DDT.2: DESVENDANDO O PASSADO

Capítulo 1

AUTORAS: Lady K & TowandaBR

DISCLAIMER: Todos os personagens da série "Sir Arthur Conan Doyle's The Lost World" são propriedade de John Landis, Telescene, Coote/Hayes, DirecTV, New Line Television, Space, Action Adventure Network, Goodman/Rosen Productions, e Richmel Productions (não venham nos pentelhar).

COMMENTS: É, nós estamos de volta! Agradecemos imensamente por todas as mensagens e reviews que recebemos em Páginas perdidas! Nosso sucesso se deve a vocês, queridas leitoras. Esperamos repetir o êxito de DDT1. Por favor, não deixem de comentar, ok?

Para os navegantes de 1ª viagem, sugerimos q antes de ler esta fic, leia Depois da tempestade e Páginas Perdidas antes, pois trata-se de uma continuação. Depois não diga q está boiando...


Capítulo 1

No platô, na noite anterior à partida de Verônica...

"É ali!" Mordren apontava para a casa da árvore. "Verônica é uma tola, uma sentimental. Não pensará duas vezes antes de acolhê-la. Será mais seguro você agir sozinha, eu não sei o quanto ela se lembra de mim."

"Ela mora sozinha?" perguntou a jovem de olhos verdes e longos cabelos ruivos.

"Ouvi dizer que existem umas pessoas com ela. Ninguém com quem deva se preocupar. Apenas investigue, procure os pontos fracos, enfim, eu tenho que pegar o trion. De qualquer jeito. Qualquer informação será útil. Estarei por perto vigiando."

Ela sorriu. "Não se preocupe."


Na cozinha, Roxton terminava de preparar um delicioso café da manhã: café, pão e ovos mexidos, quando Marguerite apareceu. Vestia apenas seu roupão de seda que, aliás, agora usava mais frequentemente, já que estavam apenas ela e Roxton.

"Por que levantou tão cedo?" perguntou bocejando. Ele a despertou com um beijo ardente.

"Bom dia, Marguerite! Estamos sem praticamente nenhuma carne. Estou saindo para caçar alguma coisa."

"Ah, não! Diz que eu não tenho que ir junto, por favor!"

"Acho que não vai precisar mesmo. Pode ficar em casa hoje, afinal, acho que te devo essa, depois do fracasso da nossa pescaria." ambos começaram a rir.

Roxton passou para a herdeira o prato com os ovos mexidos. "Sirva-se à vontade. Fiz daquele jeito que só a Verônica faz!"

"Verônica... engraçado você ter falado nela... lembrei que tive um sonho maluco com ela."

"Ah, com certeza estavam brigando, não é?" ele a provocou, mas Marguerite ficara séria.

"Foi muito estranho. Primeiro, uma mulher com uma capa, como a dos druidas, entregava uma coisa para Verônica. Mas depois eu vi que não era Verônica e sim a mãe dela, igual aqueles desenhos que ela fez. Então a mãe da Verônica me entregava esse sei lá o que. Depois vi a Verônica e aquele homem, Mordren, que tentava entrar na casa, mas não podia. Não entendi nada."

"E o que queria entender? Foi só um sonho, não se preocupe com isso" disse-lhe beliscando suavemente o nariz dela, que retrucou com apenas um "É".


Depois que Roxton saiu, Marguerite vestiu-se e foi ler na varanda. Tudo o que queria, neste dia, era ter um pouco de paz e sossego.

Estava completamente absorta na leitura quando ouviu gritos. A princípio, pensou em ignorá-los. Primeiro, porque não queria se levantar e, segundo, porque poderia ser alguma armadilha.

"Droga, odeio bancar a boa samaritana!" resolveu-se afinal, já descendo pelo elevador.

Saiu correndo e parou em frente ao portão, procurando escutar novamente de onde vinham os sons e do que se tratava. Ouviu passos apressados e galhos se partindo e a seguir, conseguiu ver uma mulher correndo, perseguida por dois homens macaco.

Como se quisesse dar-lhes uma chance, Marguerite atirou uma vez para o alto. Nada. Continuaram avançando.

"Ninguém pode me acusar de não ter tentado."

Os dois tiros foram certeiros, abatendo-os facilmente.

Desesperada e toda desalinhada a mulher continuou correndo ao encontro de Marguerite, mas esta apontou-lhe a arma.

