texto aprovado pela direção do "Severus Snape Approves" no facebook
Minos quase saltou da cadeira quando a natureza do pedido de Severus fez sentido. Ele nada poderia fazer a menos que, antes da aceitação do homem ao lugar, ele mudasse de ideia. E tudo estava resumido a encaminhá-lo para onde queria.
– Como sua punição é encontrar o lugar a que pertence, você deverá dar a certeza do círculo ao qual participará para o chefe do local. Mas adianto, você tem certeza de que quer descer os níveis? - Severus quase acenou
– Claro que ele tem certeza, Minos. – Albus se prontificou a responder antes que o homem respondesse.
– Devido a sua companhia – Começou Minos – irei alertá-lo. Se alguém de qualquer círculo do plano acima do que você decidiu seguir vier buscá-lo antes que você aceite a sua escolha, você será levado para lá imediatamente. Entendido?
– Isso não acontecerá – Dumbledore interveio novamente – Severus é alguém que não tem ninguém além de mim.
– É o que veremos. Boa sorte na sua jornada. E se souber fazer as escolhas certas, poderá estar com quem mais depende de você no momento sem nenhum segundo de diferença. Apenas lembre-se dos motivos que o trouxeram aqui.
Ele assentiu e começou a sua jornada caminho abaixo. Seu terno negro impecável continuava bem assentado no seu corpo, diferentemente das pessoas do fosso a sua frente. Dumbledore continuava caminhando, cantarolando alguma coisa sobre a música de boas-vindas que Severus havia passado nos últimos quase vinte anos ouvindo.
– Você pode, pelo amor de Merlin calar a boca e caminhar em silêncio? – Ordenou.
Por um segundo o velho parou os dois pés, como se estivesse assustado, mas inspirou fundo e continuou a sua caminhada. Severus então notou a sua volta diversos bruxos que algum momento em sua vida tiveram a luxúria. Praticamente toda a família Black estava presente, ao fundo Severus poderia ver um espectro de si mesmo ascendendo dentro do círculo do lorde das trevas e o orgulho que sentia por isso. Os poderes que aquilo lhe davam. Internamente ele teve a mesma sensação de pertencer aquele local, desde o sobrenome de poder da mãe, a paixão arrebatadora que sentiu por Lilian quando a viu brincar no parquinho algum tempo antes, o desejo que sentiu no seu íntimo de que a garota deveria ser dele, de todas as poucas posses que possuía na época, Lily deveria e seria a mais importante. Ele pertencia ali? Ao momento que desejou a sua Lily? O vento impetuoso arrastando a todos, apagando o seu espectro o fez pensar que não.
O caminho descendo se fez a sua frente, e o vento jamais o tocou, nem mesmo a lapela do seu terno se moveu enquanto passavam pelo meio da ventania. Por um segundo, ele teve a sensação de que Bellatrix Black Lestrange passou por cima dele gritando. Mais um passo para fora, se fez silêncio.
O caminho era mal iluminado, embora plano, mas todos os instintos do Severus o fizeram caminhar com cautela como se estivesse prestes a explodir uma guerra. Ele via a manta de Albus cada vez mais suja à sua frente, enquanto o seu terno e sapatos continuavam impecáveis, ele analisou a sujeira subindo até a altura da panturrilha. Eventualmente parou logo atrás do homem, analisando a sua volta.
– Lago da Lama, ou lago da gula – Falou ele – aqui estão todos os que anseiam pelo poder acima de qualquer coisa.
– E qual milagre você não está aqui? – Dumbledore se encolheu – O lorde das trevas…
– Tinha a alma fragmentada demais para seguir para qualquer lugar.
Os ombros de Albus caíram e então Severus olhos a sua volta, querendo achar Eileen, a matriarca que o ensinou que poder nunca era demais. Ela ensinou ao filho toda a base para magia e feitiços, algumas vezes dava dicas a ele de como conseguir notas máximas no que fazia. Antes de cada ano, ela sentava com ele dias antes de partir, era nos dias que Tobias passava o dia na taberna gastando o dinheiro que ela economizava para comprar alguma coisa para ele. Os sete anos que Severus passou em Hogwarts, sempre houve uma promessa de algum animal de estimação para manter contato mágico, mas nunca concretizava. Tobias sempre atrapalhava, arrancando o dinheiro que ela economizava das suas vestes e a cada dois anos, ela comprava vestes de tamanho maior para o filho para não correr o risco de ele não participar no ano seguinte por causa da pobreza da família. Mas ela sempre instruiu que o poder era a melhor forma de sair daquela situação, por tanto, quando Lucius ofereceu a ele poder que apenas sangues puros obtinham, ele aceitou sem hesitar.
– Ela não está aqui? – Perguntou a Dumbledore
– Não. Eileen tinha fome por poder, mas não está aqui. A sua alma… eu não sei onde se encontra – Gaguejou – Continuemos.
Ele nem sequer teve tempo de analisar os rostos dos que estavam ali, antes que o fogo maldito corroesse tudo e os gritos começassem a atrapalhar.
