Capitulo cinco. – Amigos.
Lily saiu do banheiro um pouco hesitante. Estava com uma aparência um pouco melhor, mas ainda parecia cansada, e confusa, afinal, lavar o rosto não era nenhum tipo de milagre.
Tiago estava sentado ali, na cama, esperando-a, quietinho. Lily estranhou, mas constatou que, dependendo das circunstâncias, ele sabia o significado de respeito. Ao vê-la, ele chegou mais para lá da cama e indicou suas pernas encolhidas para ela. Ela não entendeu.
-Pode deitar... – ele disse.
Lily não sabia o que fazer. Era inocente. E se Potter só estivesse tentando se aproveitar da situação? Mas havia como negar aquela sugestão tentadora? Ela deitou em seu colo e tentou relaxar.
-O que você quer saber? – ela perguntou.
-Conte algo da sua vida...
-Bem... – ela começou. – Tenho uma irmã, que é trouxa, que me odeia. Já me odiava antes de Hogwarts, mas depois daquela carta pegou mais no meu pé do que de costume...
-Hum... Eu sou filho único.
-Sorte sua... – comentou Lily.
-Eu não acho, sabe... Sempre quis ter algum irmão. Ou irmã.
Ele deu de ombros.
-Bem... Prossiga.
Ela pensou mais um pouco e acrescentou:
-Não sou parecida com nenhum dos meus pais. Tenho mais a ver com meus avós. E me dava melhor com eles também...
-Não tenho nenhum avô ou avó. – disse Tiago. – Queria tê-los conhecido.
-Lily... – ele continuou. – Por que você estava chorando?
Ela suspirou. Ele finalmente perguntara. Já esperava por isso, afinal ele era muito curioso pra ficar quieto e esquecer que as coisas aconteceram.
-Não foi nada.
-Lily...
-Sério, Potter, não foi nada... – ela insistiu.
Tiago suspirou.
-Tudo bem... Mas será que você pode parar de me chamar pelo sobrenome? Eu sei que você me odeia e tudo mais, mas...
-Eu não te odeio. – ela negou. – Acho que nós somos... Amigos.
Ele sorriu.
-Que bom.
Ela também sorriu, meio incerta, e se levantou.
-Melhor você ir almoçar...
-E você?
-Melhor que eu vá depois.
-Certo...
Ele se levantou e deixou o quarto. Lily ficou ali, ainda pensativa. Abriu o diário e releu as poesias. Muito melancólicas. Mas não era assim que ela estava?
Fechou-o e guardou direitinho. Foi se arrumar decentemente pra depois descer.
Quando entrou no salão todos a olhavam. Ela já imaginava o porquê, mas preferia pensar que não era aquilo. Sentiu-se confusa ao ir sentar, pois Tiago e seus amigos guardaram um lugar pra ela. Ela se sentou. Muitos continuavam a observar.
-O que está acontecendo? – murmurou ela.
Sirius riu.
-O que você acha que está acontecendo, Lily? – ele perguntou.
Ela deu de ombros. Tiago sorriu um pouco envergonhado pra ela.
-Eu pedi ajuda a uma menina pra conseguir entrar no dormitório. – ele explicou. – E parece que as notícias se espalham rápido em Hogwarts.
Lily ficou chocada.
-Então as pessoas acham que eu e você... Eu e você...
Tiago confirmou com a cabeça, envergonhado, com medo de que ela voltasse a odiá-lo. Lily, por outro lado, não fez nenhuma ação brusca, apenas deu de ombros.
-Eu não ligo para o que eles pensam. – ela disse. – Podem pensar o que quiserem, eu sei o que realmente aconteceu e isso não muda nada.
Tiago sorriu, aliviado.
-Então andem logo. – disse Sirius. – Já vão tirar o almoço.
Os dois se apressaram, enquanto Sirius ficava tacando bolinhas de papel em Remo para irritá-lo. Lily achou que não ia funcionar, pois Remo era uma pessoa sempre serena, mas depois percebeu que não o conhecia direito.
Ele estava ali, perdido em seus pensamentos, quando o ataque começou. As primeiras bolinhas, ele nem sentiu. Pras segundas ele só abanou a mão. Quando a terceira leva chegou ele disse, em um tom totalmente ameaçador:
-Sirius, pare.
