Short – fic : É Draco e Ginny, uma short dramática. Ele está no 7º ano e ela no 6º ano. Espero que gostem.

Sinopse: Nossa vida é repleta de momentos. Momentos que gostaríamos de gravar na nossa alma para sempre, outros momentos que queremos esquecer, mas todos eles são importantes, e têm seu papel na nossa vida, assim como na vida de Draco e Ginny.

Capitulo 1

Momentos mágicos

O vento fresco do Inverno entrava pela janela entreaberta do dormitório o que fez Ginny acordar. Levantou-se sem fazer barulho e olhou em redor, todas as suas companheiras de quarto dormiam.

"- Melhor assim." – Murmurou dirigindo-se para o banheiro e fechando a porta atrás de si.

Postou-se em frente ao espelho e olhou seu reflexo. Havia mudado, imenso. Tinha mudado por causa do que lhe acontecera há meses atrás, tinha mudado por causa daquilo que todos no mundo bruxo festejavam, tinha mudado por causa da guerra.

Seu olhar estava gélido e cortante, sua voz demonstrava escárnio e era cada dia mais gelada. Não era mais a tímida Ginny Weasley apaixonada pelo herói Harry Potter. Primeiro que tudo ela não estava apaixonada, em seguida crescera e por ultimo Harry não era um herói. Todos pensavam que ele era um herói, mas ele não era, ele não a conseguira salvar, ele não chegara a tempo, não daquela vez.

Suspirou profundamente abanando a cabeça. Não valia a pena chorar sobre o leite derramado, não valia a pena lembrar o que se tinha passado. Começou a despir-se lentamente. Seu corpo tinha marcas, marcas que há meses atrás não estavam lá, marcas que nunca deveriam ter ali aparecido, marcas que ninguém sabia, marcas que ninguém via. Marcas de cortes, essas eram as visíveis, as que menos doíam, pois seu corpo estava cheio de marcas interiores, e essas doíam só com a simples lembrança de que existiam.

Assim que se encontrou sem roupa entrou dentro da banheira. Prendeu a respiração por causa dos ardores.

«Já devia de ter aprendido a não fazer os cortes horas antes de tomar banho. Ainda arde. Mas paciência, passa!» – pensou enquanto fechava os olhos.

"- Vais demorar muito Ginny?" – Perguntou uma voz de menina do outro lado da porta.
"- Já estou a terminar. Tem calma sim!"

Quando abriu a porta viu que todas as outras estavam acordadas, e olhavam para ela.

"- O que foi?"
"- Pensávamos que nunca mais saias."
"- Para a próxima levantem-se mais cedo, visto estarem com tanta pressa." – Disse saindo do dormitório.

«Imbecis. Tinham pressa não dormissem tanto.»

Levou a mão esquerda ao bolso da saia e suspirou. Havia-se esquecido outra vez. Rodou nos calcanhares voltando ao dormitório.

"- Esqueceste algo Weasley?"
"- Não." – Respondeu seca tirando um objecto brilhante da gaveta e metendo-o dentro do bolso. Sorriu falsamente para a outra que a olhava curiosa e mais uma vez saiu do dormitório.

Caminhou sozinha pelos corredores até chegar ao Salão. Sentou-se afastada de todas as pessoas, ficando assim na ponta da mesa. Olhou tediosamente em volta e viu que o Salão se encontrava praticamente vazio. Para alem dela, só lá estavam duas primeiranistas dos Hunfllepuff.

Começou a comer sua torrada quando se fez ouvir um enorme barulho de vozes. Olhou para a porta e viu entrar por ele Draco Malfoy acompanhado de Blaise Zabini, Pansy Parkinson, e mais três meninas que Ginny desconhecia.

Abanou a cabeça lentamente voltando de novo sua atenção para o prato. Assim que terminou de comer caminhou até á saída do salão, mas assim que chegou perto da porta ouviu dizer:

"- Sozinha Weasley? Onde estão teus amigos?"
"- Mais vale só que mal acompanhada. E meus "amigos" a esta hora devem de estar a lamber os pés ao famoso e idolatrado Potter." – Respondeu olhando para quem lhe tinha feito a pergunta.

