Agora não Adianta Chorar

Naquela tarde não conseguiu estudar, toda vez que sentava com o livro, começava a divagar sobre a vida e sobre seu amor. Queria matar o pai idiota por proibi-lo de sair de casa. Mas essa noite teria Milo novamente e nada o impediria.

Já estava quase na hora. Os pais apareceram em seu quarto despedindo-se. Kamus sorriu dizendo um "até logo" mais feliz que o normal e correu para o banho. Mal acabou de se enxugar e viu o grego pular para dentro do seu quarto, entrando pela janela que deixara aberta.

Alguém te viu? – Perguntou fechando a janela e a cortina.

Não... – Milo sorriu reparando que o francês estava apenas de toalha esperando-o.

Ótimo... – Kamus sussurrou notando na calça jeans colada no corpo que o amante usava. Aproximou-se tomando os lábios quentes num beijo cheio de urgência.

Quanto tempo passara desde que não se beijavam mais daquela forma? Já perdera a conta... E era tão bom sentir aquela língua passear em sua boca. Deixou as mãos vaguearem pelo corpo forte e bronzeado, sentido os músculos se retesarem levemente. Não demorou para que os dois estivessem sem roupas, na cama, gemendo um o nome do outro, assim como palavras desconexas.

Uhm... – Kamus puxava o amante para um beijo, enquanto envolvia sua cintura com as pernas. Os dois gemiam e arfavam entre o beijo, sem parar com os movimentos ritmados.

Ka... Kamus... – O grego mal teve tempo de sussurrar e sentiu-se inundando o interior do amante. Afundou o rosto nas mechas azuladas, sentindo a ereção do francês roçar seu abdome, mas antes que pudesse fazer qualquer coisa, uma voz fez seu sangue gelar e sua mente esqueceu-se até de respirar.

Droga... – Kamus fitou a porta entreaberta e praticamente jogou Milo para o lado, vestindo um short, enquanto ouvia a respiração pesada do pai no corredor.

Saia do quarto imediatamente... – Kamus praguejou mentalmente. O que ele estava fazendo ali? Deveria estar no jantar importante, mas estava parado no corredor, em frente a sua porta. – E quanto a esse moleque... Pode sair por onde entrou... – A porta bateu com estrondo, o que deixou Milo muito assustado.

Milo... Se vista! – O francês jogou as roupas para o amante, sussurrando e abrindo novamente a cortina e a janela. O grego obedeceu, vestindo a cueca e o jeans.

Kamus... Eu...

Deixa... Vá embora daqui... Rápido. – Empurrou o amante para a janela, enquanto pensava em uma boa desculpa para contar ao pai. – Vá... Depois eu falo com você... Agora apenas vá... – Milo despediu-se com um rápido selinho, desejando poder fazer muito mais que aquilo.

Assim que se viu sozinho respirou fundo e seguiu para fora do quarto. Encontrou o pai no escritório, vestido com as roupas do jantar ainda. Ele estava de costas, não pôde ver, de primeira, a expressão de seu rosto, mas sabia que seria das piores. Aproximou-se cautelosamente, procurando não fazer barulho.

Kamus... – Ele sussurrou. Tinha um copo nas mãos e a bebida clara refletia a luz intensa do lustre de cristal que pendia do teto. – Não vou te perguntar o que estava fazendo... – Tranqüilizou-se, pelo menos não teria que falar. Mas o pai virou-se de frente, não com uma expressão medonha, mas com um olhar triste, parecia magoado. – Eu sabia o que estava acontecendo, só não queria confessar. Então me diz, Kamus, por quê?

Não havia o que dizer. Pensou em chorar, mas seu orgulho era maior. E o que significava aquele olhar magoado e triste? Ele não havia feito nada de errado, ou havia? Estava sem fala e sem ação, como sempre acontecia quando era repreendido por alguma coisa grave.