Sirius murchou, como se fosse um cachorrinho cujo dono não queria brincar. Lily podia jurar que ele até ganiu como um, mas achou que era fruto de sua imaginação.
Então quando eles terminaram, apressados, os cinco se levantaram para se dirigir a próxima aula.
Lily notou que era estranho andar com os Marotos. Não que fosse ruim, era engraçado. Sirius era o mais inquieto de todos. Tiago ás vezes fazia umas gracinhas, mas hoje estava quieto, pois queria passar uma boa impressão para Lily. Pedro ficava na dele, geralmente comendo algo, mas sempre aplaudia os feitos dos amigos e ria deles. Remo ficava todo sereno, mas, para a surpresa de Lily, não era nenhum santo, então, certas coisas realmente não eram o que aparentavam ser.
No fim do dia, ao fazer as lições com os Marotos, ela sentiu algo. Algo leve no peito. Uma sensação que a fez sorrir. Havia aproveitado o dia. Aquele, talvez, tinha sido seu primeiro dia feliz em Hogwarts. E ela começou a sorrir.
XX
Os dias se seguiram aproveitáveis e o tempo foi avançando. Finalmente voltaria para casa. Sentia-se feliz, por poder ver Matt de novo, mas sentia-se triste, por ter que aturar Petúnia e deixar os Marotos. Parecia que ela tinha se tornado um membro novo.
No começo, ficava ali, sentada, olhando tudo acontecer e se admirando com as atitudes deles, assim como Rabicho, mas sentiu que com o passar do tempo foi se tornando mais rebelde, como eles.
Passou por várias passagens secretas, foi a Hogsmeade em dias não programados e matou a algumas aulas. Porém, continuava achando erradas às vezes em que enfeitiçavam outros alunos. Nessas horas, ela sempre brigava com Tiago.
-Você simplesmente não entende? – perguntava.
-Entender o que? – perguntava Tiago confuso.
-Você não tem o direito de sair enfeitiçando as pessoas!
-Qualquer um tem o direito de se divertir, Lily...
-Você acha que os que são enfeitiçados se divertem?
Tiago deu de ombros.
-Você me disse que ia parar.
Ele olhou para ela sem jeito.
-Você não gosta, certo?
-Não, eu não gosto.
-Então eu paro. – ele concordou. – Eu faço qualquer coisa pra te fazer feliz, Lily.
E ele a abraçou. Lily ficou desconcertada. Não sabia o que fazer. Nessas horas sempre ficava assim. Estava mais do que óbvio que ele gostava dela. Mas ela não podia fazer nada, não quebraria sua promessa.
Ela ficou ali, e então Tiago a soltou.
-Me desculpe.
Lily ficou sem jeito.
-Não precisa se desculpar.
-Então o que quer que eu faça, Lily? – perguntou ele. – Eu faço tudo por você e você continua fria, distante.
-Nós somos amigos. – ela lembrou.
-Você não abraça o Matt? – ele perguntou, confuso.
-Abraço, mas...
-Mas o que, Lily? Eu não consigo te entender!
-Não tente! – ela disse, brava. – Não tente, pois você jamais irá me entender! – e correu.
Tiago ficou ali, no corredor, perplexo.
-Lily, espere! – mas ela já estava longe.
XX
Lily colocou a ultima muda de roupa no malão. Era véspera da véspera de Natal. No dia seguinte estaria indo para casa. Estava triste. Não queria ir embora sozinha. Não queria ter que voltar sozinha como todas as vezes, ou passar a viagem inteira com Slughorn, o professor de poções, contando suas estórias tediosas. Queria ficar com os Marotos. Queria ficar com Tiago.
Mas eram só amigos. Eram somente isso. Amigos.
XX
Ela desceu do dormitório para a Sala Comunal. Era tarde e não conseguia dormir. Pelo visto, não era a única. Uma figura solitária estava ali também, sentada em uma poltrona próxima à lareira. Lily se aproximou. Era Tiago.
-Oi... – ela disse.
-Oi.
Ela se sentou ao seu lado, sem saber o que dizer. Os dois ficaram em silêncio.
