Romeu e Julieta

Reconciliações

Capítulo Dez

Já eram duas e cinqüenta da tarde daquela exaustiva segunda-feira, e a matéria da senhora Genkai nunca havia parecido tão chata a todos.

A última garota da primeira fileira soltou um suspiro enquanto enterrava seu rosto por dentre os braços. Literatura era uma matéria da qual gostava, ainda mais quando o assunto relacionava-se com a peça em que ela iria ser a "mocinha". Então, por que estava com tanto tédio?

Fechou os olhos, lembrando-se do sábado anterior. Teria sido realmente ele quem a beijara? Um arrepio percorreu-lhe a espinha, e uma sensação de estar sendo observada alastrou-se por ela. Virou o rosto, encontrando com um Kurama do outro lado da sala, compenetrado na aula. Sua esperança se esvaiu, e ela voltou a debruçar-se sobre os braços.

O ruivo relaxou um pouco ao ver que ela não havia o notado a olhando por todo aquele tempo. Por muito pouco não fora pego em flagrante. Já iam completar duas semanas desde a confusão entre Botan e Maya, e até aquele dia os dois não haviam trocado uma palavra sequer. Excerto pelos ensaios e por sábado, mas a menina de cabelos azuis nem desconfiava que fora ele quem a beijara...

A semana cultural se aproximava, e logo, logo ela chegaria. Keiko, como diretora, já estava começando a ficar revoltada com os ensaios, que literalmente não andavam... Ora era Yusuke reclamando das vestes, outra Kuwabara travando nas falas... Os figurinos não estavam completamente terminados, e a maquiagem nem fora testada.

Era de enlouquecer qualquer um.

E para piorar, ainda tinha a briga entre os dois protagonistas, que se recusavam em interpretar bem... Era tanta frieza que mais pareciam inimigos do que amantes! Assim não dava, e naquele ensaio de segunda-feira, Keiko ia por ordem. Ah, ela ia... E como ia!

Dez minutos se arrastaram, mas tudo que tem hora, um dia chega. E não foi diferente com o tão cobiçado sinal, que para a felicidade dos alunos, disparou a sua tão "graciosa" campainha.

Diga-se de passagem, que os alunos se jogaram porta à fora, e que todos dos grupos de teatro tinham quinze minutos para lanchar e se dirigirem ao auditório. E foi nessa pequena pausa que duas pessoas se esbarraram no corredor...

-Desculpe. – pediu a garota, nem sequer olhando para quem tropeçara.

-Botan... – chamou o rapaz, fazendo a menina arregalar os olhos em sua direção. –Eu, eu... Você. Não, eu... Quero dizer. Me desculpe... – suspirou. – Fiquei bravo com você, sendo que a culpada era a Maya. Você não teve culpa... Eu que sou cabeça dura, e--

Ela não o permitiu terminar com o discurso. Ele havia pedido desculpas! Ele, por livre e espontânea vontade! E não seria demais um abraço entre amigos, certo? E foi exatamente isso que ela fez...

Em um salto, já estava abraçada ao rapaz, com o melhor sorriso no rosto, que há muito não exibia tanta felicidade. Talvez, agora, as coisas começassem a melhorar...

A face de Kurama disputava com os cabelos, e o ruivo não sabia como agir. Definitivamente ter a garota nos seus braços o fazia relembrar de certos momentos. Momentos estes que haviam deixado vestígios nos lábios do garoto.

Olhares curiosos foram lançados na direção do casal, e um encabulado Kurama desfez-se do abraço, para encarar a "amiga". E como sentia-se perdido ao mirar nos grandes orbes cor-de-rosa…

-Senti saudades... – admitiu ela, sorrindo gentilmente.

-Eu também... – conseguiu dizer, um pouco antes de ser repreendido por uma Keiko brava que brandia pelo corredor.

-ALUNOS DO 112 – C, DA PARA TODO MUNDO APARECER NO AUDITÓRIO, OU TÁ DIFÍCIL?

E a morena não parecia se importar com os olhares incrédulos de alguns alunos que passavam ocasionalmente por ali.

-QUE É? TÁ OLHANDO O QUÊ? FAZ PARTE DA PEÇA? NÃO, ENTÃO CHISPA! – logo, logo o corredor se dissipou de alunos. – E vocês aí? – ela perguntou, referindo-se à Kurama e Botan.

A garota de cabelos azulados engoliu a seco e exibiu um sorriso amarelo.

-Fizeram as pazes? – olhou de um para o outro. – GRAÇAS A DEUS!

Só faltou ela ajoelhar-se no chão e rezar. Finalmente sua peça andaria!

Minutos depois, todos os grupos de teatro se localizavam no mesmo auditório, o que resultava numa sala um tanto quanto apertada. Não mencionando a algazarra e desordem de todos.

Como alguém poderia pensar ali? Era exatamente isso que passava pela cabeça de Keiko, que estava reunida com as outras diretoras das peças. Certamente, aquele dia não seria nem um pouco produtivo...

