O Mar te Trouxe para Mim

Por.Nayome Isuy e Mari Felton Malfoy

Capítulo 05 – A profecia

O vento gélido. O balançar suave. O sussurro distante da água. O forte cheiro do mar. Estava tudo tão presente, tão vívido, tão próximo. A baixa névoa que deturpava a sua visão foi lentamente se desfazendo, como se uma fina cortina se abrisse para a escuridão noturna. Estava mais uma vez lá, no aconchego de sua caravela, na presença de sua tripulação. Vozes animadas, altas e masculinas destoavam, distantes, do silêncio profundo e incoerente daquela noite.

Havia uma festa, era isso. Por que ele não participava? Todos pareciam tão felizes, copos batiam, vozes elevadas... Música... Qual era o motivo da felicidade? Não conseguia se lembrar, na verdade... E não soube o porquê sentia-se impulsionado por algo para caminhar até ali e festejar... Seus passos tocavam de leve o chão... Podia sentir o leve balançar das águas sob seus pés, tudo parecia tão estéril... Por quê?

Sua visão por vezes o enganava, tornando objetos em grandes borrões. Era estranho, por mais que se esforçasse não conseguia entender o que aquelas vozes diziam. Palavras estranhas, se é que eram palavras. O cheiro forte de bebidas o atingiu. Um súbito solavanco o deixou tonto e as vozes que antes eram alegres se tornaram guinchos de terror. Sangue.

O vermelho espalhava-se por todos os lados da caravela. Pessoas corriam em sua direção e empurravam-no, mas, ele não caía. Era muito mais forte que eles. Mas o que estaria acontecendo? Por que tanto pânico? Continuou caminhando, um pouco mais apreensivo, mas, talvez, no fundo de sua mente, soubesse o que realmente acontecia.

Um barulho ensurdecedor soou pelo ar úmido e machucou suas tão sensíveis orelhas. Um odor estranho pairou no local e quando se deu conta uma grande criatura emergiu das águas salgadas. Flashes de luz ofuscaram sua visão, não fazia idéia de onde eles vinham, afinal, eles estavam no meio do mar, não é? De onde mais viria luz se a única coisa que via era a escuridão?

Repentinamente um homem, pouco mais baixo que ele, estava caído aos seus pés, mas como? Até aquele momento, não havia ninguém ali... O ódio foi, lentamente, tomando conta de seu coração. Aquele homem era seu amigo, ele sabia, e agora seu sangue estava espalhado pelo chão. Sentiu mais uma vez a luz cegando-o. Tudo estava muito confuso.

Tochas iluminaram uma pequena parcela do convés do barco. A madeira, escura e pouco comida por cupins, sob seus pés. Era tudo tão familiar e ao mesmo tempo distante. Os flashes de luz se tornaram mais freqüentes, quando deu por si estava correndo pelo assoalho molhado. Não fazia idéia de onde vinha a água e também não se importou em descobrir, sentia que a necessidade de correr era muito maior que sua curiosidade, mas ele corria de quê?

De súbito ele entendeu o porquê de sua corrida quando chegou ao destino. Seus pés o levaram, automaticamente, a uma cabine onde, sem hesitar, apanhou uma bainha com sua respectiva espada. Mas por que fazia isso? Mais uma vez não encontrava a resposta. Era levado por impulsos. Não entendia seus movimentos e só sabia que os faria no exato momento em que aconteciam. E era o que acontecia agora, enquanto ele corria desenfreado mais uma vez. Sua mente incapaz de lhe dar respostas.

Outro flash. Era como se tivesse corrido muito, no entanto não se lembrava de tal ato. Os gritos se tornaram parte do som noturno, como se fossem o acompanhamento de uma música, uma triste e decadente música. Os ventos se tornaram incrivelmente mais fortes, causando marolas e assim fazendo o barco balançar mais rápido.

Uma coisa, sem dúvida, era estranha... Por que, apesar do vento soprar cada vez com mais voracidade, ele não sentia frio? Mesmo que suas roupas fossem finas e o vento pudesse penetrar por elas, ainda assim não sentia frio algum. E mais uma vez não encontrou uma resposta. A única coisa que sabia ser certo era que precisava continuar em sua corrida.

Parou de repente ao chegar ao seu tão misterioso destino. Estava na proa de sua enorme caravela. E lá, à frente, um enorme monstro que saíra das águas gélidas do mar, rugia e atacava seus subordinados, levando muitos deles para o fundo do oceano. Era um grande youkai, muito comum naquela parte do mar, ele sabia. Fora informado sobre eles antes de seguir naquela direção, no entanto aquela era a rota mais rápida ao seu destino. Mais flashes se sucederam, era como se eles cortassem as cenas ao meio e as emendasse com outras, como se não seguissem uma ordem coerente.

Então, sem saber como, a espada que buscara há pouco tempo estava empunhada, firmemente, tão apertada que ele quase poderia perfurar-se com suas unhas. Seu coração era tomado por um insano desejo de ver o sangue do youkai derramado, tomado pela insaciável sede de vingança que ele não soube explicar de onde veio. Os sons de gritos permaneciam em sua demoníaca sinfonia, mas agora havia algo de diferente. Sim, os gritos de dor ainda ecoavam pela noite, mas haviam outros... Outros que, agora ele entendia, gritavam o quão impensado era opor-se àquele youkai, sozinho.

Não se importava quão insano parecesse aos outros enfrentá-lo sozinho, o que queria naquele exato momento era vingança, fazer aquele maldito youkai derramar cada gota de sangue que ele tirara tão brutalmente de seus companheiros. Quando percebeu o enorme youkai havia enfiado suas afiadas garras na madeira do assoalho, e começou a destruí-la como se rasgasse uma folha de papel.

E foi então que, um pouco embaçado, ele enxergou o enorme monstro que se erguia a sua frente, aquele que seria seu futuro inimigo. Seu enorme corpo era delgado e ele não sabia dizer se haveriam patas traseiras, pois metade de seu corpo estava submerso, sendo que ele enxergava unicamente a cabeça e pescoço do youkai, e seus enormes braços que resultavam em garras gigantescas que, ele achou, podiam ter o tamanho de seu braço por inteiro. Seus olhos vermelhos reluziam a luz da lua. Sua boca permitia-lhe mostrar seus dentes, compridos e afiados, prontos a retalhar qualquer coisa que ousasse impor-se em seu caminho. Mas isso não assustava os heróis daquela caravela.

Não seria aquele youkai patético que o assustaria, já havia enfrentado diversos demônios do mar, alguns muito maiores e fortes que esse. Não era nenhum tipo de novato no seu cargo, já cruzara o mar milhares de vezes, conhecia cada um de seus truques, cada jogada de vento, cada acelerada de ondas, era como se o mar quisesse intimidar os navegadores que ousavam se desbravar por suas águas salgadas, mas ele jamais se intimidara por um pouco de água.

Então permaneceu encarando-o, contudo havia algo de superficial naquilo, entretanto não importava, ele ainda tinha sede do sangue daquele que destruíra seus tripulantes. Não fez o primeiro movimento, esperando o momento exato para atacar, não correria riscos apesar de tudo. E então, como uma rajada de vento, ele sentiu-se arremessado para longe, batendo de costas na porta de uma das cabines, mas aquilo não lhe causou muita dor, ou melhor, não lhe causou dor alguma, apenas uma leve sensação de quem sabia que aquilo deveria ter machucado e sentia, por isso, um leve incomodo. Aquilo era realmente estranho, mas ele não estava raciocinando, apenas levantou-se mais uma vez e correu para seu antigo posto, seu ódio crescente dentro do peito.

Foi quando sentiu um estranho líquido escorrer pelo seu braço, fazendo com que a manga comprida de sua camisa grudasse, molhada, contra sua pele. Ele olhou para o braço e viu a manga branca, manchada de vermelho, marcada pelo seu próprio sangue. Provavelmente ao colidir com a porta machucara o braço em alguma coisa, no entanto se o tivesse feito, ele não deveria ter sentido a dor? Ou, ao menos, alguma coisa cortando a sua pele?

