Capitulo sete – Viver.
-Lily... – ele disse. – Vou falar algo muito importante. Queria que você prestasse muita atenção, e me desculpasse.
-Desculpar? – ela perguntou sem entender. – Desculpar o que, Matt?
Matt sorriu, amargurado.
-Não pude evitar. – ele disse. – Evitar em pensar em você o tempo todo. Evitar de pensar de um modo diferente em você. Você sabe que eu te amo. Mas aconteceu que nesse tempo que passou o meu amor por você mudou.
"Um novo amor".
-Eu passei a te amar de outro jeito. – acrescentou. – Já faz algum tempo. Eu me senti culpado no inicio. Mas é algo irreversível...
Ele a encarou. Lily continuava olhando como se não entendesse. Mas entendera muito bem.
Aquilo não podia estar acontecendo. Não com ela. Não com Matt. Não. Não agora. Não depois de tudo o que havia passado.
-Matt...
Ele continuou olhando fundo nos seus olhos. Lily sentiu que não poderia mentir para ele. Não iria mais fugir de tudo o que fugira.
-Por medo de sofrer – ela começou. – eu não vivi. Eu apenas existi. Eu não sabia como eu consegui continuar vivendo por esses anos, sem ser guiada pelo amor, só pelo medo de sofrer. Às vezes pequenas alegrias me mantinham acordada. Quando eu voltava para casa e subia a rua para te visitar, isso era uma pequena alegria. Mas nem por isso significa que eu vivi. Eu não te culpo. Não se sinta culpado.
"Mas Matty, viver sem sofrer é viver sem amar, e viver sem amar... é morrer" – ela fez uma pausa, então prosseguiu: "Como eu não morri por todo esse tempo, só há a conclusão que eu apenas existi. Eu estou cansada, Matt. Cansada de ser medrosa. Cansada de falsas promessas alimentarem meu medo, minha solidão".
Ele abaixou a cabeça e olhou para o chão, parecendo perdido e estonteado.
-Eu sinto muito.
Ela estendeu a mão para ele, pegou em seu queixo e levantou a cabeça dele novamente.
-Não. – ela disse, balançando a cabeça negativamente. – Não quero que você se desculpe. Não é disso que eu preciso. Não é disso que nós precisamos.
"Nós precisamos aprender a viver".
Lily fez uma pausa e sorriu, estranhando uma atitude tão sábia vinda de sua pessoa.
-Eu não sou nenhuma filósofa ou algo do tipo. – ela disse. – Mas tenho certeza de que é isso que nós precisamos. Viver é cair. Cair para aprender a se levantar. Se levantar para tentar andar. Andar para tentar correr. Correr para tropeçar, e cair novamente. E assim, sucessivamente, se levantar.
"Então para que correr, se nós vamos cair do mesmo jeito? Para sentir aquela sensação de liberdade. Para sorrir feito estúpidos, ao sentir o vento colado ao seu rosto. Para olhar para o seu lado, e ver que há alguém correndo ao seu lado e se você tropeçar, esse alguém estará ali, para te ajudar a levantar, e se ele tropeçar, você ajudá-lo".
"E se você estiver sozinho? E se ninguém te ajudar a levantar? É algo que você tem que aprender a encarar ao longo da vida. Então, eu acho que isso é viver".
Matt sorriu, meio sem jeito.
-Você está certa. – ele disse. – Eu achei que estava te protegendo, e acabei sendo um fraco. – então ele se levantou. – Já está escuro, é melhor você voltar para casa. – e abriu a porta de sua casa. – Até, Lily.
-Espere...
-Tchau.
Lily abaixou a cabeça.
-Tchau, Matt.
Ela desceu a rua lentamente, examinando tudo ao seu redor. Será que havia dito algo errado? Enquanto falava tudo aquilo, se achara o máximo. E agora sentia-se culpada por ter achado que era A Sábia. Ela nem ao menos se preocupara com Matt. Lily nem ao menos se preocupara com o amigo.
Ora,
ele havia se declarado, não?
Mas era isso que ela não
entendia. Não entendia por que ele gostava dela. Quer dizer,
os dois eram irmãos. E Matt não poderia estar
apaixonado por sua irmã. Tampouco Lily por ele.
Ela chegou em casa e
tomou um banho quente, para relaxar um pouco. Um longo banho quente,
para relaxar e pensar. Estava perdida. Não sabia o que fazer.
Acabara de tropeçar, e não sabia se conseguiria se
levantar novamente. Ela se achava fraca. Seus amigos estavam longe.
Matt estava chateado. Parecia que ela não conseguia encarar o
fato de estar sozinha.
Lily saiu do banho e pulou em sua cama.
Ficou ali, pensando por mais um tempo, então pegou um pedaço
de pergaminho e começou a escrever. Porém, dessa vez,
não era uma poesia.
Caro Tiago,
Como vai?
Sei que
acabamos de nos despedir, mas gostaria de saber como estão
sendo suas "férias" de Natal, que não podem ser
consideradas férias, já que são tão
curtas.