Por que você... Não é como os outros? – A bebida era remexida no copo de cristal, em um brilho caramelado. As perguntas não eram dirigidas a si e sim ao próprio homem que as proferia. – Foi erro meu? O que fiz de errado em sua criação? – Mais uma vez não entendia o que deveria fazer. E aquelas perguntas começavam a mexer com algo dentro de si, que certamente iria feri-lo muito. – Por que me desobedeceu? Mandei que ficasse longe dele! – As últimas duas perguntas foram ditas com severa raiva e dirigidas finalmente a si. Levantou os olhos lacrimejantes, fitando o pai.

Eu... – Achou sinceramente que sua voz não fosse sair tão vacilante e tremida, mas na verdade isso já não importava. – Eu não posso obedecer a isso... – Sussurrou fitando o tapete.

Não pode? Você pode sim... Eu sou seu pai e mando em você... – Kamus sentiu sua camisa ser agarrada e em um instante estava encostado na parede do escritório, fitando o gélido olhar azul do pai. – Por que me desobedeceu?

Porque... – Desviou o olhar, procurando fitar qualquer coisa que não aquelas duas safiras acusadoras. Mas o aperto em sua camisa aumentou e as mãos chegavam perigosamente próximas ao seu pescoço.

Porque... Porque... Você só quer me afrontar... Mas isso acabou! Nunca mais vai ver aquele moleque ou aqueles outros pivetes. – Felizmente seu pai soltou a blusa virando-se de costas.

Mas... Por favor... Não... – Deixou que as teimosas lágrimas finalmente escorressem, deixando a face nervosa com uma coloração avermelhada.

Tarde demais... Se tivesse me ouvido antes. Não deveria ter feito isso... Deveria ter ficado longe dele... – O tom de voz, ríspido e ligeiramente alto, fazia seus joelhos tremerem sem controle. Procurou algo que pudesse dizer, mas naquele momento sentia-se uma criança, que não conhecia palavras o suficiente para poder se explicar.

Não... Posso... Não consegui... – Os olhos frios o fitaram novamente, reparando pela primeira vez no choro não contido do filho. Mas a cena não amoleceu o coração do pai, ao contrário, pareceu dar mais raiva.

Por quê? POR QUÊ? – Ele segurou novamente a gola da blusa, encostando o filho na parede, querendo machucar aquele rostinho alvo e perfeito.

Porque...

Vamos, responda! Quero ouvir se tem motivo para a desobediência... – O tom de voz, perigosamente alto, atraía a atenção dos empregados e da mãe do garoto. A mulher ficou parada na porta do escritório, chocada com a cena que presenciava. – RESPONDA!

Porque... Não posso ficar longe dele... Porque... EU O AMO! – Kamus mandou toda a cautela pro inferno e gritou algo que gostaria de dizer fazia um bom tempo. Mas havia um preço alto a se pagar pela audácia.

Um tapa forte fora desferido, arrancando sangue do canto de seus lábios. Desejou que a mãe não estivesse ali para ver aquilo, mas ela estava e nada a faria sair de seu lugar. Sentiu outro tapa e mais outro. Deixou a cabeça pender molemente no pescoço, chorando baixinho.

Nunca mais diga isso... – O pai sussurrou perigosamente perto de seu rosto. – Vou dar um fim a essa loucura... – Ele soltou a blusa deixando que o filho escorregasse até o chão. A mulher correu para abraçar a criança ferida e chorosa, procurando limpar o sangue que se acumulava no canto dos lábios avermelhados. – Você vai à escola especial a partir de amanha.

Não! – A reação lhe traria mais problemas, mas não desejava deixar aquilo barato. – Não pode fazer isso! Não pode me afastar dos meus amigos! –Soltou-se dos braços da mãe, levantando-se sobre protestos de seu próprio corpo. – Pode me proibir de jogar, mas não pode me proibir de vê-los...