Em outro canto do mesmo auditório, um rapaz observava atentamente uma dupla que conversava, ignorando todo o barulho. Como assim eles haviam voltado a se falar?

Koenma cerrou os olhos e pulou do palco. Ele estava lerdo demais, e a intimidade entre Shuuichi-baka e a sua garota acabaria por ali. Caminhou em passos largos na direção dos dois, e sem ao menos preocupar-se em pedir licença, agarrou o braço direito de Botan, puxando-a para perto de si.

E ele pôde jurar ver os olhos verdes-esmeraldas do ruivo contraírem-se.

-Ko-Koenma? – gaguejou ela, tendo as faces atingidas por uma leve coloração rosada.

-Botan, eu não sou de enrolar muito. Então vou logo ao ponto: quer sair comigo, na quinta?

Ela abriu a boca. Kurama cerrou os punhos.


Os dias nunca haviam passado tão rápido para a garota como naquela semana. Quando se deu conta, já era quinta-feira e lá estava ela, usando seu vestido em estilo "tubinho" preto de alcinhas, em frente ao cinema de um lotado shopping.

Botan suspirou, olhando pela centésima nona vez o seu relógio. Koenma estava atrasado...

Passou os olhos ao redor. O New Tókio City Center estava realmente lotado para um dia de semana, mesmo sendo à noite. Talvez a proximidade do dia sete de julho fosse o motivo, o Festival das Estrelas era tido como uma data mágica, onde todos os pedidos eram realizados.

Ela ainda mantinha o olhar fixo em um ponto qualquer, quando uma mão pousou em seu ombro, anunciando a chegada do atrasado.

-Foi mau, Botan. – disse, já envolvendo a cintura dela com um dos braços. – E aí? Comprou as entradas pro filme?

-Ahn... O filme há essas alturas já deve ter começado. – respondeu, achando um pouco grosso da parte dele se atrasar mais de quarenta minutos e ainda esperar que ela tenha comprado os ingressos.

-Que pena... Então, onde quer ir? – perguntou, arrastando-a antes de poder falar. E sem nenhum dos dois perceberem, uma outra pessoa seguiu o mesmo caminho.

O ruivo ainda se perguntou o que diabos estava fazendo ali. Ele não tinha nada haver com Botan... Eram amigos, e só! Tudo bem que haviam se beijado... Duas vezes, mas mesmo assim...

Lançou um olhar aos dois, que cada vez estavam mais próximos. Teria sido melhor ficar em casa...

Ele revirou os olhos, fazendo meia-volta. Não tinha o direito de se interferir nos assuntos amorosos dela. Mas uma última olhada... Só para se certificar, não faria mal nenhum, certo?

...Errado...

Os orbes esverdeados arregalaram-se quando sua visão enviou a mensagem ao cérebro de que Koenma a havia segurado junto à parede, com as mãos firmes em sua cintura. Kurama não soube o que fazer, o que pensar...

Seu coração acelerou e uma pontada de raiva invadiu seu ser. Era como se o sangue começasse a fluir ao contrário, e logo sua face já encontrava-se vermelha de fúria. No primeiro instante, sua reação era a de ir até lá e acabar com aquele garoto. E ele iria, o que o impediu foi perceber que estava com ciúmes.

Segurou a cabeça com força quando a "ficha caiu", mas vários pensamentos invadiam sua mente como se fossem turbilhões. E a saída que encontrou foi correr, para um lugar em que pudesse pensar e refletir sobre o que estava sentindo pela garota de cabelos azuis e olhos rosados...

Botan sentiu o corpo todo estremecer quando, do nada, o rapaz que a acompanhava a segurou de modo... comprometedor. Aquilo fora o que sempre sonhara, então por que sentia-se tão incomodada? Por que ao olhar os olhos castanhos do garoto ela não sentia um frio correr a espinha? E por que quem não saia-lhe da mente era Kurama?

Os lábios semiabertos de Koenma aproximavam-se cada vez mais, e só o que ela queria era descobrir o que se passava consigo, coisa que não sabia. Mas tinha plena certeza de que não queria estar ali, ao menos não com ele. E muito menos beija-lo.

-Para. – pediu, virando o rosto em tempo do beijo ser em sua face. –Desculpe... Mas, eu não posso.

-É o que? – o rapaz a olhou, perplexo.

-Desculpe Koenma, mas eu não quero beijar uma pessoa pela qual não sinto... nada.

E a última palavra teve ênfase.

Banheiro masculino. Se tinha um local melhor para um garoto confuso pensar, em pleno shopping, o ruivo não tinha a menor idéia de qual era. Entrou em uma das cabines, abaixou a tábua e sentou-se nela, apoiando o queixo nas duas mãos.

Era melhor começar a refletir o que se passava em seu coração quando o assunto era a "blue-onna". E quanto mais rápido descobrisse, melhor seria.

-Oi! – uma voz ao lado cumprimentou. Kurama arqueou uma sobrancelha enquanto encarava a parede que separava a sua cabine da outra.

