Antes de começar minha 2ªfic gostaria de agradecer a todos os comentários que vocês deixaram na minha 1ªfic, suas opiniões são muito importantes para que eu possa (tentar) escrever melhor!Obrigada a todos! XD
Quero dedicar essa fic, a uma pessoa muito especial e em memória da história que vivemos juntos, muitos sentimentos,diálogos,cartas e ações que fizeram parte da nossa história estão presentes nessa fic. Apenas uma forma de desculpar-me silenciosamente, já que provavelmente ele nunca lerá essa fic, um meio de dizer que sinto muito por tudo que ti fiz sofrer ,você ainda estápresente em meus pensamentos,mas não quero que olhe pra trás. Seja feliz!
Don't... Dream it's over
Capitulo I – Confissões no gelo
Sibéria, Rússia.
No meio de um gélido deserto um rapaz loiro sentado numa alta geleira olha fixamente para um colar com um lindo crucifixo incrustado com diamantes, que segurava no meio das mãos, sussurrava palavras como uma oração, um desabafo, uma confissão para alguém que já não estava mais presente com ele:
- Mamãe…
- Gostaria tanto que a senhora estivesse aqui neste momento para me ajudar, me confortar, me aconselhar… Mamãe o que devo fazer? Eu não sei… Será que agi certo? Eu não sei… As coisas aconteceram de um modo tão rápido e tão natural que quando me dei conta já estava ali fazendo parte de mim… ainda é tudo muito confuso dentro de mim… só você poderia compreender e me ouvir neste momento.Desde de muito pequeno eu já conheci o que era dor quando a senhora partiu, logo em seguida fui mandado para o Japão, um lugar estranho pra mim, foi como se tivessem me jogado num abismo escuro e se isso não bastasse queriam que eu me transformasse num cavaleiro e durantes anos eu treinei arduamente, sangrei e meu coração foi tornando-se cada vez mais frio e congelado. Existia apenas uma pequena chama acesa em mim, era você mamãe que a mantinha acesa e a esperança de vê-la novamente. Depois de ter conseguido me tornar um forte cavaleiro, isso também fez com que eu me fechasse para o mundo porém foi aí que conheci aquilo que as pessoas chamam de amizade verdadeira eu encontrei quatro verdadeiros amigos que me ajudaram a quebrar um pouco o gelo do meu coração, mesmo que eles não saibam, me ajudaram muito, com a amizade deles eu consegui sentir aquilo que achava que nunca mais poderia sentir :confiança, carinho, amizade. Eu sou muito grato a eles por isso!
Mas quando tudo parecia estar bem, eu aprendia a ser mais sociável e a gostar das pessoas, novamente fui jogado no abismo, outra tragédia me aconteceu, meus dois mestres, o Cavaleiro de Cristal e Camus de Aquário morreram e o pior, morreram em meus braços, através das minhas mãos...
Assim como você mamãe eles sacrificaram suas vidas para me proteger e me salvar.Por que isso? Porque as pessoas que amo têm que morrer para me salvar?
Cheguei ao fundo do poço...Eu não conseguia mais viver com esses pensamentos me circulando...Tudo culpa minha...O sentimento de culpa estava me afundando mais e mais me levando a cada dia eu perdia o gosto pela vida, os dias eram vazios e eu não encontrava mais sentido em estar vivo. Foi então que vi um pequeno foco caloroso de luz no meio da escuridão, que queria me manter vivo e me estendeu a mão alva e delicada, enxugou minhas lágrimas e cuidou dos meus ferimentos...Eu não sei ao certo como tudo começou, nós ficamos amigos, ele era meu amigo assim como os outros eram, mas naquele momento Shun foi o mais dedicado e prestativo dos amigos, até hoje eu me pergunto se possa existir no mundo pessoa mais doce, meiga e generosa. E seguramente eu lhe digo que não há.
