Capitulo doze. – Renascer é impossível.

Lily ficou ali por um tempo, olhando para os lugares que há instantes ele estivera. Lembrando das palavras sofridas que ele lhe proferiu.

'Eu gostaria de ser aquele que você quer que eu seja'.

'Eu sinto muito se não posso alcançar as suas expectativas'.

'Eu sinto muito se as coisas vão acabar desse jeito'.

'Dói. Dói lá no fundo'.

-Dói... – gemeu ela, com a voz dolorida.

E apertou o peito ainda mais. Por que não parava de doer?

Ela começou a chorar ainda mais. Começou a chorar feito criança. Ela estava sozinha ali. Havia errado e não fora capaz de admitir. Não foi capaz de impedir Tiago de se sentir culpado. Ela se encostou na parede e escorregou por ela, até o chão frio. Ninguém estava passando à essa hora. Estava num atalho descoberto pelos Marotos, e os outros alunos estavam em aula.

-Dói...

Ela deixou escapulir um grito. Um grito um pouco histérico. Um grito de socorro.

-Dói...

Lily tapou o rosto com as mãos, sentindo suas lágrimas molharem-nas. Ela tentou enxugá-las, mas as lágrimas não paravam de sair.

-Dói... Muito...

Ela ficou ali por muito tempo até que perdeu a noção do mesmo. Não se importava com isso. Não tinha vontade de levantar. Tudo o que sentia era aquela dor no peito. Tinha estragado tudo...

Após muito tempo ouviu alguns passos e uma sombra.

-O que você está fazendo ai? – perguntou uma voz.

Ela se assustou. Pensou que era Filch. Já estava se apressando para levantar quando viu uma mão estendida para ela. Era Remo.

-R-Remo... – disse ela surpresa, pegando na mão dele para se levantar.

-Você não respondeu á minha pergunta. – disse ele. – Você matou o resto das aulas da manhã e não estava na Enfermaria. Estavam todos preocupados...

-Ele foi à aula? – perguntou Lily.

-Pontas? Foi...

-Ah... – ela fez uma pausa e acrescentou: - Nós brigamos.

-Eu e mais todo o fã clube do Tiago já sabemos disso.

-Já? – perguntou Lily surpresa.

-Vamos sair daqui... – disse Remo, e um pedaço de pano prateado a ela. – E use isso.

Ela acompanhou-o e, antes de usar o que ele havia lhe dado, perguntou:

-O que é isso?

-É uma capa de invisibilidade. Vamos precisar uma boa desculpa pro seu sumiço.

Remo estava certo.

-Ahhm... Tem alguma idéia? – perguntou Lily.

-Sinceramente? Não. Já procuraram você em um bando de lugares... Exceto...

-Exceto?

-O dormitório...

-E... ?

-Hum... Diga que você desmaiou no dormitório.

-E por que eu estaria lá a essa hora?

-Pra buscar um livro que tinha esquecido.

Lily assentiu e vestiu a capa. Os dois ficaram em silêncio, e ela notou que ele estava com um pedaço de pergaminho encardido em mãos.

-O que é isso?

Remo sorriu misteriosamente.

-Só um pedaço de pergaminho velho.

Ela olhou para a expressão no rosto dele e se lembrou de quando ela disse a ele algo muito curioso, e ele estava com aquela mesma expressão e sorriso misterioso ao ouvir o que ela tinha dito.

'Algumas coisas nessa história não são o que aparentam ser'.

O silêncio voltou a acompanhá-los, até eles começarem a subir as escadas, em direção à torre da Grifinória.

-Ah... Remo... – chamou Lily quando se aproximavam do retrato da mulher gorda.

Ele murmurou algumas palavras, bateu no pergaminho com a varinha, e guardou-o. Logo após isso olhou para o lugar em que ela estava.

-Muito obrigada.

Remo sorriu e disse baixinho:

-Pode contar comigo sempre que precisar.

Lily sorriu de volta, esquecendo que ele não podia vê-la. Remo disse a senha à mulher gorda, e assim que entrou no Salão Comunal o resto dos Marotos veio ao seu encontro. O cômodo parecia vazio, com exceção dos Marotos, e de alguns alunos que faziam alguns deveres, apressados.

Lily subiu rápida e sorrateiramente até o dormitório. Teria de ficar ali até que alguém a encontrasse. Mas como iria desmaiar falsamente?

Ela viu um potinho em cima mesa-de-cabeceira de uma colega com os dizeres: Poção do Sono. Pegou o potinho e bebeu uma boa quantidade, e antes que pudesse se deitar em algum lugar, caiu no sono no chão mesmo.

X

A próxima coisa que Lily Evans ia ver era o teto da Enfermaria. Ela se sentiu zonza, mas descansada. Remo estava sentado em uma cadeira ao lado de seu leito, lendo um livro. Sirius estava sentado ao pé da cama. E, como posteriormente me informaram, Pedro havia dado um tempo para fazer uma boquinha.

Lily se sentiu feliz. Estavam todos lá. Menos Tiago. E murchou novamente.

-Ela acordou... – disse Sirius a Remo.

Madame Pomfrey se aproximou apressadamente.