-Oi... – respondeu, achando que assim aquele "papo" acabaria.

-Onde você está? – a mesma voz.

-Ao seu lado. – voltou a olhar para a parede.

-O que está fazendo?

-O mesmo que você. – e ele sentiu-se tão idiota quanto quem começara a conversa.

-To pensando em ir aí... Posso?

-Não! – exclamou, incrédulo e já se levantando.

-Cara, deixa eu sair daqui porque eu tô no banheiro masculino e tem um louco pensando que eu estou falando com ele... Depois eu te ligo, valeu? – e passos puderam ser ouvidos.

Rapidamente saiu do banheiro. Onde ele estava com a cabeça ao pensar que alguém falaria com ele justamente naquele lugar? As bochechas rosadas, graças à vergonha que estava sentindo, passaram para o vermelho quando uma voz fina e muito bem conhecida falou seu nome:

-Kurama?

-B-Botan? – olhou para os lados e ninguém a acompanhava. – Ele a beijou... E foi embora? – pensou.

-O que está fazendo aqui? – perguntou, sorrindo.

-Ahn... Eu, bem... Sábado é o Festival das Estrelas e eu queria comprar algo para a minha mãe. – mentiu. –E você? Não deveria estar com o – sua voz saiu amarga – Koenma?

-Ah... – começou, caminhando ao lado do ruivo. –Eu dei o fora nele...

Kurama se engasgou com o próprio ar que respirava, parando abruptamente em meio ao corredor lotado de gente.

-Como?

-Ele tentou me beijar e... – um sorrisinho escapou por seus lábios ao ver a reação do garoto. –E daí eu não quis, e dei o fora nele! – finalizou, parando de costas para o garoto que continuava arregalado.

Aquilo era um sonho...

-Verdade? – ela confirmou com a cabeça.

Era realidade.

E ele não precisou mais quebrar a cabeça para saber o que sentia por ela.

-Você... Está muito bonita, Botan. – elogiou, voltando a caminhar ao lado da menina.

-Hn? – suas bochechas coraram – Obrigada. – os olhos de ambos se encontraram.

Foi só vê-la sorrindo e com um leve rubor nas faces para perceber que já não podia voltar atrás, porque estava apaixonado...

Continua...

Notas da Autora: Séculos depois do capítulo nove

Olá/o/ Como vão vocês?

Olhares fuzilantes a encaram

O.o"" Err... Que bom que vão bem! "

Rende-se e se joga no chão

DESCULPEM! T.T Eu não queria demorar tanto! T.T Mas é que a falta de inspiração se abateu sobre mim... E foram momentos difíceis até eu conseguir terminar este capítulo, que e espero estar do agrado de vocês! T.T

E também quero dar a notícia (de novo) de que o fim se aproxima. Música de velório Em breve livrarão-se de mim! Chora

E é isso... Beijos para todos!

Teella

Reviwes:

Shiva Kitsune: Que bom que está gostando! E não se preocupe, falta pouco para o final! Muito obrigada por ter comentado!

Shiawase Higurashi: Primeira fic de YYH a ser lida? O.o QUE HONRA! O Eu tbm acho que KxB é um casal lindo, amo muito esses dois! Obrigada pelo elogio e por ter comentado! Fico muito feliz!

Thorn of Lily: Menina! O.O Você fez uma cirurgia? Espero q esteja melhor/o/ E não chore! T.T O fim se aproxima! o E eu espero ser feliz, neh? o.o Obrigada por ler e comentar!

Pyoko-chan: Bem, ele só perdoou oficialmente ela neste cap, neh? xD E calma q algumas coisas ainda vão rolar! Já, já você lerá o que tanto quer ler! Obrigada por ter lido! E por comentar tbm, claro!

Mel A.T.: Nyu! Tudo bem, fico feliz por você ler! E agora ainda mais por ter comentado/o/ Finalmente ele tomou atidude, realmente! xD E sim, homem q é homem, toma atitude! o.ó

Dama 9: Obrigada por acompanhar a fic! E pelo elogio tbm! Continue lendo, e comentando se puder!

Sango-Web: xD Cafucú? AMEI TBM! Huahauaua Ai, ai... O K-kun é mt confuso mesmo... Mas esse é um dos charmes dele, concorda? ;) E medo da Botan concordo! Ele é só da Botan-chan... Mas o Youko pode ser nosso! O Que acha? Obrigada por ler e comentar!

Camis: Minha comentadora fiel, pensei que tinha me abandonado! XD Você sumiu msm, heim? Mais tah, que bom que gostou, fico feliz! Espero q este tbm tenha sido fofo/o/

J.S. Baldessar: Nyu... Nunca tinha visto? ;( Ainda bem q encontrou:D Verdade, azarada ela, non? ¬¬"" Eu tbm queria ser azarada assim, mas... Ai, ai. Espero que tenha gostado do cap! Obrigada por ler e comentar!