Hermione abriu os olhos, a sua cabeça pesava. Sabia que estava de costas já que a sua cabeça pesava contra a sua bochecha e contra o travesseiro. Ao mesmo tempo em que o seu tórax frontal era pressionado contra a maciez dos lençóis de cama.
Ela percebeu estar em volta de travesseiros presos por magia, ótimo, ela estava deitada de bruços, não havia como erguer a cabeça e ainda estava fraca o suficiente por não ter ossos.
Era noite, ela tinha ciência do silêncio, não sabia sequer se tinha visto a luz do dia na residência, e por isso não saberia dizer quantos dias mais ou menos estava apagada.
Um pequeno resmungo escapou da sua garganta quando tentou se erguer além de uma pinicada nas costas, prestando bem atenção, Hermione poderia ver bandagens, ou seja, Snape a viu nua e não foi apenas uma vez. Estava seriamente pensando em cogitar a começar a reclamar quando um resmungo, mas não dela, escapou-se interrompendo o silêncio do quarto, e com um pouco mais de força e tolerância a dor, ela podia vê-lo a pouca distância numa posição nada confortável na poltrona. A cabeça levemente inclinada para frente apoiada no punho, cujo braço estava apoiando na poltrona.
Uma das pernas estava prostrada quanto a outra descansava o tornozelo sob a coxa acima do joelho. Ela poderia dizer que ele estava dormido, mas a sua face coberta pela cortina de cabelos negros não lhe dava tanta certeza.
A única coisa que ela tinha certeza era que ele havia ministrado algumas poções nela no período que ficou desacordada, além de magias, a bexiga cheia lhe dizia seriamente que precisava esvaziar logo antes que causasse mais um acidente. Pelo menos a boa parte, se é que existia alguma, de ter tomado tantas poções era o fato de sua garganta estar hidratada.
Chamou por Ren baixinho, tentando se remexer para demonstrar que estava acordada, mas a elfa não apareceu. Provavelmente pelo fato dela ser senhora Prince somente por sair do hospital e não na realidade a mestra daqueles pobres elfos. Ah e se fosse, a primeira coisa que faria seria libertá-los e enfrentar a irá de Severus Snape. Pelo menos dessa vez bateria de frente.
"Coragem, Gryffindor" ela dizia para si mesmo enquanto tentava lutar contra a dor para virar-se, aparentemente o lado que mais doía era o único havia o mínimo de forças. A dor já era conhecida, pelo menos uma das costelas do lado direito estava quebrada da queda. Ótimo, novamente, como se já tivesse ossos suficientes para simplesmente sair quebrando. O barulho das molas com o leve peso movimentando-se atraíram a atenção do homem que arrumou a postura acordando. Os anos de espião lhe deram a tendência a desconfiar de tudo, qualquer barulho mínimo era o suficiente.
– O que pensa que está fazendo, Granger? – Perguntou ele
– Eu... Bem... Eu preciso ir ao banheiro – Respondeu corando – e Ren...
– Ren está fora. Precisou renovar os estoques dos materiais. Se precisar tanto, por que não me chamou?
"Eu estou nua, mas isso provavelmente você já sabe"
– Fiquei com vergonha de todo o trabalho que você já tem comigo, e eu... Não queria fazê-lo se não fosse realmente necessário
– Bobagens, Granger. – O homem retrucou – Posso levá-la por magia, sequer tocar em seu corpo
– Eu preciso de ajuda para virar.
– Posso fazê-lo. Se não for incomodo para a senhorita
A menina assentiu levemente e sentiu o corpo virado levemente de forma que a parte dolorida ficasse apoiada em um travesseiro.
– Obrigada, e perdão por isto. Eu devo imaginar o trabalho e as despesas que estou dando
Inclinando o corpo para frente, o homem olhou firmemente para a garota
– Já disse mais de uma vez e repito, estou fazendo isso pela senhoria somente pelo simples fato de não ver mais ninguém debaixo dos pés do santo Potter. Ele tomou todos os créditos
– Eu discordaria plenamente do senhor, mas eu realmente preciso de um banheiro – Hermione resmungou e no instante seguinte já estava segurando os lençóis enquanto levitava em direção ao outro cômodo.
