Capitulo nove – Natal em Família.

Lily Evans estava sentada em sua cama com os cotovelos apoiados no parapeito de sua janela. Lá fora, espessos flocos de neve caiam, formando uma camada de neve no chão, e em todos os lugares que atingiam. Lily os observava atentamente, apesar de seu pensamento estar longe.

Era véspera de Natal e os parentes iam chegando. Lily não queria descer. Não estava com vontades de vê-los (leia-se: não estava com o mínimo de ânimo ou saudades). Não queria sair de seu quarto naquele dia. Talvez só para ir na casa do seu melhor amigo e ver como ele estava.

Claro que ele devia estar bem (leia-se usando sarcasmo). Fora abandonado pela mãe e pelo o irmão. Pela mãe provavelmente para sempre, e pelo irmão na época do Natal, onde as famílias se reúnem e TENTAM ser uma família.

Talvez não a dela. Talvez isso acontecesse porque ela não se esforçava. Problema. Não era hoje que ela tentaria. Os outros também nunca tentaram muito com ela. Com uma exceção...

-Lily? Terra para Lil!

Ela se virou lentamente para encarar uma pessoa que estava recostada à porta. Uma garota alta, de longos cabelos ruivos e um sorriso aberto para ela.

-Sue...

A garota sorriu ainda mais abertamente, o que parecia impossível, mais se provou possível ao fazê-lo. Ela se aproximou da prima com os braços abertos e receptivos.

-Não vai falar com sua prima? – ela perguntou.

-Vou sim. – disse Lily.

As duas se soltaram do abraço e Sue deu uma olhada na prima.

-Em que você tanto pensava? – ela perguntou.

-Ah... Em muitas coisas. – respondeu Lily.

-Pode ir me contando.

-Nós temos que descer pra "festa" de Natal, Susan – lembrou Lily.

-Podemos fazê-lo depois. – cortou sua prima.

Lily suspirou.

-Tudo bem, tudo bem. – ela concordou.

As duas se sentaram na cama e Lily ficou pensando em algo para dizer.

-Não adianta inventar, Lily Evans, eu vou saber se for mentira. – interviu Susan.

Lily assentiu.

-Eu tava pensando nessa noite, só isso. – ela disse. – Sobre essa noite. Sei lá... Eu aqui, o Matt sozinho na casa dele, Hogwarts láá longe, e...

-E... ?

-O Tiago longe também.

-Tiago? Potter? O insuportável? – perguntou Susan, surpresa.

Lily corou.

-Ele não é tão insuportável... Aliás, ele não é insuportável. – disse Lily pensativa. – Eu estava enganada...

Susan riu. Lily olhou-a sem entender.

-Você estava apaixonada por esse Potter não é?

-Não! – negou Lily. – Não antes...

Ela riu ainda mais. Lily tacou um travesseiro nela.

-Pare de rir!

Susan levou os as mão a boca, tapando-a, mas o riso não cessou.

-Sinto muito. – engasgou ela. – É que eu não consigo parar...

-Pois devia! – exclamou Lily, aborrecida e ainda corada.

-Ok. Ok. – disse ela, sorrindo, e segurando o riso.

Lily olhou para a prima, descrente. As duas ficaram se encarando um segundo e Susan caiu na gargalhada novamente. Lily pegou o travesseiro e enfiou na cara da prima novamente, e esta revidou. As duas continuaram desse jeito por um bom tempo, tacando travesseiros uma na outra, revidando e rindo juntas, quando a porta do quarto se abriu, revelando uma figura baixinha e de cabelos castanho-avermelhados.

-Ah... Vocês estão aí. – disse o garotinho. – É pra descer...

Susan assentiu.

-Certo. Estamos descendo.

As duas se levantaram e seguiram o garoto para baixo, onde vários rostos familiares se encontravam e conversavam, parecendo um pouco entediados. Elas se sentaram no sofá e ficaram observando o ambiente ao seu redor enquanto alguns parentes vinham cumprimentá-las.

