Capitulo 3
Momentos trágicos
Sábado chegou finalmente, era um dia quente, o sol brilhava no céu incrivelmente limpo e Draco encontrava-se a acabar de fazer o nó da sua gravata quando ouviu a porta do quarto abrir-se. Viu pelo reflexo do espelho a ruiva entrar calmamente vestindo uma saia azul clara e uma camisa branca.
Virou-se vendo a namorada sorrir para ele, caminhou até ela e viu ela tirar as mãos de trás das costas, e entregar-lhe o que segurava. Conhecia bem aquele objecto.
"-É para ti." – Murmurou ela corando.
"-Porquê?"
"-Não necessito dele, não mais, nunca mais, e graças a ti Draco. Quero que fiques com ele."
Draco sorriu, pegando no punhal e indo guardá-lo numa das inúmeras gavetas da sua cómoda. Em seguida voltou a aproximar-se dela e envolveu-a pela cintura.
"-Está na hora do meu beijo." – Murmurou ele beijando-a em seguida.
"-Quem diria? Cinco meses de namoro!" – comentou ela abraçada ao loiro.
Ele sorriu abraçando-a com força, voltando a beijá-la.
"-Amo-te."
"-E eu a ti Ginevra."
"-Onde nos encontraremos Draco?"
"-Que tal…na Doces e Duques."
"-Perfeito." – Murmurou ela antes de voltar a alcançar os lábios dele para mais um beijo arrebatador e longo.
…..
O sol encontrava-se realmente quente naquele dia de Março, o que era de estranhar, mas a ruiva não estava realmente importada com isso, a única coisa em que conseguia pensar era que estava realmente feliz, ele fazia-a feliz como mais nada no Mundo.
Subiu a pequena colina e seu caminho cruzou-se com o dele que de momento se encontrava de patrulha. Sorriu, aproximando-se do namorado e deu-lhe um selinho bem rápido, murmurando: "Não te atrases logo Draco. Às duas da tarde na loja."
Viu ele sorrir e em seguida os lábios dele estavam colados nos dela, e ouviu ele murmurar: "Lá estarei."
Sorriu para si mesma e continuou seu caminho, sabendo que os olhos cinzas dele a seguiam. Como gostava daquela sensação, da sensação de alguém pensar nela, de se preocupar com ela.
Era a melhor sensação do Mundo.
….
Olhou o relógio de pulso impaciente, ainda faltavam dez minutos para as duas, e ela não conseguia ver a hora de ele finalmente aparecer.
"-Olá." – Murmurou uma voz atrás dela.
"-Draco." – Disse ela de volta colando seus lábios aos dele.
Afastou-se e olhou-o confusa. Algo não estava bem, o beijo tinha sido diferente do normal, mas…olhou o loiro de alto a baixo vendo que estava a ser paranóica. Era claro que estava tudo bem.
Encolheu os ombros e em seguida perguntou animada:
"-Então o que vamos fazer?"
"-Estive a pensar, vamos até á zona da cabana dos gritos, ai poderemos ficar sozinhos sem ninguém para nos interromper."
Ela acenou afirmativamente com a cabeça e em seguida pegou na mão dele, sentindo o loiro puxá-la e começando a caminhar. O caminho foi feito em silencio, e ela observou atentamente quando ele murmurava algo para abrir a cabana, entrando em seguida, chamando-a.
Entrou na cabana que tinha um cheiro estranho, como se cheirasse a sangue.
"-Draco!" – chamou ela. – "Onde estás?"
"-Subi as escadas."
Ela olhou em volta achando que aquilo não era nada encantador e muito menos romântico, mas mais uma vez ela deu de ombros e começou a subir as escadas em seguida.
Viu uma porta aberta e conseguiu ver que havia luz lá dentro. Ele estava ali.
Sorriu, provavelmente ele tinha arranjado aquela sala para eles, talvez estivesse um ambiente romântico e aconchegante dentro daquela sala.
Caminhou até á porta e sentiu o coração parar assim que entrou na sala.
…..
Algo não estava certo, já passavam quinze minutos das duas da tarde e ela não aparecera como haviam combinado.
«Talvez se tenha atrasado com qualquer coisa! Mas, ela não é de se atrasar, na verdade nunca se atrasou para nenhum dos nossos inúmeros encontros. Estou com um péssimo pressentimento. Mas deve de ser impressão, afinal o que pode acontecer? Daqui a nada ela aparece aqui a sorrir, só para mim.»