Não se importou, melhor que não sentisse dor, poderia lutar melhor. Mais uma vez em sua posição, espada empunhada, esperou por um movimento, agora mais atento. O youkai investiu mais uma vez sua longa cauda contra ele, entretanto agora ele estava preparado, e tão rápido quanto o youkai, ergueu sua espada e segurou-a fortemente. Um líquido morno (ele tinha a sensação de que o era, porque na verdade, não sentia nada) e roxo caiu sobre ele. O youkai soltou um ganido extremamente alto, o que machucou suas orelhas sensíveis e, quando ele virou os olhos, percebeu o porquê disso. Ao seu lado estava uma enorme parte da cauda do monstro.

Depois que a dor pareceu passar o youkai mandou-lhe um olhar cheio de raiva e ódio, prometedor de vingança e em um rápido movimente investiu mais uma vez para cima do oponente. Mal teve tempo de pensar em alguma coisa, quando percebeu suas pernas haviam o impulsionado para o ar gélido, não se lembrava nem de ter pensado em desviar, no entanto lá estava ele, há uns poucos metros acima do youkai.

Seus pés haviam alcançado um dos mastros do navio, mas ele não demorou a saltar mais uma vez, desta vez com a espada erguida, mergulhando em direção à cabeça do monstro. Mais uma vez os flashes se abateram sobre ele, e quando deu por si estava jogado no chão da caravela. Levou as mãos aos lábios, sem saber ao certo por que, e constatou que havia sangue nela. Aquilo era estranho... Por que ele não conseguia sentir?

O vago momento em que se permitira refletir fora interrompido por um urro e quando deu por si o enorme youkai estava prestes a lhe atacar novamente, porém, desta vez, além de apenas desviar, ele decidiu aproveitar a oportunidade e atacar o youkai novamente, já que percebera que o mesmo era demasiado lento apesar de ser incrivelmente forte.

Quando o youkai realizou o seu movimento, ele saltou o mais alto que pôde. Com a espada firme em sua mão, fincou-a no ombro direito do enorme monstro, que soltou um urro de dor. Enfurecido, tentou atacar aquele que perfurava sua carne, contudo antes que pudesse fazer qualquer movimento, a espada começou a deslizar por sua pele. O braço do monstro marinho agora caia em direção ao fundo do oceano. Enquanto isso, aquele que causara o visível estrago no youkai, saltava em direção ao barco satisfeito e assistia o youkai, enfurecido, imergir de volta ao oceano. Satisfeito, recolocou a espada na bainha, enquanto ouvia vagamente os elogios de seus companheiros, que gritavam animados. Mas algo estava errado, ele sentia. Subitamente sentiu que algo batia fortemente contra suas costas e sentiu-se atravessar o céu escuro, e atingir a água com um baque surdo.

Súbitos flashes de luz atingiram-no, cegando-o de tal forma que apenas pode ver por poucos segundos a escuridão do mar em que afundava cada vez mais. Era como se sua visão falhasse e voltasse por pouco tempo ao normal, e quando o fazia ele se via - sem forças para tentar nadar até a superfície - entregar-se às águas salgadas. A última coisa de que teve certeza de ter ouvido após cair na água gelada foram gritos, que apesar de soarem estranhos, lembravam muito um:

" 'nuYash- "

Sentia-se desconfortável. Sentia o cheiro da terra sob seu nariz e a grama roçava de leve no mesmo, o que lhe incomodava. Parecia-lhe que estava prestes a inalar toda aquela terra e, por isso, teve a necessidade de se virar, ficando deitado, com as costas encostadas no chão.

Sua respiração estava levemente descompassada, como se tivesse corrido um longo percurso. Abriu os olhos apenas para constatar que ainda era noite, tudo estava escuro a sua volta e muito silencioso. Depois de se recuperar do susto foi que percebeu que estava deitado no chão, sobre o barro, sujando suas roupas já não muito bem conservadas. Mas o que estava fazendo ali era um grande mistério. Não se lembrava de ter ido até ali e muito menos de ter se deitado no chão. Foi nesse instante de reflexão que a verdade o atingiu. Caíra da árvore enquanto dormia. Como, diabos, ele, InuYasha, em carne e osso, capitão de uma gigante caravela de piratas malvados, podia cair de uma árvore enquanto dormia? A indignação tomou conta de si, e em um acesso de raiva virou-se para o tronco grosso da árvore e meteu-lhe um pontapé, como se a punisse por tê-lo "jogado" no chão durante o seu sono.

Não foi a idéia mais brilhante que teve naquele dia. Tamanha fora a força empregada no momento que a árvore pendeu levemente para o lado, dando claros sinais de que estava prestes a cair, e não demorou a acontecer. A árvore começou a tombar com cada vez mais rapidez para o lado contrário, até que por fim caiu com um baque imenso no solo, fazendo com que vários pássaros levantassem vôo. O som ecoou pelas árvores e lentamente morreu. Mas do ponto de vista de InuYasha desmatar a floresta e acabar com lares de pobre e indefesos animais que ali habitavam não foi o pior, e sim o fato de que seu pé doía horrivelmente. Que idéia idiota a sua de chutar uma árvore. Agora, por conta disso, sentia um formigamento estranho em seus dedos. Aquele dia estava prometendo, aliás, a sua estada na ilha era um perigo constante para si próprio, afinal, mal chegara já fora expulso de um lugar, atacado pelos moradores, atacado pela garota que ajudara (inclusive correndo o risco de não se tornar pai) e agora isso. Maldição.

Segurou o pé que latejava horrivelmente e tornou a se sentar no chão, agora já era tarde para se preocupar com o estado de suas vestes, estavam encardidas pelo sal do mar, sujas de sangue seco (que, aliás, ele precisava se livrar o mais rápido possível, por causa do horrível odor que começava a se despregar), amareladas, sem uma manga e agora sujas de terra e não podia se esquecer do pé descalço, cuja bota o abandonara. Definitivamente, ele precisava de um banho. E assim o faria depois que o pé parasse de doer. Enquanto ficou ali sentado, o sonho que tivera a pouco voltara a sua cabeça, não era muito coerente, é verdade, mas não deixava de ser realidade, ele se lembrava daquela noite, e por causa do acontecido acabara nessa minúscula ilha de pessoas excêntricas, os tais flashes de luz que o cegaram milhares de vezes não ocorreram naquela noite, obviamente, e ele se decidiu que eles foram originados por lapsos de memória.

Certas perguntas não saiam de sua cabeça, como: onde estaria sua tripulação agora? Como ela estaria se virando sem seu capitão? Será que davam conta de todo o trabalho? E o monstro teria voltado e aniquilado o barco? Ele não tinha como saber naquele momento e por isso se culpava. Aquelas pessoas haviam se entregue ao seu comando e ele não fora capaz de defendê-las como deveria. Não sabia como poderia obter informações agora, tampouco como sairia de ilha. Suspirou mais uma vez, massageando o pé dolorido.

Quando sentiu que a dor aliviara, levantou-se e começou a caminhar demasiado absorto para perceber aonde ia. As perguntas martelavam em sua cabeça, e memórias antigas passavam diante de seus olhos, como se as vivesse novamente. Quando todo aquele conjunto de informações começou a proporcionar-lhe uma horrível dor de cabeça, decidiu que era hora de tentar esquecer, afinal, aquilo fora apenas um sonho, não podia ser nenhum tipo de sinal, ou qualquer coisa do gênero. Tinha muitas outras coisas com que se preocupar para se atormentar com mais essa.

As folhas roçavam de leve em seu rosto enquanto ele caminhava, virando aqui e ali, apenas para não se manter em uma linha reta. Com um pouco de sorte ele encontraria algum rio, ou qualquer coisa que o ajudasse no momento. Seus pensamente iam hora para Kagome hora para sua tripulação. Não sabia ao certo o que lhe preocupava mais. Teve de desviar de mais uma árvore. Sua vida, em tão pouco tempo, tornara-se um enorme problema ambulante. Quando se deu conta de onde estava encontrou-se mais uma vez na praia. "Eu estou andando em círculos", pensou.

