– Ela está pálida! Não vê? – Gritava o ruivo após efetuar a magia de limpeza
– Senhor Weasley...
– Fora que vomitou todo o café da manhã em mim! É esse o tratamento que vocês dão a uma heroína? Que vocês dão a uma heroína guerra?
– Senhor Weasley. Acalme-se por favor. – Pediu gentilmente o medi bruxo – Por favor sente-se, pois o assunto que trataremos é sério. A sua esposa ela apresenta sinais de estresse além de estar profundamente desnutrida e sem movimentação dos membros por falta da poção de cultivo dos ossos no nosso estoque. Mas este não é o principal problema, na verdade, esse é todo o agravante ao estado de gestação que ela se encontrava
– Ge... Hermione está... Ela está grávida?
– Naturalmente senhor. E possivelmente é a magia do bebê que não permite que seus órgãos colapsem.
– Grávida – Disse Ronald transparecendo que a ficha ainda não havia caído. – Senhor, há alguma possibilidade de a levarmos para casa e fazermos o acompanhamento da gravidez pessoalmente?
– Nenhuma – O medi bruxo suspirou encostando-se na sua cadeira – Veja, a sua esposa apresenta níveis de desespero psicológico semelhante aos do casal Longbottons. Levando-a daqui, não apenas contribuíram com o agravamento da situação como ela poderá perder ao bebê como consequência disso. Está ciente? – Ronald confirmou com a cabeça – Entretanto, ela fará acompanhamento vinte e quatro horas com bruxos especializados enquanto a criança não vem ao mundo.
– Não esperaria outra coisa, senhor. Posso ficar um tempo a sós com ela. Quero comemorar a notícia mesmo que, talvez, ela não compreenda. Mas ainda assim, sempre imaginei como seria dividir com minha esposa a felicidade da espera de um bebê.
O médico assentiu e saiu deixando-os a sós. Hermione virou o rosto esquelético em direção a janela e ficou observando as nuvens formando uma tempestade. Fazia um ano desde a guerra, um ano que fora salva por ele. Um ano que ele lhe deu uma escolha e ela escolheu a errada. A mão rodava o anel no dedo anelar por cima da aliança de casamento.
Hermione fechou os olhos e voltou aquele dia enquanto sentia o colchão ao seu lado sendo afundado em resposta ao corpo de Ronald sentando ao seu lado.
Um filho. Ela esperava um filho dele.
Novamente a mente foi ao ano anterior, viu o seu corpo se arrastar no chão, não realizava magia desde a taça de Helga. A taça se foi com seu poder e agora ela não poderia defender aquele pobre ser dentro dela do monstro que está em cima do seu corpo.
Depois do alívio, da falsa sensação de euforia em comemoração, Ronald foi embora e mais do que certamente contaria a família sobre.
Decerto que contou, já que nós dias que se sucederam Hermione não ficou sozinha com Ronald em possibilidade alguma, e a família Weasley comemorava tanto que mal conseguia ouvir os próprios pensamentos.
No entendimento médico, a jovem era uma paciente psicologicamente invalida, por tanto não tinha como ter gerado aquela criança em consciência, então depois de várias conversas com o diretor do hospital, o médico conseguiu que uma enfermeira ficasse em tempo integral com ela, mesmo com as visitas íntimas do marido ou com a casa cheia dos Weasley. Coisa que se perfurou até o sétimo mês.
– Senhor Weasley! Por favor, acalme-se. – O medi bruxo chamou com as mãos em rendição após o ruivo ameaçar a estuporar a enfermeira novata pela quarta vez – O senhor e eu precisamos conversar.
Ronald abaixou a varinha mudando o olhar ferino da enfermeira a olhar para preocupação para o doutor
– Pode falar – Respondeu com arrogância – Mas antes quero saber o motivo de sempre ter uma sanguessuga ao lado da minha esposa e filha?
– É exatamente sobre isso que gostaria de conversar. – Suspirando o médico pediu que a enfermeira se retirasse, Hermione arregalou os olhos na direção do médico, pedindo por súplica muda que ele ficasse
– A sua esposa iniciou uma gestação de risco.