Kamus, por favor... – A mulher engoliu o choro, sussurrando ainda ajoelhada no chão.

Deixe-o falar... De nada adianta. Você vai descobrir que eu posso te proibir de muito mais coisas do que você pensa... – O homem virou-se de costas pegando o copo com a bebida, que estava pousado na mesa de trabalho.

Não! – Que audácia! Era um louco por estar desafiando o pai daquela forma, mas estava cansado da vida que tinha. – Pode me mandar para aquela escola especial, pode me bater... Mas nada disso vai mudar o que eu sinto por ele! – Sim... Dessa vez fora demais. Um tapa imensamente mais forte o fez cair ajoelhado no chão, sem conseguir pensar em mais nada que pudesse fazer por si mesmo.

Cale-se... – O pai virou-se para o empregado dizendo algo que Kamus não pôde escutar, pois sua mãe voltara a abraçá-lo segurando sua cabeça contra o peito. Alguns minutos depois o empregado voltou trazendo a torre de seu computador e o telefone que havia em seu quarto.

Fitou o homem pousando tudo na mesa do pai e se retirando em seguida. Afastou delicadamente a mãe, pondo-se novamente de pé, finalmente tomando consciência da prisão que enfrentaria. Reparou no aparelho de celular, junto dos outros meios de comunicação e entrou em choque.

Você vai para a escola especial, nunca mais vai poder falar com seus "amigos"... – O homem sorriu perversamente, deixando um brilho insano passear pelos olhos frios. – Só vai sair do quarto para ir à escola e para as refeições, fora isso ficará trancado. – Os olhos de Kamus eram duas pedras frias e sem emoção, mas por dentro seu coração gritava de desespero na expectativa de ser trancado. – E nem pense em fugir ou ficará muito pior que isso... Agora suba e lave-se, não o quero desta forma sentado a minha mesa. Depois troque de roupa e desça para o seu jantar.

Kamus entrou no quarto chutando tudo o que via pela frente, entrou no banheiro arrancando as roupas, quase rasgando a blusa de tanta raiva, o cheiro de Milo ainda em sua pele. Ligou o chuveiro ouvindo o som da água caindo, sentiu as lágrimas descerem molhando o rosto cansado. Milhões de coisas passavam por sua cabeça, milhões de assombrações e suposições pessimistas. Pior do que estava não poderia ficar... Ou poderia!

Jamais duvidara que o pai fosse capaz de medidas extremas, mas aquela fora um pouco além do que se podia imaginar um ser humano praticando. Entrou no chuveiro sentindo a água escorrer, lavando qualquer vestígio de sexo, todo o cheiro de Milo se dissipando junto com o calor de seu corpo. A água fria animava seus sentidos, mas não sua mente, que trabalhava sem parar, na expectativa de encontrar meios de sobreviver àquele absurdo.

Era agora que testaria todo seu amor por Milo, tudo o que dissera sobre o sentimento forte que sentia, seria posto à prova agora. "Vamos sobreviver", pensou. Sobreviver ao tempo, à separação... A água escorria por todo o corpo, lavando os resquícios de sêmem e suor. Pensando em Milo, na situação, em sua vida... Uma das mãos escorregou pelo peito alvo e forte, espalhando as gotículas de água, acalmando o coração acelerado e agoniado. Os dedos procuraram um dos mamilos, apertando-os, enrijecendo a carne sensível.

Milo... – Chamou baixinho o nome, como se ele pudesse ouvi-lo ou sequer ajudá-lo. Os dedos abandonaram o mamilo intumescido, contornando os músculos do peito e do abdome definido, percorrendo a pele clara como se fosse a bronzeada do grego. Enfim a mão chegou ao objeto de prazer, sentindo a rigidez aumentar com o toque firme.