-Você já mandou algum tipo de mensagem pra ele desejando algo como feliz Natal? – perguntou Susan.

-Não, mas nem ele o fez... – disse Lily.

-Isso não salva o fato de que você não fez.

-Ah, tanto faz. – disse ela, dando de ombros.

-Se você acha.

-Eu acho. E eu estou indo visitar o Matt. Você vem? – disse Lily se levantando.

Susan pareceu considerar a oferta.

-É melhor que eu não vá.

-Por quê? – perguntou Lily, sem entender.

Susan se atrapalhou um pouco.

-Você sabe... Vocês dois... São melhores amigos e tal... E eu ia... Meio que... Sobrar... E tal... – ela disse.

Lily revirou os olhos.

-Não sei por que você está tentando me enrolar. Mas vamos logo, e vamos aproveitar a deixa de que ninguém está olhando pra nós. – disse Lily, e se dirigiu a porta.

Ela girou a maçaneta e abriu a porta lentamente, e olhou novamente para Susan, que continuava sentada.

-Você vem?

Ela hesitou um pouco.

-Vou. – se levantou e juntou-se a prima rapidamente.

As duas saíram e logo sentiram o ar frio da noite entrar em seus pulmões. Lily respirou fundo e sorriu. Susan sorriu de volta.

-Você sempre gostou de tempo frio não é? – perguntou Susan.

Lily assentiu, pensativa.

-Eu sempre achei que o frio meio que me acolhia, quando eu pegava um cobertor e me metia debaixo dele, pensativa. Ou quando eu sentava e observava os flocos de neve caírem. É estranho pensar que isso me acolhia, mas eu sempre gostava de imaginar algum vulto saindo do meio da neve e trazendo uma estação mais calorosa. Isso me deixava esperando. Mas como nunca apareceu ninguém, eu perdi a esperança, e ao invés de odiar o inverno ou a neve, eu comecei a me fechar nele.

As duas continuaram subindo a rua, pensativas. Lily continuou:

-Eu sou muito complicada, não sou?

Susan riu.

-Talvez por causa disso que o tal do Potter goste de você. – disse ela. – Por causa de todas as suas complicações.

Lily riu.

-Isso não faz nenhum sentido.

A prima assentiu.

-Claro que não. E teria graça se não fizesse?

Lily concordou.

-Você tem razão. Mas parece que fala por experiência própria...

Susan fechou a cara.

-Você está... Bem, chegamos. – disse ela olhando para a casa de Matt.

-Não fuja do assunto...

Susan se aproximou da casa e foi tocar a campainha, Lily foi atrás dela.

-Eu estou o quê?

-Eu quis dizer...

Nesse instante a maçaneta girou, a porta começou a se mover e Matt se postou entre as garotas e a porta.

-Ei, eu achei que não vinha mais. – disse.

Lily riu.

-Então você achou errado. – disse ela. – Você se lembra da minha prima? – perguntou olhando para o lado, que onde, até instantes atrás, estava a dita cuja.

Matt ergueu as sobrancelhas. Susan misteriosamente fora parar atrás de Lily.

-Ahm... Feliz Natal... Samantha...

Susan respondeu timidamente:

-É Susan...

-Ah... Desculpe. – ele acrescentou e se afastou, abrindo completamente a porta e deixando passagem para as duas. – Entrem.

Elas entraram e se sentaram na cozinha, onde Matt parecia estar preparando alguma coisa.

-O que você está fazendo? – perguntou Lily, se levantando para ver o que o amigo estava preparando.

-Ah... Ovo.

Ela riu.

-Eu vou trazer algo pra você lá de casa.

E saiu da cozinha. Susan se levantou para segui-la.

-Espere, Lily!

-Você pode esperar aqui, Sue, e botar o papo em dia com o Matt.

-M-mas...!

