Severus chegou ao quarto e deparou-se com o corpo de Hermione a, no mínimo, sessenta centímetros de onde se encontrava a cama cuja agora era apenas uma pilha de madeira no chão enquanto a jovem arremessava destroços do que algum dia fora os móveis e algumas lufadas de magias, arrebentando frascos de poções, paredes e afins. Nem mesmo as portas da varanda escapava e batiam freneticamente com a força sobre ela, que Severus pensava seriamente quanto tempo mais elas sobreviveriam.

Um frasco de vidro voou a poucos metros da cabeça e ele se perguntava se também sobreviveria a essa súbita e repentina demonstração que arrebentava o cômodo e cada expurgação enquanto os medi bruxo e curandeiro que se encontravam tentavam, de longe e sem nenhuma força para se aproximarem, diminuir os níveis mágicos baixos.

– Alguém pode me dizer que infernos está acontecendo aqui? E por qual motivo ela está destruindo a minha casa?

– A senhora teve a magia reprimida por muito tempo e agora, o poder mágico dela... Eu nunca vi nada tão forte vindo de alguém nascida de não-mágicos

– E este é o motivo de você a deixar redecorar ao cômodo e as paredes arremessando restos dos móveis e utensílios que sobraram contra?

O bruxo mais novo abriu a boca para responder quando outra lufada de poder arremessou um objeto que Severus só teve tempo para distinguir a cor cinza, obrigando-o abaixar-se.

– O senhor tem razão. Não podemos mantê-la aqui sem que destrua a casa, mas não há outro local que eu consiga pensar onde ela não machucaria ninguém

Severus por um segundo ponderou enquanto outro objeto foi arremessado em direção ao bruxo, o que fez o mestre em poções perguntar se Hermione tinha ciência no local e as aparentes coisas sendo arremessadas em todas as direções, menos na dele.

Isso o fez caminhar entre as pausas e abraçar o corpo, passando os braços em volta do seu tronco e puxando a cabeça para seu tórax, desaparatando.

Severus permaneceu algum tempo com os olhos fechados enquanto sentia a respiração dela contra o seu peito e a ira da sua magia acalmando-se após extrapolar todos os limites de expulsão possível. Hermione estava furiosa internamente por ficar presa durante todo esse tempo e Severus, sem saber o motivo, perguntava internamente se a sua ex-aluna sobreviveria após ter o ser alimentando do que era a sua magia.

Enquanto ponderava se valeria ou não a pena de localizar o filho de Newt Scammander para saber do seu paradeiro, Hermione e tremeu e Severus sentiu que ela estava consciente e que ainda não tinha ciência que esteve em trabalho de parto e tão pouco sobre a morte da filha que carinhosamente ela chamava de Rose.

– O... o que aconteceu?

– A senhorita teve uma demonstração do que é ter um obscuro retirado do corpo e sobreviver. Embora seja raro. Como também redecorou todo o quarto e, agora que lembrei, não sei se mandou o curandeiro para as terras de Merlim.

– Um curandeiro? O que um curandeiro... – Como se entendesse tardiamente naquele segundo, Hermione levou a mão a barriga sentindo-a vazia – Rose? Severus minha filha! O que aconteceu?

Desesperada, ela abriu os olhos o máximo que pode empurrando-o.

– Senhorita Granger, acalme-se. Você precisa estar alimentada e forte para o que eu conversarei com a senhorita mais tarde.

Ela olhou em volta, dando-se contando estar em campo aberto, com um lago no fundo, e casas ao longe.

– Onde estamos?

– Lago Ness. O local mais longe que consegui imaginar para a senhorita extrapolar todos os seus limites mágicos e não destruir o que restou da residência Prince.

– Mas... Escócia? Nos domínios do ministério da magia? – Severus por um segundo levantou a sobrancelha até compreender o motivo de tanto pavor contido numa simples pergunta

– Embora a senhorita pessoalmente abomine o poder que famílias tradicionais bruxas possuem, o ministério respeita as regras e as regalias ofertadas. Não estranhe se a senhorita ou eu quebrarmos uma ou duas regras e o ministro apenas abaixar a cabeça em sinal de respeito.

Hermione demorou mais um pouco observando o lago até finalmente lembrar-se de que ainda estava no colo do antigo professor e que quando o empurrou, sentiu ambos os braços.