Aqueles dois pontos esverdeados, brilhantes, incrustados como jóias raras no seu delicado rosto, cheios de compaixão, sinceridade e ternura focalizavam a minha presença, acompanhados da voz calma e melodiosa que saia da pequenina boca proferindo palavras de conforto e afeição.Os finos e longos braços me envolviam ternamente transmitindo o mais puro calor humano.
É disso que me lembro. Só disso que me lembro. E acho que foi deste modo que tudo começou, uma amizade que foi crescendo, nos preenchendo, tomando nossos corações, nos fazendo perceber que nossas almas se completavam porque era isso que sentíamos quando estávamos juntos. Nos sentíamos completos. Nada mais parecia existir ou importar. O silêncio era nosso idioma.Nada precisava ser dito.
Depois de tantas dores, de ter perdido tantas pessoas queridas, achei que meu coração não fosse mais capaz de gostar de alguém e então Shun apareceu, sua presença acendeu meu coração, encheu-me de esperanças e mostrou-me que eu era capaz de gostar e ir além, talvez fosse também capaz de amar. Eu me lembro como se fosse hoje quando percebemos tudo...
Lembro-me de ser uma bela tarde de verão, eu estava deitado em um pequeno rochedo na praia olhando o céu com os pensamentos perdidos.
- Hyoga vem jogar futebol de areia com a gente! – Seiya chacoalhava os braços e gritava
- Não, obrigada Seiya.Prefiro ficar aqui mesmo...
- Ei Hyoga...
- Eu já falei que eu não quero jogar! Que saco! – eu gritei sem ver quem me chamava.
- Calma Hyoga, hihi.Sou eu, Shun! Eu também não quero jogar.Posso subir aí?
- Claro!
Eu gostava muito de conversar com Shun, nessa época nós estávamos muito amigos, apesar de eu ser tão calado e introvertido, tínhamos muitas coisas em comum, diversões e pensamentos em comum - e existia algo mais que não época eu não sabia o que era, futuramente saberia que também um sentimento nos aproximaria ainda mais.
- Que bonita a vista daqui! – Andrômeda disse alegremente olhando as nuvens espalhadas no céu azul
- É bem bonita sim!
- Que foi Hyoga você está triste?
- Ah nada não...Só o de sempre.
- Eu já ti falei que você tem que se animar né? Senão você nunca vai conseguir sair dessa depressão.
- E quem disse que eu quero sair...eu não me importo
- Hyoga não fale assim...você tem uma vida inteira pela frente,eu sei que você sofreu bastante, mas você ainda é novo e vai superar essa...garanto que daqui a pouco já tá até arranjando namorada!
- Huf...namorada,Shun? Até parece...
- E por que não?
- Porque ninguém se apaixonaria por mim.
- Como você pode ter tanta certeza disso?
Shun levantou a cabeça e olhou fixamente para mim e neste instante algo dentro de mim despertou de imediato.
- O que você quer dizer com isso?- eu perguntei surpreso com a minha própria pergunta!
- Ah...bem...é que ...Olha só pra você, bonito, legal...que garota que não se interessaria não é? Eu já vi várias meninas olhando pra você...
- Ah...sei lá..eu nunca vi..E também não ligo
- Você não pensa em namorar? Em se apaixonar?
- Às vezes eu penso, mas como eu te disse eu acho que ninguém se apaixonaria por mim.
- Hyoga você está enganado muito enganado. – ele parecia saber algo a mais que eu
- Eu enganado? Que piada! Diga-me então porque tô enganado...
Ele não disse, apenas olhou-me. Olhou-me profundamente nos olhos, eu nunca tinha visto aqueles olhos verdes tão de perto.Nós ficamos nos olhando não sei por quanto tempo, o tempo parou naquele instante, ouvia sua respiração ficar mais apressada e foi então que ele aproximou-se de mim e beijou-me. 'Meu Deus que loucura era aquela!Ele me beijou e eu estava correspondendo', minha razão debatia-se – me lembro de pensar: 'O que estou fazendo?' - Mas meu corpo e minha alma correspondiam ao beijo da forma mais natural possível, como se aquele momento fosse esperado há muito tempo.