Então Lily se foi. Susan voltou para cozinha. Matt tentava desgrudar algo da panela em que minutos antes estivera cozinhando.

-O que houve? – perguntou ela.

-Parece que grudou... – disse Matt, confuso.

Susan riu, baixinho. Matt olhou para ela, curioso.

-Não se preocupe com isso. – disse ela, tomando a panela das mãos dele. – Eu limpo, e a Lily já vai trazer comida pra você.

Ela foi para a pia e começou a limpar a panela.

-Ah... Eu só queria...

Susan se virou para ele.

-Agradecer. Obrigado. – disse Matt.

Susan se virou para a pia novamente.

-Certo. Não foi nada.

XX

XX

Lily estava voltando aliviada. Conseguira pegar tudo de que precisavam e estava voltando.

Estava cada minuto mais frio, e agora começara a nevar levemente, ela fechou seu agasalho e começou a tremer.

-CRAQUE.

Um barulho estranho. Ela virou e viu um vulto saindo em meio aos números 4 e 6. Ele ergueu a cabeça para ela e sorriu. Lily quase derrubou o que estava segurando.

"Um vulto saindo em meio à neve e trazendo uma estação mais calorosa".

-...!

-Lily...

Ela ficou sem palavras.

-O-oi!

Tiago sorriu.

-Eu não recebi nenhuma mensagem sua... Então resolvi fazer uma visita. E... Feliz Natal!

Lily continuava tão surpresa que não conseguiu dizer uma palavra.

-Bem... Pra onde você está indo? Você não mora no 1?

-Moro. – disse ela. – Eu... Bem... Eu estava indo pra casa do Matt. Minha prima já está lá, por que você não vem também?

-Creio que não vai dar tempo. – disse ele. – Só passei para te ver um pouco... Como você percebeu eu passei no meu exame de Aparatação. Você fez o seu?

-Ah... Eu perdi o prazo da inscrição por que... por que eu estava sem dinheiro. – admitiu ela. – Mas eu vou fazer quando tiver a chance, já consegui juntar a grana.

-Legal...

Os dois ficaram por um tempo em silêncio. Ele se aproximou dela e colocou suas mãos em seu rosto. Estavam frias por causa do tempo, mas mesmo assim Lily conseguia sentir seu calor.

-Tiago...

-Shh... – disse ele, colocando o indicador sobre os lábios dela.

Lily ergueu o olhar para ele e em seguida fechou os olhos, esperando que ele se aproximasse mais...

E por um instante se sentiu como se estivesse fora do ar, como se toda aquela neve que caia neles e ao redor deles estivesse se derretendo. Sentiu como se seu corpo inteiro estivesse se derretendo.

Ele se afastou e ela o abraçou.

-Não vá ainda. – ela pediu.

Ele sorriu.

-Tudo bem. – disse. – Eu ficarei com você. Ficarei com você o tempo que você precisar.

Lily abraçou-o mais forte.

-Me disseram... Á pouco... Que o motivo de você gostar de mim, é a o meu jeito. As minhas complicações.

Ele sorriu.

-Apesar de tudo, - disse. – Apesar de você parecer uma muralha, é frágil. – disse ele. – É como uma flor envolta por uma camada de gelo, e que em certos momentos, quando essa camada se derrete, fica mais frágil ainda. E de repente vem essa estranha sensação. Essa vontade.

"A vontade de te proteger. De te salvar. E no fim das contas, você acaba me salvando."

N/A: Desculpem MESMO a demora. Eu posso explicar. Eu realmente posso...

O pc estragou. Bem, eu tentei ao máximo escrever esse capitulo e ele está aqui e espero que vocês ainda queiram lê-lo. Lily e Tiago finalmente juntos! Espero que não tenham esquecido da minha fic!

Agradeço à todas as reviews!(lahra; TeteChan; LeNaHhH; ArthurCadarn e Bella W. Malfoy)

Cya o/