Era tão estranho como uma noite comum podia ser transformar em magnífica apenas indo até o litoral. Aquela areia sempre tão branca, o céu negro que se estendia até se fundir com o mar escuro. Ele parou por um momento contemplando a paisagem, com um suspirou tirou a única bota que lhe restava e caminhou até onde a água gelada atingia com a força das ondas. Sentou-se ali, estava tudo tão calmo, que lentamente foi se esquecendo dos seus problemas, queria apenas desfrutar aquela paz sobrenatural que o lugar dispunha aos seus visitantes.

Mas aparentemente ele não era o único que vinha buscar por essa paz. Seus sentidos aguçados logo indicaram a presença de outra pessoa ali. InuYasha ouvia soluços, que muitas vezes pareciam estar sendo suprimidos. Ele saiu de seu torpor mental e olhou em volta, buscando o dono destes. Quando finalmente o encontrou não pôde acreditar. Kagome andava lentamente, seu rosto vermelho e molhado de lágrimas, e vinha na direção em que InuYasha se encontrava, aparentemente sem notar a presença deste ali. Pareceu ao hanyou que alguma estranha força sempre fazia com que eles se encontrassem. Aquilo não podia ser coincidência. Não que ele fosse muito crédulo na história de destino, mas aquilo nunca havia acontecido. Como era possível que ele trombasse com esta garota a todo o momento? Mas, ainda assim, ao vê-la chorando, algo lhe disse que ele devia estar exatamente ali.

Já havia dois dias que não a via, o que lhe parecia surpreendente, dado que o destino parecia brincar com eles, fazendo com que se encontrassem frequentemente.

Ficou um tempo parado observando a jovem se aproximar sem saber direito o que falar ou o que fazer, a verdade era que ele nunca fora muito bom com palavras. Quando a jovem ergueu a cabeça, ele pode ver seus lindos olhos azuis brilharem com as lágrimas que escorriam pelo rosto, ela ficou um tempo parada, quase assustada de vê-lo ali.

-I-InuYasha...?

Ele não respondeu, sem saber quais palavras poderia usar. Sentiu-se mal por vê-la naquele estado. Tudo o que fez foi se levantar e caminhar até estar próximo a ela e, quando o fez, fitou seus profundos olhos, esperando encontrar ali a resposta para o que estava ocorrendo com ela. "Feh, que bobagem... Por que eu me preocuparia com essa menina? Ainda mais depois de saber tudo o que ela fez?" porém sabia que, no fundo, seu coração achava absurda a pergunta de como ele poderia se preocupar com ela.

Ela tentou disfarçar as lágrimas secando os olhos, pigarreou desviando o olhar para o mar, e forçou um sorriso aparecer em seu rosto.

-InuYasha, o que está fazendo aqui? Não conseguiu dormir? Estava pensando na sua casa ou família da qual você se perdeu? – Ele percebeu uma certa amargura em sua voz, muito leve que poderia ter passado sem que ele se desse conta.

-Família? É eu acho pensei um pouco na minha família... – Respondeu, referindo-se aos seus colegas da embarcação, afinal estavam juntos há tanto tempo que eram quase como uma grande família.

-Então eu acho que deveria procurar um modo de voltar para ela o mais rápido possível, afinal, tenho certeza que você não vai quererque ela fique muito tempo sem você ... – Disse, um pouco mais áspera do que planejara ser.

InuYasha ficou um pouco confuso com a reação da jovem e respondeu incerto:

-É... Hum... Acho que não. Quero dizer, acho que sobreviveriam sem mim... – Ela olhou para ele de cara amarrada, parecendo um pouco mais nervosa do que antes.

-Ah, que tipo de família é essa que não se importa com você? – Ela exclamou indignada indo até uma pedra onde se sentou, agitada, e começou a tamborilar os dedos. InuYasha franziu o cenho com aquela afirmação ligeiramente confuso, com a conversa e com a atitude da jovem.

Ele caminhou até a pedra em seguida.

-Ahn, Kagome... Está tudo bem com você? – Perguntou, estranhando a mudança de atitude. Não fazia nem cinco minutos e ela estivera derramando rios de lágrimas. Ela olhou em sua direção.

-Você deveria estar um pouco mais preocupado com a sua família e não comigo. Como acha que vão se virar agora sem você? Você não acha que deveria estar lá para tomar conta de tudo?

-Eu acho que eles já estão bem crescidinhos e podem se cuidar sozinhos... – Respondeu, achando tudo aquilo muito esquisito. "Eles?", ela pensou, "Eles? Mas ele já tem filhos?".

-Bom, talvez seus filhos, mas sua mulher provavelmente deve estar muito sozinha, não? – Ela comentou amargurada olhando para os pés.

-Talvez... – Comentou distraído. - EPA! Que história é essa de mulher! E-e que filhos? – Ele exclamou assustado, virando subitamente para encará-la. – Do que é que você ta falando, ô garota!

Ela virou para ele confusa com sua reação, por que ele estava gritando?

-Da sua família, é óbvio. Não é disso que estamos falando? – Ela comentou fitando-o.

-Mas que demônios! Não sabia que era desse tipo de família de que estávamos falando...

-Como assim desse tipo de família, InuYasha? Desde quando você tem separado sua família por "tipos"? – Perguntou, erguendo uma sobrancelha.

-Eu acho que você está entendendo tudo errado, Kagome... Eu não me referia à mulher e filhos quando você perguntou sobre a minha família, eu nem sequer os tenho! – Exclamou.

Uma luz no fim do túnel! Era tudo o que precisava ouvir naquele momento, sentiu-se tão feliz, que era capaz de sair dançando pela areia. Ela tentou com todo o esforço conter o sorrisinho teimoso que insistia em escapar, não queria demonstrar sua felicidade a ele. Ei! No que ela estava pensando! Eles mal se conheciam! Desde quando se importava tanto assim se ele tinha ou deixava de ter uma mulher? Aquilo não era da sua conta. Ela forçou uma expressão de quem não se importava com o assunto e perguntou sutilmente:

-Então de que tipo de família você se referia?

Aquelas súbitas mudanças de humor da jovem começaram a preocupá-lo. Será que era saudável mudar de temperamento assim tão depressa? Tristeza, curiosidade, raiva, inveja, felicidade e por fim descaso, InuYasha observou atentamente a todas as mudanças da jovem. Ou ela tinha um problema sério emocional – talvez fosse sensível demais – ou era uma pessoa realmente muito indecisa.

A garota o encarou por algum tempo, esperando ansiosamente a resposta. Seus olhos não se desviavam da pessoa a sua frente sequer por um segundo, sempre atenta, esperando a tão importante resposta. Passou algum tempo e nada da resposta. Ela esperou. Nada. Ele parecia absorto em seus pensamentos e não notava o olhar atento de Kagome, que começa a se irritar com a falta de consideração de InuYasha por não responder a sua pergunta. Então o silêncio foi quebrado, não pelo hanyou, mas sim por Kagome.

-INUYASHA! – Gritou e ele, por sua vez, se sobressaltou e a encarou assustado. Feliz por ter recobrado a atenção do rapaz, ela começou em um tom mais ameno, porém não menos irritado. – Será que você poderia fazer a gentileza de me responder?

-Enlouqueceu, menina? Por que você imagina que tem o direito de gritar comigo? E por que acha que eu sou obrigado a responder as suas perguntas sendo que você não responde às minhas? – Indagou, recordando-se que ela se negara a responder diversas de suas perguntas.

-Ah não, InuYasha! Deixe de ser infantil! – A jovem reclamou irritada. – Eu já te disse que não posso responder as suas perguntas, você só está fazendo isso para me obrigar a falar. Pare com isso que não vai adiantar, pode ir se explicando.

InuYasha deu um sorrisinho "Ora, Kagome, a sua máscara caiu. Então quer dizer que você é muito curiosa, não é? Bom eu acho que posso usar isso a meu favor..." Ele passou a encara-la confiante.

-E se for? Eu também não tenho obrigação de lhe contar! Afinal, você é só uma estranha que eu conheci há poucos dias. Por que deveria te dizer sobre a minha vida? – Ele parou e ficou quieto por um tempo. – Mas... Sabe, se você quiser saber... Me diga, por que, infernos, as pessoas falam tão mal de você! Dia desses eu encontrei uma mulher chamada Sango, eu acho, e ela me disse coisas horríveis sobre você!