– Meus braços! – Ela comemorou levantando-os – Eu posso senti-los.

E com o mesmo sorriso ela os abriu até aproximar mais dele e abraçá-lo e Severus podia sentir fungar contra o seu pescoço na tentativa nula de conter um choro enquanto agradecia por ele não ter desistido dela. Sem saber como realmente agir, ele pós uma das mãos sobre a sua cabeça e a outra no quadril e sentiu que ela estremecia enquanto aumentava mais o pranto.

– Eu sinto muito, senhorita Granger. Mas é isto que a guerra causa as pessoas, perdas e a maioria dessas irreparáveis – Hermione tirou a face do pescoço dele para lo vê olhar o lago enquanto os olhos corriam rapidamente como se lesse um roteiro prescrito para a situação que viria a seguir

– Rose? – e então ele fechou os olhos inspirando profundamente – Não foi culpa sua, senhor Severus. Eu tenho certeza que você fez o que podia por nós duas. E eu serei eternamente grata por mim e por ela.

– Eu ainda não fiz tudo. – Hermione sentiu todas as suas lágrimas secarem – Eu ainda não pus um fim à morte e Rose, embora tenha o seu obscurial, ainda não foi purificada.

– E qual seria a purificação de Rose?

Severus não respondeu, mas Hermione o viu mover o lábio minimamente para cima e Hermione sentiu repuxar, apertando os olhos para que os enjoos da aparatação não revirassem o seu estômago

Ela só abriu os olhos quando o borbulhar dos caldeirões romperam os silêncios que a sua mente se colocou para amenizar o zumbido da locomoção. Sentindo os pés descalços contra o chão frio, Hermione e agradeceu a Merlim que ela ainda tivesse sensor mesmo após muito tempo sem movimenta-los

O porcionista a soltou numa poltrona velha e de aparência duvidosa, mas que se mostrou bastante macia enquanto Severus caminhava para o terceiro caldeirão e acrescentava espinhos de dragões moídos fazendo Hermione gemer internamente pensando no sabor que teria a poção caso ele não adicionasse nada para mudá-lo.

– Eu fico pensando se o senhor fazia por mal – Ela suspirou – Sabe, deixar as poções da enfermaria com gosto ruim

– Não tinha diversão melhor que ver a cara dos alunos ao verem quais poções seriam ministradas

Hermione gargalhou levando ambas as mãos na altura do estômago, que soou audivelmente fazendo Severus erguer uma sobrancelha

– Há quanto você não tem uma boa refeição?

– Alguns dias. Comida de hospital não é a melhor coisa para se engolir e nem tem os melhores nutrientes – Ela fez uma careta

– Exatamente essa a cara que você fez ao acordar da petrificação – Ele riu minimamente virando as costas com a nostalgia

– Você leu a carta? – Perguntou depois de um tempo fazendo-o virar e apoiar as mãos no balcão as suas costas – A que eu mandei na parte de trás do convite de casamento?

Uma sombra de culpa passou por ele, Hermione não estava o convidando para a festa e sim para salvá-la. E pelo tempo, talvez a criança teria sobrevivido ou sequer sido concebida

– Você precisa comer – Ele disse e no instante seguinte já estava fazendo-a levitar até a cozinha onde Ren já aguardava com um prato de aveia em mingau. Severus abandonando a Hermione na cozinha, foi até o escritório e viu o corpo pequenino ainda sobre a divã.

– Perdoe-me pequena – Ele ajoelhou-se – Mas meu ódio cego pelos Potter e toda a sua gangue foi o que causou a sua morte e o sofrimento da sua mãe. Mas não mais ela passará por isso. Essa é uma promessa que eu farei em resposta ao seu sacrifício

Imediatamente, Severus abriu a gaveta da mesa do local e puxou um anel de pedras negras. Observou o sol brilhar do lado de fora enquanto elfos limpavam os jardins.

O homem fechou as cortinas e lançou feitiços de conservação do corpo da criança e trancou a biblioteca, desviando de mais dois elfos que passavam com roupas de cama e voltou a cozinha enquanto Hermione estava feliz por terminar de comer algo que a fazia lembrar a infância, pela primeira vez em anos

– Senhorita Granger, a senhorita aceita casar-se comigo e honrar o sacrifício de Rose?