-Me desculpe por mais cedo. – disse ela, quebrando o silêncio. – Não devia ter fugido. É isso que sempre faço. Sempre fujo dos meus problemas.
-Está tudo bem, Lily. – ele disse. – Eu sempre forço demais com as pessoas. Não vou mais forçar com você. Somos só amigos.
Só amigos...
-Bem... Acho que era só isso. – disse Lily se levantando. – Então... Vou ir dormir...
-Espere...
Ela ficou parada.
-Que tal continuarmos o que começamos aquele dia? Por que você não me conta mais de você? – perguntou ele.
-Ah... Bem, tudo bem. – ela disse, se sentando novamente. – O que eu posso dizer?
Ele deu de ombros.
-Lá em casa nós temos um observatório. – disse ele. – Quando eu era pequeno era louco por estrelas. O meu primeiro plano foi invadi-lo.
-Desde aquela época você já aprontava? – ela brincou, fingindo censurá-lo.
Ele riu.
-É...
-Bem... Eu escrevo umas poesias ás vezes. – disse Lily. – Ficam uma droga, mas é uma maneira de desabafar...
-Me conta uma. – pediu Tiago.
-Nah...
-Vai, só uma.
-Hmmm ta bom. Mas só uma. Deixe-me ver... – ela fez uma pausa para lembrar – Preciso mesmo fazer isso?
Ele assentiu com a cabeça, insistindo. Ela suspirou.
-Meus
olhos insistem em cravar-se na sua amargura
Minha boca teima em
emitir palavras que
não traduzem meus pensamentos... Ah
já chega!
-Você é boa, Lily...
-Ah, são só besteiras. – ela disse.
Ele deu de ombros e os dois continuaram a conversar. Ficaram ali por mais um tempo indeterminado, porém, um grande espaço de tempo e foram dormir poucas horas antes do raiar do sol.
XX
Lily colocou o braço sobre a cabeça para impedir os raios de sol. Raios de sol impedidos. Mas e as meninas do seu dormitório que não paravam de tagarelar?
Ela se levantou de mal-humor. Não havia dormido. Havia cochilado. Há pouco menos de duas horas tinha se deitado e já estava acordada. A vida não era justa.
Ela se aprontou e enfeitiçou o malão escada a baixo. Os marotos estavam lá embaixo, todos, exceto Tiago. Ela foi falar com eles.
-Bom dia, Lil's – disse Sirius.
-Bom dia... – falou Remo, penando pra conseguir acordar direito.
-B' dia – disse Pedro, bocejando.
-Bom dia... – falou Lily. Olhou direto para Sirius. Parecia o único realmente acordado. Ela suspeitava até que o garoto dormia de olho aberto. Estava sempre com energia e de bom-humor. – Ah, cadê o Tiago?
-Tá lá em cima ainda. – respondeu Sirius olhando pra escada em caracol que dava para o dormitório dos garotos. – Acordamos ele. À base de porradas. Acho que ele deve estar se arrumando.
-Falando nele... – disse Pedro.
Tiago apareceu com o seu malão flutuando atrás dele. Depositou-o no chão e abaixou a cabeça. Dava para se ver as enormes olheiras que se formaram embaixo do seu olho.
-Tiago? – chamou Lily baixinho.
-BOM DIA, FLOR DO DIA! – gritou Sirius. Era de se dar pena do pobre garoto nomeado Tiago.
Este, pobre ser mortal, saltou tão longe após o grito de Sirius que deve ter batido um novo recorde mundial.
-Sirius... – murmurou Tiago numa voz ameaçadora.
Os cabelos de Sirius ficaram em pé. Ele possuía um olhar assustado.
-Pontas... Espere... Não precisa ficar tão mal-humorado, viu?
Tiago ergueu o punho, mas a sua cabeça pendeu para baixo novamente.
Sirius abriu a boca para gritar algo, mas Lily disse:
-Sirius, não. – e ele fechou a boca, desapontado. – O coitado mal dormiu ontem.
-Hmmm... Você sabe disso muito bem, né Lil's? – insinuou Sirius. Ela corou e ficou indignada ao mesmo tempo.
No instante seguinte o punho de Tiago estava incrustado no rosto dele.
-Não insinue nada sobre a Lily que não for do agrado dela.
Sirius retribuiu, só que deu um soco no estomago dele.