-Vo-você encontrou a Sango?

Seu primeiro sentimento ao ouvir aquelas palavras foi um medo profundo do que ela poderia ter dito a InuYasha, de como ele a estaria odiando agora. Mas este sentimento foi quase imediatamente substituído pela saudade intensa que sentiu daquela que era sua melhor amiga. Como ela queria vê-la agora e abraça-la e lhe contar toda a verdade, mas infelizmente não podia. Haveria de se conformar com o que InuYasha lhe diria.

-Ah, então vocês duas se conhecem mesmo? – Ele perguntou olhando para a jovem, mas por algum motivo ela não o encarava.

Kagome sentou-se na areia fina da praia, abraçando os joelhos e olhando para o mar negro a sua frente, observando o bonito contraste que a luz prateada da lua fazia com as ondas que agitavam as águas salgadas. Lembrar-se de Sango era doloroso. Machucava. E traziam recordações maravilhosas e pelo mesmo motivo dolorosas. Sango era como uma verdadeira irmã para ela, as duas haviam crescido juntas na vila e desde pequenas eram grandes amigas, no entanto a partir do momento que passara a trabalhar para Naraku as duas nunca mais haviam se visto.

-Sim, eu a conheço. Somos amigas de infância... – Kagome comentou tristemente riscando a areia com as pontas dos dedos. – Bom, pelo menos éramos...

-Eram? Não me surpreende... – Ao ouvir isso, Kagome, sentiu seu coração comprimido. Como aquilo lhe doía ouvir. Contudo, InuYasha, não acreditava que aquelas palavras resultariam nesta dor.

-Por quê? – Ela perguntou fracamente, levantando os olhos para encará-lo.

-Eu acho que você já sabe, não é? Por que você não facilita as coisas e simplesmente me diz o que é que está acontecendo?

-E você seria capaz de acreditar em mim? Eu duvido. – Rebateu, olhando-o intensamente. – E mesmo que acreditasse, duvido que compreenda. – Fez uma pausa para tomar fôlego, e depois continuou. - Por que você persiste em me atormentar com essa pergunta? Você já descobriu o que queria, não é? Não se conformou que eu não pudesse explicar neste momento e foi procurar informações em pessoas que você nem ao menos conhecia. Pois que seja então, acredite neles! Acredite no que você quiser!

-Eu quero acreditar no que você vai me dizer. Não quero saber os outros pensam. – InuYasha suspirou e sentou-se ao lado da jovem. – Escute, o que a Sango me disse, eu não acreditei em uma palavra sequer. Eu sei que não te conheço bem para poder saber do que você é capaz de fazer, mas eu sinto que você é uma pessoa boa. Por que não me fala? Por que não tenta me explicar?

Kagome abaixou a cabeça sobre os joelhos e sentiu um aperto forte no peito. Sentia vontade de chorar, chorar por todos os sofrimentos que estava passando, mas não podia, não queria demonstrar fraqueza na frente do rapaz. Isso só o preocuparia mais. Ela queria contar, queria desabafar, tirar todo aquele peso que estava carregando sozinha, no entanto se o fizesse ela iria envolve-lo e o que menos queria era que Naraku tentasse algo contra ele. Ela não podia contar a ninguém, jamais o faria, jamais poria alguém no meio de seus problemas.

-Eu não posso! – Kagome gritou se levantando subitamente, uma única lágrima escorreu pelo seu rosto.

As ordens de Naraku voltaram a sua cabeça, fazendo-a se lembrar do que fizera tão recentemente. "Oh, por que ele tinha de tornar a tocar nesse assunto justo hoje, quando o que eu mais desejo é esquecer de tudo?" sentiu-se horrível. Não suportaria mais aquelas perguntas, precisava ir. Contudo sua real vontade, apesar de tudo, era permanecer ali, pois, de alguma forma, ela sabia que estaria bem. Mas também não podia arriscar-se a contar toda a verdade e coloca-lo em risco. Portanto pôs-se a caminhar, pisando firmemente, de volta para a floresta. O que não esperava era que ele fosse segui-la, mas lá estava ele, bem atrás dela. Segurando seu braço mais uma vez e lhe dizendo:

-Onde é que você pensa que vai, menina? Por que está sempre fugindo de mim? – Ao dizer isso ele fez com que ela se virasse para ele. – Eu não vou te julgar, eu nem teria esse direito.

Kagome juntou toda a coragem que tinha, aquelas palavras haviam realmente a afetado, um pequeno sinal de carinho.

-Me deixe em paz. Você tem os seus problemas e eu tenho os meus. Por que não me esquece e da um jeito de cair fora dessa ilha? É o melhor que você pode fazer.

-Você me ajudou e eu quero te retribuir esse favor, me deixe te ajudar!

-Se quer mesmo me ajudar, então me esqueça. Me deixa em paz. Você não sabe no que está se metendo! Eu não quero te envolver! – Kagome respondeu olhando-o nervosa.

-O que pode ser tão ruim assim, ahn? – InuYasha indagou olhando para ela, por que ela não confiava nele? Ele tinha a ajudado, ela lhe devia mais confiança.

-Eu já disse que não é da sua conta! Você poderia me soltar? Agora, InuYasha! – Indagou raivosamente, puxando seu braço com força e lançando um olhar nervoso.

-Não, Kagome! Você está parecendo uma criança mimada. Eu só quero ver o seu lado da história, porque a história eu já a conheço... Eu já me envolvi, então pare de fingir que não. – Ele se aproximou dela. – O que você tem medo que aconteça, Kagome? – Ela puxou o braço mais uma vez, virando o rosto. Ele apertou o braço dela com mais força para impedi-la de escapar. – Pare de fugir de mim. Você não precisa ter medo de mim.

-Me solte! Você está me machucando! – Ela disse com a voz elevada e então enfim ele a soltou.

-Boa noite, InuYasha! – A jovem se virou nervosa e saiu andando pela floresta escura.

InuYasha bufou indignado e ficou observando a jovem desaparecer na escuridão. "Maldição, eu ainda vou fazer ela falar! Por que toda essa relutância, meu Deus?" InuYasha pegou sua bota jogada na areia, calçou-a. Olhou ao redor, ainda precisava achar um lago para poder tomar um banho.

Lembrava-se de ter vindo da direita, como não havia achado um lago lá, decidiu seguir pela esquerda. Andava sem saber para onde ia, e estava com a cabeça cheia de perguntas causadas pela briga que tivera com Kagome.

Passava pelas árvores sem prestar atenção ao caminho que seguia, afinal, daquela ilha nada conhecia. Refletiu que suas conversar com Kagome nunca terminavam bem, eles sempre arranjavam um jeito de discutir por alguma coisa.

Já estava andando há algum tempo quando percebeu que provavelmente estava perdido, não se lembrava do caminho que tinha feito para chegar até ali e não sabia para onde estava indo. Suspirou desanimado olhando ao redor. "Poxa, essa ilha não pode ser tão grande assim, pode?" o jovem pensou frustrado.

Será que aquela floresta não teria fim? Sentir-se-ia feliz em encontrar algo que quebrasse aquela monotonia. As árvores pareciam ser todas iguais! Esse estava sendo o passeio mais chato de sua vida. A mata era fechada, e se logo não melhorasse, ficaria muito difícil de continuar andando, com todas aquelas raízes brotando do chão e galhos enroscando-se em seus cabelos e batendo em seu rosto. Começava a se arrepender de ter deixado a praia. Mas por outro lado, ele precisava de água, sentia sua garganta seca e arranhada. Há quanto tempo não tomava água?

Foi quando começou a ouvir um som distante e muito baixo até mesmo para as suas orelhas supersensíveis. Não tinha outra opção senão seguir os sons. Quanto mais caminhava em direção ao oeste mais alto os sons passavam a ser. Parecia a batida de uma música estranha misturada com gritos. O que poderia ser? Afinal, já era madrugada.

