" — Senhorita Granger, aceita casar-se comigo e honrar o sacrifício de Rose?"
— Antes de aceitar, o que farei, gostaria de esclarecer algumas dúvidas, se for possível. – Severus meneou a cabeça assentindo enquanto via Ren trazer água para a garota e retirar a louça do café. – Eu sei que me salvou a primeira vez por ser uma espécie de vingança, porque a segunda quando eu o abandonei?
Severus ponderou enquanto observava ambas as clavículas se movimentarem em resposta a ansiedade. Granger estava extremamente magra, mas agradecia a Salazar que isso não interferisse na atuação das poções em sua recuperação que se tornara mais rápido exposto por duas doses da poção de cultivação e mais alguns encantamentos, ela já tinha total movimentação dos membros superiores e a forma que estava na mesa, provava que o quadril também estava sendo recuperado, Hermione ainda passaria por um longo tempo até que suas pernas estivessem firmes para suportar ao peso.
– Eu não sou homem de cometer erros. Também não sou ninguém para distribuir oportunidades e quando a senhorita me enviou o convite do casamento, eu não tive dúvidas de que havia feito a sua escolha.
– Então, o senhor não leu a parte de trás da carta? – Severus negou com a cabeça e mudou o olhar para uma cadeira na parte oposta à mesa, sendo servido por outro elfo – Me perdoe, mas eu não sabia se poderia ou não ser interceptada então não me arrisquei deixar tão avista – Severus desviou o olhar sem vontade alguma de encarar o rosto magro e macilento de Hermione com os olhos cheios de lágrimas enquanto murmurava o quão estupida havia sido em não colocar alguma sinalização.
– Senhorita Granger, eu peço perdão por não me atentar aos sinais da sua perca de magia e, por subsequente, a formação de um ser escuro no seu corpo que causou a morte da pequena – Hermione virou os olhos chorosos para ele e finalmente engoliu o restante do bolo formado em sua garganta
– Não foi culpa sua...
– Claro que foi. Eu estava tão cego em ter a minha vingança que não me atentei nos primeiros sintomas, e quando a senhorita ficou em recuperação, eu optei por mantê-la sedada até que houvesse possibilidades de acordá-la sem causar colapso devido aos estragos nos seus órgãos. Mas não liguei o fato que a poção restauradora não agia com a mesma velocidade pelo ser quem também a usava como fonte de magia, por isto que a senhorita não morreu nos primeiros meses após a guerra.
– Mas na mansão... Eu não tomava poção alguma e…
– O anel – Hermione olhou para o dedo – Você lembra para que servia assim que eu lhe entreguei?
– Para chamá-lo caso eu precisasse. Ou para avisá-lo quando eu estivesse em perigo.
– Mas em um ano o anel não ativou uma só vez após a sua queda da cama, ocasião a qual você recorria a poções, até o parto da criança – Hermione negou com a cabeça – Você compreende agora meu ponto
– Eu usei a magia do anel…
– Como âncora – Severus a interrompeu antes que continuasse – E a magia do anel só voltou a funcionar como protetor
– Na concepção de Rose – Hermione completou murmurando – por isso ela desenvolveu aos poderes com tanta rapidez, para não morrer
Severus assentiu e antes que a ficha caísse, uma elfa apareceu servindo algum liquido para Hermione antes da poção repositor de sangue. O que ela prontamente tomou e sequer grunhiu quando o outro líquido foi empurrado garganta com gosto de ferro.
O silencio prevaleceu por um tempo até que finalmente a ficha caísse, com um peso saísse das suas costas e o ar dos seus pulmões: Rose a salvara e Severus propusera trazer a pequena de volta e pôr um fim a morte.
Sua melancolia era menos rasa a cada momento em que pensava o quão heroico havia sido o sacrifício de ambos apenas para que ela tive o prazer de usar ambos os braços outra vez e sentir leves formigamentos na região do quadril e pequenos choques na planta do pé contato com o piso. Pela primeira vez, em anos, ela sentia-se feliz em finalmente ter uma promessa de futuro, uma casa, um casamento…
Esse último 'item' a fez engolir seco, não sabia como o mundo bruxo agiria diante de uma bigamia ou como Severus faria para contornar a situação do casamento forçado para consegui-la libertar. Imaginando que Hermione e finalmente chegara ao ponto inicial da conversa, Severus adiantou-se em estender sobre a mesa a caixa do anel da família Prince.
Estando a encarar a pedra negra refletindo o seu rosto, Hermione voltou os olhos ao mestre em poções e estendeu a mão direita para que ele pusesse o anel. Antes que ele empurrasse a herança de família no dedo dela, lentamente passou o dedo na pequena Esmeralda do anel que ainda estava lá, a ouvindo protestar, ele a encarou.
– Eu gostaria de permanecer com ele. Ajuda-me a lembrar de que mais de uma vez o senhor me salvou embora eu não tenha feito nada na casa dos gritos.
O homem pareceu assentir por um segundo até desviar o olhar para a janela mostrando a lateral da casa.
– Não precisamos falar sobre. Vocês não sabiam da minha lealdade até então.
Hermione assentiu voltando os olhos para a caixa.
– Eu aceito
– Perdão?
– Eu disse que aceito casar com você. Perdão, com o senhor.
– Acredito que o uso de você esteja correta para esse arranjo que estamos fazendo
– Eu só não compreendo o que terei de dá-lo em troca, visto que meus serviços como arma de retaliação não são mais necessários e…
– Eileen Prince.
– Quem?
– Eileen Prince. A minha mãe. – Hermione teve um pequeno sobressalto a mesa. Seis anos conhecendo Severus, e só soube agora o nome da matriarca.