Queria tanto o escorpiano ali, que nem pensava no que fazia, apenas sentia como se tocasse Milo e como se ele o tocasse da mesma forma. Acelerou o ritmo, estocando o próprio membro, gemendo baixo o nome de seu amante, delirando em meio às lembranças, ainda vivas em sua memória. Podia sentir seu toque como se fosse o grego, como se tudo aquilo não passasse de um sonho ruim, do qual ele acordaria assim que abrisse os olhos e fitaria Milo lhe sorrindo. Mas nada mais viu, além da parede de azulejos do boxe, ainda olhou em volta procurando por alguém, mas estava sozinho.

oOoOo

Milo, que foi que houve? – Aioros ajoelhou-se no chão, em frente ao amigo, segurando suas mãos, vendo os olhos azuis marejados de lágrimas pesadas.

O pai dele chegou... Foi horrível... – Milo sussurrou abaixando a cabeça e encostando-a no ombro do amigo. – Ele viu tudo...

Ele viu? Viu o quê Milo?

O que você acha, Kanon? Não faça essa pergunta idiota! – Saga ralhou com o irmão, sentando-se ao lado de Milo.

Eu nunca mais vou poder ver Kamus novamente. – O grego chorou, molhando o ombro de Aioros. Os três amigos ficaram consolando-o, não havia muito que se dizer. Eles sabiam que o pai de Kamus era capaz de qualquer coisa para deixar o filho longe de Milo e deles próprios.

Não podiam deixar de sentir raiva, afinal aquele idiota fazia Milo sofrer e isso doía, tanto nos gêmeos e em Aioros, quanto no próprio Kamus. Doía fundo saber que Milo, logo ele que estava sempre sorrindo. Aioria também adentrou o quarto logo se sentando ao outro lado de Milo, abraçando-o enquanto tentava em vão fazê-lo parar de chorar.

Continua...

oOoOo

N/A: Bom, muita gente já está mesmo com raiva desse pai preconceituoso e ditador, mais um pouco non vai fazer diferença. XD Mas esse lemon que vocês esperavam vai ficar pra depoooois, quando eles se reencontram, por enquanto vamos dar velocidade aos acontecimentos.

Chibiusa-chan: É... Ela é inútil no exercimento da profissão de reencarnação de Deusa Athena! XD AUAHUHAUHAHA... Mas... Como Deusa ela é boa goleira...

Yoros: Nhaaa Brigada por amar minha fic! Eu non esqueci do lemon! Ele vem aí, calma! XD

Pipe: Eles vão voltar... Teremos finais felizes pra todos!

Rafaela: Ele é tonto. XD Mas é que ele precisava brigar com o Dido... Bom, c vai esperar minha facul me dar tempo de escrever, ta? Mas vou tentar um Hyoga X Shun.

Litha-chan: XD Eu non posso matar o Seiya, non nessa fic... Shaka e Ikki está a caminho e... Bem quente... XD

Anna-Malfoy: Calma moça, era só pra dar mais história aos personagens... Eles vão ficar juntos.

Brucz: XD Ah q baum q c ta gostando das duas... Eu vou terminar Love Rollercoaster, prometo!

Ilia-chan: To com a sensação q desapontei todo mundo em relação à noite de Kamus e Milo, mas td bem né...

Kitsune Lina: Eu acho Hyoga e Shun crianças... Seria como escrever um yaoi shota... Non q eu não goste, mas é preciso uma inspiração à parte, pq geralmente eu prefiro os douradinhos gostosões... E tb pq eu já passei da fase dos 14 anos faz tempo, ae fica mais difícil, mas eu vou tentar!

Ana: Claro que vou continuar! XD Só que eu sou lenta... hohohoho...

Ice Princess-Nath: Fiquei curiosa pra saber pq non gosta de Hyoga e Shun juntos... Brigada pelos parabéns!

Brigada por estarem lendo a fic e por me mandarem tantos reviews! Não se desapontem, eu vou correr com os acontecimentos, mas um lemon está vindo aí!

Bjus.

Ps: As falas estão em itálico... Maldito site!