A princípio acreditamos que se ela evoluísse no mínimo o quadro de desnutrição ou com o obscuro que está se alimentando dos resquícios sua magia, teria alguma solução. Mas chegamos a um onde se não a induzir em coma mágico, a vida dela e do bebê poderão se perder facilmente. E se ela não evoluir, nem mesmo que seja magicamente, podemos perdê-las. As duas.
– Salve a vida delas, doutor. – O ruivo implorou andando de um lado para o outro do quarto sob a vista da esposa e do médico – Faça o necessário.
– Também quero conversar sobre medidas extremas. Não sabemos se chegaremos a isso, mas quero deixar claro que se chegarmos a ter que decidir a vida da mãe ou da criança, o senhor escolheria...
– A criança. – Ron respondeu sem pensar. Vendo a reação do médico, ele completou – Era isso que a Mione iria querer. – Ambos olharam para a garota deitava apenas analisando a situação e com a mão protetoralmente acima do ventre
Tal ato não passou despercebido pelo médico. Pediu para que o Weasley o acompanhasse até o escritório apenas por formalidade e quando a porta fechou, Hermione deixou as lágrimas caírem silenciosamente. Ele nem hesitou em escolher o próprio sangue a ela, mas o que ela esperaria? Pelas as coisas que aconteceram a ela nos últimos meses! E então, primeira vez desde que Hermione saíra da mansão Prince, se arrependeu por voltar a antiga vida. Instintivamente levou a mão ao anel e fechou os olhos desejando que Severus a salvasse mais uma vez.
Um leve formigamento atravessou os dedos, mas logo pararam, os males de carregar uma criança quando um obscurus está formando dentro de si era que, a magia do bebê também poderia ser afetada. Mas instintivamente a sua mente continuava a recordar-se das pessoas comentando que a criança poderia sair um aborto devido à falta de poções e a desnutrição que se encontrava. A perda de vários bruxos na guerra se perdurava mesmo no ano seguinte, o St'Mungus ainda não tinha um porcionista oficial e escolas de poções enviavam seus estoques, mas não era o suficiente.
Isso fez Hermione se perguntar se ela conseguiria levar a gestação até o fim, Rose já estava no seu máximo desenvolvimento enquanto Ronald Weasley, uma mula que ela fez o favor de se iludir sequer sabia que a filha mexia. Porém os inquietantes movimentos da bruxinha especificamente aquele dia a fizeram temer. Desde que o médico mencionara sobre a vida de uma ou da outra que a pequena estava inquieta, causando dores e desconfortos a mãe que mal conseguia se mover. A enfermeira que Hermione conhecia por Jodie adentrou o recinto trazendo alguma sopa que a castanha detestava, seu corpo recusava, mas que se obrigava a comer pela única pessoa de si a família. A mulher loira colocou a bandeja na mesa de apoio da cama enquanto ajudava a Granger sentar-se, foi então que Hermione apertou a mão da bruxa com força em resposta a primeira fisgada que sentiu, obrigando-se a abrir a boca para inspirar e suspirar rapidamente e audivelmente na tentativa de alívio. A segunda dor foi mais forte, Hermione jogou-se deitada do lado esquerdo com mão no quadril enquanto dobra-se levemente para trás e o grito rompeu a sua garganta para expurgar.
Jodie correu para acudir a moça e lançou um feitiço na sineta que passou a tocar repetidamente até que o médico entrasse correndo acompanhado do ruivo e outros médicos e entoasse cânticos para aclamar as dores e eram rapidamente ensurdecidos pela dor que Hermione sentia.
Ronald estava mais ao fundo, deu passos vacilantes para trás até encontrar com a parede e levar a mão a cabeça agarrando aos cabelos, deixando ao seu corpo arrastar-se até o chão. Ouviu um dos medi bruxos afirmar que sem as poções necessárias, Hermione e nem a criança sobreviveriam aquele dia.
Enquanto na cama Hermione sentiu outra pontada de dor sendo semelhante ao que imaginou ser uma contração, se os médicos não conseguissem pará-la, Rose nasceria ali sem estar pronta viria ao mundo. Um dos medi bruxos conhecido por John estabilizou o corpo de Hermione de forma que ela conseguisse deitar retamente enquanto a única mão disponível apertava as colchas da cama em agonia profunda. Ela tinha certeza que nem mesmo o Cruciatus de Bellatrix Lestrange havia causado tanta dor assim.