Ouvia por alto Ronald falar sobre as memórias e o que motivou Severus a cuidar de Harry por muitos anos além de matar Dumbledore, entretanto, ela mesma não havia visto-as. Embora o muito tempo livre entre ser estuprada e chorar a fizessem imaginar alguns aspectos ouvidos por alto enquanto zelava para manter a mente sã e só dormisse quando a família saía. Ou quando a enfermeira estivesse presente.
Jodie certamente deveria ter sofrido algumas punições por Hermione haver sumido durante seu turno e a ex paciente continuava a se perguntar, se além da mãe de Harry, Severus tivesse amado mais alguém.
– A sua mãe – O homem assentiu
– Eileen foi obrigada a casar-se com Tobias Snape em 1959, depois de ter sido estuprada por ele. Famílias de puros sangues respeitam bem a tradição de filhos criados com seus pais, por isso Merope Gaunt abandonou Tom quando seu genitor fugiu. – a garota certamente abrira a boca para comentar algo quando ele a interrompeu – Antes que sinta pena ou algo do tipo, passei a minha infância e juventude inteira para superar este fato.
– Mas Rose não foi concebida até depois do casamento
– A família Weasley pode alegar a criança para que você continue casada. Assim como Tobias me reivindicou para que a família Prince não tomasse Eileen quando descobriram sobre os maus-tratos. Embora o trouxa abominasse bruxos, ele era conhecedor particular das leis principalmente por obrigar Eileen a contá-las em seu favor.
– E como faremos? – Isso ganhou um arqueado de sobrancelha do homem – Não, a cerimônia, mas em relação ao meu outro casamento? Como o anularemos?
– A senhorita fez voto mágico além de consumá-lo? – Ela negou – Então os papéis trazidos do hospital valerão para que anulemos. Antes que pergunte, e se torne irritante tal qual sala de aula, nos papéis do hospital afirmam que a senhora é minha esposa e que não tivemos tempo para votos e consumação com a guerra estourando paredes afora. O que nos leva ao segundo tópico da nossa conversa de hoje antes da cerimônia: o voto. A senhorita sabe me dizer quais as três categorias de votos inquebráveis?
– Perpetuo, de sangue e consumação.
– E a senhorita sabe o motivo de casamentos mestiços não serem aceite pelo Wizengamot, além de prezo pela pureza de sangue?
– A falta do voto mágico, ou assinatura mágica
– Dez pontos para Gryffindor. Agora a senhorita poderia me dizer qual dos votos seria inquebrável?
– Consumação
– Por...
– Ligar a magia dos bruxos em união matrimonial e impedir que entrem em combate entre si.
– Por isso que o hospital não criou hipóteses sobre seus machucados fossem por mim.
– Mas e em relação à submissão das esposas. Narcisa Malfoy, por exemplo?
– Invasão do ministério, quinto ano, creio que a senhorita lembre – Involuntariamente ela levou a mão ao pescoço – Lucius foi fracamente derrotado pelo Potter por ter de dividir com Narcisa e ela estava fraca pela submissão ao marido. Por isso que conjugues ficam tão abatidos quando perdem seus parceiros.
– Eu compreendo aonde o senhor quer chegar.
– Eu não pedirei outra coisa da senhorita por sua liberdade. E também não gostaria que a vida de Eileen fosse repetida por pessoas que eu conheci e tive a oportunidade de salvar.
– Eu compreendo que isso possa ser estranho para mim no primeiro momento devido a meu ano de experiência – Ela fez aspas com os dedos – Mas... – Inspirando profundamente – O senhor... eu confio em você, Severus
– Severus. Serei seu marido e pai da sua filha.
– Perdão?
– Eu não me esqueci da promessa que fiz em trazê-la de volta. Entretanto, há algumas coisas relacionadas ao matrimônio quem terão urgência e só então a senhorita continuará a estudar enquanto eu faço a purificação dela.
Mordendo o lábio inferior durante a explicação, Hermione lutou para segurar as lágrimas e juntar aos cacos de sua coragem para finalmente perguntar:
– Onde ela está?
– No meu escritório.
– Eu desejo vê-la. Se for possível.
– É possível vê-la, mas não no momento – Hermione indagaria quando Severus continuou a falar – a senhorita ainda continua frágil. Até ter uma ligação da qual o ser não consiga adentrar, será isto a melhor forma em mantê-lo lá até que eu consiga para realizar o sepultamento antes do casamento. Rose Granger não pode existir quando a senhorita se tornar uma Prince
– Pensei que o senhor a traria de volta!
– Eu não disse isso. Apenas que poria um fim à sua morte e a purificaria. Acompanhe comigo Granger, você foi mais esperta no passado.
– Perdão, mas...
– A fama que recebeu está danificando o cérebro do trio? – Severus rosnou estendendo uma mão em direção à porta do cômodo e segundos depois um livro verde passou pela porta – Eu disse que Rose Granger não poderia existir, mas isto não significa que você não vá ter a sua filha de volta – Outro livro que Hermione reconhecia ser sobre alquimia voou pelo mesmo local sendo aparado por ele. – Preste atenção as entrelinhas. A senhorita já foi mais esperta que isso
O homem empurrou o primeiro exemplar aberto na página onde o nome que Hermione chamava o bebê estava escrito no topo
"Rose: de espécie famosa, fruto da fama"
– Ronald escolheu o nome. Ele disse que... Oh meu Merlim, ele chamou nossa filha de fruto da fama!
– E retirando a fama dela, sobra?
– Poder, astúcia e inteligência – Severus ergueu-se sobre a mesa e virou algumas páginas até encontrar nome Sophie. – Mas como isso seria possível? Ela não está morta?
E então sobre a mesa arrastou-se o outro livro
PRINCÍPIOS DA ALQUIMIA: A FABRICAÇÃO DA PEDRA FILOSOFAL.