Seu olhar percorreu todas as pessoas do grupo e demorou-se mais um pouco no Malfoy. Talvez por ele a olhar desconfiado, ou minimamente interessado na sua mudança.
Bufou irritada e virou costas em seguida saindo do Salão.

Ia ter poções. Mas quem disse que ela estava com vontade de assistir á aula! Estava naqueles dias em que sabia que não valia a pena ir a aula alguma do dia. Caminhou vagarosamente pelos jardins, até encontrar o lugar que queria. Sentou-se no chão e olhou para um ponto qualquer á sua frente. Ficou longos minutos a olhar para o nada até que se fartou. Levou uma das mãos ao bolso da saia e tirou de lá um pequeno punhal.
Olhou-o interessada, como se fosse a primeira vez. Começou a brincar com ele por entre os dedos, tendo cuidado para não fazer nenhum corte indesejado.

Estava tão concentrada no que fazia que nem sentiu alguém encostado á árvore olhando para ela.

«O que ela faz com aquele punhal!» – perguntou-se a pessoa sem tirar os olhos dela.

Ginny parou de rodar o punhal no dedos e voltou a olha-lo com interesse. Tinha o punhal na mão direita e abriu a esquerda, pousando em seguida a lâmina prateada do objecto em cima da sua pele alva.

«Mas…ela está parva só pode. Passou-se a miúda!»

Ginny forçou a lâmina de encontro á pele fazendo com que sangue escorresse pela sua mão.

"- O que estás a fazer?" – Perguntou uma voz ao lado dela.

A ruiva não se assustou, olhou para a pessoa que estava em pé ao seu lado e em seguida voltou a olhar para a mão que estava banhada em sangue.

"- Eu perguntei o que estás a fazer." – Voltou a dizer a voz, abaixando-se ao lado dela e tirando-lhe o punhal dos dedos.

Ginevra olhou irritada para ele. O cabelo dele comprido até aos ombros caiam-lhe para a face, sua pele pálida estava parcialmente escondida por causa da cascata loira, e seu olhar cinza, estava frio, mas parecia chocado.

"- Não me digas que não percebeste o que fazia Malfoy?"
"- Eu percebi bem o que fazias Weasley. Tu estavas a fazer uma estupidez." – Disse ele rispidamente olhando para o braço dela que apresentava cicatrizes recentes. –" E posso ver que não é a primeira vez que fazes isto."
"- E eu posso te dizer que não tens nada a ver com isso."
"- Sou monitor chefe Weasley, tenho como responsabilidade tomar conta dos alunos."
"- Pois eu não preciso da tua protecção Malfoy. Na verdade a protecção de um Malfoy é o que menos quero. E como Monitor Chefe devias de dar o exemplo e estar na aula."
"- Não tive Transfiguração."
"- Pois, Minerva continua em St. Mungus."
"- Exacto Weasley." – Concordou ele apontando a varinha para a mão da ruiva e fechando o corte.

Ginny nunca mais se lembrara que sua mão ainda estava na do loiro, e por isso puxou a mão imediatamente lançando um olhar frio e furioso ao rapaz. Draco não se deixou intimidar com o olhar dela, apenas sorriu e sentou-se em frente dela dizendo:

"- Sabes, não sei o que leva uma menina com uma família enorme que a adora cortar-se."
"- Eu também não sei. Mas porquê conheces alguém que o faça?"
"- Tu."

Ela gargalhou perante a resposta do loiro, era uma gargalhada vazia e fria, gargalhada essa que deixou o rapaz admirado. Não se lembrava de ouvir a pequena Weasley rir assim.

"- Eu Malfoy! Estás enganado."
"- Tu estavas a cortar-te."
"- Sim, em relação a esse ponto estás certo. Erraste foi quando disseste que eu era adorada pela minha família. A única pessoa que minha família adora chama-se Harry Potter."

Ele olhou-a confuso. Com que então eles idolatravam o Potter herói e não se preocupavam com a filha caçula.

"- Porque te estavas a cortar?"
"- Porque não tinha nada melhor para fazer." – Respondeu arrogante.
"- A sério Weasley? Porque era?"
"- Pergunta ao teu querido pai quando o fores visitar a Azkaban. "– Respondeu ela levantando-se.