-O... O que houve? – perguntou Lily confusa. E se lembrou.

Remo a ajudara a chegar até seu dormitório para que de lá ela fingisse que havia desmaiado. Então ela bebeu uma poção do sono.

-Você estava desmaiada no chão do dormitório.

E ao dizê-lo, a enfermeira colocou um prato de refeição na frente de Lily.

-Essas jovens de hoje... – resmungou.

A garota olhou para os amigos, confusa. Sirius riu. Remo explicou:

-As garotas te encontraram. Você foi trazida pra cá. Como não conseguiu detectar Poção do Sono em você, Madame Pomfrey achou que era tudo stress devido aos exames – ou devido ao término de seu namoro – e má alimentação. – disse, em voz baixa.

-Ah... – soltou Lily, ao terminar de ouvir a explicação.

Sirius se levantou.

-Bem... Temos que ir. – ele disse. E deu um tapinha na testa dela. – Até.

-Sua mão foi pesada! – brincou ela.

Sirius riu e se foi.

Remo fechou o seu livro e se levantou.

-Eu também estou indo. – informou. – Melhoras. – e piscou.

-Remo... – ela chamou. Ele olhou para trás – Mais uma vez obrigada.

Remo piscou novamente.

-Eu já te disse. Conte comigo sempre que precisar.

Ele sorriu. Ela sorriu de volta.

Lily olhou para o prato de comida. Não sentia a mínima fome, mas sabia que Madame Pomfrey a obrigaria a ir até o final. Desanimada, ela pegou o garfo e encheu de comida. Estava tão distraída que só depois foi notar a presença de alguém mais na enfermaria.

Ela levantou o olhar, assustada.

-Tiago...

Ele não falou nada. Os dois ficaram se encarando em silêncio. Ela deixou o prato de lado e começou a chorar. Ele se espantou com a atitude dele.

-Lily! – ele exclamou, chocado, se sentando na cadeira que Remo estivera ocupando posteriormente.

-Está tudo bem... Não se preocupe comigo... – disse, ainda chorando. – Eu não mereço... Não mereço que você se preocupe comigo... Não mereço ter sido sua namorada... Eu reconheço... Foi tudo minha culpa... Eu não devia ter brigado com você... Eu estou sempre tão carrancuda... Eu não devia ter te aborrecido... Eu devia ter te aceitado do jeito que você é...

-Acalme-se, Lily. – ele pediu. – Por favor...

Ela parou de falar, mas continuou chorando.

-Olha só... – ele disse, carinhosamente. – Você chorando que nem criança...

Ele tirou a varinha do bolso, transfigurou uma coxa de galinha (que estava no prato de Lily) em um lenço de pano e começou a enxugar as lágrimas dela.

-Renascer é impossível. – disse ele. – Mas eu posso me mudar aos poucos. Por você. Por você, eu faria qualquer coisa. Eu não consigo mais viver sem você.

Lily assentiu.

-Nem eu... Mas... Você não precisa mudar o seu jeito. Eu gosto de você do jeito que você é... É verdade... Eu não me importo se você enfeitiçar os outros por aí... Eu não acho legal, mas nós somos diferentes... Por isso estamos juntos... O que realmente importa... É que você fique ao me lado...

Ela o abraçou.

-Eu vou estar sempre aqui. – disse ele.

-Não que eu ache legal você azarando o Snape por aí. E aquela história de que é o ranhoso também não me convence.

Ele riu.

-Não importa mais...

Os dois se separaram e olharam um nos olhos dos outros. Lily sorriu e Tiago roçou o seu nariz no dela. Ela fechou os olhos...

-POTTER!

Os dois se assustaram e se separaram.

-Você não pode fazer essas obscenidades dentro da minha enfermaria! – ralhou Madame Pomfrey.

-Está certo... – ele concordou e se levantou da cama. – Vamos embora daqui, Lily.

-POTTEER!

Lily riu. Mal podia acreditar que horas atrás estava achando que Tiago nunca mais voltaria para ela.

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Mesmo que seja um dia tão difícil como hoje por exemplo
mesmo que ainda lembre dos dias difíceis
posso começar compartilhar meus sentimentos com os outros
Renascer é impossível
mas posso começar a me mudar pouco a pouco
Vamos ficar juntos para sempre

(Trecho- For Fruits Basket – Tradução)

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N/A: O capítulo foi pequeno, mas eu tive que terminar aqui. Deu um bloqueio nas idéias aqui e esse final foi legal... Bem... Não faço a mínima idéia de como a fic vai acabar. Vai acabar quando eu arranjar uma coisa que pareça realmente o fim. Se vocês me entendem.

Ah é, no final a Lily não conseguiu nada com essa discussão. Ééé... No fim ela que pediu desculpas... Ai ai, ninguém resiste a um Potter ..

Obrigada pelas reviews! (Miss H. Granger, no final ele não vai parar de azarar o Snape... ehhehe; Tete Chan, qdo vc pediu mais descrição esse capitulo já tava pronto. É verdade, o outro foi mais fala, mas eu não sabia como começar com ele, daí eu meti o Sirius tagarelando logo no início; tataba, Lisas Blacks? Õ.o

Por hoje é só... Até mais gente.