Andou com cautela, a media que a mata se abria. Estava curioso por saber a origem do som, cujo tom ia se elevando à medida que ele se aproximava. Não demorou e pôde ver que de ali havia luz. Será que eram pessoas? Bom, se fossem, aquela vila era realmente grande.

Era uma luz avermelhada que se misturava com a escuridão noturna, uma fogueira talvez? E se realmente era uma vila, o que as pessoas estavam fazendo de pé há essa hora? Será que era um incêndio? Mas então para que a música? Continuou a se aproximar, sua curiosidade, razão de sempre se meter em encrenca, impulsionando-o.

Chegou tão perto que conseguia distinguir silhuetas iluminadas pela, agora confirmada, fogueira. Aproximou-se mais um pouco e escondeu-se atrás de uma árvore, por trás da qual começou a observar a cena. A primeira coisa que viu foi um imenso javali morto, o sangue ainda escorrendo do ferimento causado por uma lança, e este era carregado sobre uma bandeja feita de madeira, por quatro homens fortes e estranhamente vestidos.

Mas apesar disso chamar bastante atenção ainda havia coisa pior, ao redor da fogueira havia um grande número de pessoas, algumas sentadas conversando animadas, outras aparentemente dançando, alguns apontavam para o céu e ficavam horas o observando, mas, nossa, para que aquelas roupas ridículas? InuYasha reparou também na grande mesa disposta ao ar livre, arrumada e servida com um grande banquete. O que será que estavam comemorando naquela hora?

Achou melhor sair cautelosamente, afinal, já tivera experiências suficientes com os habitantes daquela ilha para saber que eles não eram muito "comuns". Dando as costas, pisou de leve no chão, porém mal havia dado o terceiro passo quando, surgido do nada, um homem que trajava uma enorme manta feita de pele do que ele supunha ter sido um urso e calças do que ele achava serem feitas, tal como a manta, de pele, contudo está lhe lembrava mais um leão.

Parou de observar as roupas do homem à frente e pensou em alguma coisa simpática para se dizer, no entanto, ser simpático não era o seu forte. Pigarreou uma vez e encarou o homem.

-Ah... Oi... – Sorriso amarelo. – Eu... Eu só estava passando por aqui... Tive a impressão de ouvir vozes e vim verificar, não quis me intrometer.

No entanto o homem não pareceu prestar atenção ao que InuYasha dissera, ele simplesmente enchera os pulmões e gritara com toda a força, fazendo com que o hanyou se assustasse e quase pulasse para trás.

-Aqui! Aqui está o descendente do Grande Caçador, Órion! Eu o encontrei, eu o encontrei! – Segundos após o susto ter passado ele passou a olhar freneticamente para os lados, esperando ver mais alguém, todavia descobriu que só estavam os dois ali.

-Onde? – Perguntou abobado. – E quem é esse tal Órion?

E mais uma vez fora ignorado junto com suas perguntas. As pessoas chegavam correndo e faziam um círculo ao seu redor, conversando animadas e apontando para ele.

-Ei, o que está acontecendo? Dá para responder as minhas perguntas! – Ele perguntou indignado, era impressionante, tanta gente olhando para ele e nenhuma ouvindo o que ele dizia. Aquilo já estava começando a lhe dar nos nervos.

E sem mais nem menos algumas pessoas do círculo chegaram mais perto dele e o empurraram em direção ao local de onde vinha a música.

-O que diabos vocês pensam que estão fazendo? – Perguntou alterado, mas, mais uma vez, foi ignorado, sem dúvida aquilo estava o irritando. Quando chegou muito perto da fogueira, após ter sido empurrado diversas vezes, os ruídos subitamente cessaram, e todas as pessoas que formavam o círculo e haviam estado no ritual ergueram as lanças e arpões que carregavam.

"Pronto, era tudo o que faltava para completar o dia." Pensou, levando a mão até sua espada, esperando o menor movimento. Se alguém ali desse sinais de que iria ataca-lo, ele não teria a menor piedade. Mas aquilo se provou inútil, pois logo eles bateram as lanças e começaram o que lhe parecia mais um estranho ritual a sua volta.

Era como se o louvassem, numa espécie de dança – muito estranha – com reverências exageradas. InuYasha ficou parado sem saber o que fazer enquanto aquelas pessoas estranhas dançavam debilmente ao seu redor. Bom, era de se esperar que algo assim acontecesse numa ilha como essa, InuYasha pensou.

Subitamente todos os homens pararam de dançar e abriram caminho para que um senhor, muito baixo, passasse. Ele tinha a aparência muito velha, e possuía uma longa barba. Caminhou torto, apoiado em sua bengala de pau, até InuYasha e virou-se para todos.

-Saldem o Grande Caçador!

Todas as pessoas ali presentes se ajoelharam e curvaram-se diante dele. InuYasha olhou-as como se fossem loucas, o que não estava muito longe da realidade. O silêncio permaneceu por algum tempo e só foi quebrado quando, enfim, o homem que o saudara se pronunciou novamente.

-Neste dia de grande importância para o Grande Caçador ele nos presenteou com sua presença. - Disse com uma voz quase etérea. Neste momento houve uma onda de murmúrios, que cessou no instante em que o homem de aparência idosa ergueu a mão direita, indicando silêncio. – Oh, Grande Caçador, trazes alguma mensagem para nós?

Todas as pessoas se voltaram para InuYasha com olhares esperançosos. "O que raios está acontecendo aqui?"

-Ahn? Mensagem? De onde? E quem é o tal Grande Caçador? – InuYasha perguntou incerto. Todos riram como se ele tivesse contado uma piada.

-Uma mensagem dos Céus! – O homem exclamou erguendo os braços para o céu.

-Uma mensagem dos Céus? E como é que eu vou saber, ô velho?

-Não há mensagem? É uma pena. Mas não se aflija, apenas sua ilustre presença já nos satisfaz! – O senhor falou cheio de felicidade. – Por favor, estique o braço.

"Ahn? Que diabos está acontecendo aqui?" InuYasha esticou o braço e o senhor segurou seu pulso e ergueu a manga de sua camisa até o cotovelo. Depois ele bateu duas palmas e logo dois homens estavam ao seu lado, um segurando um pequeno estilete e o outro trazia uma vasilha de vidro. O velho pegou o estilete e o outro homem segurou a vasilha. Quando o velho fez menção de cortar o seu braço InuYasha deu um pulo e soltou o braço das mãos do velho.

-O que diabos pensa que está fazendo! – InuYasha exclamou.

-Ó Grande Senhor, descendente do Grande Caçador, Órion, o sangue que corre em tuas veias deve ser, hoje, aqui cultuado, nesse dia tão importante.

-Ninguém toca no meu sangue! – InuYasha berrou.

As pessoas olharam espantadas para ele após tal atitude, inclusive o idoso que segurava o estilete. Tudo que se passava na mente de InuYasha, agora, era como ele era capaz de se meter em problemas tão grandes assim. Ele devia ser um imã ambulante, atraindo todos os problemas possíveis do mundo apenas para si. Que egoísmo o seu.

-Grande Guerreiro, podes me dizer qual é o problema? – Perguntou, mais cauteloso.

-O problema é que o sangue é de meu exclusivo uso e ninguém daqui vai colocar as patinhas nele. É meu e ninguém tasca. – Disse agressivamente.

-Mas eu não entendo meu Senhor, a lenda diz que teu sangue iria tornar nossas caçadas mais fáceis e poderíamos sempre alimentar todo o nosso povo.

-Meu sangue não vai fazer nada disso, velho louco! É sangue normal, como o seu ou como o seu ou como o de todas essas pessoas. Não devia acreditar nesta baboseira de lendas, elas não se concretizam! – Todas as pessoas o olharam horrorizadas, porém o idoso senhor o olhou complacente.

-É totalmente entendível que não possa se lembrar de onde veio e o peso que tudo isso trás para o nosso mundo. Porém, todos aqui presentes devemos compreender esse fato e festejar que tenhas vindo neste dia e esperar que ao final do mesmo passe a perceber a importância de tudo isso. – Sorriu bondosamente e fez uma reverencia.