Draco puxou-a pelo pulso fazendo com que ela caísse para o seu colo.

"- O que o meu pai tem a ver com isto?"
"- Tudo."
"- O que ele te fez?"

O loiro viu os olhos dela ficarem vazios. Soube no mesmo instante que Lucius tinha feito algo muito mal a ela.

"- O que ele fez? Directamente nada, mas levou-me á pessoa que terminou com minha vida. Levou-me á pessoa que me tirou a única coisa que era minha."

A ruiva levantou-se irritada deixando o loiro no chão em choque. Olhou-o durante segundos até que se voltou a baixar em frente dele, obrigou-o a olhar para ela e em seguida disse:

"- Espero que não vás dizer NADA a ninguém Malfoy."
"- Ninguém me dá ordens Weasley."
"- Experimenta dizer o que te disse a quem quer que seja."
"- Porquê? O que me vais fazer?"

Ela sorriu maliciosa e seu olhar ficou duro antes de dizer:

"- Eu faço-te arrepender de tudo o que teu pai me fez."
"- Eu não tenho culpa do que o meu pai me fez."
"- Mas deves de ser parecido com ele. Afinal és farinha do mesmo saco."

Draco não disse nada, apenas olhou para a tempestade dos olhos dela, uma tempestade triste. Em seguida seus olhos foram para os lábios dela, e novamente para os olhos.
Viu-a fecha-los por momentos e quando os voltou a abrir estavam brilhantes. Os lábios dela colaram-se aos dele no instante seguinte, deixando o rapaz admirado.

Ginny não suportou o facto de estar perto dele, perto do rapaz que lhe tirara o sono no ano anterior. Havia tentado esquece-lo por causa do que o pai dele lhe fizera, mas ele não tinha nada a ver com o que se passara.
Num acto de necessidade levou seus lábios aos dele. Precisava de senti-los, precisava de provar o sabor dele, e de comprovar se os lábios dele eram tão bons e macios como pareciam.

Sentir os lábios dele era maravilhoso, mas nada se comparava á sensação de sentir a língua dele tocar na sua devagar. As mãos dele pousaram no fundo das costas dela e puxaram-na para mais perto sentando-a no seu colo.
Quando se afastaram ele olhou dentro dos olhos dela e viu um lampejo de felicidade, mas assim como veio desapareceu.

"- Desculpa Malfoy. Não era para te ter beijado, mas eu…."

Não terminou a frase pois voltou a sentir os lábios dele nos seus. E era ainda mais maravilhoso que da primeira vez. Deixou-se levar pelo beijo que começava a ser cada vez mais fervoroso. Quando se voltaram a separar ela passou a mão direita no cabelo dele acariciando-o. Draco reparou que ela tinha os olhos húmidos.

"- O que se passa?"
"- Nada."
"- Estás quase a chorar."

Viu-a dar um sorriso verdadeiramente triste por causa do seu comentário e odiou-se por isso.

"- É que o ano passado eu sonhei várias vezes com o dia em que me beijarias."
"- Como é que é?"

Ela suspirou fundo encarando-o. Já tinha começado, não podia parar agora, e quem sabe talvez ela fizesse bem em não parar.

"- O ano passado eu passei meses apaixonada por ti, e esse sentimento intensificou-se quando tu decidiste trair teu pai e Tom, fiquei muito feliz e até orgulhosa. Mas depois….depois de tudo, eu decidi odiar-te, por causa do teu pai, tive medo que fosses como ele. Mas tu estás aqui…comigo."
"- Eu não sou como o meu pai….Ginevra."
"- Como sabes o meu nome de baptismo?" – Perguntou ela imediatamente fazendo-o sorrir.
"- Eu sou uma pessoa minimamente informada."

Ginny abraçou o loiro e pousou sua face no pescoço dele inspirando o cheiro maravilhoso dos cabelos loiros do rapaz.

"- Já terminou a primeira aula. Tens que ir para a próxima aula." – Murmurou ela.
"- Não te vou deixar sozinha."
"- Descansa eu estou bem."
"- Não vais voltar a …."
"- Não. Podes ir."

Ele pousou a ruiva no chão e não foi embora sem antes beijar os lábios dela rapidamente.