Sentia o coração bater cada vez mais forte consoante os minutos passavam, e a aflição era cada vez mais angustiante. Abanou a cabeça, não podia continuar ali, tinha que a ir procurar. Podia ter acontecido algo.
Começou a caminhar rapidamente por entre as pessoas da vila, sentindo o coração apertado. Algo não estava bem, algo estava muito, mas muito errado.
Parou em frente à loja de jornais e sentiu seu coração parar de bater, e o ar faltar.
Não podia ser verdade! Apenas não podia!
….
As lágrimas escorriam pela sua face, morrendo na mordaça negra que tinha na boca. Sentia o medo invadi-la. Como não entendera? Como não vira que não era Draco?
As mãos dele aproximaram-se dos botões da sua blusa e ouviu a voz afectada dele dizer:
"-Agora vou provar do mesmo que o meu mestre….do mesmo que o meu filho."
As lágrimas escorriam cada vez com mais intensidade, e fechou os olhos ouvindo os botões da sua camisa serem puxados, voando por todos o lado. Os lábios dele contra a pele dela queimava, enojava-a.
«Draco! Por favor…ajuda-me.» - Pensava ela desesperada.
Não podia voltar a acontecer. Não agora, não com ele. Estava tão feliz com Draco, porque não podia continuar a estar feliz como estava com ele, porquê? Porque ele tinha que aparecer a voltar a fazê-la sentir nojo de si mesma? Porquê?
Sentiu as mãos dele na sua saia, puxando-a para baixo.
Não, não podia, ela não queria. Não!
……
Corria pela vila, o desespero era visível. Tinha que a encontrar, ele tinha. Não podia deixá-la nas mãos de seu pai, nunca se perdoaria se o passado voltasse para a assombrar, voltasse para a deixar triste e amargurada. Nunca se perdoaria se o passado voltasse a virar o presente.
Chegou o mais depressa que lhe foi possível à cabana dos gritos e entrou rapidamente, subindo as escadas á sua frente de duas em duas. Ia chegar a tempo! Ele tinha que chegar a tempo!
Abriu a porta de par em par e o que viu deixou-o petrificado.
…..
Sentiu-se incrivelmente aliviada quando terminou e foi jogada contra a parede. Caiu no chão sentindo o rosto molhado por lágrimas que não voltariam a cair nunca mais.
Deixou-se ficar no chão, a boca amordaçada e os pulsos presos.
"-Bem, entendi o que meu filho viu em ti, e o que meu mestre também. Eles têm um bom gosto desgraçado."
……
Sua ruiva encontrava-se jogada no chão. O corpo tremia e ele correu até ela, tapando-a com a capa negra.
"-Desculpa meu amor, desculpa. Eu devia de ter chegado mais cedo." – Dizia soluçando tirando a mordaça da boca dela, e soltando-lhe os pulsos.
Ela olhou-o e Draco odiou-se por causa daquele olhar tão triste, tão inseguro. Se ele tivesse chegado mais cedo, se a tivesse protegido.
"-Vai ficar tudo bem amor, tudo bem. Eu prometo."
"-Para ela não vai ficar nada bem…nunca mais." – Disse uma voz calmamente por trás dele.
Draco virou o rosto e encarou o rosto claro e magro de seu pai. O homem que mais odiava no Mundo, o homem de quem mais nojo sentia naquele momento. Como ele pudera tocar no seu anjo, na sua namorada? Como?
"-Ela está a morrer, não lhe resta muito mais tempo. Foi realmente divertido Weasley." – Disse ele levantando-se calmamente.
Draco não esperou nem mais um segundo, deitou a ruiva no chão, e ergueu-se encarando seu pai de varinha em riste.
"-O que vais fazer meu filho? Matar-me?"
"-Não sou teu filho, tu não és meu pai. Eu odeio-te, odeio-te muito."
"-Apenas quis garantir que estavas bem servido com ela. E estavas."
"-AVADA KEDRAVA." – Gritou o loiro sem nem pensar.
Era o que mais desejava, ver o raio verde trespassar seu pai.
Voltou-se para a namorada e voltou a segurar nela.