O beijo não parecia ter fim até que Shun soltou meus lábios e saiu correndo velozmente, o meu corpo levantou-se quase por instinto para ir atrás dele, mas dessa vez minha razão conseguiu detê-lo; eu fiquei ali estático tentando entender o que havia acontecido, tentando compreender porque eu havia correspondido ao beijo.
Permaneci ali a tarde toda e quando me dei conta já era noitee hora do jantar. Como que a gente ia se encarar depois daquilo? Do beijo...Por um lado eu queria conversar, mas por outro eu tinha medo do que ele me falaria, do que eu falaria...ainda era muito imaturo para entender o que se iniciara naquele momento, eu não sabia de nada. Inconscientemente minha alma constara o que acontecia, porém meu lado racional tentava fugir e inventava mil e uma desculpas para não acreditar no que minha alma sussurrava... Aquilo poderia ter sido apenas um acesso de amizade, um momento de euforia, um sentimento confuso.
O fato é que aquele beijo mexeu muito comigo e isso eu não conseguia deixar de sentir, era um sentimento bom, puro, que me fazia ter vontade de acreditar que o mundo poderia ser diferente, que a minha vida poderia ser diferente, poderia ser melhor e com isso eu me sentia mais confuso.Entrei na mansão e subi direto para meu quarto, me joguei na cama, enfiei o travesseiro na cabeça, para tentar conter os pensamentos que martelavam na minha cabeça, eu me virava de um lado para o outro e só me vinha as cenas do beijo, o rosto fino, a boca quente e delicada...Eu não parava de pensar, cheguei a conclusão que tinha que resolver aquela situaçãoe ia ser naquele instante, já era de madrugada, fui até o quarto de Shun, demorou alguns segundos até a pequena e esguia silhueta de Andrômeda trajando pijama, aparecer na porta,esfregando os olhos sonolentos .
- Ãh quem é? O que aconteceu?...Hyoga!- ele disse arrumando os cabelos bagunçados.
- Desculpe-me pela hora...Mas... mas podemos conversar?
- Oh sim claro! Entre...
Entrei no quarto e me sentei na cama desarrumada e Shun sentou tímido na cama, não muito próximo de mim.Um minuto de silêncio aterrorizante se passou.
- Olha Hyoga me desculpe e...
- Acho que a gente devia com...
Falamos no mesmo instante e soltamos risos nervosos da situação em que nos encontrávamos.
- Bom...eu vim aqui porque eu queria entender o que foi exatamente o que aconteceu entre nós, quer dizer , hoje lá na praia.
- Desculpe-me Hyoga, eu não sei o que me deu, me desculpe eu me descontrolei, estávamos ali só nós dois, você dizendo que ninguém nunca te amaria eu não agüentei e te beijei me desculpe – enquanto Shun falava rapidamente, seus olhos enchiam-se de água
- Como assim 'não se agüentou'?
- É eu não agüentei! – as lágrimas já rolavam sucessivamente – Sabe por quê? Porque eu... eu gosto de você, porque EU TE AMO ...eu não suportei ouvir você falar que ninguém gostava de você...eu gosto...isso acontece a um tempo, eu não sei quando começou eu só sei que quando me dei conta meu coração disparava toda vez que te via, me enchia de alegria cada vez que você sorria pra mim ...eu não conseguia mais parar de pensar em você...Eu te amo, e entendo que depois de ouvir isso você não vai querer mais ser meu amigo, eu não sei como vai ser isso, mas eu não poderia mais esconder isso e...
Foi então que eu o beijei impedindo-o de continuar a falar, e a gente se beijou e beijou, não parávamos de nos beijar e a cada novo beijo eu sentia meu coração pulsar mais forte, uma paz serena e um gostoso calor invadiam meu corpo.
Será que isso era amor? Eu não sabia ainda, eu só sabia que estava me sentindo maravilhosamente bem!
Quando finalmente paramos de nos beijar e retomamos o fôlego, Shun me olhava surpreso e quem não estava entendendo nada agora era ele.
- Hyoga! ...Eu não estou entendendo...