"Parada aí! Quem é você e de onde veio?"

Antes que ela pudesse responder, Marguerite viu Roxton chegando, a respiração ofegante e o corpo suado, pois assim que ouviu o primeiro disparo, viera o mais depressa que pôde.

"O que aconteceu? Eu ouvi os disparos e..." o caçador parou no mesmo instante em que viu a ruiva de olhos verdes. "Mas o que?..." mal pôde se expressar e a moça já foi pulando em seus braços.

"Oh John, graças a Deus que é você! Foi horrível! Bestas selvagens me perseguiram e agora essa mulher está..."

Marguerite continuava apontando a arma, virando os olhos de raiva enquanto John afastou a ruiva bruscamente.

"Ei, da próxima vez vou deixar que a matem!" exclamou a morena, irritada. "Você a conhece, Roxton?"

Antes que ele pudesse responder, a mulher se adiantou. "Mas é claro! John e eu fomos noivos!"

Marguerite ficou parada, olhando surpresa para o caçador que, tentando evitar uma situação ainda mais desagradável, sugeriu que subissem para a casa da árvore.


Sentado no chão, Mordren recostou-se, aproveitando a sombra de uma árvore. Pegou a faca de caça e começou a amolá-la na pedra.

Lembrou-se do dia em que conheceu Charlote, quando ela ainda era solteira. Havia sido um golpe de sorte tê-la encontrado em uma de suas viagens pela Europa. Conversaram longamente, percebendo de imediato que tinham alguma coisa em comum: a paixão pelo poder.

Charlote Woods confiou a ele a parte de seu segredo que seria necessária para que ele a ajudasse e Mordren fez o mesmo. Ambos sabiam que em uma situação extrema, não poderiam confiar um no outro.

E a mulher tinha uma filha, tão ou mais ambiciosa quanto ela – Hellen.

Sobrinha de Anne Mayfair, a moça teve uma excelente educação e seria a próxima a assumir o legado se a prima, herdeira legítima, não retornasse antes que Anne falecesse. Pensando nisso, Charlote propiciou a melhor educação que o dinheiro pôde comprar e Hellen se tornou uma grande exploradora e arqueóloga, além de perita em armas. Havia sido preparada para um dia se tornar a herdeira do legado e este momento finalmente estava próximo.

Mas Hellen ressentia-se de não carregar o sobrenome Mayfair. Como não fosse herdeira do legado, Charlote assumiu o sobrenome do marido, Woods, que foi dado a Hellen quando de seu nascimento.

A vida de Mordren era dedicada a tentar conquistar o trion e destruir a linhagem das protetoras. E agora tudo parecia encaminhar-se para um desfecho: descobrira que uma das metades do oroborus fora levada para o platô, onde esteve da última vez em que viu Abigail e matou Thomas, e a outra metade que outrora pertencia a Xang também foi para o mesmo lugar, levado pela misteriosa Srta. Smith. As peças se encaixavam, como em um quebra-cabeças, e ele teve a certeza, pela primeira vez em anos, de que seu triunfo estava muito próximo.

Além disso, sabia que a filha de Abigail vivia fora de Avalon, sem saber nada a respeito de ser a sucessora da mãe, vivendo em companhia de alguns poucos amigos e sem a proteção dos avatares. Mesmo sem possuir o oroborus, seria tarefa fácil matar a jovem e, com ela fora do caminho, a linhagem das protetoras estaria extinta.

"Breve, breve, breve." – murmurou ele.

Mas havia algo que Mordren ignorava. O tempo havia retrocedido depois da tempestade e agora as pessoas da casa da árvore sabiam muito mais do que antes, inclusive a seu respeito.


Na sala na casa da árvore, Roxton apenas se deu ao trabalho de colocar sobre a mesa o material necessário para que Hellen limpasse alguns arranhões que havia sofrido nos braços e no rosto.

Sem rodeio algum, a interrogou: "Como chegou aqui, Hellen? O que você quer?"

"John, mas onde estão seus modos! Nem ao menos me cumprimentou direito!" ela fingiu estar surpresa.

Ele sorriu cinicamente. "Conheço você. Não veio aqui a passeio, não é mesmo?"

"Continua o mesmo de sempre, John! Está bem, você venceu: recebi um mapa que me traria a um antigo templo, repleto de artefatos de grande valor!"

"Sei... e onde está o seu acampamento?"