Instantes depois retornou para a cama com uma bandeja com suco e um sanduíche sobre ela. A jovem alimentou-se de mais da metade até dar-se por satisfeita. Só notará estar sozinha no cômodo quando Snape reapareceu na porta com a poção para a cultivação dos ossos
Hermione fez a cara de nojo perante o líquido. Ela duvidava que tivesse alguma coisa no mundo bruxo ou trouxa que tirasse o gosto da boca instantaneamente.
Snape percebendo a cara da jovem, a indagou com o levantar de sobrancelha
– Eu não gosto do sabor. É horrível.
– Eu adicionei um pouco de hortelã
– Mas não muda a composição?
– Não – Snape deu os ombros – Mas não o ponho por simplesmente gostar de imaginar a cara de sofrimento das pessoas que tomam.
Hermione franziu o cenho olhando para o líquido acinzentado sentindo o estômago embrulhar por antecipação.
Depois de um segundo de hesitação, tomou toda em um gole só dessa vez estranhando o gosto adorável de hortelã e um leve apimentado no fundo sob o olhar de divertimento do ex professor, de aparência descansada e pele já alva, contrário da macilenta acostumada a ver em Hogwarts
– No que a senhorita está pensando? – Hermione levantou a cabeça assustada para ele – Eu li algo sobre a mente ter influência na recuperação
– Apenas em que não tem nada para fazer além de contar as folhas da copa da árvore depois da varanda.
O homem franziu a testa
– Se a senhorita conseguir ficar sentada mais do que trinta minutos sem sentir dores pode descer para a biblioteca – Dito isso saiu do quarto com Hermione pensando exatamente em como fazer isso.
O restante da manhã fora como Hermione faria para descer para a biblioteca, sempre mudando de posição quando a anterior se mostrava incomodar. No horário de almoço, quando Ren serviu o ensopado, a castanha perguntou sobre a mobília do cômodo e recebendo como respira que uma poltrona e um divã.
Um pouco de sorte sorrira para a grifada, que já calculava dias atrás que dera toda a sorte junto com a varinha a Harry Potter.
Ren chamou o mestre quem surgiu com a cara espantando achamos Hermione sentada apoiada por travesseiros e a cara de travessa.
– Eu cheguei a uma solução
– Qual?
– O divã – Fazendo o máximo para movimentar o braço esquerdo, Hermione conseguiu cruzar os dois – Eu posso ajusta-lo conforme minhas necessidades
Os lábios de Snape curvaram levemente
– Muito bem senhorita Granger – E um meneio leve Hermione estava flutuando atrás dele em direção a biblioteca
– Ainda temos de conversar sobre o casamento, senhor Snape – Anunciou sentando no divã – Eu vou querer o livro sobre astronomia
– O que a senhorita quer saber sobre a cerimônia?
– Há alguma possibilidade de alguém da nossa antiga vida comparecer – Snape negou com a cabeça entregando o exemplar para ela – Nem mesmo Ginny?
– A senhorita Weasley deixaria escapar para o amado Potter sobre a sua sobrevivência e a minha. Além de não podermos mandar cartas anônimas por conta dos comensais ainda soltos
– Mas ela é a única família que tenho além de Harry e... Bem, a família Weasley, Ron
– Ah, claro, o namoradinho ao qual a senhorita chamou quando estava ardendo em febre. Senhorita Granger, eu estou oferecendo a senhorita a oportunidade de se livrar da sombra do Potter e do Weasley. Estou abrindo mão da minha linhagem para isso. Mas isso não é uma opção única e sim uma escolha.
– Então eu tenho escolha? – Snape meneou levemente a cabeça acendendo a lareira. A castanha olhou do livro para o homem e suspirou. – Eu quero fazê-la agora.