Give me a reason to believe that you're gone
I see your shadow so I know they're all wrong
Moonlight on the soft brown earth
It leads me to where you lay
They took you away from me but now I'm taking you home
"-Vamos. Vamos para Hogwarts, Dumbledore saberá o que fazer."
"-Não. Ele disse a verdade, eu estou a morrer."
"-Não!" – disse o loiro abanando a cabeça sentindo as lágrimas escorrerem pela sua face.
"-Não…não…não chores…não o faças…não…" – murmurou ela respirando com muita dificuldade.
Ele reconheceu o feitiço, o feitiço Mortalis, um feitiço que tirava a vida da vítima aos poucos, fazendo-a sofrer cada segundo, desejando sua morte.
I will stay forever here with you
My love
The softly spoken words you gave me
Even in death our love goes on
"-Não podes. Não me podes deixar……Raios! A culpa foi minha, devia de ter chegado mais cedo."
"-Shi! Não …. Tu…tu não tens….culpa amor….não tens."
"-Não fui capaz de te proteger. Não fui Ginevra….fica comigo, não me podes abandonar." – Murmurou ele apertando-a contra o seu corpo e abanando-a.
Ouviu-a sorrir, e viu que ela tinha fechado os olhos. Os lábios dela antes rosa, encontravam-se pálidos. As sardas dela tinham desaparecido, e Draco podia ouvir a respiração aflita dela. Suas lágrimas caiam livremente, como nunca tinham caído antes.
Porque aquilo estava a acontecer? Ela era tão importante para ele, era sua vida, amava-a desde o seu sexto ano, amava-a, há mais de um ano. Tinha ficado tão intensamente feliz quando ela lhe disse que também o amava, que pensava que ia explodir nessa altura e que nada nem ninguém lhe iria estragar sua felicidade, nunca mais.
Mas estava tão enganado. Ela estava nos seus braços, ela estava a morrer nos seus braços.
Some say I'm crazy for my love, Oh my love
But no bonds can hold me from your side, Oh my love
They don't know you can't leave me
They don't hear you singing to me
"-Draco!" – chamou ela murmurando – "-Beija-me…uma…uma ultima…vez."
"-Não, não será a última Ginevra, eu não quero que seja. Eu quero ficar contigo para sempre. Quero casar contigo, ter filhos contigo, vê-los sorrir como tu, ver-te sorrir para mim todas as manhãs. Não me abandones, não o faças."
"-Por favor….beija-me."
Ele viu as lágrimas escorrerem na face dela, e aproximou os lábios dos dela, beijando-a calmamente, tentando aproveitar ao máximo, tentando decorar a boca dela, numa tentativa de nunca esquecer o sabor dela.
"-Sinto…frio…"
Ele abraçou-a com força, abanando-a, como se fosse um bebé.
"-Amo-te para sempre." – Murmurou ela de encontro ao peito dele suspirando depois uma última vez.
I will stay forever here with you
My love
The softly spoken words you gave me
Even in death our love goes on
Draco ficou sem se mover durante longos segundos, até que a afastou do seu corpo e olhou o rosto dela, agora calmo e sereno. Sem dores, sem angustia.
"-Não….não…." – murmurou.
Abraçava-a e murmurava palavras desconexas aos ouvidos dela. Passava com as mãos no cabelo ruivo dela, e sentou-se ao pé dela, enxugando as lágrimas em seguida.
Tinha acabado, seu sonho, sua felicidade, tinha tudo acabado. No mesmo momento em que a vida dela acabou.
…..
"-Posso saber o que realmente se passou?"
"-Matei meu pai, e ele matou Ginevra." – Respondeu pela terceira vez ao director sem conseguir elevar os olhos.
Sentia-se tão incrivelmente perdido no meio daquilo tudo.
Porque raios lhe continuavam a fazer perguntas? Não conseguiam entender que fora complicado para ele sair da cabana com a ruiva morta em seus braços? Não entendiam que ele se sentia morto, como ela estava?
And I can't love you, anymore than I do
Levantou-se farto de tudo aquilo. Farto de ouvir os soluços da Granger, e de ver Harry e Ron em choque a olhar para ele e para o director. Estava farto daquela vida.
Caminhou até ao seu dormitório e deixou-se cair na cama. Fechou os olhos vendo claramente o sorriso doce dela, sorriso esse, que nunca mais veria, nunca mais.
Abriu os olhos e levou a mão aos cabelos apertando-os com força.