"Não muito longe daqui. Estou apenas com alguns carregadores e um topógrafo. Acho que me distraí apreciando a paisagem e quando vi, estava cercada por aqueles monstros!"

"Daqui a pouco Marguerite e eu levaremos você de volta!" Não querendo continuar com aquela conversa, Roxton foi para seu quarto.

Hellen sorriu cínica, mas simpaticamente para Marguerite, que apenas a encarou com desprezo, indo atrás de Roxton. Gritou para a estranha.

"Não toque em nada."

Quando entrou no quarto, Roxton estava sentado na cama, com as mãos cobrindo o rosto.

"O que ela faz aqui?"

"Como vou saber?"

Marguerite bateu o pé irritada.

"Todo mundo entra nesse maldito platô e nós não conseguimos sair. Que droga!" – fez uma pausa – "Você engoliu essa história?"

"Não. Se quer saber, ela me cheira a problema. Temos que leva-la o mais rápido possível de volta de onde saiu. Hellen não é uma pessoa confiável."

"É, deu para notar. Muito estranho ela ter saído do nada atrás de sei lá o que. E só com carregadores e um topógrafo?" Marguerite resmungou, saindo do quarto, seguida pelo caçador.

Hellen parecia refeita e Roxton e Marguerite foram pegando os chapéus e as armas.

"Vamos levar você de volta."

"Escutem... eu não estou me sentindo bem... já deve passar do meio dia, não? Será que eu não posso ficar até amanhã? Tenho medo de desmaiar no meio do caminho e dar mais trabalho ainda para vocês dois, que estão sendo tão gentis."

Foi a vez de Marguerite falar.

"Realmente não é uma boa idéia. As pessoas que estão com você ficarão preocupadas por nada!"

"Ah, são apenas empregados! Além do mais estou me sentindo um pouco tonta."

"Esqueça. Levante-se, estamos saindo."

Hellen obedeceu. Deu alguns passos e suas pernas cederam, fazendo com que Roxton tivesse que ser rápido para evitar que ela caísse. Contrariado, pegou-a no colo e a levou até o sofá.

Marguerite teve que ceder - "Pode ficar. Mas só por esta noite."

A herdeira mostrou a Hellen onde dormiria: o quarto que fora de Summerlee, e que estava vazio por muito tempo.

"Acho que nem fomos apresentadas formalmente, não é? Sou Hellen Woods." disse antes de entrar.

"Marguerite Krux" foi a resposta seca que ouviu.

"Esse quarto está um pouco empoeirado, será que não teria outro mais limpo? Esta casa parece tão grande..."

"Não, não há, queridinha. É isso ou dormir na selva. Pode escolher." a herdeira sorriu cinicamente.

"É, acho que vai servir... Mas, você e John... quero dizer... moram juntos... aqui?"

Marguerite fingiu não entender a pergunta, era óbvio que Hellen queria saber o que havia entre ela e Roxton.

"Há mais pessoas que moram nesta casa. Mas estão fora."

"Ah, que pena! Talvez nem tenha tempo para conhecê-los!" lamentou Hellen.

Durante o jantar, a mulher fez muitas perguntas. Mesmo com Marguerite e Roxton respondendo secamente, ela não desistia. Ficou fascinada ao ouvir sobre as outras pessoas que moravam na casa, e mostrou especial interesse pela jovem que crescera sozinha naquele mundo inóspito.

"Querem dizer que é uma moça tão civilizada quanto eu ou você, querida?"

Marguerite tirou bruscamente o prato vazio de Hellen.

"Sim, mas aconselho não provocá-la. Aliás, nem a ela, nem a mim." – disse ameaçadoramente a morena – "Entendeu?...Querida."


Enrolado a um pequeno cobertor, Challenger roncava alto. Era impressionante como um homem de sua idade, tão pouco acostumado com uma vida de privações e muito trabalho braçal, conseguia acompanhar seus companheiros. Verônica observava o quão cansado Challenger estava e como estavam começando a lhe pesar sobre os ombros os anos de vida dura.

O jornalista observava a moça, sentada em um tronco perto da modesta fogueira, já há algum tempo.

Pegou a capa que ela trouxera e colocou em seus ombros.

"Está com frio?" – Sentou a seu lado.

"Um pouco." - sorriu ela – "Obrigada."

"Feliz por estarmos voltando, Verônica?"