A lama nas vestes de Dumbledore já estavam um pouco acima do esperado quando chegaram a outro patamar. Muitos Goblins pertenciam a ele, outros mestres porcionistas que morreram sem falar sobre as receitas das suas poções na intenção de deter riquezas para si. Muitas doenças no mundo mágico voltaram por causa deles, e algumas eram a face de nomes que Severus admirava a genialidade. Outros eram tão mesquinhos que não haviam nomes, apenas as suas ideias que jamais foram compartilhadas.
Ao fundo, ele podia ver a si mesmo, entre os seus doze ou treze anos, na beira do rio ao lado de sua casa conversando com Lilian sobre o ano escolar prestes a iniciar, dividindo com ela coisas que Eileen havia lhe ensinado para aquele ano. Como mascar lesmas sem que elas voassem, quando um galho estourou próximo a eles, temendo que fosse o seu pai e que este descobrisse sobre Lily, Severus lançou da varinha da mãe um feitiço para que um galho ficasse suspenso, os ânimos acalmaram quando viu Petúnia aparecer, mas o ódio que ele ficou em ter que dividir Lily com a irmã o fez soltar o galho na cabeça da loira.
O arrependimento foi quase instantâneo quando Lily correu atrás da garota e ficaram sem ver o restante do mês inteiro, se encontrando na plataforma no dia primeiro de setembro. Lily não falou com ele até que o trem partisse.
Ele vendo aquele capítulo da sua vida, sequer notou que estava ao final do nível, na verdade Severus não notou qual o castigo para as almas que estavam ali, ele apenas se perdeu aquilo e achou que deveria ficar lá. Mas quando deu por si, o caminho escuro ao outro patamar estava se fazendo à sua frente.
As zombarias das vozes eram inconfundíveis, perturbou Severus por pouco mais de sete anos e algumas vezes enquanto ele fechava os olhos, parecia ouvir e reviver tudo novamente.
– Ora, ora, se não é o Snivellus quem está por aqui? – Falou James – Eu disse a você que em algum momento a hora dele chegaria
– Mas veja, o caminho do ranhoso não acaba aqui – Sirius apontou – Eu sempre soube que ele era pior que nós dois juntos
– Que lindo namoro o de vocês – Severus rosnou da entrada – Tão lindo que acabaram no inferno juntos.
– Isso não é o inferno… – Espumou Sirius cada vez mais afundando na água – se fosse…
– O ranhoso não sabe de nada. – James rebateu, a água chegando a sua cintura. – Tudo o que ele sabe é ser aspirante a comensal da morte e olha onde ele está. Continua abaixo de nós.
– Olha onde a sua bravura os levou. E se não é o inferno, onde está Lily?
James piscou por um segundo. Os olhos castanhos vacilaram olhando para o homem agora a sua frente.
– Quem?
– A mulher por quem você começou a sua cólera? – Severus ergueu a sua sobrancelha.
– Eu não comecei por mulher, comecei por querer que você fosse humilhado. Ninguém bom foi Slytherin, a começar pelo o teu chefe quem o colocou a caminho do círculo mais profundo do inferno.
– Lily foi apenas uma vingança, ranhoso. Íamos tirar tudo o que você tinha, e você facilitou muito quando começou a andar com aqueles projetos a Voldemort. Um mestiço jamais será superior a dois sangues puros.
– Adivinhem, eu fui. Sobrevivi muito mais do que vocês imaginam, herdei dinheiro, ganhei de presente uma esposa e uma filha e a deixei viva. Ao contrário dos dois que mandaram a Lily para a morte. Vocês não conseguiram proteger a si próprios. Agora vivam aí, eu passarei a eternidade ao lado de Lily, aquela que vocês lutaram para afastar de mim.
A ira dos homens aumentou, afundando-os no lago. Os dois homens bravejam, mas nada saiu dos seus lábios enquanto Severus caminhou, seguindo o seu caminho. Mesmo que o seu castigo fosse pior que o daqueles homens, ele estaria em paz com a sua Lily e feliz por saber que eles saberiam disso por toda eternidade.
Os seus pés pararam antes do próximo patamar, ele estava em frente a cidade de cokewoth, ele sabia que o próximo passo ele veria Tobias estirado na rua de paralelepípedos irregulares depois de Severus usar a varinha da mãe para matá-lo aos quinze anos depois ter chegado em casa e encontrá-lo estuprando-a.
Ele sabia que o trouxa não era tão burro a ponto de quebrar a varinha da mulher, mas disse que o fez para vê-la reprimir a sua mafia. E desde então, Eileen era alimento para um obscuro até a sua morte em Azkaban anos depois. Severus reconhecia os sinais, a fraqueza, o alimento sem fazer efeito, os olhos perdendo a cor para a escuridão… ele reconheceu os mesmo em Hermione quando ela acordou no hospital.
