WEB? Tsc tsc, queridos, please comentem mais... Todos ficamos felizes hein!
Nayome: Valeu a pipoca, Mari! E logo, logo o próximo capítulo ta aí, então fiquem ligados!
Mil beijocas a todos os leitores!
Nayome Isuy e Mari Felton Malfoy