"Você não imagina o quanto... Receber esse diário da minha mãe me devolveu as esperanças! Preciso repensar algumas coisas e, depois, quero procurar Avalon. Sei que não será fácil, mas é onde estão as respostas para as minhas perguntas."

Ela fez uma pausa. Malone não podia deixar de admirar a determinação que brilhava nos olhos dela. Em seu mundo, se estivesse na mesma situação, acreditaria que a mãe estava fugindo desse tão esperado encontro. Mas aquele era outro mundo, tão diferente... e tão maravilhoso! Pois permitia que Verônica pudesse continuar sonhando e, mais ainda, pudesse tornar seus sonhos em realidade.

"E você, Ned? Como foi sua jornada?"

"Cansativa, dolorosa, solitária. Melhor do que eu esperava. E afinal, a tempestade, acabou sendo benéfica para todos. Veja o meu caso: não perdi as experiências que vivi durante o tempo em que estive longe. Foi como se eu nunca tivesse deixado a casa e nem... você."

Verônica sorriu. Havia notado que Ned parecia diferente. Mais maduro, decidido... há muito havia ficado para trás o jovem Malone que ela um dia salvara da planta, sendo substituído pouco a pouco por um homem seguro de si.

O jornalista continuou.

"Lembra de nossa conversa quando lhe entreguei o diário? Você me disse que um romance pode não durar, mas uma amizade, sim. Então eu aceitei o que me disse e continuamos apenas amigos."

Ela ouvia atentamente, mas calada. Ele engoliu em seco tomando coragem.

"Somos amigos e isso nunca vai mudar. Mas eu quero mais... não quero mais deixar passar as oportunidades que tive... com você."

Ele agora olhava diretamente para ela.

"Dias antes da tempestade," – Verônica prosseguiu – "eu conversei com Finn a esse respeito. Tudo o que está me falando é o que eu desejava dizer quando você voltasse."

"Verônica, nós dois esperamos demais. Em nome de nossa amizade ficamos com medo de dizer como nos sentíamos. Tentávamos interpretar o que o outro estava pensando. Sei que ainda temos muitas coisas a serem resolvidas, mas nossos sentimentos estão claros agora. Vamos tentar fazer isso juntos. Deixar que tudo aconteça naturalmente. Vamos correr esse risco."

"Está me cortejando, Ned Malone?" – sorriu a loira.

"Com certeza, estou." – Ele aproximou seu rosto do dela e a beijou. Primeiro de modo delicado e, em seguida, apaixonadamente.

Um ronco mais alto de Challenger os trouxe de volta à realidade. Riram baixinho, espiando o cientista.

"Está com frio?" - ela abriu a capa.

"Um pouco." - sorriu ele aquecendo-se junto a ela. Passaram algum tempo abraçados, aproveitando a noite estrelada.

"É melhor você ir dormir." – está muito tarde e eu faço a vigília.

"Posso fazer o primeiro turno, Ned."

"Estou vendo seus olhos pesados. E não pense que só porque agora você é minha garota, vai ter folga." – beijaram-se mais uma vez. E em seguida ela se levantou.

"Amanhã estaremos em casa, Ned. E teremos todo o tempo do mundo."

"Boa noite, Verônica."


"Marguerite... Marguerite... siga-me..." uma voz feminina a chamava como se estivesse muito distante. Já era bastante tarde e a herdeira dormia tranquilamente quando ouviu seu nome.

"Quem está aí?" perguntou para o vazio.

Levantou-se e, mesmo descalça, caminhou até a sala. Dormindo sobre o sofá estava Hellen. Ao seu lado estava alguém usando uma capa druida, impedindo que a herdeira visse seu rosto. Por um instante, lembrou-se da vez em que viu a morte de perto e sentiu um forte temor. Então a figura abaixou o capuz, mostrando um rosto muito familiar à herdeira: Morrighan, que fitava Hellen com grande ódio. Logo seu olhar passou para Marguerite.

"Não pode deixar que ela o tome de você."

Passando por Marguerite, a mãe de Verônica veio caminhando augustamente. Tocou Morrighan no ombro e abriu uma caixa pequena de veludo, mostrando seu conteúdo à sacerdotisa. "Eu o guardei em outro lugar..."

"Malditas!" ecoou uma voz masculina assustadora, atrás de Marguerite. Virou-se rapidamente para trás, somente a tempo de ver Mordren enfiar-lhe uma espada no ventre.

CONTINUA!

Amou? Odiou? Review!