Hermione
Esse nome o fez olhar para o caminho acima ainda feito. Hermione estava esperando por ele em algum lugar lá em cima, sem segurança, ela só contava com ele e agora… ela estava sozinha.
– Lilian está mais perto do que imaginamos – Albus tocou em seu braço – Você só precisa lutar contra as tentações que o caminho acima lhe fará.
"Não toque em mim, seu sangue imundo" ele reconhecia aquelas palavras. O atormentaram por dias, meses, anos. A sua existência decaiu depois que aquelas palavras foram proferidas. Tornou-se amigo de Avery e Mulciber, a magia negra o cerca cada vez mais. O seu ser ansiava por mais, mais escuro, aprender mais do que Eileen havia dito, e ela não o impediria, estava presa em Azkaban.
Severus caiu de joelhos enquanto assistia o seu mais novo afundado em livros da seção proibida, depois de persuadir um ou dois alunos sangues puros para conseguir a assinatura de Slughorn. Pince já havia alertado Albus algumas vezes, mas o homem fez pouco interesse no estudante.
– Você é o culpado por tudo – Bravejou apontando para o homem de joelhos
– Severus…
– Não. Eu não vou mais ouvir você. Você me deixou afundar, me deixou chegar ao fundo do poço para que? O seu 'bem maior' não se sobressaiu. Na verdade, na superfície há tantas pessoas quebradas pelas trevas que Ronald Weasley estuprou Hermione Granger.
As vestes do homem já estavam acima do quadril de sujas, mesmo assim Albus não se deixou vencer
– Se eles não sabem lidar com o que a guerra quebra, eu tenho certeza que eles não foram feitos para lutar.
– Nenhum deles estava pronto. Nenhum. Molly estava criando seus filhos e você viu uma provedora de exército. Lily e Alice deram à luz aos filhos e você viu dois pequenos soldados, que poderiam ser trocados. Arabella Figgs não queria ter passado anos assistindo a família Dursley.
– Severus.
– Não Albus, você me atacou por muito mais do que eu gostaria, e se é o fim dessa estrada que está Lily, eu gostaria de seguir sozinho.
Ele levantou para sacudir a poeira das vestes. Mas não encontrou nada, e caminhando até o próximo local, ele parou. Cada comensal que serviu com ele, aprendeu com eles sobre os feitiços das trevas, o ajudaram a melhorar cada Sectusempra, Abaffiato, levicorpus, estavam lá. Incluindo Peter Pettigrew. Cada langlock era aplicado sem nenhuma hesitação. Cada bruxo gritava, sacudia com a sua punição, mas Severus estava longe demais para ajudar. A cada passo era uma agonia que sentia dentro de si por ter criado feitiços tão escuros que estavam sendo usados no inferno.
Os homens ao seu derredor olhavam para ele, e o viam como o demônio punidor, então começaram a gritar algo como "tire-me daqui" "eu me arrependo" "Não aguento mais", mas as palmas de Severus estavam fechadas e o seu rosto impassível, há muito ele lembrou que não estava usando oclumência, então aqueles gritos estavam fazendo mais efeito a que ele demonstrava.
– O inferno é diferente para cada um. – Albus o esperou na entrada do próximo caminho. A maior parte das coisas podem não ser reais, mas estão aqui para você sentir culpa.
– Eu não sinto remorso por nada. – Ele falou. – A única coisa da qual me arrependo é ter ouvido você e aonde estou no momento – Ele apontou para uma porta
– Chegamos ao último. Lily está atrás daquela porta. Mas antes de ir, gostaria de avisá-lo, nem tudo o que Minos falou é verdade.
Ele abriu a porta, viu o caminho terminando em um trono dourado de almofadas vermelhas. Ele deu pequenos passos em direção a ela, e quando estava a cinco metros de distância, Lilian apareceu de trás do assento. Deu a sua volta e sentou. Os pés dele pararam ao analisar os cabelos ruivos caindo em cascata, a testa com algumas sardas que, quando crianças, ele chamava de constelação. Os olhos verdes brilhantes esbanjando luxúria, um rouge nas maçãs do rosto, os lábios semiabertos e nada mais. Lilian estava sentada igual a Vénus de Urbino, usando as laterais para apoiar as suas pernas.
– Esperei você por tanto tempo. Junte-se a mim e fique por toda a eternidade e você obterá o meu perdão – Ela estendeu a mão para ele e os seus, involuntariamente caminharam até ela.
A sua volta passava toda a cena de quando ele estava recebendo a sua marca negra, todos os comensais a sua volta, ele caminhando desnudo em direção ao lorde das trevas. E quando seu eu mais novo estendeu a mão para Riddle, ele repetiu o gesto.
– Espere – Gritou uma mulher atrás dele. Lilian levantou, sibilando enquanto batia com as duas mãos na poltrona. – Não faça isso, meu filho
– Tarde demais, Eileen! – Exclamou a ruiva então tocou na mão de Severus no mesmo momento que Voldemort tocou com varinha lançando a marca negra.
E Severus apagou.