Ginny encostou-se ao tronco da árvore vendo-o afastar-se. Não percebia o que se tinha passado, mas ela estava minimamente feliz, como há meses não se sentia. Fechou os olhos levando o dedo indicador aos lábios. Sentiu uma lágrima solitária escorrer pela sua face, lágrima essa que morreu no canto do lábio.

Abriu os olhos e olhou para o seu punhal. Pegou-o em seguida. Tinha dito que não voltava a cortar-se, não naquele momento, por isso voltou a guardá-lo no bolso, sabia que mais tarde ou mais cedo precisaria dele de novo.

Levantou-se em seguida caminhando até á orla do lago, olhou em volta. Ninguém. Estava tudo silencioso, estavam todos em aula, todos excepto ela. Sentou-se num tronco e ficou longos minutos a olhar para o lago, ele fascinava-a. Sentiu o vento cortante na face e por isso decidiu levantar-se e ir para dentro do castelo. Estava quase na hora de almoço.

Voltou a sentar-se longe de todos. Sabia que provavelmente alguém lhe iria perguntar porque não fora á aula, mas ela não estava minimamente preocupada.
Minutos depois o salão começou a ficar barulhento, ela agarrou numa sandes saindo de lá. Cada dia que passava odiava mais o barulho irritantemente feliz dos outros, odiava os sorrisos extremamente alegres, os olhos cheios de vida e felicidade. Estava farta de ver as pessoas viverem as suas vidas miseráveis sem se importarem com os outros.

Caminhava pelos corredores vazios e frios das masmorras. Ultimamente era por ali que passeava mais, talvez por estarem quase sempre vazios.

"- Ginevra." – Murmurou uma voz ao ouvido dela. – "O que fazes aqui? Não devias de estar a comer?"
"- Não tenho fome."
"- Tem acontecido isso várias vezes. Não tem?"
"- O que te importa?"

Ele segurou-a pelo pulso fazendo-a virar-se para ele.

"- Importa sim Weasley. O que queres fazer? Acabar na cama de um hospital?"
"- Sinceramente não. Preferia acabar num túmulo no cemitério."
"- Não voltes a dizer isso."

A ruiva suspirou encostando a cabeça no peito forte dele.

"- Deixa-me ficar Eu deixo-te ficar comigo….mas não aqui. Vem." – Disse ele puxando-a pela mãe e caminhado rapidamente.

Minutos depois encontravam-se no quarto dele. Como era monitor chefe tinha direito a um quarto só para ele.
"- Bem vinda ao meu quarto."

Ela riu antes de beija-lo. Começou a andar para trás ate sentir suas pernas baterem na cama dele. Sentou-se puxando-o para si.

"- Fazes-me um favor?" – Perguntou ela deitada na cama com o loiro por cima.
"- Se estiver ao meu alcance."
"- Tira-o de dentro de mim."

Draco olhou chocado para ela, na realidade chocado não era a palavra ideal, era mais assustado. O que ela queria dizer com "Tira-o de dentro de mim"!

"- Co…como assim?"
"- Eu não quero lembrar-me do que aconteceu nas masmorras de tua casa. Não quero lembrar-me dos lábios do teu pai nos meus."

Nesse momento o loiro sentiu nojo de Lucius, nojo e ódio, um ódio enorme e que o consumia por dentro.

"- Mas para além disso, Draco, eu não quero lembrar-me de Tom a tocar-me, nem do resto que ele me fez." – Concluiu a menina deixando escapar uma lágrima.

Draco beijou a face dela depois de limpar a lágrima.

"- Tu estás certa disso?"
"- Muito. Por favor."

Ele sorriu para ela beijando-a com suavidade. Suas mãos percorreram calmamente o corpo da menina, sentindo-a reprimir-se em certas alturas.

Preocupou-se com o que ela sentiria, e não com o que desejava sentir.
Preocupou-se em livra-la das memórias do passado.
Preocupou-se em amá-la da maneira que ela desejava.
Preocupou-se em fazê-la feliz por momentos……
……… Momentos mágicos.

Fim do 1º capitulo

N/A: Novo projecto...dramático deste vez (já tinha saudades), espero que gostem e que comentem...

JINHOS!
FUI!