Novamente a sua mente traiu o seu corpo deixando-a na Malfoy Manor com o corpo paralisado pela dor e as lágrimas observando o risco no braço esquerdo. Instintivamente Hermione levou à vista a mão paralisada enquanto os médicos entoavam o cântico para induzi-la ao coma. Ali, abaixo da cicatriz, brilhado no anelar esquerdo acima da sua aliança estava a pedra verde reluzindo. Com a mão direita ela pôs a esquerda sobre a barriga sentindo o corpo pesar de sonolência, e a outra mão descansou sobre, tocando a pedra, Hermione fechou os olhos.
Severus sentia algo dentro de si, uma agonia, um desespero. Ele lembrava que era esse os sintomas causados pela sua mágica estar diretamente ligada ao anel de Lilian, e Hermione usava esse anel. Algo muito grave deveria está acontecendo a ela para que ela o chamasse no hospital onde ele sabia que era a sua nova residência.
Mas ele também se lembrava de ter desativado o feitiço de convocação do anel assim que ela partiu, deixou a joia com ela somente para que ela lembrasse de que não havia sido resultado de um estresse pós-trauma e Hermione certamente estava sem magia para reativá-lo, mas certamente estava o usando.
Ele podia sentir a magia dela, pura, valente e límpida ao fundo. Convocando-o. Desesperadamente. Porém não era dela a magia que ativou ao anel, essa era nova, tinha um tom de desespero e também de uns obscuros.
Apressadamente do seu laboratório, ele convocou a elfa e a deixou cuidando das centenas de poções já prontas e que separasse um lote para diversos ferimentos, hemorragia e um possível obscuros.
E desapartou.
Severus caminhou do saguão até o quinto andar quando viu a cabeleira ruiva passar por ele em choque, Ronald Weasley parecia ter visto a morte frente a frente e caminhava como se fosse perseguido por aranhas. Por um segundo Severus desejou convocá-las apenas para vê-lo correr o mais rápido possível, internamente riu com a ideia, mas parou na metade do corredor quando viu meia dúzia de médicos saírem de um dos quartos com aparência cansadas e murmurarem que se não melhorasse, perderia as duas. Jodie seguiu os homens na direção oposta que estava o antigo professor
– Hermione é forte – Disse ela atraindo a atenção é uma sobrancelha levantada – ela vai sobreviver a isso desde que aquela água de ginger não a faça perder as esperanças novamente.
O grupo caminhou lentamente e Severus segui até a porta de onde acabaram de sair, lentamente girou a maçaneta e a visão de Hermione pálida, esquelética e com as mãos sobre a barriga o obrigou a se arrastar até a parede que outrora estava o ruivo. Porém ele não caiu, sentia a magia dela frágil assim como sua vida. Outra magia mais forte predominava seu corpo e combatia as trevas dentro dele, Severus deduziu ser o ser que estivesse em seu ventre, já que o mesmo ser repetidamente acionava o anel como se fosse uma campainha soando dentro da mente dele. O bruxo tomou a prancheta ao lado da cama apenas para confirmar que se Hermione não tomasse as poções, ela e o bebê morreriam. E folheando as anotações, ele viu que o marido havia tomado das as decisões dela, incluindo sobre dar a sua vida pela do bebê. Felizmente Severus tinha todo o aparato para salvá-la e a magia que a cercavam a fez acordar
- Você veio! – ela disse fracamente apertando as bochechas num sorriso – Você sempre vem.
A chuva caía do lado de fora quando Severus passou com o corpo semiconsciente de Hermione pelos jardins, adentrando rapidamente na casa enquanto a elfa Ren realizava feitiços de secagem e aquecimento em ambos.
Assim que pousou o corpo dela sobre os lençóis da cama, ela gemeu de dor e Severus sentiu o líquido quente correr.
Hermione Granger estava em trabalho prematuro de parto, custando a sua vida e da sua filha.