O senhor se afastou e logo um dos homens ao redor se aproximou e o convidou:

-Ó Grande Caçador, deve estar com fome, depois de sua grande viajem para cá. Por que não se junta a nós e vamos todos nos deliciarmos com o banquete aqui hoje servido?

-Ah, ta... – InuYasha respondeu seguindo o homem. "Que se danem se são loucos, se eu posso comer de graça vou aproveitar essa confusão."

A dança ao redor do fogo havia começado novamente, junto com a música, e desta vez eles pareciam ainda mais empolgados. InuYasha encheu bem um prato com todos os tipos de comida, sentou-se e ficou apreciando a dança. O homem ao seu lado deu um suspiro frustrado. InuYasha se virou para ele e o mesmo observava o céu.

-Grande Caçador, o senhor acha possível que por a constelação de Órion não estar muito bem visível hoje isso nos trará má sorte? – InuYasha ficou olhando para o homem abismado. – Sabe aquela estrela mais distante também está me incomodando um pouco hoje...

-Ahhh, eu... – Mas ele não respondeu, virou-se para frente e voltou a assistir a dança.

E foi, felizmente, poupado de quaisquer outras indagações a respeito do que quer que fosse, pois, naquele momento, o mesmo homem que estivera a pouco conversando com ele voltara, mas desta vez trajava um pele do que parecia ter sido uma onça (InuYasha não sabia de onde tantas peles de tão diferentes animais haviam saído). Todos se calaram e, quando o velho tornou a falar, sua voz tinha uma entonação grave.

-Hoje, voltamos a nos reunir sob a benção do Grande Caçador! Diz a lenda mitológica – Todos, crianças e adultos, passaram a absorver compenetradamente todas as palavras que seriam ditas a seguir. – que Órion, o Grande Caçador, era um exímio guerreiro e vangloriava-se de ter o poder de tirar a vida de qualquer que fosse o animal que andasse sobre a terra. Houve, certa vez, uma temível luta entre ele e Escorpião, e esta luta levou os deuses a separá-los. Por este motivo a constelação de Escorpião localiza-se o mais distante possível da de Órion, pois deste modo, eles jamais voltariam a travar uma luta sequer, e ambos jamais são vistos ao mesmo tempo acima do mesmo horizonte – Ao final desta palavra todos irromperam em palmas. – E hoje, no Inverno, podemos ver o Grande Caçador neste céu estrelado, e rogamos-lhe para que nos traga paz e nunca nos deixe faltar alimento. – Fez uma pequena pausa e, em seguida, com um sorriso, continuou. – E que prossigam as comemorações. – Ninguém se demorou em cumprir a ordem.

InuYasha já estava começando a se sentir incomodado ao redor daquelas pessoas. Claro que receber toda aquela comida de graça, sendo que nem tinha onde dormir, estava sendo ótimo. No entanto o que o irritava era que quando passava por algumas pessoas, as mesmas começavam a rezar por ele, e, sinceramente, além daquilo ser muito irritante, estava o deixando sem-graça.

Tentou se distanciar um pouco, sentou-se em um lugar qualquer e começou a pensar nos fatos mais recentes, a primeira coisa que lhe veio à cabeça foi a discussão que tivera com Kagome. Aquilo, de certa forma, o incomodava muito. Pela primeira vez na vida havia se decidido a ajudar alguém e esse alguém o mandava ficar de fora. Geralmente diziam que ele era egoísta e que só pensava em si mesmo, bom quando pensava nos outros, veja no que dava. Uma idéia lhe veio a cabeça "Será que essas pessoas também conhecem a Kagome?" pensou.

Decidiu que iria, então, perguntar a alguém, pois duvidava que alguém ali se negasse a responder qualquer que fosse sua pergunta. Além do que já começava a ficar cansado de ficar sentado ali, porque apesar de todo o barulho da música era muito monótono, tudo que podia fazer era observá-los com sua estranha dança, que, diga-se de passagem, já estava perdendo a graça inicial.

Aproximou-se de sua vítima, que esperava que não caísse aos seus pés e implorasse por sua benção. Pensou em perguntar diretamente por Kagome, mas preferiu começar mais sutilmente.

-Será que você – Começou após encostar a mão no ombro da pessoa. – Ahn... Poderia me dizer... Bem... Qual é a relação entre vocês e aquela vi... Quero dizer, cidade... Ahn... Aquele – Procurou alguma palavra para chamar a vila. – Ahn, lugar que está localizado... – Ele não sabia como terminar a frase, contudo também não precisou fazê-lo, porque o homem virou-se com um olhar enfurecido.

O.K. Isso não era normal. Há poucos segundos todos o olhavam com gigantescos sorrisos e palavras educadas e agora aquele homem estava prestes a atacá-lo.

-O que você tem a ver com aquele lugar! – O homem vociferou subitamente, o que, como devem imaginar, chamou muitíssima atenção. InuYasha ergueu uma sobrancelha e olhou para o homem atônito.

-Nada. – InuYasha respondeu com simplicidade.

-Eu não acredito! O que sabe sobre aquele lugar! – Gritou novamente. InuYasha começou a ficar nervoso.

-Olha aqui, se gritar mais uma vez comigo eu amaldiçoou essa vila! Eu sou o grande descendente do Grande Caçador, já se esqueceu? – O homem parou subitamente e jogou-se ao chão em uma reverência extremamente exagerada.

-Puna-me, ó Grande Senhor! Puna-me por meus pecados, por favor! – O homem agarrou a barra de sua calça e ficou a implorar. – Não perdoais jamais este pobre pecador!

-Ah, você têm toda a razão, eu não irei perdoar jamais a você nem a essa vila! Vocês irão sofrer a eterna ira do Grande Caçador! – Todas as pessoas se viraram para ele, assustadas. "Oh céus, do que raios eu estou falando?" pensou, achando aquilo tudo ridículo, mas se podia aproveitar da situação para tirar vantagem... Não via tanto mal assim.

-Meu senhor, por favor, não faça com que a desgraça caia sobre este povo. Eles nada fizeram. Eu sou o merecedor de seu castigo. – InuYasha começava a prever o momento em que o homem começaria a chorar copiosamente, e não duvidava que aquelas pessoas todas fizessem o mesmo. E ainda havia o fato de que, agora, todas ameaçavam se agarrar a ele. Definitivamente não era esse seu intento.

-Escute bem o que vou lhe dizer – começou, mas o homem apertou fortemente sua perna. – Será que dava pra você me soltar, primeiro? – Perguntou nervoso, e o homem imediatamente o fez. – Eu quero saber tudo o que vocês puderem me dizer sobre aquela vila. – Iria terminar ali, mas achou melhor ser mais firme e continuou, achando aquilo absurdamente estúpido. – ou... Ou a minha... Minha eterna ira cairá sobre tudo e todos!

Todas as pessoas continuavam a prestar muita atenção em cada palavra sua, até a música e a dança haviam parado, só para que todos pudessem ouvir, claramente, cada sílaba proferida pelo, suposto, Grande Caçador.

-E então vão me contar, ou não? Preferem sofrer as conseqüências? – InuYasha perguntou ameaçador. "Sabe? Acho que eu poderia me acostumar a isso..." ele pensou satisfeito.

O mesmo velho que falara sobre a tal lenda de Órion, aproximou-se, pelo visto ele era o chefe daquele povoado.

-Certo, contaremos o que quer saber. Mas não espere muita coisa, afinal sabemos muito pouco sobre aquela vila. – O homem comentou com a voz mais áspera, ele parecia nervoso.

InuYasha olhou atentamente, surgida do nada, uma ânsia do saber tomou conta de si, e sua curiosidade aumentou com todo aquele suspense.

-Aconteceu que há tempos atrás, aproximadamente 50 anos... Nesta época pouco nos incomodávamos com nossa vila vizinha, o único real problema que tínhamos era nossa convergência em relação aos deuses, pois tínhamos uma religião diferente, que crê no Grande Caçador... Mas isso não costumava afetar nossas relações, eles viviam de seu modo e nós do nosso, quase nunca nos encontrávamos devido a essas diferenças. Contudo, houve um dia em que um dos homens de nosso povoado encontrou-se com uma bela mulher, que sempre passeava as margens do mar. Com o passar do tempo seus encontros tornaram-se mais e mais freqüentes, e quando soubemos disso, muito tempo depois, o mal já estava feito e eles haviam se apaixonado. Nós não podíamos permitir tal coisa, todavia ele estava irredutível em sua decisão de permanecer ao lado dela, tentamos de tudo até que, um dia, ele fugiu e casou-se com ela nesta vila... – Então InuYasha interrompeu.