Em seguida seus olhos ergueram-se pousando na gaveta da sua cómoda. Era isso, a saída era tão simples, tão rápida, e indolor. Levantou-se e caminhou até á cómoda, pegando num pergaminho e numa pena.
Minha vida terminou ao mesmo tempo que a dela. Eu amo-a mais que tudo, mais que a morte. Prometi a mim mesmo que nada nem ninguém nos iria separar, e vou cumprir minha promessa….a morte não nos vai separar, nunca. Eu não deixo, não o permito.
Draco Malfoy
Deixou o pergaminho em cima da cómoda e em seguida abriu a terceira gaveta pegando um belo punhal. O punhal que ela usara meses atrás, o punhal que ela havia usado para ferir o corpo que ele amara tantas vezes com tanto prazer. Olhou-o como se o visse pela primeira vez, e em seguida sorriu.
Era assim que seria. Não sobreviveria sem ela, não conseguia, estava na hora de se juntar ao seu anjo. Com um só movimento ele fez um corte extremamente profundo no seu pulso esquerdo, e em seguida no direito.
A cabeça doeu em seguida, como se fosse rebentar e ele deixou-se cair no chão não sentindo mais nada, não vendo mais nada que a escuridão total.
I will stay forever here with you
My love
The softly spoken words you gave me
Even in death our love goes on
(Evanescence – Even in death)
…..
"- Olha uma estrela cadente!" – Exclamou ela abruptamente fazendo com que o rapaz se assustasse.
No momento seguinte ela sentou-se no chão e disse:
"- Vamos Draco….pede um desejo." – Disse ela olhando para o céu e fechando os olhos por momentos.
Quando os voltou a abrir viu que o rapaz a olhava seriamente.
"- Já pediste?"
"- Não Ginevra."
"- Porquê?"
"- Primeiro porque não acredito nesse costumes trouxas….e depois porque tudo o que podia querer já tenho….meu desejo já se realizou."
"- Sério? Quando?"
"- Há quase 5 meses atrás, quando uma menina amargurada me pediu para fazer amor com ela. Quando essa menina passou a fazer parte da minha vida….nesse dia meu desejo concretizou-se….e não foi necessário nenhuma estrela cadente."
A ruiva sentiu as lágrimas tentarem escorrer pela sua face, mas aguentou-se, apenas abraçou o namorado com força, beijando-o em seguida.
Fim
N/A: Aqui está o final, um final realmente Dramático, mas eu garanto, foi o primeiro e último. Quando eu comecei a escrever esta short (há um ano e tal atrás) eu já sabia qual seria o final, mas demorei a escrevê-lo, pelo simples facto de não gostar de escrever drama, mas nesta fic tinha que ser, eu tinha que matar os dois.
Miaka: Quem tinha abusado da Ginny havia sido só o Lord, Lucius não, mas acho que isso ficou explicito neste capítulo. Espero que o final apesar de dramático, tenha sido bom ao menos. E que comentes…JINHOS!
Mione G. Potter RJ: espero que não estejas desiludida, afinal eu disse que o capítulo havia sido feliz, e foi esse. Afinal é uma fic Drama – angustia, e eu achei melhor matar os dois, era assim que queria, era assim que ficava bem. Espero que tenhas gostado. JINHOS!
LolitaMalfoy: o Ron não teve tempo para atrapalhar nada. Espero que apesar de tudo o final tenha sido bom, e que tenhas gostado. JINHOS!
Kika: aqui está o que acontece, já não precisas de ir procurar, portanto. Não sei o que mais dizer, portanto….JINHOS!
Beca: sim, eu acho que te mandei esta short antes do natal, ou assim eu acho, já foi há muito tempo mesmo, e se não foi antes do Natal, foi logo em seguida. E então, tinhas-te lembrado do final? Comenta certo…JINHOS!
E pronto aqui ficou a short, mas até tenho uma boa noticia, eu ultimamente tenho tido vontade de escrever apenas coisas felizes e cómicas, portanto, não deve de haver mais destas, eu acho, pelo menos não durante um tempo, a não ser que aconteça algo mesmo mal comigo. Enfim…espero que COMENTEM….e que digam o que acharam do final….
JINHOS!
E leiam as minhas outras fics, em especial a NC – Mais que uma vingança….e em BREVE NOVAS FICS.