-Relax, Pontas.
Os outros olhavam a cena, inconsolados, e sem saber o que fazer. Sirius e Tiago eram melhores amigos desde o primeiro ano. Será que aquela tal de Lily Evans acabaria com a amizade dos dois?
Lily olhou para Remo e Pedro sem saber o que fazer. Pedro aguardava o desfecho excitado e Remo olhava tudo aquilo com uma expressão entediada.
Sirius e Tiago levantaram os punhos e mostraram os dedões fazendo sinal de positivo.
-E ISSO AÍ! – os dois exclamaram.
Lily continuou olhando-os sem entender.
-Que foi, Lily? – perguntou Tiago.
-Vocês... Vocês estavam brigando.
Os dois riram.
-Imagina. Eu e Sirius brigar? Nunca. Sabe, brigar com meu marida não faz bem pra relação...
-Ei! – protestou Sirius. – Nós tínhamos combinado de você ser o marida e eu ser a esposo!
-Tanto faz. – disse Tiago, dando de ombros.
-O que importa – começou Sirius passando o braço por de trás do ombro de Remo. – É que Remo é o meu amante.
Lily continuou a olhar abismada.
-Eu sempre desconfiei! – exclamou Tiago. – Mas que estranho – acrescentou passando também o braço por de trás do ombro do amigo. – É que ele também é meu amante.
Remo empurrou os dois. Estava vermelho como um tomate.
-Parem com essas bobagens, vocês dois!
-Ajoelhou tem que rezar, Aluado. – disse Sirius. – Você vai ter que admitir agora. Vamos ter de discutir a relação.
-Não acho uma boa hora, Black. – comentou a monitora-chefe da Grifinória, que havia se aproximado de fininho. – Agora nós vamos todos tomar café da manhã e vamos embora pra nossas casas.
Sirius piscou pra ela.
-A monitora-chefa mandou tá mandado! – disse Sirius, com um leve tom de ironia na voz.
A monitora quase se permitiu corar, mas ficou mais irritada ainda:
-Anda
Black, não estou de brincandeira!
-Ok, patroa.
-Não me chame assim, é vulgar.
-Certo, Senhora-patroa-monitora-chefa.
-Black cale a boca.
-Vem calar.
A monitora saiu de lá batendo os pés e totalmente estressada, e Sirius ficou mandando beijos pra ela.
-Ela sabe que me ama.
Os outros riam.
-Claro. – disse Pedro. – Por isso deu mais foras em você do que a Lily no Pontas.
Os dois coraram.
-Não fale isso! – censurou Sirius, sarcástico. – Vou cravar o punho na sua cara se desagradar a Lily!
-Ah, Almofadinhas, cale a boca! – resmungou Tiago.
Lily riu.
-É melhor irmos antes que meu amor volte para me buscar novamente... – comentou Sirius.
-Pra que a responsabilidade agora? – perguntou Remo. – Remorso?
-Quero encontrá-la logo. – ele brincou.
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X
N/A: "-E ISSO AÍ! – os dois exclamaram."
Se alguém reconhece isso ai de algum lugar (hmm, tipo furuba) eu só tenho a dizer que não resisti! Eu tinha que colocar ai. Quer dizer, Os Marotos parecem tanto com o "Autêntico Trio Amigos do Peito" (Ou Autêntico Trio dos Idiotas, como diria o Kyon). Bem, pelo menos eu acho o Sirius muuito parecido com o Shigure. Aliás, o Sirius que eu imaginava era parecido fisicamente com o Shigure tb. Mas não vou animar aqui. Tlvz vcs nem leiam Furuba!
Dessa vez recebi tão poucas reviews, fiquei decepcionada :(
Thay: Você vai saber
Em breve
Pode esperar
sorriso maléfico
ArthurCadarn/Lemon: Vai sair agora!
A única coisa que sempre impediu foi o medo que ela tinha de sofrer né? Não era só exatamente a promessa..
Falta, falta pouco. Mas eu pensei em continuar a fic mesmo dpois deles se entenderem... Preciso arranjar mais história pra essa fic :P
Isso gente... Mais reviews, tá? Eu n vou deixar de postar, mas eu fico taao feliz com mtaaas reviews... Então R&R!
