Nimueh sempre garantiu em sair duplamente vitoriosa das suas negociações. Garantiu sempre que o sobrevivente se sentisse tão culpado que a procurasse para retirar a culpa de si e então ela levaria a alma trocada e a moeda de troca. Sempre foi assim até Merlin assassiná-la cruelmente para salvar a vida de Arthur. Com a sua morte, Cailleach assumiu a entrada do véu e quando Morgana rasgou este para trazer as trevas para o mundo, foi necessário outro sacrifício para que o véu fosse restaurado.

Tamanha demonstração de poder escuro semelhante só foi demonstrado na batalha de Hogwarts, mesmo o véu aberto apenas para entrada, muitas almas ainda conseguiram escapar da ida para o portal, empurrando outros e voltando para seus corpos, o porteiro da vez sentiu roubado mas nada podia fazer, já que o senhor da morte, Harry Potter, já havia sobrevivido mais vezes que normalmente a ela, por tanto, estava fora de cogitação uma retaliação, outro motivo que a fez recuar foi a ordem da pedra em trazer do véu, aprisionado no ministério, a alma de Frederich Weasley, em troca de Rose Weasley, de alma pura. Uma alma pela outra para manter o equilíbrio, para que nem os poderes de luz pudessem destruir o feitiço de necromancia feito.

Mas então, a morte foi feita de tola quando encontrou o corpo e não a alma da criança, Rose Weasley jamais atravessou o portal e esse se manteve aberto, mas com a morte de Severus Snape, tempos mais tarde, finalmente poderia ser fechado.

Na conversa com os deuses, a pessoa responsável por buscar a alma deveria ser alguém que ele confiaria para finalmente ir e, pelos seus atos, Severus Snape teria direito de escolha ao local que ficaria podendo até trocar com uma alma do local. Sabendo desse detalhe, Albus Dumbledore voluntariou-se a tal tarefa.

O corpo do homem negro estava ainda no meio da nave da igreja onde estavam a buscar a água da restauração. A última parada antes de voltarem para Escócia.

Ele permaneceu deitado, os braços esticados, os dedos tocando a base da varinha, o cabelo cobrindo a face e a mão esquerda segurando a metade intacta do frasco que recolheu o líquido. Os olhos negros, outrora intimidadores estava na água escorrendo embora não focassem em mais nada, apenas na culpa de ter falhado

– Severus – Chamou Albus nas suas costas – Está na hora, o véu está aberto esperando a sua passagem.

– Eu falhei com ela. Eu só prometi uma coisa e falhei

– Não é sua culpa, filho. Você sabia dos riscos que ocorreriam caso chegassem aos ouvidos errados sobre a fabricação de uma nova pedra. A criança jamais teve chances. – Albus abaixou-se tocando no ombro do homem de negro – Não há mais nada a ser feito.

– Então eu devo deixá-la sozinha? – Perguntou ele finalmente levantando a face

– Você fez tudo ao seu ao seu alcance.

A alma do homem então sentou, finalmente abandonando o seu corpo e as dores que sentiam ficaram para trás. Albus viu quando a luz dos olhos se apagou finalmente, deixando-os vazio e a ferida na face deixou de sangrar.

– Ela ficará bem? – Perguntou olhando para os pés

– Na medida do possível.

O homem então levantou olhando finalmente para o seu guia espiritual, as roupas resplandecentes pareciam ter sido feitas exatamente para ele e enquanto o homem se punha sob os pés, tudo a sua volta parecia correr em câmera lenta, ele conseguiu ver pessoas do ministério da magia correndo para o seu corpo, Hermione amparada pelos bracos da mãe e Harry desolado ao fundo da igreja. Então luz

Ele acompanhou Albus com as mãos intactas para trás por todo um corredor braço e ao final, uma porta de maçaneta dourada. Severus sabia que aquele poderia ser um ponto sem retorno, mas além de Hermione, ele não havia deixado nada para trás, quem sabe sua Lily não estaria esperando por ele atrás daquela porta?

Ele já havia fugido da morte tantas vezes que a sua alma havia se tornado uma verdadeira escapista, mas agora era hora de finalmente enfrentar o seu destino.

A porta se abriu para encontrar uma sala igualmente branca, cercada por cadeiras e pessoas de vestes de cor bege. Algumas pessoas ele conhecia, eram pessoas que se mantiveram neutras em todas as duas guerras do mundo bruxo, outras eram funcionários do ministério quem se redimiram no último instante, mas toda a carga da sua vida os manteve ali, entre pagãos e bruxas que deixaram que outras pessoas assumissem as suas culpas e tomassem os seus lugares na fogueira durante a idade das trevas.

– Seja bem-vindo – Disse a voz que Severus ouviu reclamar pelos últimos meses – Todos nos sentimos muito o que aconteceu e os motivos que o levaram a estar aqui, mas saiba que esse não é o fim da sua jornada. Não ainda, você tem uma escolha a ser feita e essa escolha também determinara o futuro da senhora Prince.

– Eu posso escolher voltar?

Klaus olhou para todos os lados esperando que alguém lhe desse uma resposta correta.