-É por isso que vocês, aparentemente, odeiam aquela vila? – Definitivamente, aquilo estava se tornando ridículo.

-Devo dizer que isso realmente nos chocou, mas este não é o motivo. A história que conhecemos daquele lugar, vai muito além. – Ele fez uma pausa, como se tentasse lembrar o que dizia antes de ser interrompido. – Certo, depois que nos foi transmitido esse acontecimento, devo admitir que em nada aprovamos e, por este motivo, todos deixamos de lado qualquer relação que tivéssemos com ele para trás. Ou melhor, quase todos deixamos. Havia alguns familiares que se negaram a fazê-lo e apesar do desgosto continuaram a vê-lo e nada pudemos fazer para impedir. Houve certo dia uma tempestade descomunal, que derrubou casas e arrancou árvores do solo, e exatamente nesta noite uma profecia foi dita, por uma mulher que aparentemente entrou em transe dentro de sua própria casa. E as únicas pessoas que puderam ouvir precisamente a profecia, com todas as suas palavras, foram os que ali estavam, sentados de frente para ela, participando tranquilamente de uma conversa, e essas pessoas eram o marido dela e um amigo íntimo dele. Este marido era o homem que há pouco tempo nos abandonara.

-E o que essa baboseira tem a ver com aquela vila? Aconteceu lá, mas não é grande coisa! – Disse InuYasha, apesar de muito curioso em saber sobre o que ela tratava.

-Essa "baboseira" não tem a ver só com aquela vila, mas sim com toda essa ilha. – O homem comentou. – Enfim, a mulher desse homem era uma poderosa sacerdotisa e por isso ele decidiu que era melhor avisar a todos que viviam na ilha, e assim o fez. É obvio que tal profecia também chegou aos nossos ouvidos e apesar de termos feito tudo ao nosso alcance para não permiti-los se casarem, sabemos muito bem que os poderes daquela mulher eram muito grandes.

-E que diabos essa profecia dizia? – InuYasha perguntou curioso.

-Céus como és impaciente! – O velho resmungou. – Bom, a profecia reza que futuramente, naquela mesma vila, nasceria uma criança, dotada de poderes espirituais grandíssimos, e que ao crescer e começasse a dominar tais poderes seria capaz de localizar a jóia de quatro almas.

-Espera – InuYasha interrompeu-o novamente. – Está se referindo àquela velha lenda urbana sobre a jóia desaparecida no mar?

-Isso não é uma lenda urbana! – O velho disse imediatamente. – Essa jóia existe! E tem poderes inimagináveis. É uma jóia tão poderosa que os Deuses não permitiram que ela permanecesse nas mãos humanas e assim a enviaram para um lugar escondido no oceano, um lugar divino que só uma pessoa de um coração muito puro poderia entrar. Pois se tal jóia caísse em mãos de quem só desejasse o mal, ela se corromperia e seus poderes se tornariam totalmente malignos. Por outro lado nas mãos de alguém que desejasse o bem, essa jóia se purificaria e assim poderia acabar com todo o mal que existe neste mundo de pecadores.

-Ta, já ouvi isso uma vez, óbvio não foi com palavras tão complicadas já que era um bêbado mal cheiroso que estava contando... – InuYasha comentou.

-Duvido que a história dele seja tão real como a minha... Onde eu estava? – Ele fez uma pausa. – Ah sim... Esta jóia tem um imenso poder, mas segundo a profecia aquela pessoa que pudesse dominar seus poderes, ainda que tivesse um gigantesco poder, não seria forte o bastante para enfrentar tudo que viria pelo caminho. Então, previu-se que uma pessoa, trazida pelo grande senhor das águas, ou seja, o mar, chegaria até onde quer que essa pessoa estivesse e, juntos, eles seriam mais fortes do que todos os batalhões do mundo.

-E vocês acreditam nisso? Por acaso essa pessoa já apareceu? – InuYasha perguntou.

-Ah, não. Não que saibamos, ao menos... – O senhor comentou. InuYasha parou subitamente quando uma idéia veio a sua cabeça. No dia em que salvara Kagome das pessoas da vila ele a ouvira dizer algo sobre a jóia. "A jóia cobiçada pelos youkais... Oeste, onde o Sol se põe estará a jóia procurada..." Seria possível que ela fosse a criança da tal profecia? Ah, isso não era possível, ele nem sabia se essa profecia era verdadeira. Só havia uma coisa a fazer, procurar as pessoas que soubessem da tal profecia.

-Isso aconteceu a 50 anos atrás, certo? – InuYasha perguntou.

-Correto...

-Bom, essa tal sacerdotisa ou o marido dela ainda estão vivos?

-Ah, não sei dizer. Sei que Iuzumi, o marido da sacerdotisa, morreu alguns anos após a profecia ser feita. Desde então perdemos totalmente o contato com aquela vila, graças aos Deuses! – O homem disse e muitos outros responderam "Amém". InuYasha ergueu uma sobrancelha.

-Ei, você não chegou a me dizer por que odeiam tanto aquela vila, velho...

-Ah, não óbvio. Uma criança dotada de tantos poderes deveria nascer nesta vila! Nós possuímos a proteção dos Deuses, não existe melhor lugar para tal criança nascer! – O velho resmungou. – Mas ao invés de nos escolher, eles foram escolhidos. Aquelas pessoas mal conseguem proteger a própria vila. E não estão nem aí para profecia, eu até ousaria dizer que já se esqueceram dela.

-Ah, de qualquer forma qual é o nome dessa tal sacerdotisa?

-Ah, não me lembro. Era alguma coisa com "K"... Sinto muito, não consigo me lembrar... – O homem comentou. InuYasha suspirou frustrado, precisava saber mais sobre essa profecia, precisava entender o que se passava naquela ilha. Por que tudo era tão estranho?

-Pelo menos você se lembra onde foi que eles foram morar? – Perguntou InuYasha, num fio de esperança. O homem fez que não com a cabeça e já ia se desculpar, mas o hanyou não quis perder tempo. – Alguém, então, daqui consegue se lembrar? Algum parente? Amigo? – E vasculhou atentamente com os olhos todos ali presentes, na esperança de ouvir algo relevante, mas todos murmuraram que não.

-Desculpe-me, meu Senhor, mas nós não nos lembramos de mais nada além do que já lhes contamos. Sinto muito, se houver algo que o senhor deseje saber a respeito de algum outro assunto, ficaremos felizes em lhe informar tudo o que sabemos.

Aquilo era, no mínimo, frustrante. Como todos puderam se esquecer daquela história tão importante? Era verdade que fazia um certo tempo desde que aquilo tudo acontecera, todavia, aparentemente, aquela profecia era uma crença muito importante para aquele povo, não entendia como podiam ter se esquecido de uma parte tão importante da trama. Mas estava determinado a descobrir algo mais sobre aquilo. Forçou sua mente em busca de uma informação que fosse relevante, que o levasse a um ponto de partida na busca que ele decidira, a pouco, fazer.

-Senhor, agora que lhe contamos ainda irá amaldiçoar a nossa pobre vila? – Um dos homens que observavam perguntou. InuYasha estava tão perdido em pensamentos que por pouco não percebera que estavam falando com ele.

-Ahn? Ah sim, não, eu os pouparei desta vez. Apesar de merecerem já que não me deram uma informação útil sobre o paradeiro dessas pessoas... – Ele comentou observando as expressões de terror que surgiram nos rostos dos moradores.

-Sentimos muito, ó Grande Caçador! Não fique bravo conosco. – Um dos homens gritou se jogando ao chão em mais uma reverência e assim muitos outros o fizeram.