Mas que seja.
Eu acho que vou bem. Não sei. Acabei de levar uma tremenda rasteira. No sentido figurado. Acho que amanhã tudo vai melhorar. Espero,
Lily.
XX
Era isso. Amanhã tudo melhoraria. Então ela adormeceu, ignorando os chamados de sua mãe para ir jantar.
XX
Lily acordou na
manhã seguinte se sentindo um pouco indisposta. Voltou a
dormir por mais uma hora e acordou novamente. Ficou por mais um
tempo acordada na cama, tentando voltar a dormir. Finalmente tomou
coragem e se levantou.
Trocou-se e tomou café da manhã.
Saiu pela manhã nublada e doentia. Subiu a rua lentamente,
pensando em algo para dizer ao amigo. Ela parou no meio de seu
caminho, receosa. Mas continuou, com o pensamento firme de que tinha
que esclarecer tudo em relação aos seus sentimentos.
Ela parou na soleira do dez e bateu suavemente na porta. Matt atendeu, parecendo cansado. Bocejou lentamente.
-B'dia, Lily...
Lily ficou parada.
-Ah, bom dia...
-Entre...
Lily adentrou a sala bagunçada. E estava pior do que uma bagunça. Estava um ninho de rato, uma baderna. Ela nunca tinha visto a tão organizada sala da Sra. Rogers tão bagunçada.
-Não repare a bagunça...
Lily sorriu, meio falsamente. Era impossível não reparar. Ela tinha de perguntar.
-Matt... Aconteceu algo com a sua mãe?
Matt suspirou.
-Faz muito tempo que não a vejo. Não tem como lhe dizer. – ele respondeu, tentando sorrir pra ela.
Lily continuou confusa.
-Como assim?
-Ahh... É uma longa história. – ele disse.
Lily insistiu.
-Por favor, me conte.
Matt se sentou, em meio a um monte de bagunça, no sofá.
-Minha mãe saiu de casa. – ele explicou – E meu irmão ainda não voltou da viagem pra pesquisa pra faculdade. Por isso a casa está essa coisa.
Ele desviou o olhar, e olhou para um canto da sala, que era mal-iluminado.
-Ela já estava muito frustrada. – acrescentou. – Não sei o que a levou àquele estado mental. Estava alterada, falava com histeria. Ela perdeu a sanidade por completo, Lily.
Lily também desviou o olhar, sem saber o que fazer. Também estava frustrada. Não mais que o amigo.
-Você vê, então? – ele fez uma pausa – Eu sou fraco. Estou totalmente acabado com essa situação. Eu só tenho a você.
Ele se virou e a encarou. Lily continuou pensando. Não sabia o que falar. Ele começou a acariciar seus cabelos.
-Eu sei que esse é um dos tropeços. E dos grandes. – Matt disse. – Eu sou fraco, não consigo me levantar sozinho. Tampouco tenho alguém para me ajudar.
-Eu estou aqui. – ela disse, olhando pra ele. – Não importa o que aconteça, eu estou.
Os dois ficaram se olhando fundo nos olhos por um tempo. Matt se aproximou de repente, numa tentativa desesperada.
-Você é maravilhosa.
Ela o abraçou.
-Você também. Sei que conseguirá superar.
Os dois se afastaram um pouco e ele se aproximou novamente. Lily virou a cabeça. Aquilo estava começando a ficar chato.
-Ela era uma mulher muito sonhadora. – ele disse. – Contava com seus sonhos para conseguir viver e se sentir realizada. Mas sua vida nunca foi a melhor para ela. E ela desistiu cedo, se apegando mais do que deveria ao mundo de sonhos. Um mundo que não existia. Ela não estava vivendo mais nem a realidade, nem seus sonhos. Se sentiu frustrada e deixou essa casa. Penso que poderia ter feito pior.
Lily concordou.
-Você vai conseguir tocar a sua vida. Vamos correr por essa longa estrada. E rir muito com os tombos e tropeços que levarmos.
Ela se levantou e estendeu as mãos para ele. Matt olhou sem entender. Ela pegou na mão direita dele e o puxou para fora de casa. Lily não sabia o que estava acontecendo com ela, mas puxou o amigo até o final da rua, e os dois correram feito loucos, descendo o Largo de FlorestField.
N/A: Por mais um capitulo ou até dois o foco da fic serão Lily e Matt. Espero que me entendam e espero que estejam gostando.
Demora pra atualizar, gomén.
Esperava por mais reviews. E também por um momento propício, por isso estou postando no "feriado" (coloquei entre aspas por que para alguns não é feriado hje).
LeNaHhH: O tava meio ruim esse dia mesmo ..
Rlx, axo que a Lily não vai fazer mais isso.
Espero.
Huahuehau...
A própria autora não sabe... Não ligue, estou bêbada.
Thay: Não precisa ter medo dele nãaao, coitado... ..'
Hmm...
Melhor dexar quieto mesmo, hein...
Eheheh
Vlw gente, qro mais reviewwwws!
