Hermione tinha certeza de algumas coisas àquela altura
A primeira era que Jodie e ela construíram, em silêncio, uma relação forte o suficiente para a bruxa enfermeira afirmar perante os jornais que testemunhou o corpo da jovem explodir. Mas Severus deixou escapar haver sido ela quem forneceu cobertura a fuga de Hermione do hospital.
A segunda era que o interminável livro sobre as leis da família Prince era uma prova que Severus a odiava e não fazia nenhum pudor de esconder isto, principalmente quando ele estava no laboratório na organização do que precisava para fabricação da pedra filosofal e ela estava sentada, na biblioteca, fazendo uma lista de coisas necessárias para o seu "casamento". De início já foi retirada da lista a parte da festa e convidados, ela também não deixou de riscar do pergaminho o tópico "muggle" lembrando que seus pais estavam a centenas de quilômetros de distância sem lembrar que ela existia.
E o tópico casamento circulado quatro vezes traziam pequenos sub tópicos como vestimentas, cerimônia, votos mágicos e não-magico e, por último, a consumação. Hermione sentia estranhamente nervosa com este em particular, especialmente por não ter uma boa experiência e o principal, mas não menos importante, por ser o seu ex professor. Ela o conhecia desde os onze, sempre viu como uma figura de autoridade e respeito e estranhamente não se sentia desconfortável a sua presença, na verdade, ela sentia até segura, diferentemente de quando estava no quarto sozinha com Ronald ou até mesmo com os curandeiros lhe fazendo diagnósticos.
E esta era a quarta certeza de Hermione, ela voltaria a andar e já tinha magia o suficiente para conjurar, levitar e acionar objetos. Mas ela esperava que conseguisse fazer antes da cerimônia, estava cansada de se sentir um fardo precisando ser levitado para todos os lados além do gosto das poções. Se ela tinha alguma boa vivência com o homem era evidenciado pelo sabor das bebidas que ele fornecia a ela. E após fazer a cerimônia de velação de Rose, ele estranhamente estava trancado no seu laboratório e desde então as poções vinham com gosto ruim, ou bastante concentradas. O medibruxo até se espantara com a rapidez em que a futura senhora Prince estava sendo curada, mas não deixava de parabenizar ao noivo pelo excelente desempenho em fazer a sua família ficar bem.
E este era o último tópico que Hermione tinha certeza, concomitante com as incertezas, Severus, o seu ex professor, o seu salvador a estava incluindo na família dele sem pedir nada em troca, apenas a paternidade de Rose a quem ele chamaria de Sophie, futuramente, mas a levava a se questionar o quarto sub tópico: consumação. Ela tinha quase certeza que consumaria seu casamento, não queria deixar nenhum espaço para que Ronald Weasley a tomasse como uma mercadoria quando tivesse ciência da sua sobrevivência, o sobrenome Prince não a esconderia por tanto tempo, mas, além de Sophie, Severus poderia querer algum consanguíneo para perpetuar o sobrenome.
Felizmente era sábado e neste dia Ren disse que ele sairia do laboratório para jantar. Já era noite e logo ele não demoraria em aparecer, então se sentindo com o dever cumprido, Hermione enrolou aos pergaminhos com as coisas decidas por ela e esperou até que o elfo diário a viesse buscar, porém, não foi uma criatura de estatura mediana quem adentrou e sim o motivo da sua confiança e borboletas no estômago.
– Boa noite senhorita. Está pronta?
– Sim, Severus – Hermione arrumou as vestes antes de sentir o corpo levitar até ele, era a primeira vez que ela sentia a proximidade com o noivo consciente. A mão firme em seu quadril não deixava muito espaço para pensar e ouvir ele acionado coisas deu silencio a seus pensamentos – Vamos jantar fora?
– Um local especial. Eu demorei a semana inteira construindo a esta chave –Hermione encurvou levemente a sobrancelha – como outras para recolher os materiais necessários para a pedra filosofal. Além disto, hoje é 30 de outubro...
Ela baixou levemente os olhos e apertou as mãos na cintura do professor, apertando aos olhos quando sentiu o rodopiar leve de uma chave ser acionada. Estavam na Irlanda, ao pôr do sol. Era campo aberto até se perder a vista é havia uma árvore com suas raízes limpas e bem podadas, Severus abaixou-se para pegar as suas pernas e a levou até o local. Enquanto segurava Hermione. Ele meneou levemente a mão e pode-se ver uma cesta saltando das vestes dele e arrumando-se automaticamente
– Onde estamos? – Perguntou ao ser colocada no chão sobre a toalha
– Irlanda
– Por?
– A senhorita nunca teve acesso às memórias. Nunca soube o que fiz pelo que fiz e eu acredito que
– Eu ouvia por altos na mansão que Harry herdou de Sirius. Eu não preciso de mais nada para confiar em você, você me salvou mais vezes que posso me lembrar e certificou em cuidar da minha saúde e da minha filha, não preciso de mais nada além da sua companhia para termos assuntos maduros para conversarmos. E mencionando conversas, precisamos discutir alguns tópicos da cerimônia que se aproxima, se assim concordar.