InuYasha girou os olhos, já estava se cansando de tudo aquilo, após ter ouvido sobre a tal profecia o que mais queria naquele momento eram mais informações sobre a mesma. Não ligava mais nem para toda aquela comida de graça. Tinha que ter algo que havia passado sem que ele tivesse percebido, algum pequeno detalhe que ele não dera importância, no entanto era a peça que faltava para aquele grande quebra-cabeças. Precisava pensar.

Subitamente teve um lampejo. Como não havia pensado nisso antes?

-Você disse que havia um amigo íntimo que pôde ouvir a profecia... Será que você saberia me dizer qual o nome dele? E não vá me dizer que não sabe, eu já estou cansado desta resposta! – Rosnou, mas para a sua felicidade o velho abriu um enorme sorriso. Enfim alguma coisa...

-Sim, Grande Caçador, deste nome não pudemos esquecer! Ele se chamava... Naraku.

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Hellooooo guys!

Nayome: Que imenso prazer revê-los! Estou tão feliz! Primeiramente vamos as desculpas que nunca faltam nas nossas notas. Sorry! É muito difícil escrever durante as férias! Se bem que é difícil escrever em qualquer época. É difícil a gente – eu e a Mari - se encontrar para escrever! Anyway, aqui estamos nós com mais um super cap! sorriso

Mari: Pois é Nayome... Nossa, leitores queridos do meu heart aqui vou eu com a minha desculpa, so sorry, a gente quase não se via, ainda tiveram provas, viagens, enfim, tudo tirou nosso tempo. Mas para recompensar viemos com um capítulo enorme e que eu considero muito bom! Espero que vocês tenham gostado!

Nayome: Oh Yeah! Eu amei eu esse cap, essa segunda vila estava totalmente fora das expectativas para esse cap, foi um improviso que eu e a Mari decidimos fazer, e eu acho que ficou super show! Ah sim, e o bom desse cap é que um pedacinho da trama dessa fic começou a aparecer! o/

Mari: E atendendo aos pedidos, InuYasha e Kagome tiveram uma enorme aparição no capítulo... Espero que tenham ficado satisfeitos com o resultado tanto quanto nós ! E preparem-se! Ainda tem muito mais por vir meus queridos, a história só está começando, muahaha (fazendo um suspensinho básico)

Nayome: Well, agora nós vamos responder as reviews do cap anterior!

Jaqueline:

Nayome: Olá! Thanks por deixar a sua review! Ah sim, é verdade foi muito ruim não termos incluído o Inu no cap anterior, mas em compensação nesse cap ele apareceu nas 21 pags! Sim, sim. Em todinhas! Espero que tenha gostado! Kisses!

Mari: Oiie! Primeiramente muito obrigada pela review! E sentimos muito pela demora anterior e por mais essa... Em relação ao InuYasha, como a Nayome disse, nós compensamos nesse! Espero que continue comentando! Beijões.

Mitsuki Kagome:

Mari: Oie... Mudou de nick Kagome-chan! Interessante esse novo..! Bom, seus comentários são muuuuito úteis sim! Eu a Nayome adoramos viu...! Hahaha, dessa vez a bota não teve nenhuma participação que eu me lembre, mas ela jamais será esquecida, hein... Ela ainda vai aparecer, não sei como, mas vai... rs! Espero que tenha ficado feliz com o capítulo e a super-ultra-mega-hiper aparição do InuYasha, por que, afinal, só deu para ele. Bom, esse capítulo ficou enorme, espero que tenha gostado! Bom, sorry se a gente demora, mas não é intencional, juramos... Haha, e eu sou muito esquecida, realmente... Beijos.

Nayome: Hellooooo, quanto tempo! Sorriso. Pois é, neh? Nossas demoras já viraram habito! So sorry, não é intencional, é lerdeza mesmo! Você disse que adora caps grandes, well, acho que você deve ter gostado desse então! Quanto a Sango, com toda a certeza ela vai aparecer novamente, bom vou fazer uma pequena previsão se ela não aparecer no próximo cap, no 7 ela provavelmente aparecerá, isso se eu e a Mari não mudarmos a história até lá! Adoro seus comentários! Kisses!

Nathbella:

Nayome: Hiiii! Vlw minha irmãzinha querida por comentar! Thanks, thanks! Bom, por mim a senhorita não vai ficar sabendo de nadinha, de nenhuma traminha que só eu e a Mari sabemos da fic! Risada maligna. Beijossss!

Mari: Oi querida irmã da Nayome! Bom, eu não posso dizer nada, do contrário eu acho que a Mandy (Nayome) me matava... rs! Espero que goste da fanfic... Bjus.

Jaque-chan:

Mari: Oie! O Naraku é realmente uma pessoa malvada, não? Mas o que podemos fazer? Ele tem o Souta mano, a Nayome e eu não podemos fazer nada contra isso (apesar de sermos o alter-ego de Deus por aqui... rs). Também não somos fã da chantagem e gostaria de dar umas boas porradas nele ! Que bom que gosta da fic! Beijos e continue comentando!

Nayome: Hellooo! Thanks pela review! Que bom que está gostando da fic! Ah, é verdade, o Naraku é um nojento, hipócrita. Mas sem ele a fic não teria graça, então... Ele continuará aparecer, infelizmente. Mil beijos!

Angel Links Matsuyama

Nayome: Olá! Thanks pela review! Espero que tenha gostado desse cap também! Ficamos muitíssimo feliz em saber que o pessoal aprecia nosso trabalho. Obrigada pela review de novo! Kisses!

Mari: Oie! Que bom que está gostando da fic, receber elogios como os seus é que levam os autores a escrever! Muito obrigada pela review e espero que tenha gostado deste cap! Beijos.

Ju-Sng:

Mari: Oieee! Que ótimo que você gostou do capítulo anterior, acho que a bota dá vida pra fanfic... rs! Muito obrigada pela review, espero ansiosamente seus coments, Beijos!

Nayome: Hello! Muito obrigada pela review! Sim, o Miroku está muito engraçado! Espero que tenha gostado desse cap! Beijos!

Algum Ser:

Nayome: Olá! Muito obrigada pela review! Espero que tenha gostado desse cap também! Kisses for you!

Mari: Algum ser? Nick interessante, viu... Que bom que está gostando da fic! Obrigada pelo coment e continue com eles, please!

Rioko:

Mari: Oie! Que bom que está gostando da fanfic, nós temos muitas idéias pra ela! E em relação ao tempo, bom, nós tardamos mas não falhamos e aí está mais um cap! Espero que também goste! Beijos.

Nayome: Hiiii! Que bom que gostou da fic! Sentimos muitíssimo pela demora desse cap, mas de qualquer forma, espero que tenha gostado! Kisses!

Dê:

Nayome: Hellooooo amiga da Mari! Obrigadinha por comentar, e fico feliz que tenha gostado do cap! Continue lendo! Thanks! E Kisses!

Mari: Oi Mana... Bom, adorei que você tenha lido e gostado do capítulo anterior e da fanfic! Espero que tenha gostado desse capítulo também, porque você ta ligada que é muito importante pra mim que você leia né? Adoro seus coments desde sempre! Beijos!

Eudi:

Mari: Oie Didys! Não faz mal que demore! Fico muito feliz por você ler e gostar viu! São muito importantes os seus comentários, ta? Espero que também tenha gostado deste capítulo, eu to ligada que você agora ta vici em fics também...! Também te love Eudiiiii! Muitos beijinhos pra você!

Nayome: Oláaaaa miguxa da Mari! Muitíssimo obrigada pela review, e eu fico muito contente em saber que esteja gostando da fic! E pode ter certeza de que eu continuarei a escrever essa fic com a Mari, porque eu estou adorando escreve-la! Kisses!

Nayome: Prontinho, tudo respondido! Thank you! Obrigada a todooo mundo que mandou sua review e espero que todos tenham gostado desse nosso super cap! VLW! Big beijos, for you guys!

Mari: Para todos os que leram um muitíssimo obrigada! Quem comentou, espero que se sinta satisfeito com a resposta! Quem não comentou, PLEASE, comente dessa vez., rs! Beijos!

Beijos para todos!

Nayome Isuy e Mari Felton Malfoy