– Somente quando você escolher livrar do peso em suas costas. – Respondeu uma jovem de cabelos loura que Severus reconheceu o quadro que Aberforth possuía no meio do seu estabelecimento. – E você poderá escolher onde o seu coração desejar ficar. Onde o seu espirito terá paz

– Mas não será tão fácil assim – Katherine finalmente se pronunciou levantando e entrando no meio da multidão que estava para ver a nova persona quem decidiria para qual lado decidiria ficar

– Creio que Severus será sábio em suas escolhas – Disse Albus pondo a mão no ombro esquerdo do homem – E se ele souber escolher, poderá fazer feliz duas pessoas

e guiando-o para o fundo da sala sob a vista de todos, o ex diretor guiou Severus para duas portas, uma de maçaneta igual a que ele usou para entrar na sala e outra com pequenos entalhes de arvore.

O fosso para o qual se abriu a porta era profundo e sua fundura dívida em camadas podia ser observada do início do caminho, onde um banco parecido com o de início de cada cerimônia de abertura de Hogwarts jazia um chapéu velho.

– Você só pode está com algum tipo de brincadeira

– Os deuses gostam de criar um pequeno humor em relação a onde a pessoa vai passar a eternidade.

– Vejo a ironia dançando em frente aos meus olhos, acredite

– Se me permite a curiosidade, por que há tanta aversão ao chapéu seletor?

– Se ele seguisse as diretrizes que lhe fora ordenada, jamais aceitaria sugestões e muitos erros poderiam e deveriam ser evitados, mas vemos claramente que um chapéu ordenado por Albus Dumbledore não é um dos melhores seguidores de regras, por tanto aceita sugestões de alunos, lhes fazem perguntas sobre o que é mais importante enquanto ainda são crianças com caráter em formação e voam em fênix carregando uma espada depois que todos perderam as esperanças.

Os olhos do velho perderam a perspicácia por segundos, mas seus planos em trocar sua alma pela de Severus Snape perderia total controle.

– Não percamos tempo, Severus – começou ele – creio que outras pessoas estão esperando por sua vez

– Ansioso, Dumbledore? – Severus perguntou – Lembre-me de perguntá-lo se tenho como ficar bem longe dos seus planos. Minhas ulceras ainda doem quando lembro do estresse que era sobreviver com suas ordens

– Não creio, Severus que aqui haja mestre ou escravos.

– Ainda sim quero ficar longe de você, muita gente perdeu muitas coisas por você querer ser tão poderoso quanto Merlin e você levou famílias a extinção e a ruínas pela sua sede de poder.

Sem deixar que respondesse, Severus tomou do banco o chapéu surrado e o pôs em sua cabeça, sentindo-o acordar

– Huuum, vejo que você preferiria estar em qualquer outro lugar a aqui

– Adivinhou isso olhando em minha mente ou pelo o meu tom de voz?

– Severus… – O repreendeu Dumbledore

– Deixe-o, Albus – o chapéu interveio e então voltou para o homem que o vestia – Você está aqui por muitas influencias deste mundo. Desde cedo a sua sede por poder para uma vida digna foi tortuosa. Filho de um atormentado por espíritos e de uma mágica poderosa, muito próximo de nascer sem amor algum e o pouco que restou, foi enrolado em acidez caustica para esconder os traumas, abusos e negligencias.

– Se vai começar a contar a minha biografia, avise para que eu consiga dormir um pouco. Afinal de contas, não se pode matar um morto prestes a ir para o inferno.

– Aí que você se engana, meu filho – O chapéu novamente interveio – A sua alma pesa meio a meio para os dois lados, para cada ato ruim que você praticou, há uma motivação, e para cada morte, houve duas vidas sendo salvas. O seu lugar não é aqui…

– Mas deixe que ele escolha onde quer ficar. – Dumbledore interrompeu – Ele precisa conhecer tudo para escolher

– E você não vai facilitar a escolha dele – O chapéu falou – Lembro-me de como a sua alma é suja, sem nenhum local limpo devido a cada manipulação que você cometeu nos seus dias de vida. Cada sangue que hoje sua a suas mãos não há uma plausível explicação sobre o que você tanto defendeu.

– Isso não é verdade.

– Você espera que eu fale de cada pecado, de cada círculo a qual você pertence? – Ironizou o chapéu – Eu não teria tanto tempo assim. Afinal, ainda preciso julgar alguém que não pertence aqui por escolhas que você mesmo fez.

Severus nada disse, apenas permaneceu sentado observando o poderoso Albus Dumbledore perder a sua postura de deus da magia e suas imaculadas vestes começarem a sujar pelo barro que estava no caminho.

– A qual local Severus pertence, Minos? – Perguntou derrotado

– A sua penitencia é escolher – Respondeu – Ele saberá ir para onde o seu coração o chamar. Basta seguir o caminho que desejar escolher. E Albus, ele deve voltar e escolher, antes de tudo, uma porta.

O ex diretor vacilou por um segundo até que as palavras de Severus soou

– Eu quero ir para onde está Lily