– Não esperaria outra coisa. Precisaremos arrumar chaves para trazer os seus pais a cerimônia
– Eles não vêm. – Severus levantou a sobrancelha – Não pela família Weasley, mas por eles não lembrarem quem sou. Os Granger não existem mais Severus, meus pais vivem com outro nome do outro lado do planeta e acredito que estão felizes.
– É uma pena
– E seus pais?
– Mortos – Respondeu secamente – Eileen pelo próprio marido e Tobias pela própria cirrose
– Meus sentimentos
– Não por isso. E sobre o casamento...
– Já organizei tudo. Só preciso de uma lista dos seus convidados e uma varinha
– O primeiro não existe. O segundo é fácil de arrumar, festa está fora de cogitação
– Sim. E quanto ao último tópico sobre a cerimônia... – Ela mordeu o lábio nervosamente – Eu confio no senhor. Eu estou com medo, mas sei que não vai me machucar
– Granger, eu não vou fazer nada do que você não queira
– Ainda sim, eu vou fazer. Não quero nada em aberto para que a família me peça de volta igual a uma mercadoria. E mesmo assim, só terei a você e nossa filha como família
– Isto nos leva ao próximo tópico de conversa. Filhos. Eu devo imaginar o quanto você é apegada a sua cria e sei que se apegou a possibilidade de tê-la de volta e que ela carregará ao sobrenome da família Prince, mas ela será a única da minha descendência, se no futuro a senhorita desejar mais filhos, não protestarei em a senhorita procurar outras pessoas para doarem – pigarreou – materiais.
– Está me dizendo que posso arrumar um amante, Severus?
– Se este termo estiver adequado para a senhorita, então sim! – Hermione gargalhou – Do que está rindo?
– De você sugerir isto a mim. Lealdade e amizade primeiro. – A reforçou
– Por isto que o chapéu seletor a colocou na casa dos leões?
– Sim. Além disto, eu creio que depois das nossas núpcias eu me tranque em um celibatário e termine meus estudos em outro local a Hogwarts.
– Se assim deseja...
– Eu estive pensando... – Ela disse depois de um tempo em silêncio – Ainda não me desceu a ideia de sermos marido e mulher principalmente considerando que jamais tivemos uma relação boa em Hogwarts
– Continue
– Então como estamos pulando várias etapas em dois dias... Por que não viramos amigos? Parceiros de trabalho?
– Granger, você não terá acesso ao meu laboratório enquanto não conseguir coordenação motora o suficiente para se manter em pé.
– Certo. – Ela voltou a morder o lábio inferior
– Fale logo.
– Bem, eu ia esperar mais dois dias até o casamento, mas ontem... Ontem eu consegui me equilibrar. Sozinha. Sem auxílio da magia – Terminou sorrindo – E foi maravilhoso. Mágico. Eu ainda não tenho forças para me levantar sozinha, mas são de pequenos progressos que eu sou feita agora
Severus nada disse, a isto levantou a vista ao céu e Hermione pode ter o pequeno deslumbre do céu estrelado. Ele levantou-se e estendeu a mão para ajudá-la a erguer-se do chão. Temendo que a machucasse, ele a pôs nos braços até onde um pequeno caminho se fazia abaixo da abertura das estrelas
– Eles chamam isto de caminho para o cé único lugar que aparenta ter alguma ligação com ele – Ele seguia carregando-a pela estrada local – este local alinha-se com a estrada uma vez a cada dois anos e desde a morte de Lili eu sempre venho aqui quando isto acontece. Ela foi a minha única amiga e a única pessoa que intercedeu por mim mesmo eu a levando para a morte
– Severus... – Hermione o chamou suplicante após perceber que já haviam caminhado o suficiente – me põe no chão. Você está cansado.
– Não. Eu prometi a ela que jamais machucaria nenhum outro que fosse meu amigo, e embora não sejamos exatamente isto, mas a senhorita está inclusa.
– Severus – Hermione disse – Eu estou bem, você me salvou e me curou, você me trouxe de volta e você salvou ao filho dela.
Severus parou.
– Eu sei da promessa que você fez a Albus. E acho muito corajoso – o homem travou – É altruísta da sua parte e eu sou imensamente grata a isto. Põe-me no chão – Ele fez como pedido, mas diferente do esperado por ele, ela manteve em pé – Você precisa parar, descansar, dividir comigo esse fardo. Eu sou a sua amiga e serei a sua mulher, mãe da sua descendência. Isso me faz mais amiga a qualquer outro termo.
– Saberei agradecer, senhorita Granger.
– Você não precisa – Ela levou a mão a face dele e afagou – Eu tenho certeza que não estamos mais retribuindo favores e sim nos ajudando.
No instante seguinte Hermione estava grudada ao pescoço dele abraçando-o e pela primeira vez na sua vida, Severus soube o que foi ser abraçado de verdade. Não por pena, não por saudade e muito menos sem segundas intenções ou após prestar um favor e quando ele passou os braços em volta da cintura de Hermione, a puxando mais para si, as estrelas começaram a movimentar-se como se comemorassem aqueles dois seres unidos e ele percebeu que, tudo o que precisava estava ali, em seus braços.