- Eu confesso que nem eu estou entendendo porque fiz isso, eu não sei bem o que é, não sei o que me deu...Só sei que é uma coisa boa que estou sentindo não sei ao certo o que é...Só sei que é um sentimento muito bom uma coisa que eu nunca senti...mas eu quero sentir isso, eu quero ir adiante, quero aprender com você porque eu me sinto bem, eu me sinto bem com você...
Foi assim que tudo começou mamãe, num dia de verão eu descobri que uma pessoa maravilhosa me amava, que queria permanecer ao meu lado e cuidar de mim, era tudo tão novo pra mim, pra nós dois e nos descobrimos juntos, sensações maravilhosas que eu não sabia que era capaz de sentir! Eu estava feliz, muito feliz!
Mamãe você deve estar se perguntando porque eu estou dizendo que 'estava feliz'...É porque tudo isso agora pertence ao passado, ao passado. Sei que parece confuso e contraditório o que estou falando, se eu 'estava feliz' por que não segui em frente? Nós estávamos felizes sim, tudo corria aparentemente bem, mas de um dia para o outro uma dúvida instalou-se em mim, e ela foi crescendo, tomando espaço dentro de mim.
Eu via aquele anjo olhando pra mim todos os dias, sorrindo, brincando, me acariciando, sempre dizendo e demonstrando que me amava, e em cada momento desse um misto de dúvida e medo me invadia: 'Será que eu gosto dele tanto assim como ele gosta de mim? E se eu fazê-lo sofrer?'
Tentava afastar esses pensamentos da minha cabeça, mas eu não conseguia, eles perseguiam-me. Eu também lembrava da minha própria maldição, que aos meus olhos me parece uma maldição; todas as pessoas que eu gostava e que gostaram de mim, se sacrificaram por mim e morreram...E uma vez para me salvar, Shun resolveu sacrificar sua vida e quase morreu. Então decidi que isso não aconteceria de novo.Eu não podia deixar isso acontecer de novo, eu não ia suportar perde mais uma pessoa desde modo. Só a idéia desse pensamento, me consumia e eu não deixaria que isso acontecesse.Não mais.
E tomei uma decisão. Iria terminar tudo entre nós, antes que isso pudesse acontecer, eu sei que o faria sofrer, mas esse sofrimento iria passar, ele ia com certeza conhecer outra pessoa melhor do que eu, que cuidasse dele, que lhe falasse todos os dias 'eu te amo', coisas que sou incapaz de fazer, e então ele se apaixonaria novamente e seria feliz, muito feliz. Lembrando de mim apenas como um namorico juvenil.
Talvez essa minha decisão tivesse também um pouco de medo, medo de me descobrir uma pessoa sensível, medo de me descobrir como um humano comum que pudesse amar. Eu, mamãe, que toda minha vida só tive tristezas e vivi desgraças, quando me deparei com a felicidade abrindo-me um largo sorriso, tive medo, medo de ser enganado, de enganar meu anjo, e sofrer ainda mais. Contudo, eu tomei essa decisão principalmente porque queria ver Shun feliz, com uma pessoa que realmente o amasse e cuidasse dele assim como ele me fazia. Sim, eu abri mão de tudo.
Levei alguns meses para tomar essa decisão, ensaiei milhares de vezes o que falaria a ele, tentei outras mil a falar lhe o que eu queria, mas tudo em vão, as palavras entalavam na garganta, eu um covarde, não conseguia olhar naqueles olhos e dizer tudo que eu estava sentindo, nunca fui mestre em falar de sentimentos.Provavelmente ele não ia compreender meus motivos, só quem tem um coração frio como o meu e que já conheceu a dor e o vazio saberia, e ele um anjo, uma alma doce nunca sentiu o coração vazio porque ele ama tudo e a todos. Então percebi que eu não conseguiria falar e achei que com palavras escritas me sairia melhor que com faladas. Então escrevi uma carta, tenho aqui em um dos bolsos uma cópia que faço questão de reler incontáveis vezes para não esquecer o real motivo de ter feito o que fiz...
